Fóruns Paroquias.org
paroquias.org

  A participação no Fórum Paroquias.org está condicionada à aceitação das Regras de Funcionamento.
Inteligência Espiritual
Fóruns Paroquias.org : Arquivo - Geral

 

Ir para tópico de discussão: AnteriorPróximo
Ir para: Lista de fórunsLista de mensagensNovo tópicoPesquisarEntrar
Página actual: 19 de 68
Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 22 de October de 2006 15:16

Caro Paulo:

Os fundamentalismos do verbo não são propriamente a melhor forma de dialogar. Ao dizeres que «Tal [a mutilação física ou esterilidade ou a morte da mulher que aborta] resolve-se de uma maneira simples - Não Abortando», revelas demasiado simplismo em tratar questões que NADA têm de simples. É verdade que muitas pessoas decidem fazer um aborto sem amadurecerem realmente a sua decisão, muitas vezes levadas por medos, preconceitos, o que for, mas, mesmo nestes casos não é nem cristão nem frutífero reduzir tudo a «uma maneira simples». Não é simples abortar, não é simples não abortar. A força das convicções também se mostra pela serenidade com que expressamos os nossos pontos de vista sem que a outra pessoa se sinta na necessidade de querer aniquilar-nos. Caso contrário, estamos a perder o tempo e a ganhar inimizades. Desnecessariamente.

E nisto todos temos que aprender, eu incluído.

Alef

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 22 de October de 2006 20:58

(Ef 4, 1-16)

S. Paulo Escreve:

… exorto-vos, pois, a que procedais de um modo digno do chamamento que recebestes; com toda a humildade e mansidão, com paciência: suportando-vos uns aos outros no amor, esforçando-vos por manter a unidade do Espírito, mediante o vínculo da paz.

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: Cunha (IP registado)
Data: 22 de October de 2006 22:26

«Manter-te-ás longe da causa mentirosa. Não matarás um inocente e um justo, porque Eu não declaro justo um culpado».
Ex 23, 7

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: Paulo (IP registado)
Data: 22 de October de 2006 23:55

Alef

Subscrevo tudo o que dizes. Só que não sou eu que estou a abordar o assunto levianamente. A leviandade parte de quem defende o assassinato do feto de 10 semanas sem apresentar outra justificação para alem da dita "desgraçadinha".
A leviandade está em quem mata. E neste caso quem mata é quem aborta.
Quem está aqui a julgar - e é um terrivel julgamento - é quem condena um ser vivo à morte, porque a mãe não pode não lhe apetecer ter a criança.
A leviandade está em alterar a presente lei que ja contempla o aborto em caso de perigo de vida da mae, de malformação do feto, e de violação.
O que é preciso que fique claro é que no presente referendo o que se pergunta de facto é se a mulher pode até as 10 semanas livrar-se do feto indesejado. Apenas porque lhe pode nao estar interessada em ficar gravida todo o verão que está calor.
È um exagero, mas se o Sim vencer, esta situação pode-se passar. De forma legal.
A leviandade está caro Alef em não querer ver outras opções, para o casal - porque um feto nunca é feito apenas pela mulher.
Aliás é algo perfeitamente inexplicavel como pode a pergunta contemplar apenas "a pedido da mulher". Será que ficam gravidas por geração expontânea?
Como é possivel nem sequer contemplar a possibilidade do pai ser ouvido?

Ainda ninguem me foi capaz de responder como é que uma mulher pode dispor de uma vida que não a sua.
Uma leviandade caro Alef é esconder isto, como citações pornografas de mulheres barbaramente mutiladas. É tanto pornografia e terrorismo como as imagens que aqui foram apresentadas e que aliás, ninguem foi capaz de provar falsas.
Quanto as inimizades.... Para viver é cristo.... só isso mesmo importa. QUe importa agradar ao mundo e desagradar a Deus.???

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: Paulo (IP registado)
Data: 23 de October de 2006 00:01

Quanto a citação de efesios quem a faz que a reze varias vezes por dia antes de insultar os outros.
Não fica bem citar passagens da Escritura e praticar o oposto.

