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Re: É esta a Eduaçăo Sexual que queremos???
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 02 de June de 2005 15:06


Na RTPI apareceu um médico e falou...ele disse que viu um jovem uma jovem ainda novos a beijarem-se. Que esteve para parar o carro e perguntar-lhe se usava a pilula...Ora se ele parasse o carro e lhe desse dinheiro para ir comprar um gelado ou um bolo, fazia melhor...os jovens quando não têm amor, nem atenção em casa vão à procura dele à rua!!!
Tenho uma filha que desde pequena, me chama e diz: Mãe, dá-me um beijo, dá-me um abraço. Eu deixo todos os meus afazeres para lhe dar um abraço, um beijo...e fica feliz:)
É preciso compreender os filhos...

Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 02 de June de 2005 16:42

Cá está outra afirmação de valores sobre sexualidade/amor:


Só são permitidos os beijinhos à mamã?? ( O que não diria Freud sobre o assunto.. ;))

Então os jovens não devem beijar-se?

Os beijos devem ser proibidos até que idade?

Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 02 de June de 2005 16:55

A ideia da substituição de beijos eróticos por gelados ou bolinhos em JOVENS... faz-me pensar bastante na fase oral...

Sim, Freud tem razão em muita coisa... tanta que até quando se fala em substituição de gratificações eróticas/emocionais orais e aparentemente se apela a comportamentos assexuados se está inconscientemente a erotizar o comportamento de comer...
Só este pequeno texto daria para um tratado...

Mas a questão essencial colocada é esta :"os jovens quando não têm amor, nem atenção em casa vão à procura dele à rua!!! "

Ou seja, parte-se do pressuposto que "se existir amor em casa", ( por parte dos pais, presume-se) os jovens não sentem atracção erótica/amorosa ou sexual por outros jovens .... Não namoram, não se apaixonam, não se excitam , não têm comportamentos sexuais....

Negação parental da sexualidade dos seus jovens filhos?

A negação é positiva?



Gostaria que mais foristas, sobretudo PAIS se pronunciassem sobre os valores que referi.




Re: É esta a Eduaçăo Sexual que queremos???
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 02 de June de 2005 19:51

CP

Não devem andar por aquí mães:)

Qual é a mãe que gostava de ver uma filha de 13, 14 ou 15 anos aos beijinhos com um rapaz?
Um pai pode gostar de ver um filho a beijar uma menina...mas se a menina for a filha dele, certamente que a desvia.

Na minha casa há leis...e as leis são para se cumprirem.

Re: É esta a Eduaçăo Sexual que queremos???
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 02 de June de 2005 20:03


Ah....e os jovens se forem sexual activos, devem visitar psicólogos...há psicólogos para esses jovens...
Portanto, é bom que os próprios pais sejam também psicólogos.

Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 02 de June de 2005 21:12



Em suma esta forista defende os seguintes valores relativamente á Educação SExual:

1 - Proibição de contactos entre jovens menores de 15 anos.

2 - Os jovens com vida sexual activa - masturbação, por exemplo, ou jogos eróticos, ou mesmo um relacionamento sexual com o /a namorada são "anormais" e necessitam de acompanhamento psicológico.

""jovens se forem sexual activos, devem visitar psicólogos"

Os jovens normais são assexuados.

3 - Um duplo padrão de moralidade - para as meninas, nada de beijinhos, para os rapazes, é fartar vilanagem...

""Um pai pode gostar de ver um filho a beijar uma menina...mas se a menina for a filha dele, certamente que a desvia"...

4 - Por último, os valores e condutas sexuais dos jovens resultam da imposição parental.
"Na minha casa há leis...e as leis são para se cumprirem. "


ESte tipo de valores ácerca da SExualidade tem alguns óbices evidentes, pois partem de alguns falsos pressupostos e podem ter consequencias trágicas para o desenvolvimento dos jovens.

1 - Na sociedae em que vivemos, é impossível impedir contactos entre jovens até aso 16 anos.
Já no mundo islamico é mais fácil.

2 - Não é pelo facto de os pais considerarem que os joven são assexuados que eles o são.

