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Re: Cristãos na Politica precisam-se
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 19 de June de 2005 21:35

Sim querida tony....
Fazem falta mais cores neste forum que o Rosa debutado e o vermelho tingido....
Afinal no Arco Iris tambem há Laranja e Azul, e Amarelo.
Bom trabalho amiga.

Re: Cristãos na Politica precisam-se
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 19 de June de 2005 23:15

Caro Pe. João Luis,

Estás a esquecer-te da minha "única" cor: o azul e branco. :-)

Quanto ao arco-íris é preciso alguma discrição pois, no último Pentecostes, foi negada a comunhão a algumas pessoas, pelo facto de levarem... um arco-íris (ver notícia).

Luis

Re: Cristãos na Politica precisam-se
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 20 de June de 2005 10:55

Apesar de tudo há sinais de esperança:




"Caso notável de reabilitação:

Um dos manifestantes de ontem no Martim Moniz cumpriu pena de prisão pelo envolvimento no assassinato de Alcino Monteiro.
Cá está a prova que faltava.
Ontem condenado por envolvimento num crime violento, hoje a participar numa manifestação contra a criminalidade.
O sistema prisional reabilita mesmo os criminosos.

JoaoMiranda at 19:55 in ablasfemia.blogspot.com

Re: Cristãos na Politica precisam-se
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 20 de June de 2005 10:55


Re: Cristãos na Politica precisam-se
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 20 de June de 2005 12:00

Alguém que tenha cometido um "crime violento" não se pode tornar num cidadão respeitador?

Terá de continuar a ser discriminado?

Não existe possibilidade de recuperação (em termos sociais) ou de redenção (em termos religiosos)?

A pensarmos assim restam duas opções: pena de morte ou prisão perpétua.

Ambas são anti-cristãs.

Nota: desconheço em absoluto a pessoa em causa e o evento relatado. Mas os princípios que refiro não me parecem possíveis de "adaptação" e alteração face a qualquer caso concreto.

João (JMA)

Re: Cristãos na Politica precisam-se
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 20 de June de 2005 12:47

SEm dúvida!Há casos exemplares!

Re: Cristãos na Politica precisam-se
Escrito por: tony (IP registado)
Data: 20 de June de 2005 23:50

Estou de acordo convosco. Acredito na reabilitação e no arrependimento, esse é também uma das razões pala qual sou contra a pena de morte. No entanto pelo que ouvi, vagamente nas notícias, a marcha contra a criminalidade tornou-se um evento xenófobo. Estarei errada? Ou escapou-me algo?


Re: Cristãos na Politica precisam-se
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 21 de June de 2005 07:17

(do tozé)'

Caros amigos:
Relativamente á participação de Cristãos na política, gostaria de reafirmar que, se qq cidadão tem direito de expressar as suas opiniões políticas, um sacerdote deve naturalmente ter especial cuidado e comedimento, para que os fieis não confundam as suas opiniões com o seu ministério.

O que me parece importante debater aqui são quais os limites. Se é legítimo a um sacerdote emitir publicamente posições de natureza política , designadamente atacando com expressões nada civilizadas outros cidadãos, alguns cristãos empenhados na Igreja há longos anos, só porque não concorda políticamente com eles.
Ou referir-se de forma depreciativa a forças políticas que deram um contributo para a consolidação da democracia, que representam largas camadas da população portuguesa, entre os quais se incluem muitos Católicos. E até se é legítimo atacar, apenas por razões políticas, outros sacerdotes católicos , a quem nunca se ouviu exprimir da mesma forma relativamente a ninguém. Quais, na opinião dos dignissimos forumnautas são os limites para um Padre ?

Entendo que é legítimo a um cristão partcipar na política desde que em partidos comprometidos com a liberdade de expressão, a democracia, os direitos humanos e a procura da justiça social. Entendo que caberá a cada um interpretar em que medida o partido A ou B representam esses valores. Já me parece menos compreensível a presença de cristãos em partidos que perfilhem ideais xenófobos ou racistas, ou que combatam a democracia representativa e a liberdade de expressão política ou religiosa.

Assim no expectro partidário português acho possível a um católico militar no CDS, no PSD, no PS ou até no BE, apesar de algumas reservas a algumas posições desta força política. A militância no PCP ou nos partidos de Extrema Direita como o PRN ou outros felizmente minoritários não faz, para mim , grande sentido. Como me parece muito pouco compatível com o Cristianismo a identificação com o Salazarismo, pelas razões anteriormente expressas.

