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Re: O Inferno e o diabo...
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 02 de November de 2006 22:39

Tenho lido atentamente estes textos e aprece-me que afinal o SEven está de acordo com o Tilleul:

1 - "Eu acho que o inferno é mais uma escolha do que um castigo." POrtanto não é punição divina, mas escolha humana.

2 - "Não sei quem está no inferno. " Portanto até pode não estar lá ninguém.

3 - "No inferno sofre-se a solidão da ausência da Deus."

Então o inferno não é um local ou um lugar, é uma vivência de ausência de... ou mesmo uma impossibilidade de ....

( Até porque, se Deus está em toda a parte também estaria obrigatoriamente no Inferno...Ou há algum lugar onde a omnipresença de Deus não se faça sentir??)

Re: O Inferno e o diabo...
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 03 de November de 2006 02:04

Coloco aqui um texto de João Paulo II que, não sendo completamente feliz em tudo, no meu humilde entendimento, considero interessante:





AUDIÊNCIA
Quarta-feira 28 de Julho de 1999


O inferno como rejeição definitiva de Deus




1. Deus é Pai infinitamente bom e misericordioso. Mas o homem, chamado a responder-Lhe na liberdade, pode infelizmente optar por rejeitar de maneira definitiva o Seu amor e o Seu perdão, subtraindo-se assim, para sempre, à alegre comunhão com Ele. Precisamente esta trágica situação é apontada pela doutrina cristã, quando fala de perdição ou inferno. Não se trata de um castigo de Deus infligido a partir do exterior, mas do desenvolvimento de premissas já postas pelo homem nesta vida. A própria dimensão de infelicidade que esta obscura condição traz consigo, pode ser de algum modo intuída à luz de algumas das nossas terríveis experiências, que tornam a vida, como se costuma dizer, um «inferno».

Em sentido teológico, contudo, o inferno é outra coisa: é a última consequência do próprio pecado, que se vira contra quem o cometeu. É a situação em que definitivamente se coloca quem rejeita a misericórdia do Pai, também no último instante da sua vida.

2. Para descrever esta realidade, a Sagrada Escritura serve-se de uma linguagem simbólica, que aos poucos assumirá aspectos bem definidos. No Antigo Testamento, a condição dos mortos ainda não estava plenamente iluminada pela Revelação. Com efeito, pensava-se em geral que os mortos estivessem recolhidos no sheol, um lugar de trevas (cf. Ez 28, 8; 31, 14; Jb 10, 21 s.; 38, 17; Sl 30, 10; 88, 7.13), uma fossa da qual não se sobe (cf. Jb 7, 9), um lugar onde não é possível louvar a Deus (cf. Is 38, 18; Sl 6, 6).

O Novo Testamento projecta nova luz sobre a condição dos mortos, sobretudo anunciando que Cristo, com a Sua ressurreição, venceu a morte e estendeu o Seu poder libertador também ao reino dos mortos.

A redenção, contudo, continua uma oferta de salvação que compete ao homem acolher em liberdade. Por isto cada um será julgado «segundo as suas obras» (Ap 20, 13). Recorrendo a imagens, o Novo Testamento apresenta o lugar destinado aos operadores de iniquidade como uma fornalha ardente, onde há «choro e ranger de dentes» (Mt 13, 42; cf. 25, 30.41), ou como a Geena de «fogo inextinguível» (Mc 9, 43). Tudo isto é expresso de modo narrativo na parábola do rico avarento, na qual se precisa que o inferno é o lugar de pena definitiva, sem possibilidade de retorno ou de mitigação do sofrimento (cf. Lc 16, 19-31).

Também o Apocalipse representa de maneira simbólica, num «lago de fogo», aqueles que não estão inscritos no livro da vida, indo assim ao encontro da «segunda morte» (Ap 20, 13 s.). Quem, portanto, se obstina a não abrir-se ao Evangelho predispõe-se a «uma ruína eterna, longe da face do Senhor e da glória do seu poder» (2 Ts 1, 9).