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 23 de October de 2006 02:45

Paulo

Citação:
Paulo
Aliás é algo perfeitamente inexplicavel como pode a pergunta contemplar apenas "a pedido da mulher".

É perfeitamente explicável: o que está em causa é que o feto interfere seriamente com o corpo da mulher e não com o do homem. Podemos discutir qual direito deve prevalecer (se o do feto à vida ou o da mãe à integridade física) mas o homem não entra neste conflito, a menos que se pudesse oferecer para receber o feto no seu próprio corpo.

Citação:
Paulo
Ainda ninguem me foi capaz de responder como é que uma mulher pode dispor de uma vida que não a sua.

Do mesmo modo que a lei pode dispor de um corpo que não lhe pertence: o da mulher a quem exige que mantenha a gravidez.

Quanto ao resto, como diz o Alef, estas questões não são simples. E quando queremos simplificá-las acabamos por prestar um mau serviço à causa que pensamos defender. Neste momento os simplismos e certas táticas dos pró-não (como dizer que não querem saber da sorte das mulheres que abortam) têm tendência para empurrar os indecisos (que são quem acaba por decidir o referendo) para o campo do sim.

O que queremos realmente? Que ganhe o não? Ou queremos antes exprimir o nosso extremismo, ainda que isso faça ganhar o sim?

pontosvista

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 23 de October de 2006 06:51

Paulo:


Eu não insultei ninguém.
Mas admito que quando questiono as pessoas com mais profundidade ácerca das suas convicções, quando as confronto com os efeitos concretos da suas escolhas ou quando exponho as suas incoerências, surge um certo nervosimo e agressividade ( típica da tua ultima intervenção).


Demonstrei que certas posições radicais e fundamentalistas são completamente indefensáveis. E que a discussão do referendo é uma discussão essencialmente jurídica. No entanto noto que as pessoas nem equer compreendem conceitos jurídicos básicos nem se dão ao trabalho de ler o projecto lei de despenalização que está na base do referendo.


Não acho obrigatório que a hipotética "defesa da Vida" surja associada ao ódio, á desqualificação dos outros e á completa indiferença para com a morte das mulheres ou a condenação de mulheres a penas de prisão.

Mas, ao observar certas atitudes, dá que pensar sobre a "coerência católica"de muitos que fazem juízos de valor sobre a catolicidade dos outros, com uma má fé digna de registo.



Editado 2 vezes. Última edição em 23/10/2006 07:19 por catolicapraticante.

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 23 de October de 2006 06:53

Cunha:


As tuas citações bíblica saõ muito doces e consistentes.

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 23 de October de 2006 07:04

Citação:
"livrar-se do feto indesejado. Apenas porque lhe pode nao estar interessada em ficar gravida todo o verão que está calor."


Citação:
Projecto Lei nº 19/X do PS
Artigo 142°
Interrupção da gravidez não punível

1 - Não é punível a interrupção da gravidez efectuada por médico ou sob a sua direcção, em estabelecimento oficial ou oficialmente reconhecido com o consentimento da mulher grávida, nas seguintes situações:
a) a pedido da mulher e após uma consulta num Centro de Acolhimento Familiar, nas primeiras dez semanas de gravidez, para preservação da sua integridade moral, dignidade social ou maternidade consciente

Não me parece que o calor de verão se inclua nestas categorias.


Será que ficam gravidas por geração expontânea? 
Como é possivel nem sequer contemplar a possibilidade do pai ser ouvido?


Citação:
Artigo 5°
2- Os CAF podem, no processo de consultas e desde que a mulher grávida não se oponha, ouvir o outro responsável da concepção.

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 23 de October de 2006 07:15

E agora deixo-vos a falar uns com os outros - Paulo, SEven , Cunha, Alef, Camilo. Homens ( alguns garotos) que falam com homens , sobre os corpos e a vida das mulheres, uma espécie de "caixa branca" destinada a fabricar crianças, em que a vida do embrião tem sempre mais valor que a vida duma Pessoa humana.

São pró-vida? Também eu.



Editado 1 vezes. Última edição em 23/10/2006 07:16 por catolicapraticante.

