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Página actual: 6 de 29
Re: RMA
Escrito por: Manuel Pires (IP registado)
Data: 06 de June de 2006 17:22

Ana,
Se te riste das minhas palavras fizeste muito bem. Gosto das pessoas felizes !
Mas se te riste das palavras de YHWH, deves-Lhe pedir perdão !

Rom.: Ídolo & sexo!... Veja tb.: O Messias de YHWH é a minha religião. YHWH Deus amou-nos primeiro.




Editado 1 vezes. Última edição em 06/06/2006 17:23 por Manuel Pires.

Re: RMA
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 06 de June de 2006 17:41

Manuel

Além de outras, ri com esta: Tristes estes inquisidores mores, duma tristeza violácea de quem nunca procriou. ...pro-criou...

Re: RMA
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 06 de June de 2006 18:06

O Alef, determinou por decreto uma série de coisas extraordinárias.

1 - Os pré-embriões sâo seres humanos e ponto final.

2 - As técnicas de PMA implicam a destruição de seres humanos ( sic)

3 - O direito á autonomia sexual e reprodutiva não existem.

Não passam de" um tipo de terminologias tão «modernaças» que às vezes mete dó ter "... ( sic)
Pois. Parece que o nosso modernaço código penal considera que o crime de violação vai contra este modernaço direito não existente ... Uma chatice...

Enfim isto não é uma discussão mas um manifesto ideológico, ainda por cima recheado de uma agressividade insidiosa.( explicável).
Como manifesto ideológico disfarçado de prelecção eclesial, pode ser levado a sério e respondido no mesmo tom ou exigir um outro grau de aelevção.
Para tal é preciso tempo.

Por isso , como se apanha mais facilmente um mentiroso que um coxo, responderei com tranquilidade mais tarde, ponto por ponto, ao decretum alefiano, porque hoje estou assoberbada de compromissos.

E o tom do falso debate ( guerilha ) iniciado pelo Alef está na linha do que já foi aqui denunciado - demagogia, instrumentalização e utilização de uma terminologia que não se adequa à realidade. Mas isso faz parte da estratégia.

Até logo.

Re: RMA
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 06 de June de 2006 18:16

Miguel

"qual a diferença entre pré-embrião e embrião? "

A resposta do Alef tem a informação sobre isto. Chama-se pré-embrião ao produto da fecundação até ao aparecimento da linha primitiva (aproximadamente os primeiros 14 dias). A partir daí toda a gente lhe chama embrião. Esta distinção é polémica: mais explicações podem encontrar-se nos links dados pelo Alef. Contudo não está abandonada. O American College of Obstetricians and Gynecologists refere especificamente o pré-embrião no seu código de ética profissional, em:
[www.acog.org]
e nomeadamente em
[www.acog.org]

"E qual a proporção entre os embriões que acabam por morrer naturalmente e os que têm 'êxito'? "

Ninguém sabe ao certo. Há estimativas que indicam que na natureza pelo menos 50%-75% dos embriões morre sem nidar.

"O facto de haver embriões (ou serão pré-embriões?) que não conseguem 'vingar' é muito comum ou é excepcional?"

É mais comum morrerem do que vingarem.

"Para cada um de nós nascer, em média, quantos embriões (?) não se desenvolveram? "

Não há estatísticas pois além de se contar com os embriões que não chegam a nidar, há ainda que contar com aqueles que nidam mas se perdem nos primeiros dias, de modo que a mulher nem se apercebe que houve um início de gravidez. Acrescentando também os abortos espontâneos (que ocorrem sobretudo no primeiro trimestre), fica claro que para que nasça uma criança morrem muitos embriões ou fetos.

Esta questão pode ser vista ainda de outro modo: para uma mulher jovem e com boa fertilidade, pode ser fácil engravidar e assim pode não perder muitos embriões até ter um bébé. Mas para uma mulher com problemas na recepção dos embriões no útero (por razões anatómicas ou hormonais, por exemplo) pode acontecer que perca muitos embriões até conseguir uma gravidez, mesmo que obtida sem qualquer assistência médica.