Os pais podem negar a realiade e regugiar-se em falsas crenças securizantes sobre a "inocência" dos seus rebentos, porque se sentem perturbados e inseguros. Constroem uma espécie de distorção da realidade e tendem a olhar os seus filhos como uns eternos bebés, dependentes deles . ESta visão é infantilizante e até castradora.
Mas mesmo estes pais ás vezes têm de se confrontar com as evidências e a realidade.

O que se passa, na maior parte dos casos , é que face a este tipo de pais, os jovens regra geral adoptam comportamentos adaptativos.

Vivem as suas experiencias íntimas e eróticas, as suas difculdades e dúvidas e os seus relacionamentos amorosos sem falar delas aos pais. È um muro de silêncio .

"tem pai que é cegooo"

3 - Sobre a eticidade dos duplos padrões de moralidade em função do Género - sobre as condutas sexuais, a infidelidade, a expressão do desejo sexual, muito haveria a dizer.

Eticamente não tem grandes fundamentos.

E sociologicamente é apenas explicável pelo estatuto de menoridade social atribuído ás mulheres enquanto pessoas autónomas.

Mas ESte duplo padrão pode também ser especialmente perverso e negativo para os rapazes. Espera-se deles que sejam uns verdadeiros garanhões, que tenham todo o tipo de experimentação sexual, que não vivam a sexualidade numa dimensão de sensibilidade/ emoção e afectos... ( isso é pra as miúdas..) etc, etc., etc....

Mais grave ainda, recentemente o César das Neves, numa entrevista , afirmou que "quando uma menino é abusado sexualmente por uma mulher até fica orgulhoso"

Mas o abuso sexual de meninos, alguns bem pequeninos, é ou não sempre um abuso e uma violência intolerável, que deixa marcas indeléveis nas vítimas? ??
" Um motivo de orgulho"???

4 - A capacidade de imposição paterna de determinados comportamentos é bastante limitada...








Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 02 de June de 2005 21:21

O que me parece bastante claro neste topico que como já referi já deu tudo o que tinha a dar, é uma radical oposição em relação ao modelo proposto pela APF e ministério da Educação por parte de todos os foristas no que respeita a criancas ate ao 7º ano.
A excepção a essa posição é de uma forista, que tem todo o direito e mais algum de dar a educação sexual que bem entender aos seus filhos. Não tem é o direito de a impor aos filhos dos outros.
Isso é claro.
Mais uma vez o reitero que o tema não diz apenas respeito aqueles que são pais, mas a todos os cidadãos deste país, que pagam os seus impostos e que tem tanto direito como qualquer outro de emitir a sua opinião.

Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 02 de June de 2005 21:27

Então poderia forista JL referir se concorda ou não com os valores em debate neste

Forum , e fundamentadamente especificar, se for caso disso, porque não concorda com

eles , e quais os valores alternativos que propõe?

Seria interessante se conseguisse fazer um discurso articulado sobre o tema.

Cá ficamos todos á espera.

Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 02 de June de 2005 21:32

Fiquei também curiosa por que colocou uma delimitação relativamente ao grupo etário.

Porque será?


Será que considera que os valores sobre Educação SExual por mim refridos apenas não

são válidos "no que respeita a criancas ate ao 7º ano." e que a partir desse grupo

etário tem adequação?

Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 02 de June de 2005 23:32

Numa leitura rápida sobre o que hoje se escreveu, tenho apenas tempo para um breve comentário/dúvida sobre uma frase que o VM disse: «Chegar a uma escola, frequentada por crianças de 10,11 ou 15 anos».

VM, para ti, uma pessoa com 15 anos é ainda uma criança? Até que idade se pode falar em criança?

Eu dou-te a minha opinião. Dificilmente consideraria uma pessoa de 15 anos uma criança, mas sim um(a) adolescente. Conheço pelo menos um caso de uma pessoa que, de livre vontade e com consentimento dos pais, se casou aos 15 anos (e não estava grávida).

Considero que a fase "criança" vai até a altura da puberdade, que normalmente se situa entre os 10 e 13 anos (corrijam-me os especialistas na matéria). Após a puberdade, a criança "transforma-se" em adolescente, e passados alguns anos, em adulto.

