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Re: Casamentos homosexuais
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 14 de August de 2007 16:17

Citação:
camilo
firefox, posso dizer-lhe que os espelhos não são muito caros, compre um.

Faltam-lhe os argumentos, daí as suas constantes contradições:

Citação:
camilo (em 14 de agosto)
...já expliquei aqui os mecanismos que podem fazer com que o casamento homo provoque uma erosão do casamento hetero. Pode não quer dizer que provoque, é uma hipotese que pode ser confirmada ou não

Citação:
camilo (em 11 de agosto)
...não me parece que não existam correlações, existirão certamente.

Pelo visto, as críticas dos "intolerantes" do fórum abalaram vc. Existe uma enorme diferença entre "pode ser.... é preciso confirmar..." e "as correlações existem certamente!". Parabéns! Já foi muito, imagino, a sua passagem da certeza absoluta para a dúvida. Ainda existe esperança então.

Siga os conselhos do Tozé: mais prudência e menos agressividade.

Boa sorte.



Editado 2 vezes. Última edição em 14/08/2007 16:23 por firefox.

Re: Casamentos homosexuais
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 14 de August de 2007 21:07

vou explicar-lhe devagarinho, em Portugal usa-se a expressão "certamente" como provavelmente. Pelo menos eu vejo-a usar frequentemente desta forma.
Quanto aos conselho da CP, agora Toze, ela que compre outro espelho, eu teria vergonha de ter feito 1/4 das mentiras, insultos e deturpações que ela faz no forum.Vcs estão bem um para o outro.

Re: Casamentos homosexuais
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 15 de August de 2007 04:45

Citação:
camilo
vou explicar-lhe devagarinho, em Portugal usa-se a expressão "certamente" como provavelmente. Pelo menos eu vejo-a usar frequentemente desta forma.

Essa é nova para mim.

No mais, vc parece guardar muita mágoa da CP, mas me mantenha fora disso. Comigo ela nunca agiu de modo incorreto, o que é mais do que eu posso dizer de vc. Sobre os tais "insultos e deturpações", vc os pratica aqui com certa frequência, mas não me parece que tenha alguma vergonha disso.

Seja como for, o que eu tinha para dizer já foi dito, então a partir de agora vou deixá-lo entregue a si mesmo.

Boa sorte.



Editado 1 vezes. Última edição em 15/08/2007 04:46 por firefox.

Re: Casamentos homosexuais
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 15 de August de 2007 13:17

intencionalmente não pretendo insultar e muito menos deturpar. Tenho as minhas opiniões, sou de livre de as ter. É certo que o considero afectado por um forte espirito farisaico mas isto não pretende ser um insulto, é a analise que eu faço da sua personalidade. Aproveite para melhorar, pode até ser que eu esteja errado mas tambem é possivel que os outros vejam melhor os nossos defeitos que nós proprios. De qualquer forma vc disse coisas bem piores de mim.
Já o considerar que eu deturpo desculpe-me mas considero isso resultado das suas limitações e em particular da sua dificuldade em lidar com diferenças de opinião.

Quanto à expressão que usei não foi realmente a melhor, a minha linguagem podia e devia ter sido mais rigorosa mas a pressa por vezes leva-nos a usar expressões ambiguas.

Re: Casamentos homosexuais
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 15 de August de 2007 13:22

Citação:
Tozé Monteiro
Camilo:
Os dados do INE e as publicações oficais do INE sobre a nupcialidade em POrtugal são tudo menos "manipulações jornalísticas".
[www.ine.pt]

Ah, e por falar em literacia, escreve-se iliteracia e não "ileteracia", como escreveste.


Catolica Praticante


O facto de o casamento registar uma diminuição não significa que tenha deixado de ser o estado civil maioritario em Portugal. O facto de moçambique registar um crescimento economico maior que portugal não significa que os moçambicanos tenham mais rendimentos que os portugueses.
Já fiz a analise dos dados relevantes no topico sobre manipulações jornalisticas. Embora neste caso o erro dos jornalistas me tenham parecido mais resultado de ignorancia que de intencional má fé.