"Considera-se essa 'eliminação' de alguns embriões como 'abortos' espontâneos?"

Em geral só se fala de aborto quando há gravidez e só há gravidez quando há nidação. Sem haver nidação é impossível saber o que aconteceu ao embrião.

Re: RMA
Escrito por: Manuel Pires (IP registado)
Data: 06 de June de 2006 18:56

Eu na verdade já fui um CRIADOR amador.
Quando andava na escola primária criei bichos da seda.
Depois da primeira criação matei alguns casulos e outros guardei para reprodução.
No segundo ano lá estava eu pronto, na altura devida a dar folhas de amoreira à novas criaturas que estavam ao meu cuidado.
Mas ao fim de alguns anos cansei e deixei morrer TUDO.
Pergunto-me: O que seria de mim se YHWH tivesse feito o mesmo comigo?!
Eu não mereci ter sido criador.
E o que faz um médico que guarda óvulos (fecundados) ?
Ou será que só são fecundados «in vitro» na altura da operação comercial?!
Mas o que eu penso como filho?!
Se tivesse a sorte de ter sido vendido a um casal rico que me educasse de acordo com o que ambicionaria de modo a não ter passado pelas dificuldades por que passei, eu estaria muito grato, não só aos meus pais genéticos como aos meus pais "putativos" ou adoptivos.
No entanto se eu fosse ter a um casal de mulheres homossexuais, já não ficaria muito contente, mas se ambas me tratassem bem, suponho que não ficaria muito amargurado.
Mas se, por azar, fosse parar a um casal homossexual de homens, aí eu preferiria nunca ter nascido.
É por isso que qualquer pessoa não se deve limitar a confiar o seu material genético a um simples médico.
Uma vez ouvi uma história de um médico que em vez de respeitar a vontade dos seus clientes fecundava «in vitro» os óvulos com o seu próprio esperma.
Não se pode confiar em médicos! O risco é enorme! A irresponsabilidade também !

Rom.: Ídolo & sexo!... Veja tb.: O Messias de YHWH é a minha religião. YHWH Deus amou-nos primeiro.

Re: RMA
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 06 de June de 2006 19:14

Manuel

Acreditas em tudo o que te dizem?

(Uma vez ouvi uma história de um médico que em vez de respeitar a vontade dos seus clientes fecundava «in vitro» os óvulos com o seu próprio esperma.
Não se pode confiar em médicos! O risco é enorme! A irresponsabilidade também !)

{Ou queria ser "SuperHomem, pai dos filhos das pacientes todas?}
Não foste marido, mas os maridos costumam perguntar o que nos fazem os genecologistas...ehhehehe

Re: RMA
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 06 de June de 2006 19:33

Muito obrigado pontosdevista. Devo dizer que foi esclarecedor. Mesmo muito!

Então agora posso colocar outras questões...

1. Quando temos ser humano, do ponto de vista antropológico? Na vossa opinião e na da Igreja? Logo que o espermatozóide se une ao óvulo (a existência de uma sequência genética única e irrepetível é já um ser humano ou uma potência de ser humano único)? quando se dá a nidação? Mais tarde?

Para mim, a resposta é importante. Sim, eu sei que não há uma resposta certa. Mas eu concordo que depende desta resposta a resposta posterior a outras perguntas... Se não há uma resposta certa, não acham melhor a prudência, tratando-se da dúvida acerca da existência ou não de homem?

2. MAS, há uma coisa que me anda a matutar na cabeça, embora me pareça um pouco infantil...

SE são assim tantos os embriões que morrem sem "nidar", significa assim que morrem muitos seres humanos (ou potências deles) de causas naturais, num número porventura maior do que os que acabam por nascer? MAS sendo assim, poderemos concluir que essas mortes são uma consequência da própria natureza, querida e construída por Deus... Ou nem tudo o que é estrita e ordinariamente natural é divino?
Porque neste caso destas "mortes naturais de embriões" não estamos a falar de um qualquer acaso ou excepção (como os terramotos). Se for como o pontodevista refere, então está inscrita na ordem natural (divina?) a morte de milhões de seres humanos!!!! Do ponto de vista teológico, acho que há aqui um problema muito grave para resolver/explicar...
Talvez esteja a ver mal a coisa. Admito-o. Mas assusta-me pensar que, na ordem natural ordinária, reside a evidência natural de que, faça-se o que se fizer, sem qualquer culpa do homem, há imensos seres humanos (ou potências?) que morrem 'sem nidar', simplesmente porque sim... De um ponto de vista teológico, parece-me inexplicável e apetece-me perguntar a Deus 'porquê'??

