Querida Ana :
Vou tentar explicar o melhor que conseguir. SE não for capaz diz-me.
Citação:"Um espermatozóide e um óvulo já são vida humana"
São "vida humana" no sentido que
qualquer célula humana ou "
tecido humano" (conjunto de células humanas ) ou material biológico humano são "
vida humana".
Ou seja - um bocado da tua pele é "vida humana" -
são células vivas, têm um processo biológico individual e o património genético da espécie humana.
Percebeste? Sabias que em cada uma das tuas células está contida toda a informação do teu património genético ( num cabelo, por exemplo)???
Em cada célula da tua pele está toda a tua informação genética , única e irrepetível. Uma célula da tua pele
tem vida, porque tem um processo biológico autónomo. E
tem vida humana, porque não é o tecido de mais nenhuma outra espécie animal ( de um gatinho, ou de um pássaro, ou de um leão).
Mas, apesar de podermos dizer que essa célula da tua pele
é vida humana, não podemos em rigor dizer que
é um ser humano, ou uma pessoa igual a ti, op que és tu.
Seria um absurdo, não é?
Portanto, as células humanas, mesmo aquelas que se destinam á reprodução, como
o óvulo e
o espermatozóide,
não são um ser humano , uma pessoa.
A grande questão que se coloca não é para o óvulo nem para o espermatozóide, porque ninguém tem dúvidas hoje de que não são seres humanos.
( Mas na história, durante muito tempo, pensou-se que os espermatozóides eram pessoas em ponto pequeno e a pergunta angustiada que o alef fez relativamente aos pré-embriões foi feita relativamente aos espermatozóides)
Então, quando se dá a “fusão” de um óvulo com um espermatozóide (num processo que é muito complicado e dura longas horas), surge
uma célula diferente e única do ponto de vista genético.
Uma célula primordial que contém toda a informação genética assim como o
potencial de desenvolvimento para poder originar um novo ser humano.
Essa célula é vida? Sim. È vida humana? Sim, porque não é “vida vegetal” ou doutra espécie animal.
Mas a questão que se tem debatido é esta –
será que um óvulo fecundado, já é um ser humano, uma pessoa? E, logo a seguir, outra pergunta - Deve ter o mesmo estatuto os memso direitso e deveres de uma de uma
Pessoa? Deve ser tratado e protegido do memso modo que uma
Pessoa?
Simplificando ainda mais – é como se perguntássemos - será que
a semente de uma macieira
é uma
macieira,?
Podemos dizer que
uma semente è uma árvore?
Ou é apenas uma
semente – algo que se caracteriza por poder vira a originar uma árvore, emediante um processo de desenvolvimento?
Os mais radicais dizem assim –
um óvulo fecundado é uma Pessoa, em tudo igual a um adulto ou a um bebé. C
hamam inclusive “
bebés” a uma célula primordial. Também lhe podiam chamar “
velhinho”, ou
teenager, o sentido é precisamente o mesmo.
E afirmam que isto é uma verdade definitiva.
São posições radicais e ideológicas que não são apenas filosóficas mas que têm repercussões muito práticas em termos das
leis.
Outros ( a larga maioria) diz isto –
uma semente não é uma árvore.
È algo diferente. Pode vir a ser uma árvore mas ainda não é.
Ou seja, um óvulo fecundado ainda
não é uma pessoa humana. Não pode ter os mesmos direitos e o mesmo “estatuto” que tem uma Pessoa porque é
algo de diferente.
Mas, pode vir a ser uma pessoa. Pois pode.
SE estiverem reunidas condições internas (específica das própria célula) e ambientais. Muitas dessas condições são imprevisíveis e aleatórias.Do que hoje sabemos, cerca de 60% dos óvulos fecundados não chegam a originar pessoas. ( Na “Natureza”).
Mas, como tem este potencial, o óvulo fecundado,
deve ser tratado com especial cautela e cuidado. Não pode ser tratado como se fosse uma coisa ou um objecto ou utilizada par fins indignos.
Nisto há um acordo geral.
E agora volto á analogia da semente, tão cara em certos meios eclesiais.
O que diz a Igreja ? Basicamente diz isto
1 - Não podemos afirmar definitivamente que uma semente é uma árvore,
2 - Sabemos que uma semente tem o potencial de se transformar em árvore
3 - POR isso, vamos, por uma questão de cautela, tratar todas as sementes como se fossem já árvores.
Ora isto é completamente diferente de uma afirmação dogmática do tipo “uma semente é uma árvore”.
Não se fui muito chata, ana, desculpa lá.
Já agora
basta um único espermatozóide para que exista fecundação. Por isso, quando os homens “ têm poucos espermatozóides” uma das técnicas que existem é fazer-se essa fecundação ( juntar o óvulo com o espermatozóide) num laboratório. E assim permitir que um casal tenha um filho.
Beijinhos.