Re: Casamentos homosexuais
Escrito por: lopessergio (IP registado)
Data: 18 de August de 2007 03:15

Ola a todos

mas afinal o que se pretende com estas questiunculas?????

Fazer do casamento "gay" a manifestação plena do Amor?

Ja afirmei muitas vezes, querem um contrato assinado, muito bem, acho isso muito bonito, paguem impostos como nos "ditos tradicionais", andem de mão dada pelas ruas como nós, beijem-se onde e como quiserem. Mas deixem o sacramento longe disso...


Cumprimentos

Sérgio Lopes

Re: Casamentos homosexuais
Escrito por: (IP registado)
Data: 22 de August de 2007 19:29

Sérgio, mas de momento esse contracto assinado e a segurança para andar de mãos dadas na rua, etc., simplesmente não existem.

Re: Casamentos homosexuais
Escrito por: (IP registado)
Data: 26 de August de 2007 00:03

Tirado daqui. Os sublinhados são meus:

EXPERIÊNCIAS DA HOMOSSEXUALIDADE EM PORTUGAL
CIES/ISCTE
[www.cies.iscte.pt]

CONCLUSÕES

Partimos para este estudo com o objectivo compreender como se vão definindo e como vão sendo vividas as identidades de mulheres e homens homossexuais no contexto da sociedade portuguesa.

Se, por norma, em estudos sobre a homossexualidade, a população masculina é separada da população feminina em termos de análise, nesta investigação pretendeu-se contribuir com um olhar sociológico para o estudo integrado destas populações. Foi, assim, usada a técnica do inquérito por questionário para identificar e quantificar determinadas tendências (de valores, de atitudes e comportamentos), tanto em homens como em mulheres homossexuais.

Tentando perceber as normatividades diferenciadas que regulam a construção da identidade e o comportamento sexual de homens e mulheres homossexuais na sociedade portuguesa, confrontaram-se, em primeiro lugar, as diferentes experiências desta população com a experiência de género. De seguida, procurou-se compreender qual o papel que tem, na construção de uma identidade homossexual ou bissexual, a individualização dos sujeitos, entendida como um processo específico de construção da identidade, típico das sociedades contemporâneas, resultando de uma socialização de longo termo, aqui perspectivado em três dimensões: independência económica, autonomia e autenticidade. Ao mesmo tempo, pretendeu-se, ainda, verificar se a diversidade de experiências da homossexualidade pode ser parcialmente explicada pelo grau de individualização revelado pelos indivíduos.

Assim, é agora o momento de identificar as principais conclusões deste estudo.

Tal como avançámos em termos de hipóteses no início da investigação, é possível identificar a heterogeneidade da população homossexual no que diz respeito ao seu perfil sócio-demográfico e vivências da sexualidade. No entanto, na amostra obtida encontram-se sobre-representados determinados sectores das novas classes médias da população portuguesa, facto que atribuímos ao enviesamento resultante do processo de selecção dos inquiridos, através de bola-de-neve.

Trata-se no conjunto de uma amostra jovem e muito instruída. Metade dos inquiridos completou o ensino superior e exerce profissões principalmente de tipo intelectual e científico. Tal como acontece em relação à população em geral, a média de rendimentos é mais elevada entre os homens inquiridos do que entre as mulheres, sendo que estas têm também profissões menos qualificadas.

Quando comparada com a população em geral em algumas variáveis comuns, a amostra não se distingue muito em termos de valores e individualização. De facto, no que respeita aos valores sociais (sócio-politicos, família, parentalidade, ética e sentido da vida) os resultados de estudo explicam-se, mais do que pela identidade sexual, pelas características sócio-demográficas da amostra, aproximando-se da generalidade da população portuguesa com as mesmas características em termos de variáveis como sexo, idade e instrução.

Os inquiridos não se distinguem substancialmente do resto da população portuguesa, do mesmo meio social. São muito individualizados, têm independência económica e autonomia (um sentimento de controlo sobre a vida e capacidade de negociar as decisões mais importantes com outros significativos (vg. companheiro/a, namorado/a). No entanto, há um aspecto da sua individualização em que se evidencia uma diferença constante em relação à população portuguesa em geral: sentem que o seu desejo de autenticidade (de ser fiel a si próprio), choca com a homofobia que existe na sociedade portuguesa. Esta manifesta-se, a maior parte das vezes, através de violência simbólica, já que a norma heterossexista hegemónica reconduz à invisibilidade, em muitos casos, a sua vida privada (vg. doméstica, afectiva e sexual).

