Concordo, Anam.
Inteiramente.
Aliás , tenho para mim que é mais fácil trair quando se sabe que o outro está tão dependente de nós que nunca nos abandonará, o que quer que façamos....è assim que funcionam muitos homens e muitas mulheres.
Um aceita tacitamente a traição do outro. Façam o que fizerem, sabem que podem sempre contar com o hotel doméstico...
È uma posição cómoda...


Aliás, quem trai uma vez, trai duas e três....só se não puder...é um traço de personalidade e uma característica da relação a dois...

Acredito que haja pessoas que vivam assim a vida toda...

E acho que ninguém é enganada. As pessoas enganam-se a si mesmas - não querem ver a realidade. Não acredito que nenhuma mulher possa ser enganada - a não ser que queira....

Aqui entre nós que ninguém nos ouve - quando um homem gosta verdadeiramente uma mulher....

Queria apenas realçar uma frase do Trento que tem tudo a ver com esta questão:


" Quantos casais passam dias e dias sem se falarem, a não ser o essencial, porque já não têm assunto para falar com o/a outro(a) ? Quantos casais preferem não sair juntos porque não sabem o que falar entre os dois? .... "


O distanciamento, a indiferença, o desamor....

Olha, eu passo por uma fase...diria um pouco estranha no meu casamento.
Fizemos 6 anos de casados no passado dia 11 de Março e, em conversa com uma amiga comum, chegámos à conclusão que estamos a cair no erro de sermos só pais, esquecendo-nos de que também somos marido e mulher.
Falamos, sim. Temos assunto. Mas dificilmente achamos tempo para nós os dois, enquanto casal.
Os filhos são a maior felicidade de um casal, mas ao mesmo tempo, são também uma fonte de desgaste. É precisamente, muitas vezes, a vinda de um filho que vem desencadear tensões entre marido e mulher.
Os filhos não precisam só que os pais estejam lá para eles: também precisam que os pais estejam lá um para o outro.


Anna

Mt 18,21-35

Anam

Sim, a mãe é sempre muito amiga de um filho. Até nisso o pai às vezes tem ciúmes. Presumo que o homem gosta muito de atenção da parte da mulher, quando a mulher trabalha, cuida dos filhos e que os maridos pouco ajudam nas tarefas caseiras, há mulher resta-lhe pouco tempo.

CP
O homem caie em infidelidade com mais facilidade do que uma mulher, presumo.
Cuidado com as amigas/os mesmo dentro das vossas casas. Às vezes essas amizades dão em infidelidade, desconfiar sempre de todos...
Dialgo entre o casal deve haver sempre e há sempre algo em falar, só se de uma parte, um não for sincero!

Querida ana - imagino o sofrimento...

Mas o que importa , continuo a pensar eu, é sermos fiéis a nós mesmos, é vivermos em confiança e serenidade...

Acho que és uma pessoa forte.

Respondendo à pergunta inicial da Ana se A infidelidade no casal tem perdão?, eu respondo sim, tem perdão. Não significa que a pessoa tenha que continuar com o casamento...

Não vou repetir o que escrevi à pouco sobre Perdoar, mas perdoar é decidir que não quero sofrer mais e liberto o passado doloroso que está preso a mim. Decido seguir em frente em paz de espírito e pronto a amar.

Luís Gonzaga

Citação:

Anam Escreveu:
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> ... à conclusão que estamos a cair no erro de sermos
> só pais, esquecendo-nos de que também somos marido
> e mulher.
> Falamos, sim. Temos assunto. Mas dificilmente
> achamos tempo para nós os dois, enquanto casal.
> Os filhos são a maior felicidade de um casal, mas
> ao mesmo tempo, são também uma fonte de desgaste.
> É precisamente, muitas vezes, a vinda de um filho
> que vem desencadear tensões entre marido e
> mulher.
> Os filhos não precisam só que os pais estejam lá
> para eles: também precisam que os pais estejam lá
> um para o outro.
>

Sublinhado meu. Aqui está o que eu disse atrás e o fundamental numa relação.

A infidelidade é imperdoável no sentido em que é impossível restabelecer a confiança que se tinha antes de acontecer. Aquela paz de espírito, aquele "pôr as mãos no fogo", aquela confiança absoluta, quase infantil, próprio de quem se sente de alguém e que alguém é seu, isso perde-se para sempre. E, na parte que me toca, sem isso não há casamento que valha a pena.

Josepinho - acertaste na mouche

Sim, Josepinho.

A traição é mesmo "imperdoável" nesse sentido.
Aliás, o perdão não é, de todo, esquecer ou passar por cima do erro ou fingir que nada se passa.
O perdão é como diz o Luís Gonzaga: é cortar amarras com o erro de outrém, não é passar por cima disso e continuar como se nada fosse.
Aconteceu e é preciso perdoar. Agora, fingir que continua tudo bem, ou que nada aconteceu...não tem nada a ver nem com o Amor, nem com o perdão.
Daí que perdoar não signifique voltar a confiar na pessoa que nos traiu.
Não existe amor, quando minamos o nosso auto-respeito.

