Citação:Zé
Bom, Camilo, então já se vê que não é por razões financeiras que não se deve permitir que homossexuais casem... Tu já usaste esse argumento.
Quando os heterossexuais casam, é para quê senão para haver um reconhecimento social da relação? Nisso que diferença há entre heterossexuais e homossexuais?
Já quanto a taxas de DST, se as relações heterossexuais fossem mal vistas e reprimidas, gostava de ver o que aconteceria às respectivas taxas de DST e a nível de comportamentos desviantes...
Zé, até agora a minha argumentação focou-se apenas num ponto.
Os deveres de um eventual casamento homossexual são naturalmente diferentes dos deveres da enorme maioria dos casais hetero. A grande maioria destes mais cedo ou mais tarde tem filhos e dos que não têm a grande maioria enfrenta a esterilidade como uma provação.
A igualdade de direitos não deve ser atribuida a quem não terá a igualdade de deveres... e o custo e trabalho de criar os filhos é grande. Independentemente das motivações psicologicas individuais o estado deve atender ao bem comum e às diferente natureza dos dois casos.
A argumentação que usei até agora serve para refutar essa igualdade de direitos. Para refutar em absoluto a hipotese de um casamento homossexual, com direitos diferentes do casamento heterossexual a argumentação é insuficiente.
(abro um paretesis para convidar a pensar sobre a razão de existirem os direitos e deveres dentro de um casamento. Porque razão existe tal direito e tal dever? Será que este direito em concreto deve-se a uma perpectiva de descendencia ou pela existencia de um projecto de vida em comum, com economia comum? Relembro neste parentesis o caso dos irmãos que vivem juntos, na sua grande maioria sem manterem relacionamento sexual. Se os homossexuais passarem a ter os direitos inerentes a uma vida em comum não deveriam esses irmãos ter os mesmos direitos?)
Considerar o direito ou não de os homossexuais casarem, passarem a usufruir do direito à marca "Casados" (e é isso que a maioria dos que casam querem, é o reconhecimento social, não os direitos inerentes que a maioria não conhece bem), será uma reflexão diferente. (aliás creio que já tinha dito isso aqui)
Aí estão implicadas outras questões. Espero chegar aí mais tarde neste ou noutro topico.
Actualmente há muitos nascimentos fora do casamento e muitos divorcios mas estatisticamente os casamentos são mais estaveis que os outros tipos de relacionamento. Isso reflete-se, e não pouco, nos filhos.
O estado deve apostar na familia, no casamento, para beneficio das futuras gerações.
Aqui intrinca a minha argumentação até agora, os direitos das familias devem ser aumentados, não devem ser penalizadas fiscalmente como têm sido. A minha argumentação serve melhor para defender um aumento do apoio aos casais hetero, com filhos ou com perspectivas de os virem a ter que a refutar o direitos dos homossexuais a usufruirem da marca "casamento".
Coloca-se uma questão, se os homossexuais vierem a usufruir da marca "casados" isso desvaloriza o mesmo estatuto para os casais hetero, diminuiu em algo a estabilidade desses casais por alguma diminuição de prestigio da "marca" a nivel social? Marca essa que já está bastante afectada no seu prestigio pelo elevado nivel do divorcio (que pelo que li é maior entre os casais homossexuais nos paises que até agora aprovaram esse casamento).
Quero fazer notar que o eventual legislador tem aqui um eventual conflito entre o bem comum e o direito individual.
Lembro de novo o caso das visitas de hospital. Eu nas minhas visitas ao hospital já encontrei irmãos a quem foi negada a visita porque os cartões de visita estavam com a mulher, um homem que vivia em união de facto a quem foi negada a visita porque os cartões estavam com a mãe da companheira (o sistema de autorização de visitas varia de hospital para hospital e estes casos passaram-se no hospital de São João).
Mesmo alguns deveres e direitos actuais do casamento podem ser considerados em colisão com o direito individual, nomeadamente o direito sucessorio. Porque não pode alguem deixar em testamento a quem quiser mais que 1/3 dos seus bens porque os restantes são obrigatoriamente para a mulher e para os filhos?
Este tipo de direitos implica algum consenso social.
E é neste enquadramento de consenso social, em relação aos direitos individuais, de associação, de eventual prestigiação da instituição do casamento, de aceitação social da homossexualidade e da diferença que o direito à marca "casados" deve ser feita.
Diga-se que mais cedo ou mais tarde a emigração tambem colocará a questão da poligamia. Os eventuais casamentos homossexuais apressarão essa questão. Na Holanda já há uniões de facto poligamicas reconhecidas. EM França embora não sejam reconhecidos casamentos poligamicos o estado paga as pensões de viuvez às diferentes viuvas de um casamento poligamico realizado noutro pais (muitos emigrantes em França vieram de paises aonde existe essa possibilidade).
Quanto às DST creio que a razão, ou razões, são outras.
Em primeiro lugar a propria natureza masculina. Muitos homens heterossexuais não são mais promiscuos simplesmente porque as mulheres não o são.
De raspão li um editorial no jornal publico em que comentavam um estudo feito no qual uma mulher considerada muito bonita convidava varios homens para a cama ao fim de uns minutos de conversa. A grande maioria aceitou. No mesmo estudo um homem considerado tambem muito atraente fazia o mesmo mas a grande maioria da mulheres recusou (salvo erro 90%).
Este é um dos principais factores da menor promiscuidade no meio heterossexual. As mulheres são menos promiscuas que os homens.
Outro factor é o envolvimento numa relação com filhos ou com perspectiva de os vir a ter. Esse factor os homossexuais muito dificilmente o terão.
Um terceiro factor, que me admira ver ausente das tuas mensagens, é para além dos homossexuais "puros" há um grupo quase equivalente de bissexuais. Segundo tenho lido os bissexuais são de todos os mais promiscuos. Aliás alguns são verdadeiramente predadores sexuais que experimentam de tudo e chegam às relações homossexuais numa curiosidade nociva desse experimentar de tudo. São verdeiros focos de infecção e têm normalmente muitos outros comportamentos de risco para além das relações sexuais de risco.
Outro factor, muitas vezes decisivo, tem a ver com o sexo anal, mais frequente entre os homossexuais que entre os heterossexuais. No caso da SIDA uma relação sexual anal tem um risco de contagio ~20 vezes maior que uma relação vaginal. Atendendo a que o preservativo diminuiu o risco 5 a 20 vezes vemos que o risco da relação anal com preservativo é igual ao da relação vaginal sem preservativo.
sucintamente é por aqui
Editado 1 vezes. Última edição em 28/05/2007 11:06 por camilo.