Em relação às experiências relacionadas com a sexualidade, é na adolescência que a maior parte dos inquiridos se apercebe da sua orientação, lidando com isso, em termos de sentimentos e emoções, isolados e de uma forma negativa. Verifica-se uma nítida gradação em direcção a sentimentos mais positivos à medida que a percepção acontece mais perto de, ou já na idade adulta. No entanto, a maioria dos inquiridos, numa fase da vida em que a informação sobre sexualidade é muito escassa e em que ainda não possuem categorias próprias para interpretar o que está acontecer consigo, viveu esta questão envolvida em confusão, medo e negação. O medo de serem descobertos e rejeitados pela família e pelo grupo de pares leva à ocultação da orientação sexual (frequentemente ao longo de toda a vida), revelando-a apenas de uma forma muito selectiva a amigos mais próximos.

De facto, a grande maioria dos inquiridos, sobretudo do sexo feminino, já passou por experiências de discriminação. Olhando para as formas de discriminação mais frequentes, verificámos que os homossexuais nesta amostra, sem querer aqui subestimar situações de coação física (v.g. agressão) e moral (v.g. chantagem), são vítimas de violência simbólica frequente que, através de olhares, gestos ou comentários que representam a norma heterossexual dominante. Estes resultados podem sugerir que o preconceito dirigido aos homossexuais, leve esta população a desenvolver estratégias de encobrimento ou ocultação da sua orientação sexual, não se expondo na família nem em público, o que pode ter várias consequências, entre as quais a inibição da sua participação activa em actividades públicas que contribuem para a politização das identidades sexuais.

A idade média da percepção da orientação homossexual é inferior à idade média da iniciação sexual. Esta, de resto, acontece na maioria das situações com parceiros do sexo oposto, numa fase posterior à percepção da orientação homossexual, revelando a tentativa de conformismo com a norma hegemónica heterossexual. Só mais tarde tendem a centrar-se apenas em práticas e relacionamentos homossexuais.

No processo de revelação da sua orientação sexual a outras pessoas, os inquiridos são bastante selectivos. Devido ao preconceito existente na sociedade em geral e na família em particular contra a homossexualidade, e à antecipação de eventuais reacções negativas, preservam-se frequentemente os familiares mais próximos dessa informação e privilegiam-se as redes de amizade, elegendo-se pessoas em relação às quais se tem uma forte expectativa de aceitação e reacção positiva, principalmente outras pessoas homossexuais e, em muito menor representação, pessoas heterossexuais.

As redes de amizade formadas posteriormente centram-se, sobretudo, nos amigos homossexuais, sendo que são mais os homens do que as mulheres a concentrar nos amigos com a mesma orientação sexual as suas relações de amizade e redes de interajuda. Deste modo, esta população homossexual, apesar de oculta, não se encontra isolada. Além disso, os amigos ocupam claramente o lugar que na população em geral está reservado à família de origem ou de construção. Neste sentido estamos perante aquilo que alguns autores designam já por “famílias de escolha”. Estes resultados podem ser interpretados como um indicador do processo de individualização vivido pelos inquiridos e explica-se pela questão da autenticidade. Se os amigos são as pessoas com quem se consegue manter a autenticidade são, por essa razão, eles que configuram as redes de interajuda.

No que diz respeito à comparação entre a população homossexual masculina e a população homossexual feminina foi identificada, desde logo, a persistência de importantes assimetrias entre as experiências vividas por homens e mulheres. No entanto, no confronto entre as diferentes experiências da população homossexual que constitui a amostra com a experiência de género, verificámos que as experiências das identidades homossexuais, não sendo vividas do mesmo modo no feminino e no masculino, são marcadamente atravessadas pela experiência de género, a qual explica grande parte da diversidade encontrada.