3. As imagens com que a Sagrada Escritura nos apresenta o inferno devem ser interpretadas de maneira correcta. Elas indicam a completa frustração e vazio de uma vida sem Deus. O inferno está a indicar, mais do que um lugar, a situação em que se vai encontrar quem de maneira livre e definitiva se afasta de Deus, fonte de vida e de alegria. Assim resume os dados da fé sobre este tema o Catecismo da Igreja Católica: «Morrer em pecado mortal sem arrependimento e sem dar acolhimento ao amor misericordioso de Deus é a mesma coisa que morrer separado d'Ele para sempre, por livre escolha própria. E é este estado de auto-exclusão definitiva da comunhão com Deus e com os bem-aventurados que se designa pela palavra "Inferno"» (n. 1033).

A «perdição» não deve, por isso, ser atribuída à iniciativa de Deus, pois no Seu amor misericordioso Ele não pode querer senão a salvação dos seres por Ele criados. Na realidade, é a criatura que se fecha ao Seu amor. A «perdição» consiste precisamente no definitivo afastamento de Deus, livremente escolhido pelo homem e confirmado com a morte que sela para sempre aquela opção. A sentença de Deus ratifica este estado.

4. A fé cristã ensina que, no delineamento do «sim» e do «não», que caracteriza a liberdade da criatura, alguém já disse não. Trata-se das criaturas espirituais que se rebelaram contra o amor de Deus e são chamadas demónios (cf. Concílio Lateranense IV: DS 800-801). Para nós, seres humanos, esta sua vicissitude soa como advertência: é apelo contínuo a evitar a tragédia a que o pecado leva e a modelar a nossa existência segundo a de Jesus, que se desenvolveu no sinal do «sim» a Deus.

A perdição continua uma real possibilidade, mas não nos é dado conhecer, sem especial revelação divina, quais os seres humanos que nela estão efectivamente envolvidos. O pensamento do inferno - e menos ainda a utilização imprópria das imagens bíblicas - não deve criar psicoses ou angústia, mas representa uma necessária e salutar advertência à liberdade, no interior do anúncio de que Jesus Ressuscitado venceu Satanás, dando-nos o Espírito de Deus, que nos faz invocar «Abbá, Pai» (Rm 8, 15; Gl 4, 6).





Sublinhei a vermelho duas frases que me parecem sobretudo ingenuas e não suficientemete apoiadas nem pela Teologia bíblica nem pela História Comparada das Religiões... mas ok... de maneira geral, está bastante clara a doutrina católica.

Repito também que acreditar no Inferno ou no Demónio não são por si mesmos dogmas de fé do Catolicismo.

Abraço fraterno,

Miguel



Editado 2 vezes. Última edição em 03/11/2006 02:07 por rmcf.

Re: O Inferno e o diabo...
Escrito por: s7v7n (IP registado)
Data: 03 de November de 2006 10:36

Miguel,

não conhecia esse texto. Mas parece que vai ao encontro do que eu disse né?

Gostava só de dizer que, além a questão dos demónios, está bem frisada na bíblia. Podes ver por exemplo na Epístula de S. Tiago na parte das Fé e as obras.


Tiago 2;19 "Crês que há um só Deus. Fazes bem. Também os demónios creêm e tremem."

Aqui não há alegorias nem fantasias. Ele falou directamente.

Quanto ao outro sublinhado, não percebi bem o que consideras ingénuo. Se morres afastado da amizade de Deus, e vais para o inferno, isso é para sempre. Acho que é isso que é dito.

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho

Re: O Inferno e o diabo...
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 03 de November de 2006 11:06

rmcf, o inferno como condenação definitiva é mais que apoiado pela teologia biblica. O que não é apoiado é transformarem o inferno num "estagio do conhecimento".

Assim, do conhecimento, com laivos de espiritismo ou budismo como se o conhecimento fosse crucial para o cristianismo.