Talvez seja uma questão interessante de discutir, até para perceber as diferentes sensibilidades, quais as "fases" da vida do ser humano, e como as podemos delimitar. Por exemplo, a partir de quando podemos falar em "adulto". Eu tenho uma resposta, mas vou não vou estragar a discussão :-)

Luis


Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 02 de June de 2005 23:58

Expresso - 28 Mai 05

Pais querem retirar manuais

A polémica sobre a educação sexual nas escolas continua. Agora pela voz dos pais

A CONFAP (Confederação Nacional das Associações de Pais) exige a suspensão imediata da utilização dos livros e materiais pedagógicos espanhóis que constam na bibliografia aconselhada pelos Ministérios da Educação e da Saúde para a educação sexual nas escolas. «Esses livros podem ser bons para Espanha, mas não os queremos cá. Não se adaptam à nossa realidade», disse ao EXPRESSO Albino Almeida, o dirigente máximo da confederação, representante de mais de 300 mil pessoas.

Há duas semanas, o EXPRESSO publicou um texto sobre esta matéria, que ilustrou com desenhos retirados desses manuais. A polémica instalou-se e nos últimos dias, além do lançamento de várias petições, as federações da Confap reuniram e produziram documentos que serão tratados no encontro do seu órgão máximo na próxima semana. «Até ao momento não detectámos nenhuma escola onde os materiais tivessem sido usados», disse Albino Almeida.

O Ministério da Educação - responsável pela gestão e aplicação dos programas escolares - também não ajuda a esclarecer esta dúvida. Nomeadamente sobre se as escolas usaram estes materiais aconselhados ou quantos alunos e de que idades foram abrangidos por esta iniciativa. Até ao fecho desta edição, o gabinete de Lurdes Rodrigues informou apenas que tinha sido pedido um parecer ao Conselho Nacional da Educação, um órgão meramente consultivo do Governo. Ainda na semana passada, o mesmo Ministério tinha publicamente assumido «não existirem manuais escolares», nem tão pouco «disciplina de Educação Sexual nos currículos quer do ensino básico quer do secundário». Fica assim por esclarecer o que foi pedido realmente ao CNE. O responsável deste Conselho - Manuel Porto - encontrava-se ausente, esta semana, não tendo sido possível contactá-lo.

Zita Seabra apresentou queixa

. Entretanto, a Associação Portuguesa das Famílias Numerosas (APFN) pediu ontem à ministra Lurdes Rodrigues que lesse as Linhas Orientadoras, nomeadamente as recomendações a «obras de referência». E insistiu para que se «investigue a sério o que se está a passar, uma vez que consideramos o assunto de máxima gravidade», lê-se no comunicado da APFN. A associação apela ainda a quem tem filhos que adira às petições que circulam em papel e na internet numa iniciativa do MOVE, um movimento de pais criado após as notícias publicadas no EXPRESSO.

O Movimento Associativo e Federativo de Pais e Encarregados de Educação de Portugal - o mais recente desde que começou a polémica e que representa cerca de 20 mil pessoas - vai mais longe que a Confap nas exigências feitas ao Ministério da Educação, não limitando as suas preocupações à utilização dos livros espanhóis. Há livros propostos na bibliografia, de autores portugueses ou traduzidos para a nossa língua, que propõem jogos como encontrar sinónimos para os órgãos genitais. Outros manuais sugerem peças de teatro em que parte da turma é «turista» e outra faz parte de uma população homossexual visitada pela outra.

Paralelamente às audiências pedidas ao Presidente da República e ao primeiro-ministro, este movimento quer que a ministra da Educação responda às seguintes questões: quais as escolas que tiveram acesso ao modelo de educação sexual previsto nas Linhas Orientadoras, que tem a chancela da APF (Associação para o Planeamento da Família), se os pais tiveram conhecimento prévio das acções e se estas estavam previstas no projecto curricular de turma.