De facto, na amostra que constitui o presente estudo, o efeito de género está marcadamente presente e é transversal a todas as problemáticas abordadas. Conclui-se que, antes de serem ou assumirem uma identidade homossexual, os inquiridos são homens e mulheres que passaram por processos de socialização de género que os marcaram enquanto tal. As suas trajectórias e formas actuais de viver a sua sexualidade reflectem essa socialização.

Entre essas principais diferenças encontramos, uma maior associação entre sexualidade e afectividade (amor) entre as mulheres do que entre os homens e o facto de a relação afectiva permanecer o quadro normativo da relação sexual para as mulheres. Como conclusão diríamos que, de um modo geral, as mulheres, quer porque têm projectos de vida mais conjugalistas, quer porque vivem mais em relação conjugal e valorizam mais o plano dos afectos, dão, também, mais importância do que os homens aos aspectos de ordem interna à relação conjugal que dependem do entendimento entre os cônjuges. Os homens, por seu lado, ainda que valorizem também bastante esses aspectos, dão mais importância do que as mulheres a aspectos instrumentais e exteriores à relação.

Nas questões relativas aos valores relativos à sexualidade, homens e mulheres, nesta amostra, distinguem-se pouco, ainda que as mulheres surjam como mais tolerantes em alguns aspectos (v.g. transexualidade, casamento homossexual). Já em termos de práticas sexuais, as diferenças são bastante marcadas, tornando muito visível o duplo padrão de género: as mulheres declaram menos parceiras/os sexuais ao longo da vida, tendem a iniciar mais tardiamente a vida sexual, tende mais para a exclusividade sexual, sobretudo quando estão em conjugalidade. Neste sentido o duplo padrão de género que distingue mulheres e homens homossexuais é o mesmo que distingue, em matéria de sexualidade, homens e mulheres heterossexuais, identificado em todos os estudos sobre sexualidade da população em geral, incluindo os realizados para a sociedade portuguesa.

Outra conclusão importante retirada dos dados diz respeito à enorme expectativa em relação à conjugalidade e à parentalidade. Em relação à conjugalidade, ela é, não só valorizada nas atitudes e desejada nas representações, como constitui, à semelhança do género, um importante eixo diferenciador da amostra. De facto, encontra-se uma importante correlação entre a experiência conjugal (conjugalidade homossexual) e o grau de felicidade e satisfação com a vida em geral declarada pelos inquiridos. Mais do que as suas condições objectivas de vida, é a situação de conjugalidade homossexual que mais fortemente está relacionada com o grau de satisfação com a vida. Também neste aspecto, esta amostra não se distingue da população em geral.

Centrando-se o nosso objecto de estudo, para além da caracterização da população homossexual portuguesa, na compreensão da diversidade das suas experiências da sexualidade, colocámos a hipótese de que essa diversidade pudesse ser explicada através do processo e do grau de individualização dos inquiridos. A individualização foi entendida, aqui, como um processo específico de construção da identidade, típico das sociedades contemporâneas, resultando de uma socialização de longo termo, realizada principalmente durante a infância e adolescência e actualizada ao longo da vida, perspectivado em três dimensões: independência económica, autonomia e autenticidade. Procurámos, então, encontrar, neste processo, as semelhanças e diferenças entre homens e mulheres homossexuais.

Entendendo-se por independência económica a forma como o indivíduo, graças aos recursos pessoais extraídos da sua actividade, se torna menos dependente dos próximos, concluímos que estamos perante uma amostra onde esta dimensão é forte. De facto, trata-se de uma amostra em que as pessoas, regra geral, trabalham profissionalmente e, desta forma, conseguem os recursos necessários para assegurar a sua independência económica.

Em relação à autonomia, definida como o domínio (maîtrise) do mundo em que se vive, pela elaboração de regras pessoais ou, no caso de vida em comum, da sua negociação, constatamos existir entre os inquiridos um elevado sentimento de controlo sobre a própria vida, o que se pode entender como revelador de autonomia, significando esta, por sua vez, um grau de individualização de Ego acima da média. Em nosso entender, este é um importante resultado na medida em que, quanto mais autónomos e individualizados se sentirem os inquiridos, menos tenderão a rejeitar e a envergonhar-se publicamente da sua identidade homossexual. Neste sentido, uma das nossas principais hipóteses de trabalho parece-nos ser corroborada.