Acho aliás que ningém deve ser criticado politicamente pelas suas posições religiosas a menos que as utilize para procurar vantagens políticas, como fez despudoradamente o Paulo Portas e o PSL, ao contrário da atitude séria de MRSousa enquanto líder do PSD ou de AGuterres enquanto líder do PS.

E, naturalmente, quando os cristão no poder agem de forma contraditória com os ideiais cristãos temos todos o dever de os questionar.

Há contudo outro aspecto mais perigoso... que são os políticos que se enchem de fervor religioso assim que são escolhidos para integrar uma Lista Eleitoral, não faltando a uma missa em qualquer aldeia do respectívo círculo, mesmo que tal signifique mais que uma dúzia por dia...

Obrigado pela vossa paciência

Tozé




Editado 1 vezes. Última edição em 21/06/2005 07:30 por catolicapraticante.

Re: Cristãos na Politica precisam-se
Escrito por: tony (IP registado)
Data: 29 de June de 2005 18:54

Católica amiga,

Tu que és bem informada nestas coisas, esclarece-me sobre quem é que está por de trás da comissão para a igualdade e para os direitos das mulheres?

Re: Cristãos na Politica precisam-se
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 30 de June de 2005 00:09

Na «Ecclesia»:
Citação:


Bispos portugueses pedem maior rigor aos políticos

Crise financeira do país preocupa a CEP


Para resolver o problema do défice das contas públicas, as medidas anunciadas pelo governo “ameaçam penalizar ainda mais aqueles que já são mais sacrificados, pela situação de pobreza ou de falta de trabalho, pela doença e pela desajustada carga fiscal” – denuncia a Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) sobre «Um olhar de responsabilidade e de esperança sobre a crise financeira do país».

O documento, publicado hoje (29 Junho), refere também que não compete aos bispos pronunciar-se sobre questões técnicas de política económico-financeira mas “parece-nos oportuno relembrar alguns aspectos da doutrina social da Igreja, que devem inspirar o comportamento dos cristãos e de quantos procuram o melhor para o país”.

A situação actual necessita de realçar as “exigências do bem comum” e “a prevalência do bem de toda a colectividade sobre interesses pessoais ou corporativos”. Esta busca do bem comum supõe “lucidez de discernimento e generosidade de comportamentos” – descreve o documento. Aos cidadãos é pedida ajuda na busca de soluções “quer pagando os impostos justamente distribuídos, quer empenhando-se criativa e solidariamente no implementar de soluções”.

O Estado tem, “como primeira responsabilidade, administrar com rigor os bens públicos, constituídos pelo contributo de todos nós e deve fazê-lo garantindo bens essenciais, dinamizando e regulando a iniciativa criativa de pessoas e grupos” – sublinha a Nota Pastoral da CEP. Se a estatização da economia e dos serviços não é solução também “o não é a privatização de tudo. É preciso discernir continuamente a complementaridade entre a função pública e a iniciativa privada, na certeza de que um justo equilíbrio entre essas funções poderá ser portador de resultados positivos na busca de equilíbrios económico-financeiros” – aconselha o documento «Um olhar de responsabilidade e de esperança sobre a crise financeira do país».

No sentido de ajudar a alterar a situação actual, a nota da CEP refere que não haverá solução “se determinados valores, como a generosidade, a criatividade e a responsabilidade do bem comum, não forem veiculados pelo sistema educativo”. E adianta: “este não pode ser monopólio do Estado, mas tarefa de toda a comunidade, em que as famílias, as associações, as igrejas podem ter um papel relevante”.

Em jeito conclusivo, os bispos pedem aos portugueses para não terem medo “dos momentos difíceis, pois eles constituem, tantas vezes, alicerce de um futuro melhor. Ele só pode ser o fruto da competência e da generosidade”.

Luís Filipe Santos, «Agência Ecclesia», 2005-06-29




Um olhar de responsabilidade e de esperança sobre a crise financeira do país

Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa


1. As medidas anunciadas pelo Governo da Nação, em ordem a resolver o problema do défice das contas públicas do Estado, originam um período de austeridade e exigência, geram contestação social, suscitam visões particularistas de pessoas e grupos na defesa dos próprios interesses, ameaçam penalizar ainda mais aqueles que já são mais sacrificados, pela situação de pobreza ou de falta de trabalho, pela doença e pela desajustada carga fiscal.