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 23 de October de 2006 10:38

Se ser pró-vida é defender que se possa matar simplesmente porque aquele filho não estava nos planos e por isso não é uma maternidade consciente.
Falamos sobre os corpos e vidas do ser por nascer, algo que para si manifestamente é secundario, vale mais a vontade da mulher que não quer um filho simplesmente porque a sua ideia de familia ideal é um casal e dois filhos e não lhe apetece ter um terceiro embora tenha todas as condições para isso.

PontoVista, para mim quem mata merece, se não exisitirem atenuantes deve ser punido. Não por razões de vingança, a justiça não é para vingar nada, em neste nem noutros crimes. Como nos outros casos a justiça existe para proteger os mais fracos, para recuperar o prevaricador e para prevenir novos crimes, muitas vezes com punições a servirem de exemplo. Apenas se apanham um numero infimo dos que vigarizam o fisco mas os que são apanhados são punidos.
A preocupação com as mulheres que abortam e a sua saude... pedes-me para me preocupar não terem condições higienicas para matarem os seus filhos... Sobre este assunto duas ressalvas. A primeira é que pelos dados que existem mesmo agora na clandestinidade, em Portugal, a maior parte das mulheres que aborta faz-lo em boas condições higienicas. Infelizmente não faltam boas clinicas a fazerem abortos. Isso nota-se pelos numeros estatisticamente relativamente baixos das complicações pos-aborto provocado (à roda das 1000/ano para uns 20 a 40 mil abortos, mais para os 20 mil segundo as estimativas que vi). Segundo ponto a mulher deve ser assistida quando surgirem compicaçoes mas considerando eu que no aborto se mata um ser humano não me parece que se deva facilitar aquilo que considero um assassinato.
Não vou alterar aquilo que me parece justo por razões de estrategia eleitorarista.

Dizes ainda que o homem não deve ter qualquer direito durante a gravidez do seu filho. Não me parece ser totalmente admissivel esta posição. por exemplo se a mulher quiser dar o seu filho para adopção (hipotese muito melhor que mata-lo num aborto) deve ter preferencia. Regra geral a mãe não deve poder fazer este processo sem que ele seja consultado. E no caso de ser util fazer uma intervenção cirurgica ao feto durante a gravidez, intervenção que tem riscos para o feto, deve o pai deste ser totalmente colocado à margem? Se a mulher quiser abortar por alegada falta de meios o pai do bebé não pode alegar que ele têm os meios e está disposto a criar esse bebé?



Editado 1 vezes. Última edição em 23/10/2006 10:48 por camilo.

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: Paulo (IP registado)
Data: 24 de October de 2006 02:46

Ordem dos Médicos critca apoio financeiro à IVG

Por sua vez, o bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes, lembra que os médicos portugueses obedecem à interpretação da lei, como é feita em Portugal, e não da visão mais liberal como é encarada em Espanha.

Por isso médicos espanhóis que venham instalar-se em Portugal deverão respeitar as mesmas regras dos portugueses no caso do chumbo da fiscalização.

Pedro Nunes não compreende também o apoio financeiro do Estado à IVG.

«Não se percebe que o Estado se prepare para criar convenções na área do aborto, quando não o faz noutras áreas», como as cirurgias às varizes, hérnias ou cataratas, exemplificou, «nem comparticipa a cem por cento os métodos anti-concepcionais».

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 24 de October de 2006 05:00

Citação:
Camilo
Dizes ainda que o homem não deve ter qualquer direito durante a gravidez do seu filho.

Onde é que eu disse isso?

O que eu digo é que se a mulher tem uma razão séria para dizer: "Não quero o feto no meu corpo" e o feto não é viável fora do corpo da mulher, é compreensível que a opinião do homem seja irrelevante. Já há um conflito entre o direito da mãe ao seu corpo e o direito do feto à vida. Se o direito do feto à vida for considerado menos importante do que o direito da mãe ao corpo, não é o direito de paternidade do homem que altera a questão. Se o feto for viável o aborto já não terá justificação e seria então próprio que o pai pudesse optar por ficar com o(a) filho(a).

pontosvista

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 24 de October de 2006 07:47

Há um problema com a viabilidade do feto. Se a mulher apenas resolvesse que já não queria o filho depois da 21-22ª semana (em que o feto já tem algumas hipoteses de sobrevivencia) e a opção fosse um parto prematuro, esse bebé correria serios riscos de ficar com graves problemas de saude devido a esse parto tão prematuro. Quanto mais esperassemos menos risco correria esse bebé.