Finalmente, a autenticidade, foi entendida, nesta investigação, como capacidade de ser fiel a si próprio, no contexto do “mito da interioridade”, que caracteriza as sociedades contemporâneas. É nesta dimensão que os inquiridos apresentam uma menor individualização. De facto, estamos perante uma amostra que, apesar de se considerar feliz e satisfeita com a vida, enquadrada numa forte rede de amizades e inter-ajuda, confortável com a forma como vive a sua sexualidade, ainda assim, afirma, maioritariamente, não viver a sua vida como gostaria, que se sente obrigada muitas vezes a dizer ou a fazer coisas com as quais não se identifica interiormente, sentindo que devido ao preconceito as suas famílias e amigos não homossexuais não a conhece verdadeiramente. Note-se, porém, que esta falta de autenticidade resulta da consciência da homofobia social, revelando uma forte interiorização do preconceito existente na sociedade em geral, e na família em particular, ao qual estará associado o medo da rejeição ou da incompreensão por parte daqueles que são mais próximos.

Re: Casamentos homosexuais
Escrito por: (IP registado)
Data: 26 de August de 2007 10:44

Ainda sobre as paradas gay, faço copy paste de algo que escrevi noutra parte:

Poderá reforçar preconceitos... As pessoas costumam confundir causa e consequência. Quando olhamos para a luta das pessoas de cor nos EUA para não serem discriminados, com que olhos vemos a desobediência civil e a violência que se seguiu ao episódio em que Rosa Parks se recusou a ceder o lugar do autocarro a uma branca? Por mim - que condeno tanto a violência como a desobediência civil - vejo o que aconteceu como actos corajosos e necessários por parte de uma população discriminada. Na altura, suponho que não poucas pessoas reforçaram os seus preconceitos: "vêm como os pretos são violentos e nada civilizados?". Em vez de tomar a desobediência civil como consequência da repressão, justificam (ainda mais) a repressão com a desobediência civil. Ou seja, se já partes com preconceitos, vais sempre ver o mundo como queres, e confundir causa e consequência.

Com isto quero dizer que se reforçar preconceitos será nas pessoas que andam mortinhas para os poder reforçar ("ah e tal, fecham-se num guetto, vão a discotecas e comem-se uns aos outros..."). Daí não vem grande mal, essa batalha está perdida à partida. Acho que o que se ganha em visibilidade compensaria largamente esse efeito.

E já agora, quanto à existência de locais para homossexuais:

Finalmente, podemos perguntar se um mundo exclusivamente gay é bom para as próprias pessoas que o frequentam. Se isto não as leva a fugir à realidade. Eu refiro a existência de chinatowns (e afins), mas pode-se objectar que aí existe uma identidade cultural própria de uma origem geográfica, enquanto no caso dos homossexuais a identidade cultural, se existe, é eventualmente artificial ou não desejável. Ou seja, levanta-se a pergunta: "é saudável a existência de uma cultura gay?". E a mim surge-me logo a pergunta: num mundo ideal, sem homofobia, existiria uma cultura gay? Nesse mundo ideal faria sentido uma Gay Village? E creio que possivelmente sim, como ponto de referência. Quer se queira quer não, somos (LGBT) uma comunidade que partilha muita coisa. Tal como os cristãos ou os judeus o são ou até tal como os adeptos de um determinado clube o são. E todos os grupos possuem locais próprios (Igrejas, estádios) e referências (Cristo, o Papa, Eusébio, Cristiano Ronaldo). Porque razão haveríamos nós de abdicar do direito a ter um local próprio e referências? Não podem é ser o único local e as únicas referências na nossa vida, porque não somos apenas LGBT, mas pessoas como as outras. E podemos ser também cristãos e benfiquistas (por exemplo) e ter enquanto tal outros locais e outras referências. Mas enquanto LGBT, temos direito aos nossos locais, às nossas referências.

Re: Casamentos homosexuais
Escrito por: (IP registado)
Data: 05 de September de 2007 10:53

Já agora, mais um excelente artigo a explicar tanta coisa... Nomeadamente, como muitas das características que se atribuem a pessoas homossexuais são apenas consequência da marginalidade a que estas são votadas.