A menos que esses embriões não devam ser considerados necesseriamente já como seres humanos... e assim, não estaríamos perante um massacre quotidiano provocado pela própria natureza... Mas se assim for, as nossas discussões sobre RMA, aborto, etc são vãs...

Também sei que é porventura demasiado casuístico. Vou continuar a pensar...

Abraço fraterno,

Miguel

Re: RMA
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 06 de June de 2006 20:02

Alef:

I. «Acho a tua atitude profundamente lamentável,O que é grave nem o tom deliberadamente pouco cordato, para usar um eufemismo. Depois, é especialemnte grave que uses amentira como argumento.

Primeiro
: Vejamos os factos. Das questões concretas por ti colocadas (embora algumas delas fossem insidiosas, pois, mais do que questões em aberto, implicam postulados prévios d a todo o pretenso o debate e discussão.) respondi com toda a clareza.

Segundo: Dei o meu contributo dizendo o que pensava sobre as questões em causa, considerando inclusive que a primeira é uma falsa questão, completamente alheia à concepção de que as técnicas de PMA se destinam ao tratamento médico de casais inférteis.

Vejamos agora como “operas “.

Apesar de aparentemente concordares com a minha argumentação, ( relativamente ao não-direito a ter filhos, por exemplo), imediatamente a seguir insidiosamente a desqualificas, quer nos seus fundamentos, quer na terminologia por mim utilizada, considerando que “É neste tipo de terminologias tão «modernaças» que às vezes mete dó ter que ouvir alguns dos nossos deputados com a sua sabedoria de colagens salivares”.

Por outro lado lanças a supeição sobre a minha afirmação de que “ a ideologia do modelo de família tradicional afirma «sem rebuços» que «ter filhos é um direito»” e perguntas-me ironicamente por tratados de ética sobre o tema . Essa proposta é um gozo desnecessário. Basta consultares os sites e os comunicados das associações ditas pró-vida e pró- família. Talvez algumas reuniões sejam elucidativas - vou convidar-te para algumas. Onde se fala insistentemente do direito a ter filhos , das restrições que faz o Estado a esse direito e se reivindica constantemente, as intervenç~s de um estado natalsita que sustente e pague as mensalidades dos colégios.., etc e tal.

Terceiro: A tua resposta á minha pergunta – Será o direito á Saúde um direito reivindicável? ? foi uma não-resposta, porque apenas te limitaste ridicularizar a importância do direito á saúde na sua vertente de saúde reprodutiva.
Um Direito Humano que para ti não existe, assim o afirmaste, assim como não existe o direito á autodeterminação da sexualidade, pois não passa de "uma concepção modernaça".
Sobre a "técnica do estilhaço", ficámos esclarecidos.

Quarto – Em nenhum momento falei de situações particulares de casos gerais. Pelo contrário. Portanto essa tua afirmação é uma mentira.
Por isso te chamei atenção de que devemos primeiro ir às questões fundamentais; aos conceitos prévios a qualquer debate sobre o estatuto antropológico do pré-embrião.
Por isso te pedi que definisses que entendes por pré-embrião, qual a tua concepção pessoal desse conceito.
Porque tive a percepção exacta de que não estamos todos a falar a mesma coisa ( (categoria / conceito) e que a tua concepção já estava previamente definida e não pretendes verdadeiramente um debate.
Seria mais honesto e correcto que dissesses – sobre o tema - é esta a minha opinião com estes fundamentos. Em vez de fingires que queres fazer um debate.