Não compete aos bispos pronunciar-se sobre questões técnicas de política económico-financeira. Mas porque se trata de um problema grave que afecta toda a comunidade nacional, que condiciona o presente e compromete o futuro, de incontornáveis dimensões éticas, parece-nos oportuno relembrar alguns aspectos da doutrina social da Igreja, que devem inspirar o comportamento dos cristãos e de quantos procuram o melhor para o país.

2. Antes de mais parece-nos claro que estamos num momento em que é preciso realçar as exigências do bem comum, isto é, a prevalência do bem de toda a colectividade sobre interesses pessoais ou corporativos. A busca do bem comum supõe lucidez de discernimento e generosidade de comportamentos. Essa salvaguarda do bem comum sublinha a responsabilidade de todos, na consciência de que a harmonia da sociedade será irremediavelmente comprometida pela defesa de interesses particularistas.

As soluções encontradas e propostas têm de ser globais e não particulares, privilegiando aquelas que não se limitam a resolver aspectos imediatos do problema, mas são portadoras de solução a médio e longo prazo, como o são, por exemplo, o investimento na inovação tecnológica, uma economia geradora de emprego, uma educação para a liberdade responsável, a análise aprofundada das causas da pobreza e a responsabilização social. O contributo de todos para o desenvolvimento colectivo, faz de cada cidadão protagonista das soluções, quer pagando os impostos justamente distribuídos, quer empenhando-se criativa e solidariamente no implementar de soluções.

3. A presente situação leva-nos também, a reconsiderar o papel do Estado na solução dos problemas da sociedade. A opinião pública reage espontaneamente na linha de exigir ao Estado a solução de todos os problemas. Ora não é essa a função do Estado numa sociedade plural e democrática, que só progride com a iniciativa e a responsabilidade de todos. O esforço a desenvolver será prolongado, requerendo o contributo dos partidos políticos, parceiros sociais, empresas, instituições da sociedade civil e cidadãos.

O Estado tem, como primeira responsabilidade, administrar com rigor os bens públicos, constituídos pelo contributo de todos nós e deve fazê-lo garantindo bens essenciais, dinamizando e regulando a iniciativa criativa de pessoas e grupos. Do mesmo modo que a estatização radical da economia e dos serviços não é solução, também o não é a privatização de tudo. É preciso discernir continuamente a complementaridade entre a função pública e a iniciativa privada, na certeza de que um justo equilíbrio entre essas funções poderá ser portador de resultados positivos na busca de equilíbrios económico-financeiros. Na sua função de gerir os bens públicos, o Estado deve exercer a autoridade democrática, garantindo a justeza das opções e a moralidade na administração, elemento decisivo para a credibilidade do Estado e a construção da justiça social.

4. Na busca de soluções há valores que é preciso preservar: a equidade, a convergência na complementaridade e a subsidiariedade. O contributo de todos é necessário; o que se pede a cada um deve ter em conta a sua situação peculiar, não pedindo o mesmo a pobres e ricos, não descurando os doentes e as pessoas dependentes, não fragilizando as famílias, já tão atingidas por fenómenos como a desagregação ou endividamento insustentável. Em todas as políticas, mas de modo particular nas políticas de austeridade, há grupos sociais que precisam de uma atenção particular, porque quando se agravam os seus problemas, agravam-se inevitavelmente os problemas de toda a comunidade.

Problemas como o desemprego criam situações angustiantes. Estamos conscientes de que os próximos tempos conduzirão a uma profunda mudança de mentalidades a exigir estímulo a quem cria oportunidades, a requerer invenção de pronta solidariedade e a conduzir a uma opção pessoal pela sobriedade, terreno realista, contrário a promessas impossíveis.

5. Não haverá solução de médio e longo prazo se determinados valores, como a generosidade, a criatividade e a responsabilidade do bem comum, não forem veiculados pelo sistema educativo. E este não pode ser monopólio do Estado, mas tarefa de toda a comunidade, em que as famílias, as associações, as igrejas podem ter um papel relevante. Uma educação radicalmente estatizada não serve uma comunidade plural, onde as responsabilidades e iniciativas são partilhadas.