Por um lado o Tilleul mostra desconfiança em relação ao purgatorio, por outro quer transformar o inferno numa nova versão deste!!!

A historia comparada das religiões parece-me que necessariamente relativiza Jesus Cristo. Agora o cristianismo depende nalgum ponto daquilo que defendiam as outras religiões? As palavras de Jesus Cristo têm de ser contrapesadas com as palavras daqueles que tentaram usurpar o Seu lugar?

Não há no Novo Testamento margem para duvida, o inferno é uma opção definitiva.

Claro que há a hipotese de o inferno estar vazio. Enfim, a ingenua hipotese de uma ditadura do amor de Deus.

Mas mesmo em relaçao a esta hipotese não posse deixar de salientar que a vossa posição é oposta aquela que Jesus tomou:

Lc 13
22Jesus percorria cidades e aldeias, ensinando e caminhando para Jerusalém. 23Disse-lhe alguém: «Senhor, são poucos os que se salvam?» Ele respondeu-lhes:
24*«Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque Eu vos digo que muitos tentarão entrar sem o conseguir.


Voces querem sossegar-se e sossegar quem convosco fala. O cristão não deve ser alguem sossegado mas alguem inquieto, alguem que se esforça por vencer o bom combate. Jesus não respondeu como voss, não disse que Deus aceitaria a todos, pelo contrario advertiu que poderiamos não nos conseguirmos salvar.
Não posso deixar de sublinhar esta diferença radical entre o vosso discurso e o de Jesus Cristo.

Re: O Inferno e o diabo...
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 03 de November de 2006 11:26

Citação:
O cristão não deve ser alguem sossegado mas alguem inquieto

Deve ser alguém inquieto porque ama e não porque tem medo. Como já foi dito, o objectivo de Jesus era claramente levar os maus a porem em causa o seu modo de vida e não a levá-los a serem bons apenas pelo medo. Aliás, quem sem amor e apenas por medo fizer muitas obras boas, poderá salvar-se? Poderá alguém entrar em comunhão com Deus apenas porque teve medo?

pontosvista

Re: O Inferno e o diabo...
Escrito por: Ovelha Tresmalhada (IP registado)
Data: 03 de November de 2006 18:10

Na linha do que foi referido e citado pelo Camilo, há, no Evangelho, passagens muito duras e firmes, de séria advertência, susceptíveis de induzir o maior dos pessimismos acerca da possibilidade real de nos perdermos:

"Disse-lhe alguém: «Senhor, são poucos os que se salvam?» Ele respondeu-lhes:
Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque Eu vos digo que muitos tentarão entrar sem o conseguir."(Lc 13, 23-24)


«Entrai pela porta estreita; porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que seguem por ele. Como é estreita a porta e quão apertado é o caminho que conduz à vida, e como são poucos os que o encontram!»(Mt 7, 13-14)


Mas, em contraponto, Cristo também nos advertiu contra o desespero e o pessimismo:


"Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus; crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, como teria dito Eu que vos vou preparar um lugar? E quando Eu tiver ido e vos tiver preparado lugar, virei novamente e hei-de levar-vos para junto de mim, a fim de que, onde Eu estou, vós estejais também. E, para onde Eu vou, vós sabeis o caminho.» (João 14, 2)

"Ao ouvir isto, os discípulos ficaram estupefactos e disseram: «Então, quem pode salvar-se?» Fixando neles o olhar, Jesus disse-lhes: «Aos homens é impossível, mas a Deus tudo é possível.» (Mt 19, 25-26)

O desespero de salvação e a presunção de salvação sem merecimento são duas atitudes extremas que a Igreja tradicionalmente apodou de pecados contra o Espírito Santo.

Ninguém está imune à tentação de desesperar, ante as dificuldades, as vicissitudes e as fragilidades da condição humana, que constantemente nos empurram para tão longe do modelo de vida que Cristo nos propõe.