A deputada do PSD Zita Seabra é uma das pessoas que se solidarizaram com este movimento. «Não fiquei espantada com o que li no EXPRESSO. Quando uma das minhas filhas estava no 9.º, numa escola pública de Lisboa, foi obrigada a responder a um inquérito feito por um professor na sala de aula. Perguntas como ‘já tiveste relações sexuais’ e ‘tiveste relações sexuais com animais’ foram feitas. Depois de obrigar a escola a dar-me o inquérito, queixei-me ao então ministro da Educação, Oliveira Martins, que ordenou um inquérito», contou ao EXPRESSO.

Surpreendida diz ter ficado a deputada socialista Maria do Rosário Carneiro, que ainda não decidiu apoiar o Movimento Associativo e Federativo de Pais e Encarregados de Educação. «Apesar de ter votado contra esta lei, só conheço o que li no EXPRESSO. Há factores perturbadores. A educação sexual é uma entre muitas dimensões do ser humano, da personalidade e como tal não pode ser dissociada das outras. As relações pressupõem afectos, auto-estima, responsabilidade e liberdade, autocontenção. Não é assim que se reduzem as gravidezes entre adolescentes ou os casos de sida. Aquilo que li exige dos responsáveis uma reflexão», defende a deputada da bancada do PS.

Monica Contreras e Rosa Pedroso Lima


Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 03 de June de 2005 00:05

É pena o Jl não responder a questões concretas.

SEria útil para o debate.

Relativamente á notícia em causa, destaco uma frase "Agora pela voz dos pais ".

De facto, só agora.

Aguardo a sintervenções dos Pais do Forum relativamente aos Valores.

Concordam com os valores defendidos pela Ana?


E aguardo, naturalmente a reposta do VM.

Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 03 de June de 2005 00:11

Já estão neste momento duas coisas a discutir aqui. Uma coisa é a proposta da APF sancionada pelo governo de ensino a partir da primária de Educação Sexual sem o acordo prévio dos pais.
Outra coisa são quais são os valores a cultivar e apartir de que idade. Tratam-se de coisas coisas distintas.
Quanto à primeira questão e foi esta que foi colocada em primeiro lugar, apelo à forista CP que leia o artigo acima posto sobre a posição da Confap da qual diz fazer parte.
Quanto aos temas por si levantados como orientadores, para mim não chegam. São muito limitados, apenas do ponto de vista clinico ou psico afectivo. Não neles quaisquer valores eticos subjacentes, e como Cristão que molda todo o meu ser e maneira de pensar, não posso deixar de sublinhar dois pontos.
- A orientação sexual não resulta de uma escolha pessoal da pessoa mas do sexo com que cada um nasce. A igreja respeita a individualidade de cada um, acolhe no seu seio todos os seus filhos, no entanto não pode aceitar acções que vão contra a Lei de Deus, recusando todas e quaisquer praticas homosexuais. Não são as pessoas que estão em causa mas os actos.
Depois a sexualidade é apresentada somente numa veretente hedonista de dar e receber prazer, que está indissociavelmente ligada ao acto sexual, mas não menciona a reprodução como se esta fosse um azar, uma desgraça que não deveria fazer parte do sexo e que deve ser evitada a todo o custo.
Não deixa de ser interessante quererem retirar ao acto sexual a sua componente procriativa, mas nunca ninguem pensou em retirar a função unitiva ou de prazer.
Parece desde o sec. XX que o sexo apenas serve para prazer e mais nada.
É bastante redutor. Ensinar isto a crianças, jovens, adolescentes é uma barbaridade.

Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 03 de June de 2005 00:15

Estou a responder a questoões concretas, espero resposta sua sobre a posição da sua associação de pais.
Já agora uma achega de Pedro Strech que acho ser indiscutivelmente a maior autoridade neste país para falar sobre o assunto.