Devo sublinhar que me parece que o direito à vida do embrião deve prevalecer sobre o direito da mulher a dispor do seu corpo a não ser que a gravidez coloque risco serios de saude à mãe.

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: Maria João Garcia (IP registado)
Data: 24 de October de 2006 10:54

Já agora deixo aqui esta notícia que, hoje, é o destaque do Jornal de Notícias.



O número de interrupções voluntárias da gravidez (IVG) em hospitais públicos tem vindo a aumentar, enquanto as complicações decorrentes de abortos ilegais que chegam às urgências estão a diminuir, de acordo com dados oficiais a que o JN teve acesso. O número total de médicos portugueses que são objectores de consciência não é conhecido, nem do Ministério da Saúde nem da Ordem dos Médicos, que adianta, porém, que são muitos.

No ano passado, os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) realizaram 906 IVG e trataram 73 complicações decorrentes de abortos ilegais. Os números (ainda provisórios) da Direcção-Geral da Saúde (DGS) revelam um aumento de 72 interrupções voluntárias da gravidez em relação a 2004 e de 185 em comparação com o ano 2003.

A DGS desconhece quantos médicos são objectores de consciência quanto à IVG, porque esse assunto é gerido internamente por cada hospital. A Ordem dos Médicos também não possui uma lista de objectores de consciência, mas o bastonário garantiu ao JN que "são muitos". Pedro Nunes defende ao direito do médico assumir uma posição de objecção "mais restritiva" do que a lei.

Se o aborto for despenalizado até às dez semanas, é previsível que os hospitais passem a receber muitos mais pedidos de mulheres que queiram interromper a gravidez. Nesse cenário, as unidades públicas têm condições - humanas e técnicas - para responder a um número mais elevado de IVG?

Luís Graça, director do Serviço de Ginecologia e Obstetrícia do Hospital de Santa Maria (Lisboa), assume que o número de IVG "nunca seria relevante". A razão é simples e nada tem a ver com razões éticas ou religiosas.

"Já estamos no limite da nossa capacidade técnica", explica o especialista, acrescentando que, só para fazer face às actuais necessidades do serviço, o Santa Maria precisaria de mais sete médicos e 12 enfermeiros. No ano passado, aquele hospital realizou 72 IVG pelos motivos previstos na lei quando a vida da mãe está em perigo, malformação do feto ou violação da mãe. Apenas dois médicos declararam objecção de consciência.

Se o número de pedidos de IVG aumentar significativamente, aquele hospital não terá capacidade de resposta. Luís Graça defende, aliás, que os hospitais do SNS "só marginalmente poderão responder às solicitações", caso a IVG seja despenalizada até às dez semanas. Não faz sentido, em sua opinião, que sejam hospitais centrais a realizar este tipo de intervenção, mas, sim, clínicas de pequena dimensão, privadas e com protocolos com o Estado para assegurar o tratamento de eventuais complicações.

No S. João, o maior hospital do Norte do país, realizaram-se, em 2005, 28 interrupções voluntárias da gravidez, quase todas por malformações do feto. "Não existe nem deve existir uma lista de objectores de consciência sistemáticos", explica Nuno Montenegro, director do serviço de Ginecologia /Obstetrícia daquela unidade de saúde do Porto. As objecções de consciência são declaradas, caso a caso, e nunca impediram que uma IVG fosse concretizada rapidamente, assegura o responsável. A resposta da comissão técnica que avalia os pedidos de IVG costuma ser dada no próprio dia ou no prazo de 24 horas. Nos últimos cinco anos, apenas dois foram recusados.