Mas a tentação contrária também é perigosa: como avisou Jesus, muitos dos que, na sobranceria, comodismo e segurança da nossa Fé, nos julgamos primeiros seremos dos últimos; e muitos daqueles contra quem, arvorados em julgadores, dirigimos os nossos piores anátemas haverão de preceder-nos no Reino dos Céus...



Editado 3 vezes. Última edição em 03/11/2006 18:14 por Ovelha Tresmalhada.

Re: O Inferno e o diabo...
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 03 de November de 2006 21:27

Citação:
pontosvista
... o objectivo de Jesus era claramente levar os maus a porem em causa o seu modo de vida...

Os maus? E acaso não somos todos nós mais ou menos maus?
Quem se julgava bom eram os fariseus e Jesus advertiu-os que as prostitutas e os publicanos entrariam no Reino dos Céus à frente deles.
Jesus também disse que só Deus é bom, querendo com isto dizer que todos temos pecados, maldade em nós, todos precisamos de advertencia.
Não há nas intenções dos Homens absoluta pureza, motivamo-nos por amor mas tambem por temor. A motivação nunca se deve apenas a um só motivo. E antes do mais devemos anunciar a Boa Nova de Jesus sem omitir letra alguma, inclusive as partes em que Jesus adverte sobre a probabilidade real de nos perdermos (como disse o Ovelha Tresmalhada no seu comentario que subscrevo inteiramente)

Re: O Inferno e o diabo...
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 04 de November de 2006 00:48

Caro Camilo,

tu gostas de deturpar:

eu não disse nada propriamente contra "o inferno como condenação definitiva é mais que apoiado pela teologia biblica".

1) De qualquer modo, dá-me um bom livro de teologia bíblica que mostre isso. Não apenas um livro cujo título encontres. Um que tu efectivamente conheças, de teologia bíblica séria.

2) De qualquer modo, o que eu pus a vermelho nem foi isso: o que não me parece apoiado pela teologia bíblica é o facto de que a morte sele a opção feita pelo homem.


Abraço fraterno,

Miguel



Editado 2 vezes. Última edição em 04/11/2006 00:54 por rmcf.

Re: O Inferno e o diabo...
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 04 de November de 2006 02:31

Não gosto de deturpar, alias essa afirmação é insultuosa. Posso interpretar mal como qualquer outra pessoa o pode.

Mas neste caso tu é que estás com uma falha de memoria. O Tilleul disse que o inferno podia ser apenas um estagio de conhecimento e o teu comentario foi:

Totalmente de acordo :-)

Ora a afirmação do Tilleul é contra o inferno como condenação definitiva. A morte ao selar a opção definitiva do Homem torna o inferno ou o Céu definitivos.

Não leio livros de teologia mas leio a Biblia.
A afirmação de que a morte não sela a opção feita pelo homem é contraria à revelação biblica.

Não me faltariam citações biblicas para apoiar a ideia de que a morte sela a opção definitiva do homem.

Só uma interpretação fantasista da Biblia permitiria levantar outra hipotese.

Hipotese essa mais proxima das teses espiritas que das cristãs.

Re: O Inferno e o diabo...
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 04 de November de 2006 10:48

Antes de mais, peço desculpa se te ofendi, mas de facto não é a primeira vez que pegas em coisas que eu escrevi para apenas concluir o que te convém, apenas para desconsiderar as opiniões e sem qualquer crítica objectiva ao que foi escrito , mas apenas a afirmaçao de ideias redondas e supostamente de acordo com a doutrina, mas sem grande base argumentativa. De qualquer modo, a minha última vontade é que te sintas ofendido.

"Não me faltariam citações biblicas para apoiar a ideia de que a morte sela a opção definitiva do homem".

Onde está isso na Bíblia?

Volto a pedir estudos sérios sobre o assunto e não apenas afirmações de cor, que são úteis, mas que já todos percebemos. Tentemos ir um pouco ais além dos chavões.