O amor homossexual não se difere em sua essência do amor heterossexual. Seguindo o que nos é ensinado, buscamos uma pessoa para a vida toda, constituir uma família, participar da sociedade. Homens e mulheres gays também sonham com seus príncipes e princesas encantados, buscam o amor de sua vida e, claro, serem muitos felizes. A grande diferença está no meio, onde este amor não é compreendido e ao ser marginalizado acaba recebendo uma importância exagerada por parte dos indivíduos.

Quero beijar o meu namorado no meio da rua... , tenho esse direito e posso, mas além de muitas pessoas olharem, corremos risco, até alto, de sofrer alguma agressão verbal ou física mesmo. Assim é a primeira agonia de um casal homossexual, não poder demonstrar afeto em público... isso, sem falar na família, amigos, no trabalho, e outros lugares. Ainda correndo o risco de serem expulsos de um local, a revelia aos direitos do consumidor. O amor homossexual é marginal, não ele em si, mas como as pessoas o vêem. Muitos gays absorvem essa informação do meio e não gostam de manifestar carinho em público, é uma grande seqüela do preconceito, uma grande barreira.

Outro fator que a ser considerado é a solidão. O jovem gay é levado a acreditar que as amizades e o parceiro são a sua verdadeira família, isso, em contrapartida ao afeto negado (na verdade a não aceitação de sua pessoa de forma total) por parte da própria família. Ou seja, o homossexual não se sente amado pela família ou amigos que não o aceitam ou não o aceitariam. Durante uma boa parte de sua vida ele irá conviver sozinho com seu eu verdadeiro, até se aceitar, já que o gay enfrenta seus próprios preconceitos antes de se assumir. É como uma luta interna de auto-conhecimento e auto-aceitação. Isso gera uma força que o empurra a relacionamentos. Amigos que sabem são mais amigos, que o ama parece lhe ser mais importante em sua vida. Esta força também gera uma entrega mais fácil ao outro, os relacionamentos homo são mais rápidos e mais profundos e ao terminarem mais dolorosos.

A sociedade também prega que os homossexuais são promíscuos, pervertidos sexualmente. Muitos gays realmente fazem jus a estas carapuças. Mas no meio gay o que mais acontece é o ciúme e a desconfiança do casal. Em geral, muitos gays tiveram muitas experiências desastrosas, fruto daquela necessidade de apressar a relação, de compensar a solidão. A própria super valorização ao relacionamento dado pelos gays gera esta insegurança, agora, podemos questionar o porquê de tantos crimes passionais no meio.

Já dizia minha psicóloga que o romance é como uma sonata: cada fase ao seu tempo, à sua velocidade. Não adianta apressar, ser homossexual é ser normal. Não se trata apenas de sexo. É um estilo de vida diferente imposto pela própria diferença. Seja hétero, seja gay, o amor precisa vir em fases, cada uma ao seu tempo, apressar tudo irá apenas conturbar a relação. O importante é amar e saber que o amor próprio é o mais valoroso entre os amores. Não vale a pena amar alguém mais do que a você mesmo. Por isso é importante esta busca pela felicidade, mas respire, se você não agüenta ficar sozinho, quem vai agüentar você?

Re: Casamentos homosexuais
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 05 de September de 2007 11:10

Um texto do Bispo Gaillot sobre a homossexualidade, ou melhor, sobre a homofobia.

João (JMA)

Re: Casamentos homosexuais
Escrito por: (IP registado)
Data: 05 de October de 2007 22:47

Cito (não me agrada o tom, mas na realidade mostra que as prioridades dos nossos bispos andam um bocado trocadas):

"Às vezes as coisas atingem um grau tal de sem vergonhice que só conseguimos falar delas falando em bom português. As mais recentes filhasdasputices da Igreja católica portuguesa são disso exemplo.