Um sistema educativo adaptado à sociedade que queremos ser, vencendo os problemas presentes em ordem a uma harmonia futura, comunicará modelos de vida a aspirações justas na concepção de felicidade e de bem-estar, que não dependem apenas de factores económicos. Sentimos que uma das causas dos problemas que atravessamos são padrões de vida, desajustados do nosso estádio de desenvolvimento e pelos quais se pautam revindicações consideradas justas. Começa a ser um lugar comum afirmar-se que o país está ou quer viver acima das suas possibilidades. Um pouco mais de modéstia nos objectivos desejados ajudará a construir caminhos sólidos de progresso, assentes na objectividade daquilo de que somos capazes. E a história mostra-nos que somos capazes de muito.

6. E, finalmente, queremos deixar uma palavra de esperança. Análises catastróficas sobre o País e sobre a União Europeia em nada ajudam a serenidade e a generosidade, essenciais para construir o futuro. Não tenhamos medo dos momentos difíceis, pois eles constituem, tantas vezes, alicerce de um futuro melhor. Ele só pode ser o fruto da competência e da generosidade.

Apelamos a todos os católicos para que promovam, dentro das possibilidades ao seu alcance, objectivos do bem comum nacional e mobilizem as instituições em que se inserem para uma identificação operativa dos meios, transparência de critérios, rigorosa aplicação na busca das soluções e permanente avaliação dos resultados.

Em particular, desafiamos as Obras sociais da Igreja para uma maior “fantasia da caridade” e para que redobrem os seus esforços de solidariedade com os mais empobrecidos, designadamente proporcionando-lhes intervenção na sociedade democrática que a todos cabe construir.

Convocamos todos os católicos para dar realismo à esperança, com o seu compromisso inovador, criativo, impulsionando formas de planeamento e gestão transparente, participada, cooperante; aproveitando a oportunidade para aprendermos a viver numa cidadania mais esclarecida, criteriosa, responsável e solidária.

Fátima, 23 de Junho de 2005
apud «Agência Ecclesia»


Re: Cristãos na Politica precisam-se
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 01 de July de 2005 09:44

O que nos vale são os Bispos!

Re: Cristãos na Politica precisam-se
Escrito por: VM (IP registado)
Data: 02 de July de 2005 13:05

CP:
Queixam-se uns de que a Igreja esteve muitos anos alheada da realidade social, ou antes, demonstrando alheamento.
Agora que chamam a atenção para os problemas sociais, para o total despudor de grande parte da classe política nos abusos e mentiras sobre o "mexilhão", acusam-na de interferência. Metam-se dentro das Igrejas e não chateiem, dizem os que a acusavam de alheamento.
Em que ficamos? Os Bispos têm ou não o direito e o dever de "puxar as orelhas" a quem nos engana com promessas e depois esquece o que disse? A nossa paz de espírito passa ou não pela justiça social? Terão os Bispos que estar "lado do povo" (desculpem lá a frase do PREC...)? Ou o melhor é estarem caladinhos, senão os "santos" políticos chamam-lhes reacionários, à falta de melhor substituto para incómodos?

Abraço Fraterno

Re: Cristãos na Politica precisam-se
Escrito por: Moises (IP registado)
Data: 03 de July de 2005 13:12

Caro VM

Claro que todos temos o direito de intervir. Nomeadamente quando nos enganam e exigem de nós esforços para que a classe politica viva de regalias. É uma vergonha.

Re: Cristãos na Politica precisam-se
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 03 de July de 2005 20:09

VM

Não precebi porque me dirigiu o comentário, quanto me limitei a elogiar a posição dos bispos... Não vi foi o mesmo entusiasmo de outros sectores quando as críticas eram semelhantes e os governantes eram outros...

Re: Cristãos na Politica precisam-se
Escrito por: Moises (IP registado)
Data: 03 de July de 2005 23:24

Talvez porque não vimos quando as criticas eram semelhantes nenhuma defesa tao incondicional dos governantes como tem sido feita por este forum em relação a este governo concreto. Até parece que são os melhores.
Ai Sante Croix de l'Eveque.

Re: Cristãos na Politica precisam-se
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 04 de July de 2005 01:51

^Qual evento?'