Abraço fraterno,

Miguel



Editado 2 vezes. Última edição em 04/11/2006 11:01 por rmcf.

Re: O Inferno e o diabo...
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 04 de November de 2006 11:08

Que entendes então por "estagio de conhecimento"? Se é estagio é transitorio. Seria então uma nova fase da vida, transitoria, algo mais proximo do espiritismo que do cristianismo. De que modo interpretaste o que ele disse? Como se o inferno fosse um purgatorio?

Como já disse apenas tenha a minha reflexão pessoal, que aliás concorda com aquilo que o Papa João Paulo II e creio que todos os documentos da Igreja afirmam.

É tão seria como qualquer outro estudo, alias devo dizer-te que e mais facil citar um estudo que reflectir sobre ele, muitas vezes a erudição é uma forma de preguiça, transfere a indispensavel reflexão pessoal para outras pessoas.

Heb 9 27 E, assim como está determinado que os homens morram uma só vez e depois tenha lugar o julgamento,

Sempre quero ver que interpretação faz desta passagem (há outras mas esta é a mais explicita) quem não afirma que a morte sela a opção definitiva do homem

Re: O Inferno e o diabo...
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 04 de November de 2006 14:27

Citação:
Heb 9 27 E, assim como está determinado que os homens morram uma só vez e depois tenha lugar o julgamento,
Sempre quero ver que interpretação faz desta passagem (há outras mas esta é a mais explicita) quem não afirma que a morte sela a opção definitiva do homem

Esta passagem diz que o julgamento é depois da morte mas não nega que entre a morte e o julgamento possa passar-se algo.

pontosvista

Re: O Inferno e o diabo...
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 04 de November de 2006 15:32

Porque não um arrependimento post mortem? Este passo não serve nem para negar nem para afirmar nada relacionado com isso.

Além de ser "armadilhado"... o autor de Hebreus não sabia com precisão (como ninguém) como era o post mortem: está a utilizar a linguagem que conhece para afirmar a certeza de uma única morte e a presença da alma perante Deus. Utiliza, por isso, os conceitos do seu tempo. Qualquer interpretação literalista como a que procuras fazer não é válida, neste caso. É uma questão de método.

E convenhamos: essa de falares de uma reflexão pessoal em oposição aos estudos teológicos é a negação da própria Igreja. Eu concordo que tenhamos de compreender por nós. Mas não ´sozinhos. Afirmares que a tua reflexão em duas horas ou dois dias que sejam vale tanto como qualquer outro estudo de teologia bíblica séria tem alguns laivos de arrogância... por amor de Deus...

Mas eu não estou a negar o que tu estás a dizer, atenção. Volto a centrar a minha discussão, que obviamente não tem nada a ver com espiritismo. Estou a centrá-la no problema do arrrepndimento post mortem, e, apenas nesse sentido (posso ter entendido mal o Tilleul, admito-o, mas não creio que ele também estivesse a falar de espiritismo. Mas essa é uma discussão com ele), admiti entender o momento (ou o que quer que seja) depois da morte como um estádio/processo de nova revelação, na presença de Deus, e de consequente arrependimento.

Abraço fraterno,

Miguel

Re: O Inferno e o diabo...
Escrito por: Epafras (IP registado)
Data: 04 de November de 2006 16:40

O postosdevista e o rmfc já ouviram falar na doutrina católica chamada "Juízo particular"? Esta doutrina resumidamente diz que cada homem quando morre sofre imediatamente um julgamento onde presta contas da sua vida e com base neste julgamento é enviado para o inferno ou o purgatório ou o paraíso.

Cito o que diz o Catecismo da Igreja católica sobre o juízo particular, onde podem ver que aquilo que defendem é heterodoxo em relação à doutrina da igreja católica.