Se não vejamos. Em Fátima clamam horrorizados contra a "universalização do casamento gay" e lamentam que "apenas a Polónia" se lhe oponha com veemência no espaço da UE. Deixam de lado portanto dois pontos: 1) a Polónia também é o único país da UE a não opôr-se à pena de morte (não arrelia nem um pouco?) e 2) a suposta universalização do casamento gay perde a milhas para a universalização da pena de morte para os gays, são 5 países com casório (apenas 3 na UE de 27), contra 9 com pena de morte, isso também não arrelia?"

Re: Casamentos homosexuais
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 06 de October de 2007 14:39

Sobre a posição da pena de morte é necessário ver o assunto como ele é...A Polónia quer uma discussão mais alargada onde inclua o aborto.
Muitos dizem-se contra a pena de morte e são a favor do aborto... o que em meu entender manifesta uma total incoerência incoerência.

É conveniente que utilizemos a mesma lógica em tudo.

Por isso Zé acho que juntar no mesmo saco o mal designado "casamento" com a pena de morte não faz sentido. Pode parecer estranha a minha intervenção mas repara...foste tu que entraste na onda... é o que me parece ... e eu segui o teu caminho...

Re: Casamentos homosexuais
Escrito por: (IP registado)
Data: 06 de October de 2007 15:14

Maria José, mas não deixa de ser verdade que "a suposta universalização do casamento gay perde a milhas para a universalização da pena de morte para os gays, são 5 países com casório (apenas 3 na UE de 27), contra 9 com pena de morte". Mas contra a pena de morte para gays não se ouve os bispos clamar. Antes matá-los que casá-los?

Re: Casamentos homosexuais
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 06 de October de 2007 15:24

Misturar pena de morte com aborto é uma tolice que convém sobretudo aos países que querem manter a pena de morte, sem fazer nada contra o aborto.

O casamento homossexual é algo que me parece bom: mostra que o amor é o essencial para a felicidade, mesmo para além dos modelos tradicionais.

Mas os defensores da vida encartados misturam tudo a gosto. Só assim se compreendem um Bush capaz de defender um embrião ao mesmo tempo que se orgulha de um recorde de execuções e é capaz de começar uma guerra terrível para conquistar uns poços de petróleo. Com amigos destes a vida não precisa de inimigos.

pontosvista

Re: Casamentos homosexuais
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 06 de October de 2007 15:31



Gosto de te encontrar. Olá.

Sabes uma coisa? Não percebi a que propósito vinha isto que escreveste:

Citação:

Mas contra a pena de morte para gays não se ouve os bispos clamar. Antes matá-los que casá-los?

Achas mesmo que os bispos pensam desse modo?
Sabes, todos somos pessoas e por isso com igual dignidade e com direito à vida.
A mim pareceu-me que a tua intervenção é uma fuga ao assunto...

Re: Casamentos homosexuais
Escrito por: (IP registado)
Data: 06 de October de 2007 15:32

Não, não é uma fuga. Eu falava de prioridades. E é um facto que se ouve os bispos clamar contra o casamento homossexual. Mas nunca os ouvi clamar contra a pena de morte contra homossexuais. Ou contra as perseguições que estes têm sofrido na Polónia.

Re: Casamentos homosexuais
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 06 de October de 2007 15:45



Não percebes que os países que toleram os homossexuais são pouco civilizados.

Países como a Polónia perseguem os homossexuais e mostram que defendem a vida (evitando condenar a pena de morte, por exemplo). Bush é também um grande defensor da vida intrauterina (assinava imensas condenações à morte e só faz guerras justas: se não me dão o petróleo é justo que eu vá lá buscá-lo; algumas centenas de milhares de iraquianos foram claramente injustos ao não se terem desviado do conflito e por isso é justo que tenham morrido e ficado feridos).

Mas o maior exemplo é esse grande país onde não há homossexuais e que é um modelo de defesa da vida e de organização da sociedade: o Irão.

pontosvista

Re: Casamentos homosexuais
Escrito por: Maria José Ribeiro (IP registado)
Data: 06 de October de 2007 16:02

Pontos de vista
Entraste no campo da ironia...parece-me que eu estava a falar com o Zé e o Zé comigo de um modo diferente...

Re: Casamentos homosexuais
Escrito por: Rita* (IP registado)
Data: 06 de October de 2007 16:19

M.J.

Seja bem-vinda de novo:-)


Beijinho,

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