Re: Cristãos na Politica precisam-se
Escrito por: VM (IP registado)
Data: 04 de July de 2005 15:44

CP:
Peço desculpa então por aquilo que presumi na tua mensagem. Sinceramente, pensei que estavas a ser sarcástica. Reagi e agi mal.
As minhas desculpas mais uma vez.
Mas o que disse, foi sentido. A carapuça não te servindo a ti, servirá a outros. Porque julgo que não será mentira, o que eu disse.

Abraço Fraterno

Re: Cristãos na Politica precisam-se
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 05 de July de 2005 00:47

Caro VM :
Tudo bem. São os preconceitos de cada um sobre os outros...

Abraço Fraterno




Re: Cristãos na Politica precisam-se
Escrito por: tony (IP registado)
Data: 12 de July de 2005 23:12

Deixo-vos esta reflexão:

Crónica de Frei Bento Domingues O.P. copiada da edição impressa do Jornal Público

"1.Um olhar de responsabilidade e de esperança sobre a crise financeira do país é o título de uma Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa (23/06/2005). A nota é breve, serena, de senso comum.
Tem o inconveniente de ser excessivamente óbvia. Não vai além daquilo que o Governo e as oposições já disseram. E podia ter sido a oportunidade para uma interpelação forte à consciência católica sobre o crescimento do fosso entre os muito ricos e os pobres. Há modelos e estilos de vida que não só denunciam um vazio cultural, ético e espiritual confrangedor como constituem um insulto aos mais carenciados. E é sobre os modelos e estilos de vida que a Igreja, na sua obra evangelizadora e pastoral, mais deve insistir para motivar e estimular a conversão da vida e dos seus modelos.
Muitos comentadores repetem que o país está a viver acima das suas possibilidades, mas ninguém vai dizer que os ricos vivam acima das suas possibilidades. Vivem, talvez, abaixo de um mínimo de ética social. Casas e carros de luxo e tudo o que for caro vende-se mais e melhor nos momentos de crise geral, o que mostra que não há crise que lhes chegue. São esses falsos modelos e estilos de vida que fascinam e levam outros a viver acima das suas possibilidades, instigados pela publicidade humanamente enganadora.
Urge lembrar aos católicos a parábola, narrada por S. Lucas, sobre o contraste abissal entre o estilo de vida do Rico e o do pobre Lázaro (Lc 16, 19-31). Quando alguém diz "esta fortuna é minha e tenho o direito de fazer dela o que me apetecer", seria importante lembrar-lhes a bem tradicional doutrina da Igreja sobre o destino universal dos bens, mas sobretudo os textos do Novo Testamento sobre os ricos. (1)
Nos Actos dos Apóstolos, S. Lucas sonhou com uma sociedade que espelhasse o desejo de Deus testemunhado no Deuteronómio (15,4; Act 4, 32-37): "Não haja pobres entre vós." Eles não são uma fatalidade. Se a pobreza imposta - que não deve ser confundida com a pobreza como regra de vida libertadora - é uma vergonha mundial, é porque entre países e continentes e no interior de cada país se cultivam modelos de desenvolvimento e estilos de vida que perpetuam este escândalo.
O primeiro-ministro, eng. José Sócrates, já assegurou que certas regalias escandalosas serão brevemente corrigidas. Mas sobre o sector privado reina o silêncio. Ora, a função social da riqueza é um ponto claríssimo na doutrina social da Igreja: nem as heranças nem a produção de riqueza existem para gerar privilégios."

Re: Cristãos na Politica precisam-se
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 13 de July de 2005 09:30

Respondendo ao Tozé:

Perguntas quais são os limites de um sacerdote para expressão das suas ideias políticas.

Como vivemos numa sociedade na qual existe distinção entre a Igreja e o Estado, os sacerdotes têm exactamente a mesma posição (direitos e deveres) de qualquer outro cidadão no que respeita à expressão das suas ideias políticas.

Pelo que, em abstracto, podem expressar as ideias de concordância ou discordância com políticas e políticos sem qualquer limitação.

Outra questão coloca-se na ordem do que devem fazer. Eles, como qualquer outro cidadão, devem agir de modo que a sua actuação se pudesse tornar lei universal.

É o imperativo categórico.

Têm assim os limites definidos pela sua liberdade de agir racionalmente. É igualmente uma questão de bom senso.

Dizia Descartes que o bom senso era a coisa mais bem distribuída do mundo. Por vezes fico com dúvidas. Metódicas e outras...

João (JMA)

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Este tópico foi encerrado

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