E, como diz a CP, quem trai uma vez, trai mais vezes. Porque a traição é um sintoma, é apenas o topo do iceberg e tem sempre uma razão por trás. Se essa razão não muda, dificilmente acabam as traições.

Se perdoar não significa voltar a confiar na pessoa que nos traiu, porque é que Deus restabelece a sua confiança em nós quando nos perdoa?

Não é o cristão chamado a amar e perdoar como Deus ama e perdoa?

4*O amor é paciente,
o amor é prestável,
não é invejoso,
não é arrogante nem orgulhoso,
5nada faz de inconveniente,
não procura o seu próprio interesse,
não se irrita nem guarda ressentimento.
6Não se alegra com a injustiça,
mas rejubila com a verdade.
7Tudo desculpa, tudo crê,
tudo espera, tudo suporta.

(1 Cor 13, 4-7)

Aristarco,

Deus quer que perdoemos, não quer que sejamos parvos.
O perdão não tem nada a ver com o suportarmos as traições do outro. Isso é alimentar-lhe a fraqueza, e deixá-lo abusar de nós.
Isto não é amor. Isto não é perdão. Isto é doentio.


Anna e Sara

O perdão é pôr, de certa forma, a "batata quente" na mão do outro: "Ou és fiel e tens-me contigo, ou continuas infiel, mas sem mim".
Andar a fingir que está tudo bem a todo o custo não tem rigorosamente nada a ver com o amor.

Anna e Sara

Anam

O perdão pressupõe sempre arrependimento da parte que erra, senão não haveria nada para perdoar. Foi nesse pressuposto que eu coloquei as minhas questões.

O que eu pergunto é, se a pessoa que trai se mostra arrependida, porque é que eu não hei-de voltar a restabelecer a minha confiança nela? Não é isso que Deus faz connosco quando O traímos e Lhe pedimos perdão? Não é isso que somos chamados a fazer? Isso é ser parvo?



Editado 1 vezes. Última edição em 16/03/2006 11:13 por Aristarco.

Aristarco, quanto ao Perdão exigir sempre arrependimento da parte que erra, ouvi um argumento em contrário que me tocou:

Jesus, na hora da morte, pediu ao Pai: "Perdoa-lhes, que não sabem o que fazem".

A questão, Aristarco, é que a pessoa arrepende-se daquela traição.
Mas se as razões para a traição não forem combatidas, acredite amigo, essa pessoa volta e volta sempre a trair.
Ora, devo manter-me com alguém que NÃO ME AMA?
Isso não será destrutivo?
Claro que eu perdoo, porque quero o crescimento dessa pessoa e porque a amo.
O facto de eu perdoar não implica necessariamente que o outro se arrependa.
Tal como disse o Zé. Jesus também pediu ao Pai que perdoasse aqueles que o crucificaram. Passaram-se 2006 anos e, apesar do perdão de Deus, não se vislumbra grande arrependimento da Humanidade. Todos os dias O pomos na cruz...

Anna e Sara

Há muitos tipos de infidelidades, uma mentira é uma infidelidade.
Nesse sentido todos somos mais ou menos infieis e nem que seja apenas por isso deviamos procurar tentar perdoar, ao mesmo tentar.

E também há muitas razões para a infidelidade, mesmo para a infidelidade sexual. Para a maioria das pessoas, principalmente para as mulheres a sexualidade é indissociavel da afectividade. E é assim que deve ser. Para outras não. Há muitas pessoas, principalmente homens que dissociam sexualidade de afectividade. Podem amar a esposa e sentir-se fisicamente atraidos por outras mulheres.

Conheço alguns casos assim. Conheço homens que se sentem talvez inseguros na sua masculinidade e parecem precisar constantemente de reafirma-la tentando seduzir as mulheres que encontram. É curioso que frequentemente eles sentem desprezo pelas mulheres que conseguem seduzir e respeitam as que não conseguem.

Outros ainda vêm o sexo como uma mera necesidade fisica e se estão ausentes de casa uns tempos contratam prostitutas.
É claramente uma falta de formação moral.

Perdoar? Acho que devemos perdoar sempre mas não me parece bom condescender.
Um erro por fraqueza não é nada de que ninguem se possa orgulhar, e será sempre muito dificil de perdoar. Principalmente para quem vê a sexualidade como expressão de afecto é dificil perdoar quem a usou por mera satisfação fisica, é dificil que depois não se sinta tambem usado/a.
Um comportamento deste tipo sistematico é indigno (além de perigoso) e a condescendencia pode fazer perpetua-lo. Não é bom sequer para quem tem este tipo de comportamento infiel porque assim mais dificilmente saí do pecado.
Por isso agir como se nada se passasse perante casos destes (o que algumas mulheres fazem) não me parece a melhor atitude.

Exacto, Camilo. É isso mesmo.