"Não tem havido quaisquer constrangimentos nem antevejo grandes dificuldades", afirma Nuno Montenegro, que recusa, porém, fazer previsões. "Não faz sentido antecipar cenários sem saber o teor da lei. Quando a lei for alterada - caso venha realmente a ser - o Hospital de S. João adaptar-se-á", sublinhou. A maior ou menor procura nos hospitais públicos dependerá do conteúdo da futura legislação e, também, de outros factores que não têm sido ponderados. Nuno Montenegro chama a atenção, por exemplo, para a quantidade de embalagens de pílula do dia seguinte que foram vendidas no ano passado cerca de 230 mil. "É a prova de que o planeamento familiar não está a funcionar e isso tem de ser considerado".

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 24 de October de 2006 15:59

Citação:
Maria João Garcia
...
No ano passado, os hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) realizaram 906 IVG e trataram 73 complicações decorrentes de abortos ilegais.
...

No entanto os defensores da legalização fartaram-se de difundir que foram atendidas nos hospitais 10 mil mulheres por complicações resultantes de abortos. Só que a enorme maioria destas resultantes de abortos expontaneos.
Repetindo-me o director de ginecologia do Hospital de São João dizia que no maximo dos maximos no seu hospital apenas 5,5 % dos casos seriam de abortos provocados, o resto eram complicações resultantes de abortos espontaneos.
Fazendo a proporção à média nacional teriamos 550 complicações de abortos provocados, das quais apenas 73 eram evidentemente provocados por estes.

Como estamos longe dos 10 mil que mentirosamente quiseram divulgar.

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: Paulo (IP registado)
Data: 25 de October de 2006 15:06

Execelente site:

[aborto.aaldeia.net]

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: Diogo Taveira (IP registado)
Data: 26 de October de 2006 00:20

A minha modesta participação:

Foi-nos pedido na aula de Português que realizássemos um texto argumentativo. Posto o desafio, era necessário encontrar o tema, tarefa que não demorou muito. Escolhi o aborto por dois motivos. Primeiro, porque é um tema que está na ordem do dia, com o tão badalado referendo apoiado pelo PS, PSD e esquerda e porque, também dentro da Igreja Católica, se discute constantemente qual a posição que deveria ser tomada. Queria salvaguardar que a minha posição se fundamenta em crenças e opiniões meramente pessoais e passíveis de estarem erradas.
Chamemos as coisas pelos nomes. Entrou em uso o termo IVG (Interrupção Voluntária da Gravidez) em detrimento da palavra aborto. O dicionário de Português diz que aborto é o acto ou efeito de abortar, ou seja, de terminar com algo. É vulgar vermos em filmes frases como “Abortar missão xyz”. Não será também a gravidez uma missão que é abortada? Não se aborta a missão que aquela criança poderia vir a desempenhar no mundo, mesmo que fosse deficiente?
A lei portuguesa prevê que a mãe possa abortar, até um certo número de semanas, em casos em que a gravidez é resultado de uma violação ou em que a vida do feto e da mãe estão em risco. Embora muito pouco abrangente, a lei está ao nível da dos países onde o aborto é um crime e é idêntica à que anteriormente estava em vigor em Espanha. O referendo pretende assim que se mude a lei. E como? Passa a despenalizar o aborto (ou seja, deixa de ser crime) até às 10 semanas. A uma pergunta idêntica, há apenas oito anos, a população portuguesa respondeu NÃO. Mas parece que esse NÃO não bastou. Ainda se opõe ao referendo o facto de, mesmo que seja legal abortar, esta legalização não porá fim ao aborto clandestino, que se realiza em condições precárias e que os números revelados pelos pró-aborto (10000 por ano em Portugal) englobam mais do que abortos ilegais, tendo o Serviço Nacional de Saúde relatado 906 abortos legais e 73 assistências a problemas relacionados com abortos ilegais, sendo os restantes abortos espontâneos.
É necessário firmar que a ciência não tem uma resposta exacta sobre o preciso momento em que começa a vida humana, pelo que qualquer opinião é uma mera convicção, assim como a minha. No entanto, uno-me aos Bispos Portugueses quando dizem que «a vida humana, com toda a sua dignidade, existe desde o primeiro momento da concepção.» [1] O aborto, do ponto de vista religioso e moral, viola peremptoriamente o princípio de não matar, princípio esse resguardado no 5º Mandamento e que é transversal a toda a pessoa civilizada, mesmo que não crente. Embora, como referido anteriormente, a ciência não saiba dizer quando começa a vida humana, a mesma afirma que todas as potencialidades para o desenvolvimento de um ser vivo estão inseridas naquele embrião. É ainda interessante revelar que os abortos legais irão ser realizados em Hospitais públicos, com o dinheiro dos contribuintes, mesmo daqueles que não concordam com a prática.
Mas não se mata só uma criança. Porque todas as mulheres morrem durante a prática. Entenda-se esta morte como polissémica. A mais evidente é a morte por complicações que podem surgir numa cirurgia assim delicada. Mas existe um significado que não se pode deixar de atribuir a esta morte: o da morte psicológica e espiritual. Não é possível que alguém que mate um igual consiga viver com isso sem qualquer remorso (excluindo, obviamente, pessoas doentes mentais). E o remorso, a culpa, inevitável na fragilidade do ser humano, vai-se apoderando, constantemente, do corpo, cérebro e alma da mulher, de modo a que ela fique completamente “deteriorada”. Um ponto que se pode realçar aqui é que, apesar de não se vir a dar castigo porque não é um crime legal, há um castigo porque é um crime moral. E esse castigo é dado pela própria pessoa. Vai sempre existir um SE… “E se eu o tivesse deixado viver?” É impossível saber o que vai na cabeça de cada um e quais as repercussões que cada um sofrerá.