Público - 26 Mai 05


Um caso sério

Pedro Strech

A sexualidade e as suas vivências são um assunto tão sério que, de verdade, deveria ser pensado o que fazer para melhor ajudarmos os mais novos a vivê-la saudavelmente. Sobretudo quando a realidade portuguesa indica números muito dolorosos para que, de verdade, ninguém faça nada

Foi com bastante espanto que muitos profissionais da área da infância e da adolescência acolheram as notícias recentemente vindas a público num semanário sobre as experiências-piloto levadas a cabo em algumas escolas a propósito da introdução de uma disciplina de Educação Sexual para alunos de 2.º ciclo (5.º e 6.º anos de escolaridade), ou seja, para rapazes e raparigas de idades compreendidas entre os 10 e os 12 anos de idade. Fazendo capa com essa notícia, pudemos ver como, partindo de desenhos de um rapaz e uma rapariga, despidos, a tocarem nos seus órgãos sexuais, se colocavam perguntas alusivas à masturbação, do género: "Que estão a fazer? Já alguma fez fizeste isso? Onde? Com quem?" Seguiam-se depois outros exemplos dignos de nota: num, sugeria-se que, sobre o referido desenho, se pintasse de vermelho "zonas do corpo que gostas que sejam tocadas" e noutro ainda sugeria-se que os alunos escrevessem todos os sinónimos conhecidos de "pénis, testículos e vagina", esperando-se que depois se afixassem os resultados num placard da sala de aula.
O comentário é inevitável e rápido: não sabemos de quem foi a ideia, mas se esta é a proposta para actividades de educação sexual em crianças desta idade, então só resta dizer que é melhor estar quieto, porque assim não.
O desenvolvimento da sexualidade é uma construção que se inicia muito precocemente na vida de cada um: aliás, ela inicia-se ainda antes de um bebé nascer por aquilo que um futuro pai ou mãe projecta para aquela criança. Não são inéditas situações de pais que abandonam mulheres porque não conseguem ter um filho rapaz, mulheres que dizem não querer uma menina porque isso lhes lembra as suas mães, da mesma forma que são comuns os casos em que se escolhe determinado nome porque a ele se associa uma figura familiar de grande relevo emocional ou para manter um registo que é comum, numa perspectiva de ligação e continuidade. Também não é à toa que os meninos são vestidos predominantemente de azul e as raparigas de cor-de-rosa, e que o conhecimento antecipado do sexo do bebé (para os pais que o querem ouvir no decorrer de uma das ecografias de rotina) permite a adaptação entre um bebé imaginado e um bebé real.
Depois, mais crescidas, as crianças apreendem os primeiros modelos de relação sexual e afectiva através das vivências dos adultos que lhes estão próximos, que interiorizam individualmente e em ligação como modelos, com todas as partes boas e más que cada um tem e acarreta. Nesse aspecto, é importante também a própria diferenciação dos espaços, em que a especificidade do quarto dos pais simboliza a intimidade e a privacidade, bem como a distanciação entre o mundo de adultos e de crianças e adolescentes que, obviamente, não têm acesso às mesmas vivências; a fantasia e o desejo organizam-se a partir do desconhecido e do interdito. Por último, já adolescentes, é que começam então a viver uma sexualidade ditada pelo primado da genitalidade, quer dizer, mais próxima daquilo que será um futuro padrão adulto.