M.48.20.6 Juízo particular

§1021 A morte põe fim à vida do homem como tempo aberto ao acolhimento ou à recusa da graça divina manifestada em Cristo. O Novo Testamento fala do juízo principalmente na perspectiva do encontro final com Cristo na segunda vinda deste, mas repetidas vezes afirma também a retribuição, imediatamente depois da morte, de cada um em função de suas obras e de sua fé. A parábola do pobre Lázaro e a palavra de Cristo na cruz ao bom ladrão assim como outros textos do Novo Testamento, falam de um destino último da alma pode ser diferente para uns e outros.

§1022 Cada homem recebe em sua alma imortal a retribuição eterna a partir do momento da morte, num Juízo Particular que coloca sua vida em relação à vida de Cristo, seja por meio de uma purificação, seja para entrar de imediato na felicidade do céu, seja para condenar-se de imediato para sempre.

No entardecer de nossa vida, seremos julgados sobre o amor.

M.48.20.7 Nenhuma penitência após a morte

§393 É o caráter irrevogável de sua opção, e não uma deficiência da infinita misericórdia divina, que faz com que o pecado dos anjos não possa ser perdoado. "Não existe arrependimento para eles depois da queda, como não existe para os homens após a morte."

Epafras

Re: O Inferno e o diabo...
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 04 de November de 2006 17:51

Caro Epafras:

Também notei essa «discrepância», mas vi-o como «salvável» na medida em que se pode falar aqui em «morte» em mais do que um sentido. Não sabemos exactamente se o encontro definitivo com Deus se dá no preciso momento da «morte clínica». Poderá ser «depois» (as aspas pretendem evitar meter demasiada cronologia...)... Ou seja, o próprio momento de encontro com Deus pode constituir esse momento de «assunção final» da própria vida no qual cada um «expressa» a opção fundamental da sua vida, imediatamente depois da morte clínica.

Se assim não for, se não houver um «momento» de liberdade, de assunção final, então parece válida a noção de que o Inferno e o Céu correspondem simplesmente a um castigo/prémio mais ou menos extrínseco. E isso não me parece ser defensável teologicamente.

Claro, há uma ressalva a fazer: aquilo que descrevo como uma espécie de dois momentos não são propriamente dois momentos cronológicos, mas mais dois momentos «formais» de um único acontecimento: o da passagem do tempo à eternidade, ou, se quisermos, da morte.

Evidentemente, nesse encontro a «opção» é definitiva. O inferno não é um estado transitório.

De qualquer forma, também sabemos que para o inferno ninguém irá por «má sorte», por castigo de uma infracção inconciente, etc., mas por escolha consciente e livre. Logo, pegando na anedótica imagem daquele que se deitou e quando acordou estava morto, quem assim «adormece» não «acorda» no Inferno ou no Céu. Mas nisto não podemos falar senão através de símbolos, uns bíblicos, outros inventados por nós...

Portanto, talvez se possa dizer que não há possibilidade de «arrependimento» depois da morte, mas ele é possível na morte, esse momento de que tão pouco ou nada sabemos.

Alef

PS.: Entretanto, para desanuviar, clicar aqui.



Editado 1 vezes. Última edição em 04/11/2006 19:38 por Alef.

Re: O Inferno e o diabo...
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 04 de November de 2006 21:46

rmcf, seria arrogancia se aquilo que afirmo não estivesse de acordo com aquilo que a Igreja sempre afirmou (e em particular o Papa João Paulo II naquele texto). Seria arrogancia minha se eu com uma breve reflexão minha (ou não tão breve assim) entrasse em desacordo com a Igreja e fizesse finca-pé sem ao menos aprofundar os motivos pelos quais a igreja (Papa e bispos) faz tais afirmações.
Como neste caso as minhas reflexões concluem o mesmo que a Igreja afirma não sinto necessidade de conferi-las por livro nenhum.