Em vez de medidas pró-aborto, deveríamos tomar medidas pró-vida, como o apoio às mães solteiras e carenciadas, responsabilizando o acto sexual (p.e. começando aulas de Educação para a Sexualidade). Existem muitas medidas que caberiam aqui. Mas a sociedade de hoje, que se preocupa somente com o ego, não consegue entender com tanta facilidade que a Vida traz vida, saúde, alegria. Sobre isso escreveu J. A. Saraiva [2]: «A atracção pela morte é um dos sinais da decadência. Portugal deveria estar, neste momento, a discutir o quê? (…) Seguramente, o modo de combater o envelhecimento da população. (…) Um país velho é um país mais doente. (…) Como? Obviamente, promovendo os nascimentos. Facilitando a vida às mães solteiras e às mães separadas. Incentivando as empresas a apoiar as empregadas com filhos, concedendo facilidades e criando infantários. Estabelecendo condições especiais para as famílias numerosas. Difundindo a ideia de que o país precisa de crianças e que as crianças são uma fonte de alegria, energia e optimismo. Um sinal de saúde. Em lugar disto, porém, discute-se o aborto. Promove-se uma cultura da morte. (…) O Estado não deve passar à sociedade a ideia de que se pode abortar à vontade, porque é mais fácil, mais cómodo e deixou de ser crime. Levada pela ilusão de que a vulgarização do aborto é o futuro, e que a sua defesa corresponde a uma posição de esquerda, muita gente encara o tema com ligeireza e deixa-se ir na corrente. (…) Não seria mais normal que a esquerda, em lugar de ajudar as mulheres e os casais que querem abortar, incentivasse aqueles que têm a coragem de decidir ter filhos?»
Diz o texto [1] que «A mulher tem o direito de decidir se concebe ou não. Mas desde que uma vida foi gerada no seu seio, é outro ser humano, em relação ao qual tem particular obrigação de o proteger e defender.» Então é importante que as mulheres se consciencializem e tratem de tomar medidas preventivas, que lhes permitiram excluir as opções menos passivas. Planear, para que à última da hora não tenham de matar, fugindo aos problemas.
Uma criança, um filho, é um Dom. Existem, vale a pena lembrar, milhares de casais que querem um filho, e lutam arduamente por isso. Como é que é possível que seres humanos prescindam de algo que faz parte da trilogia da vida: “Plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho.”?!