Por acaso, o desconhecido e o interdito são pontos que, hoje em dia, são muito facilmente ultrapassados: os mais novos recebem tanta informação específica sobre temas de sexualidade e a ela têm tão facilmente acesso através da televisão e da Internet que escusado será dizer que, em muitos, o mais que se assiste é a uma morte precoce do desejo e da fantasia. Quando assim é, o que resta (e é tão fácil de perceber!) é pouco de mais para ser verdade: um esvaziamento precoce do encanto da descoberta da sexualidade leva, inevitavelmente, a adultos descontentes com o amor e com o sexo, acabando por não tirar prazer íntimo da mais importante área do bem-estar individual e social. Quem está bem na sua vida amorosa e sexual está bem em (quase) tudo, isto é, tem uma fonte de energia psíquica muito mais forte e ampla para viver e enfrentar todos os aspectos positivos e negativos do dia-a-dia. E o oposto é igualmente verdadeiro e são disso exemplo casos de perturbações emocionais como algumas neuroses, depressões, somatizações (a expressão no corpo do descontentamento da mente), comportamentos autodestrutivos (como o consumo de álcool) e, claro está, algumas perversões sexuais.
Pela frequência actual, destacamos nos mais novos a importância da televisão e da Internet como os dois mais fortes veículos de uma exposição sexual que, se maciça e desintegrada de outras vivências afectivas de qualidade (nomeadamente as que implicam uma possibilidade de para-excitação), pode produzir fortes ataques à integridade psíquica de crianças e adolescentes. Todos sabemos distinguir uma normal e saudável curiosidade que é bom existir, de casos como os de meninos que, bombardeados pelas imagens dos canais pornográficos da TV por cabo (quantos não têm TV no quarto, quantos não ouvem amigos, irmãos mais velhos, familiares, falar disso?,) não têm nem capacidade física nem maturidade emocional para digerir psiquicamente aquilo a que têm acesso e, por isso, sofrem com isso, ou daqueles que passam horas em frente dos sites pornográficos, isolados, sozinhos face a imagens de uma sexualidade quase sempre distorcida, em vez de ousarem o contacto relacional com outro(s) de idades próximas? Que fantasiam estes rapazes e raparigas? E, sobre o que fantasiam, como o agem na realidade, quer dizer, que uso dão a isso nas suas vidas diárias? Como afecta isso "as partes que gostam que sejam tocadas" ou "o que fazem, onde fazem e com quem fazem"?
A sexualidade e as suas vivências são um assunto tão sério que, de verdade, deveria ser pensado o que fazer para melhor ajudarmos os mais novos a vivê-la saudavelmente. Sobretudo quando a realidade portuguesa indica números muito dolorosos para que, de verdade, ninguém faça nada: primeiros da União Europeia na taxa de maternidade adolescente, o mesmo lugar na taxa de infectados pelo vírus da sida, número não contabilizável de abortos como forma de contracepção e sem que, em nenhum dos exemplos referidos, rapazes ou raparigas recebam suporte emocional minimamente digno. Que faz da sua vida uma rapariga que é mãe aos 15 anos de idade e um rapaz que é pai aos 16 anos? E aquela que aborta sozinha, nas piores condições imagináveis, sem suporte familiar ou social que a ampare? E, se existir um futuro bebé, não dá ainda para perceber que tudo o que desde logo se passar vai marcar a sua própria vida e, dentro dela, a vivência da sua sexualidade? É que, quando nasce uma criança, há sempre uma história de três gerações que está presente no quarto de uma enfermaria: a do recém-nascido, a dos seus pais e, nestes, aquilo que em fantasia ou na realidade os seus próprios pais lhes deixaram...
A sexualidade é um caso sério de mais para ser tratado da forma banal, crua, desadequada, patética mesmo, como nos exemplos referidos. E, mais importante ainda: enquanto se continuar a falar deste tema desenquadrado do amor (amor próprio, amor pelo outro), será muito difícil chegar a algum lado significativo. E, sobretudo, enquanto se fechar os olhos à noção de que a sexualidade é, essencialmente, resultado de um profundo diálogo interno, onde são as emoções e os afectos longamente vividos e experienciados que determinam os respectivos comportamentos, andaremos a pintar de negro (e não de vermelho) as vidas, corpos e mentes,de muitos rapazes e raparigas. E disso já se vê que baste de muito mal-estar.
Pedopsiquiatra


Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 03 de June de 2005 00:44

Em suma:


O Jl concorda com os valores por mim propostos, mas considera-os limitados.


1 - A expressão "O reconhecimento de que a sexualidade é uma fonte de prazer e

comunicação, uma potencial FONTE de VIDA " como um valor a ter em conta na Educação

Sexual - menciona claramente a a reprodução numa perspectiva positiva e não "como se

esta fosse um azar, uma desgraça que não deveria fazer parte do sexo e que deve ser

evitada a todo o custo. ", ao contrário do que escreve o J.L.

Apenas se considera que, na Sexualidade humana, ao contrário dos outros animais, a

vivência da Sexualidade não tem como finalidade última ou principal a Reprodução. Essa

possibilidae está presente mas não é um fim em si mesma porque pode ser controlada

autónoma e conscientemente.

Essa concepção da sexualidade humana tendo como fim a reprodução sim, seria uam

visão redutora e limitada. Ensinar isso a adolescentes e jovesn seria uma "barbaridade"

2 - Como muito bem escreveu o JL "A orientação sexual não resulta de uma escolha

Pessoal da pessoa ", mas de um determinismo biológico, embora também modelado por

factores socais e culturais. Exactamente.

Estamos então de acordo nisto, e estamos também de acordo que a Igreja aceita e

acolhe todas as pessoas, independentemente das suas orientações sexuais.


Logo as afirmações do Jl são coincidentes com a minha afirmação do valor

"o respeito pelo direito à diferença e pela pessoa do outro, nomeadamente os seus

valores, sua orientação sexual e as suas características físicas"

Ou seja, do que li, parece-me que o Jl pensa precisamente como eu relativamente aos valores que devem estar subjacentes à Educação sexual.

Embora considerasse os vaçores propostos limitados , objectivamente, o JL não alargou

o âmbito desta visão...


Acho muito importante o post do Pedro Strech. Deve ser lido com cuidado atento por

todos os pais.

Permitam-me que reforce alguns parágrafos com os quias me identifico plenamente :

1 - "Quem está bem na sua vida amorosa e sexual está bem em (quase) tudo, isto é,

tem uma fonte de energia psíquica muito mais forte e ampla para viver e enfrentar todos

os aspectos positivos e negativos do dia-a-dia. E o oposto é igualmente verdadeiro e

são disso exemplo casos de perturbações emocionais como algumas neuroses,

depressões, somatizações (a expressão no corpo do descontentamento da mente),

comportamentos autodestrutivos (como o consumo de álcool) e, claro está, algumas

perversões sexuais. "

2 - " Todos sabemos distinguir uma normal e saudável curiosidade que é bom existir, de

casos como os de meninos que, bombardeados pelas imagens dos canais pornográficos

da TV por cabo (quantos não têm TV no quarto, quantos não ouvem amigos, irmãos mais

velhos, familiares, falar disso?,) não têm nem capacidade física nem maturidade

emocional para digerir psiquicamente aquilo a que têm acesso e, por isso, sofrem com

isso, ou daqueles que passam horas em frente dos sites pornográficos, isolados,

sozinhos face a imagens de uma sexualidade quase sempre distorcida, em vez de

ousarem o contacto relacional com outro(s) de idades próximas? "

Que fantasiam estes rapazes e raparigas? E, sobre o que fantasiam, como o agem na

realidade, quer dizer, que uso dão a isso nas suas vidas diárias? Como afecta isso "as

partes que gostam que sejam tocadas" ou "o que fazem, onde fazem e com quem

fazem"? "

3 - "A sexualidade e as suas vivências são um assunto tão sério que, de verdade,

deveria ser pensado o que fazer para melhor ajudarmos os mais novos a vivê-la

saudavelmente. "


4 - "Sobretudo quando a realidade portuguesa indica números muito dolorosos para

que, de verdade, ninguém faça nada: primeiros da União Europeia na taxa de

maternidade adolescente, o mesmo lugar na taxa de infectados pelo vírus da sida,

número não contabilizável de abortos como forma de contracepção e sem que, em

nenhum dos exemplos referidos, rapazes ou raparigas recebam suporte emocional

minimamente digno.

Que faz da sua vida uma rapariga que é mãe aos 15 anos de idade e um rapaz que é

pai aos 16 anos?

E aquela que aborta sozinha, nas piores condições imagináveis, sem suporte familiar ou

social que a ampare? "

(Deve ir presa, pergunto eu?)

Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 03 de June de 2005 00:47

Continuo a aconselhar a pagina do Move, - www.move.com.pt - onde se encontra os textos, desenhos, livros, etc, prova de que tal programa existe e os livros tambem.
Podem ler as manifestações de apoio de pais e professores etc.
E não me venham com a teoria da cabala que já bastou com o ferro rodrigues. Chega de insinuações acerca do Opus e do CL. Estão lá os nomes dos promotores, e de quem assinou, e de algumas associações de pais.
Hoje um amigo que trabalha no Ministério da Educação disse-me que foi tudo por agua abaixo, e que o ministério no final do ano acaba com a avença com a APF e vai mandar realizar um estudo por uma empresa imparcial sobre varios modelos possiveis, que englobem uma formação integral da criança.
Se assim for, os promotores alcançaram o seu objectivo.
Já vai longe o tempo em que apenas os ditos pseudo progressistas se organizavam e faziam barulho. Hoje os movimentos pro vida, pro familia estao activissimos e não permitem que lhes impinjam gato por lebre.
Ao menos neste campo, já vamos evoluindo.