Quinto: Portanto, é uma mentira afirmar que a minha resposta , misturou o essencial com o acessório, a não ser que consideres que a definição do que é um embrião seja um conceito acessório e casuístico.
Pareces não aguentar uma discussão sistemática sem acusações infundadas de que os teus oponentes “

Não utilizei por enquanto, na minha discussão nenhuma argumentação jurídica relativamente à PMA. ( Outra mentira)
Mas se quiseres, vamos por aí.
Dizer que a argumentação jurídica é estritamente casuística e não reconduz a questões essenciais prévias á aplicação concreta da lei, ou é má fé ou é ignorância.
È que não se podem ter argumentações teóricas /filosóficas transcendentes sobre determinados conceitos e depois não retirar daí consequências jurídicas muito concretas, ainda que generalistas. Que não são casuísticas.

Por exemplo, se adoptas a concepção a de que o estatuto antropológico de um pré embrião é precisamente igual ao de um ser humano , a destruição de um préembrião ( ainda que involuntária) é um homicídio, há que exigir as correspondentes molduras penais.


II Quanto á essência da questão – por um lado concordas com a necessidade de definição prévia do que é um pré- embrião /embrião.

1 - Anoto que, longe de dares qualquer definição ou conceito pessoal remetes para vários links seleccionados (há muitos mais e com perspectivas diferentes. ) Curiosamente usas como referencia sites de conteúdo técnico científico baseado nos saberes da tal “classe medico – científica” que não deve decidir sobre estas questões. . .

Em suma, tu próprio acabas por reconhecer que é impossível um discurso sobre o estatuto antropológicos do embrião sem o discurso do conhecimento científico e tecnológico, que permite uma delimitação prévia do conceito. Cais assim numa contradição evidente .
A
dmites mesmo , no campo de discussão filosófica , que "há menos certezas do que muitos querem fazer crer. “As questões são mais que as respostas, mas parece-me muito importante que quando não temos respostas definitivas temos que agir com muita prudência”.

No entanto, logo a seguir, imprudentemente afirmas como definitivo que ” não vês (???)” que um préembrião “ não se trate de um ser humano”.

E mais não dizes. Nem o porquê da visão, nem o fundamento mesma. Para Argumento antropológico filosófico parece-me pouco. E bastante casuístico – afinal trata-se de uma visão particular.

Aliás a afirmação até é divertida, porque se trata de um afirmação baseada numa dupla negação…” Não vês.. porque não.. …”
Como argumento…


2 – Depois deste malabarismo, dás um salto qualitativo bastante ilegítimo do ponto de vista metodológico. Partindo do princípio de que, em definitivo , o pré-embrião é um ser humano(!!) falas em roleta russa. Desculpem, não percebi a relação. Roleta russa?
Possivelmente precisamos de meter outros conceitos ao barulho. Um tema a estudar”. Pois, parece-me que sim.

3 – Em seguida perde-te em considerações sobre direitos humanos.. . Não sei a quais te referes se os que negaste se osoutros.São direitos em si mesmos? São absolutos? Que limites, se os houver?

4 – Depois um outro salto qualitativo, este ainda mais temerário –
Citação:
Uma coisa é que se faça o possível por «restituir» a uma pessoa a possibilidade ter filhos; outra, bem diferente, é que nesse «processo» (cito um termo por ti usado) se possa provocar a morte de seres humanos.”

Portanto, parte do princípio que as técnicas de tratamento de infertilidade ( nomeadamente as de PMA) provocam a “[morte de seres humanos” . Ora esta afirmaçãoé uma mentira gravíssima. Até porque só revela uma imensa ignorância sobre multiplicidade das técnicas e procedimesntos existentes.

5 - Quanto á aproximação a natureza, não foi um argumento o utilizado por mim, mas continuamente utilizado pelos que querem proibir as técnicas de PMA. Dizem que vai contra a natureza, logo, contra os desígnios divinos…”com a sua sabedoria de colagens salivares”…

E mais uma vez falas em selecção de mortes e mais, utilizas o adjectivo “MATAR”…QUANDO ESTAMOS A FALAR DE TÉCNICAS QUE SÃO A ÚNICA FORMA de FAZER VIVER PESSOAS QUE DE OUTRA FORMA NUNCA EXISTIRIAM...