Com este já é o segundo "elogio" que me dedicas nesta conversa (primeiro gostava de deturpar, agora sou arrogante). Mas tudo bem, lembrar-me-ei de que estar em desacordo com a Igreja é sinal de arrogancia. Ou antes, não é com a Igreja, com os bispos e o Papa, é com os teologos. Ignorancia minha, pensei que Jesus tivesse deixado o cuidado da sua Igreja aos Apostolos, afinal deve ter sido aos doutores da lei.

Como o Alef bem referiu aquilo de que estás a falar é o do "julgamento" ou "juizo".
Aquilo que o Alef disse parece-me inteiramente correcto. O que o Tilleul afirmou e tu concordaste é um erro crasso. Comprendo que terás lido precipitadamente, talvez o Tilleul não tenha querido dizer aquilo que de facto disse mas aquilo é mais espirita que cristão.



Editado 2 vezes. Última edição em 04/11/2006 22:47 por camilo.

Re: O Inferno e o diabo...
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 05 de November de 2006 19:19

Não vejo no que, aquilo que o Alef disse é diferente do que eu referi nos últimos posts, se não na tentativa de não encaixar os tais 'dois momentos formais' num friso cronológico. Convém dizer, no entanto, que é mais semântica do que outra coisa a distinção 'depois da morte' e 'na morte'.

Já agora, caro camilo, eu não disse que eras arrogante: uma coisa, em termos de pura semântica, é dizer que uma pessoa, em determinada discussão mostrou 'alguns laivos de arrogância'; outra, diferente na amplitude, é dizer que uma pessoa é arrogante. É, mais ou menos, a diferença entre 'ser' e 'estar'... para que não fique dúvidas quanto a qualquer deturpação.

Abraço fraterno,

Miguel



Editado 1 vezes. Última edição em 05/11/2006 19:22 por rmcf.

Re: O Inferno e o diabo...
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 05 de November de 2006 19:54

Perguntas existenciais tipo mafaldinha:


1) Se o Juízo final é na morte então pode havet dois juízos finais?

( Por exmplo se eu morrer e for
Citação:
http://www.cprportugal.net/
ressuscitada
, tecnicamente estive morta durante três ou mais minutos).
Essa morte conta ?


2)E se estiver conco dias em morte cerebral mas ligada ao ventilador, qual é o momento do Juízo final??

No meomento em que fico descerebrada?

No momento em que o coração pára, cinco dias depois?

Ou seja, Se é quando coração pára, então pode haver dois juízoz finais- Caso 1.

SE quando o cérebro para, a coisa é ainda mais bizarra pois pode haver um juízo final com um corpo quente, a respirar e com um coração a bater...

Em suma - a excessiva ortodoxia doutrinária ( de que o Epafras é um profundo conhecedor) regra geral conduz ao absurdo.

Re: O Inferno e o diabo...
Escrito por: Rita* (IP registado)
Data: 05 de November de 2006 21:09

Eu não me preocupo nem com o diabo, nem com o Inferno!

Nem penso em tais coisas!!!

Re: O Inferno e o diabo...
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 05 de November de 2006 22:56

rmcf, agora não tenho tempo para explicar a diferença entre o que estás a dizer e o que Alef está a dizer, no entanto ela existe e é substancial.
Diferença que o Alef resumiu na frase:

Portanto, talvez se possa dizer que não há possibilidade de «arrependimento» depois da morte, mas ele é possível na morte, esse momento de que tão pouco ou nada sabemos.

Há uma diferença enorme entre estas duas afirmações. Um estagio evolutivo depois da morte abre caminho à possibilidade de um nova vida noutra realidade e porque não varias outras vidas.
Já é melhor, muito melhor, que dizer que o inferno pode ser um estagio transitorio mas ainda contem um "virus" reencarnacionista. Talvez não tenhas querido dizer isso mas quando defendes a hipotese de uma evolução post-mortem com mais clara revelação de Deus na realidade essa fase evolutiva conresponde a uma nova fase da vida, intermediaria. Estás então a resvalar, provavelmente inconscientemente, para as teses do espiritismo.

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