[1] Cf. Razões Para Escolher a Vida, Nota Pastoral do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa sobre o referendo ao aborto, em [www.agencia.ecclesia.pt]
[2] Cf. Jornal “O Sol” de 14 de Outubro de 2006

Abraçando-vos em Cristo,

Diogo, A.M.D.G.

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 27 de October de 2006 02:20

Creio que terá havido aqui quem atribua a tentativa de legalizar o aborto à esquerda e à cultura de esquerda. Tenho algumas objecções quanto a isso.

É dificil encontrar denominadores muito abrangentes para as diferentes "esquerdas" e "direitas".

No entanto parece-me que a esquerda tende a sublinhar o colectivo e a direita o individuo, a esquerda coloca a tonica na solidariedade com os mais frageis e a direita na eficiencia e na responsabilidade individual.

O embrião é o mais fragil dos frageis. É então mais imperiosa a protecção estatal no quadro dos valores da esquerda que no quadro dos valores da direita.

A solidariedade com os mais frageis e o relevo dado à comunidade em relação ao individualismo são mais consistentes com a proteção dado ao embrião que o individualismo e a importancia da eficiencia inerentes à cultura de direita.
Apenas a maior importancia dada à responsabilidade individual inerente à mentalidade de "direita" tende a reforçar a proteção do embrião.



O mesmo afirma o Timshell:

a burguesia é o contrário da religião

"Eis que volta a burguesia à carga com uma das suas «causas» emblemáticas: o aborto."

É assim que começa o melhor post que até agora vi sobre a problemática do aborto. Talvez não por acaso naquele que é, para mim, o melhor blogue sobre esta matéria.

Este post coloca o problema nos seus exactos termos. De facto, embora aceite que blogues da direita (e alguns mesmo fascistas) defendam o não ao aborto (todos juntos nunca seremos demais), é sempre para mim motivo de perplexidade ver pessoas de direita tomar estas posições tal como é incompreensível ver pessoas à esquerda a defender o aborto.

O que permite distinguir a esquerda da direita é um valor moral muito simples: a esquerda valoriza os fracos e a direita valoriza os fortes.

A esquerda a defender leis de liberalização do aborto é a imagem de uma completa esquizofrenia regulativa social sem qualquer rumo ético. A direita a defender o não ao aborto é simples estupidez.

Honra seja feita ao jcd e a outros blasfemos: são de direita mas não são estúpidos.

(julgo aliás que a totalidade dos blasfemos defende a liberalização do aborto - o Ricardo Arroja vai um pouco mais longe e defende a liberdade de abortar até aos 9 meses e fiquei na dúvida se mesmo mais além - mas este é um verdadeiro purista que tenta ultrapassar pela direita o João Miranda)


posted by timshel # 06:17

Re: Aborto - Thread "Oficial"
Escrito por: Paulo (IP registado)
Data: 27 de October de 2006 02:36

Juramento de Hipocrates actual:

No momento de ser admitido como Membro da Profissão Médica:
Prometo solenemente consagrar a minha vida ao serviço da Humanidade.
Darei aos meus Mestres o respeito e o reconhecimento que lhe são devidos.
Exerecerei a minha arte com consciência e dignidade.
A Saúde do meu Doente será a minha primeira preocupação.
Mesmo após a morte do doente respeitarei os segredos que me tiver confiado.
Manterei por todos os meios ao meu alcance, a honra e as nobres tradições da profissão médica.
Os meus Colegas serão meus irmãos.
Não permitirei que considerações de religião, nacionalidade, raça, partido político, ou posição social se interponham entre o meu dever e o meu Doente.
Guardarei respeito absoluto pela Vida Humana desde o seu início, mesmo sob ameaça e não farei uso dos meus conhecimentos Médicos contra as leis da Humanidade.Faço estas promessas solenemente, livremente e sob a minha honra."

Página actual: 19 de 68


Este tópico foi encerrado

Nota: As participações do Fórum de Discussão são da exclusiva responsabilidade dos seus autores, pelo que o Paroquias.org não se responsabiliza pelo seu conteúdo, nem por este estar ou não de acordo com a Doutrina e Tradição da Igreja Católica.