O que só se pode explicar pela imensa ignorância sobre os procedimentos biotecnológicos que presumivelmente aqui estamos a discutir.
Ou seja uma generalização abusiva e sem fundamento. Dito de outra forma, mais uma mentira.

Finalmente reconheces que apesar de não confundires «embriões excedentários» com «embriões descartáveis», utilizaste intencionalmente essa terminologia ( adivinha-se as motivações)

Dizes que sabes “que muitos dos embriões excedentários são «descartados», «destruídos». Sim, é um facto, na reprodução natural. Na reprodução assistida o risco de isso acontecer é muitíssimo menor exsietm procedimentso em que é absolutamente nulo, ao contrário da resprodução natural.
Quanto ao diagnóstico pré implanta tório, é perfeitamente lícito.

Re: RMA
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 06 de June de 2006 20:35

Cara catolicapraticante:

A tua mensagem deixa-me atónito.

A minha, escrevi-a com bastante tempo e cuidado. Li-a e reli-a, deixei-a repousar e só depois voltei a ela e publiquei. Leio-a mais uma vez e creio ter sido claro. Fico espantado como a «leitura» que dele fazes, dando um sentido praticamente oposto a muitas frases que escrevi, num «tom» de total falta de serenidade.

De resto, o facto de teres deixado uma mensagem única e exclusivamente para um ataque «ad hominem» fala por si mesmo.

As três proposições que colocaste como sendo «decretos» meus correspondem a quatro deturpações do que eu realmente disse (três proposições deturpadas e o rótulo de «decretos»). Colocas um «(sic)», como se estivesses a citar-me realmente no que eu digo, mas não te aténs ao que eu digo em nenhuma das proposições. Que direi mais? Sinceramente, isto suplanta a minha capacidade de entender.

Alef

Re: RMA
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 06 de June de 2006 21:01

Caro Miguel :

Aqui vai um texto para"complicar " um pouco mais os simplismos.. é que a prória fecundação ( junção do óvulo com o espermatozóide) não á assim tão simples:

"Daniel Serrão Livro Branco. Uso de embriões humanos em investigação científica :


Só porque é um ente vivo, dizem uns, já deve ser protegido com o maior cuidado, visto que o respeito pela vida, em todas as suas manifestações, é um dever bioético; o embrião humano, sendo um ente vivo humano, merece o respeito máximo, porque o homem é um fim em si próprio e nunca um meio que possa ser usado e destruído, ainda que para benefício de outros seres humanos ou de outros seres vivos não humanos.

Mas quando começa este novo ente vivo humano cuja vida deve ser protegida em absoluto, interrogam-se outros.

O instante t do início de uma nova forma de vida humana não é fácil de determinar no plano do conhecimento biológico.

É logo que o espermatozóide passa a barreira da membrana do ovócito e entra no seu ambiente estrutural com o material genómico que lhe é próprio?

É o apagamento das membranas dos pró-núcleos, masculino e feminino, possibilitando o início de uma "conversação" bioquímica entre eles?

É quando se dá o emparelhamento e as trocas genómicas entre os pró-núcleos até ao estabelecimento e estabilização da diploidia (zigoto), logo seguida de divisão de duas células, que são totipotentes ainda?

Todo este processo pode durar até 30 horas e durante este tempo desenvolve-se o que designo por embrião nascente. ( outros chama-lhe pré-embrião)

Há tendência generalizada para marcar o instante t de nascimento do embrião quando, concluída a singamia, está constituído um zigoto, ainda unicelular, mas no qual já há a expressão do genoma para desencadear a primeira divisão celular.

Mas há quem afirme que a nova forma de vida humana só atinge o instante t alguns dias mais tarde, quando o genoma deste novo ente vivo da espécie humana se exprime plenamente, de forma autónoma e com independência do genoma dos gâmetas originais (imprinting parental).

Há outros que esperam pelo fim da implantação humana na mucosa uterina para reconhecerem aí, o instante t, ou seja, afirmam que o início da relação mãe-filho é, de facto, o princípio de uma nova vida humana.