Editado 1 vezes. Última edição em 03/06/2005 00:51 por Padre João Luis.

Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 03 de June de 2005 00:50

Ou seja, mais um atraso de anos na implementação ad Educação SExual nas escolas..

Tenho confiança que não.





Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 03 de June de 2005 00:52

Mas se o Jl até concorda com os valores por mim apontados, que devem orientar a ES, como pode estar contra a Educação SExual nas escolas segundo esses valores?
Paradoxal, não é ?

Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 03 de June de 2005 01:04

Desta educação, não um atrazo mas um banimento, porque não é de educação que se trata mas de manipulação.
Agradecia á forista CP que me esclarecesse sobre o ponto de vista da sua Associação que já referi anteriormente e não me respondeu.
Afirma que a reprodução não é um fim em si mesmo no acto sexual. E o prazer é?
É que a doutrina católica pela qual eu oriento a minha vida, diz que os fins do acto sexual são o reprodutivo e o unitivo. Logo os dois. Reprodução e união/prazer do casal. Como já afirmei anteriormente, este é um forum católico, eu sou catolico e portanto ensino o que ensina a Igreja Catolica. A Catolicapraticante nao é catolica?
Concordo consigo que a orientação sexual não se escolhe. Nasce-se com ela. Vem no Bilhete de Identidade até. Não é uma condicionte psicologica que faz um individuo do sexo masculino tornar-se do sexo femenino. Teria Deus enganado-se? Fez uma mulher com corpo de homem?
Concordo que Igreja acolhe todos os seus filhos e não discrimina ninguém. Como tal acolhe aqueles que assumem uma sexualidade diferente daquela com que nascem fisicamente. Adverte-os contudo que não podem nem devem realizar actos sexuais homosexuais dado os mesmos serem pecados mortais graves.
Mas este tema ja foi discutido amplamente noutro topico.
Quanto ao resto, reafirmo o que tenho vindo sempre a dizer desde o inicio, que a APF não tem qualquer direito nem credibilidade - da qual ja a Confap se demarcou - para definir um modelo de educação sexual nas escolas portuguesa, nomeadamente importando modelos alheios à cultura portuguesa.
Li à pouco o testemunho de uma mãe que ao colocar o seu filho na escola primeira, entregou uma declaração para ficar no processo do filho, em que como mãe, proibia que o filho tomasse parte em actividades promovidas pela APF e pela Abraço.
Grande Mãe.

Re: É esta a Eduação Sexual que queremos???
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 03 de June de 2005 01:15

Está muito enganada. Neste tema estamos em campos diamentralmente opostos. Nas antipodas. A Foronauta CP é que pensa e quer dar a entender que concordo com as suas posições. Mas não.
Discordo em absoluto.
Há ideias em que estamos de acordo, e isso é normal numa discussão. Não quer é dizer que eu concordo consigo. Aquilo que defendeu como importante numa educação sexual, é o oposto daquilo que o programa da APF defende e que vem no Expresso.
Não entendo é como é defende tal barbaridade. Ensinar crianças de 6 anos e 7 que ha familias Heterosexuais e Homosexuais????
Perguntar como o fizeram á filha da Zita Seabra num inquerito se ja tinha tido relações sexuais? Com animais?
Mas em que mundo estamos? Como é que uma pessoa com um minimo de QI pode aceitar uma coisa destas na escola? Se um padre perguntasse isso a uma filha sua na confissão, meu Deus, a senhora ia até ao Bispo ou até ao Papa apresentar queixa. Como foi um professor, assume que é educação, ciencia e nem sequer comenta?
Haja honestidade intelectual.
Insisto, o processo foi desmascarado e parado.
Louvado seja Deus.

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Este tópico foi encerrado

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