Ainda nesta linha de uso das características de diferenciação deste ente vivo humano, alguns sustentam que só após o aparecimento da linha primitiva e da configuração polarizada do embrião, o que ocorre cerca do 14. dia, é que estamos, seguramente, de uma, e uma só, nova forma de vida humana."




]

Re: RMA
Escrito por: Ovelha Tresmalhada (IP registado)
Data: 06 de June de 2006 21:42

Cara catolicapraticante,

O texto de Daniel Serrão é interessantíssimo e muito útil para quem percebe pouco destas coisas. Já agora, é possível saber qual é a opinião do próprio Daniel Serrão sobre o momento em que se situa o tal instante t do nascimento do embrião? Das várias teorias que ele indica qual é a que ele próprio segue?

Re: RMA
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 06 de June de 2006 23:08

pontodevista, geneticamente temos pouca diferença com os primatas superiores mas esses pouco genes provocam uma enorme diferença a nivel cerebral. Diferença essa que começa a afirmar-se por volta dos 2 anos e meio, 3 anos.
É como dizer que há pouca diferença entre um carro com volante e um sem volante.

rmcf, apesar de tudo há uma diferença relevante antes e depois do 14º dia. Antes pode dar-se a divisão espontanea ou provocada do embrião (ou pré-embrião), depois tal não é possivel. Ou seja depois do 14º dia fica estabelecida a unicidade do ser. Estamos perante um ser humano unico e irrepetivel.

Re: RMA
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 06 de June de 2006 23:27

Miguel

Quanto à questão 1. o texto que a catolicapraticante citou é muito bom. Há que acrescentar que há quem coloque o tal instante t mais tarde do que os 14 dias. Algumas etapas importantes têm a ver com a activação do sistema nervoso central do feto. Há ainda posições gradualistas, que defendem que a protecção a conferir ao embrião vai crescendo à medida que este se desenvolve. Com isto coloca-se o instante t mais tarde mas assegura-se uma importante protecção ao embrião mesmo antes do instante t. É como se o ser pessoa não fosse algo adquirido de um momento para o outro mas se fosse desenvolvendo.

Sobre a posição da Igreja, a Evangelium Vitae defende que se deve proteger o embrião como se fosse pessoa, desde a concepção, mas não afirma taxativamente que é pessoa (com alma) desde a concepção. Em contrapartida coloca uma questão: "como poderia um indivíduo humano não ser uma pessoa humana?". Para mais informação sugiro a encíclica Evangelium Vitae ( [www.vatican.va] ), nomeadamente o número 60. ( [www.vatican.va] ) e este resumo ( [pontosvista.blogspot.com] ) que fiz de um debate a que assisti na Universidade Católica.

Quanto ao ponto 2., pensar que cerca de 2/3 da humanidade nunca teria sequer nascido é realmente uma razão muito séria para questionar se estaremos em presença de uma pessoa humana desde o momento da concepção. Não és o único.

Vale contudo a pena dizer que isso não invalida completamente as discussões, sobretudo se não nos limitarmos a uma lógica binária: ou há pessoa e o respeito é total ou não há pessoa e tratamos tudo como um objecto. Quando mais atrás eu dizia que não é fácil dar ao pré-embrião humano um estatuto dentro dos quadros tradicionais do pensamento estava a pensar na dificuldade de definir um instante t em que se passa de objecto a pessoa. Mas se adoptarmos uma valoração e protecção crescentes talvez possamos encaixar melhor todos os dados do problema.

"Também sei que é porventura demasiado casuístico. Vou continuar a pensar... "

Continuar a pensar é realmente uma necessidade destes problemas. Mas não penso que estejas a ser demasiado casuístico. Nestas áreas todos os nossos quadros mentais anteriores falham e, para construirmos novas teorias, é essencial irmos verificando como se aplicam aos casos que podem ir surgindo. Do meu ponto de vista um dos maiores problemas da doutrina católica neste assunto é ter-se precipitado a definir princípios gerais sem avaliar as consequências em situações práticas, o que levará em breve a problemas de contradições internas ou afastamento da realidade.

pontosvista

Re: RMA
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 06 de June de 2006 23:30

Camilo

A humanidade não nos vem só pelos dados da biologia. Um deficiente mental pode ter menos capacidades do que um chimpanzé e não deixa de ser pessoa por isso.

pontosvista

Re: RMA
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 06 de June de 2006 23:40

Caro OT: O texto de daniel serrão está online em [www.mctes.pt]

Penso que ele não adopta nenhuma teoria e parte do princípio de que não se podem ter certezas de quando se inicia a vida do ser human nem afirma taxativamente que o pré-embrião é uma pessoa. Aliás, segundo ele afirma nem a Igreja católica o faz.

Por isso temos de ter alguma prudência e de "não nos limitarmos a uma lógica binária: ou há pessoa e o respeito é total ou não há pessoa e tratamos tudo como um objecto".

Re: RMA
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 06 de June de 2006 23:49

o pré-embrião não é definido por ninguem como um mero objecto, é sempre um ser vivo e um ser vivo da especie humana. O que se questiona é se a esse ser vivo deve ser dada a dignidade de ser humano. Classifica-lo como objecto é um erro.

O gradualismo no ser pessoa já deu para o eugenismo de deficientes. Levando esse gradualismo para a vida diaria temos a relativização da vida de muitas pessoas. Minamos um dos fundamentos da sociedade, a igual dignidade de todos.

Não me parece de modo algum que o criterio a adoptar para o numero de embriões a criar e implantar deva ser deixado ao livre criterio de cada medico. Os medicos não são necessariamente modelos de etica. Em muitos casos a ganancia sobrepor-se-ia à etica. Aliás muitos hospitais são geridos por economistas e há pressões destes sobre os medicos para não fornecerem determinados tratamentos a determinados doentes por motivos economicos. Isto em hospitais publicos.
Por isso o criterio sobre o numero de embriões a criar não deve ser deixado à livre decisão dos $anto$ medico$ mas sim definido por uma comissão medica e etica a nivel nacional.

Re: RMA
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 06 de June de 2006 23:53

Comissão Médica Ètica essa que é constituída precisamente por por ... Médicos....Os "$anto$ medico$ "... sobre quem se acende a suspeição e a diabolização... Mais malabarismos?

Re: RMA
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 07 de June de 2006 00:04

Pontos de Vista - Muito obrigada por partilhares connosco o debate a que assitiste na UniversidadeCatólica. Um excelente contributo.

Re: RMA
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 07 de June de 2006 00:09

"Por isso o criterio sobre o numero de embriões a criar não deve ser deixado à livre decisão dos $anto$ medico$ mas sim definido por uma comissão medica e etica a nivel nacional."

O problema é que o número de embriões a criar para viabilizar uma gravidez depende da história clínica da mulher, da idade, etc. É como se o Camilo quisesse que uma comissão de ética fixasse a dose de medicamento a dar a todos os doentes.

Quanto aos médicos, não consegue argumentar sem espalhar suspeitas indiscriminadas? Já hoje se formos parar à urgência de um hospital há decisões de vida e morte que têm que ser tomadas pelos médicos. Há falhas? Claro, mas não é por isso que colocamos uma comissão de ética a decidir uniformemente o tratamento para todas as pessoas que entram numa urgência.

pontosvista

Re: RMA
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 07 de June de 2006 01:12

neste assunto um medico que não aceite qualquer limite etico tem uma vantagem economica. Não é uma suspeita indescriminada. Actualmente há grupos bancarios donos de hospitais privados.

Vivo na realidade, há medicos que respeitam limites eticos e os que não respeitam. Os que não respeitam qualquer limite terão neste caso vantagens economicas. Para quem só considera o desejo do casal em ter filhos e para quem menospreza de forma quase absoluta o pré-embrião não existe outro limite para além da eficacia do processo. Não é o meu caso.

informação gratuita - existe um "manual" para triage nas urgencias. Praticamente todos os casos mais frequentes estão previstos. Tem bem mais de 500 paginas. A liberdade do medico na triagem dos doentes na urgencia é muito menor que aquilo que supoe. O seu exemplo é um bom exemplo. Não concorda é com as suas ideias mas sim com as minhas.
vivendo e aprendendo.

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