As vezes fico tão triste com coisas que leio aqui...
Paulo antes demais deixa-me dizer que escolha do reportório musical é uma questão estética e bom gosto e em nada se relaciona com a questão da celebração litúrgica.
Depois se a questão é a liberdade que se concede a uns e ausencia de liberdade para outros, eu gostava de pedir em prol da minha liberdade que retirem os bancos grandes e desconfortáveis e que ponham uma boa de uma boa e quentinha carpete. Depois se não for pedir demais queria comungar sempre em duas espécies, que a Homilia contemple um espaço de silêncio e que exista pão benzido para os divorciados e os catecumenos. Pode ser?
Cristina,
A questão da missa ser celebrada em várias línguas (sempre em vernáculo) prende-se pela mesma razão que se optou por utilizar menos o latim, para que as pessoas possam comprender o que estão a celebrar. Não sei se tens a experiência de ser emigrante mas acredita que não exista nada melhor do que participar na celebração na tua língua materna. Repara ainda, que mesmo que sejas extremamente fluente numa língua, existem coisas intímas que tu fazes sempre na tua língua. Dou-te o meu exemplo. Embora já conheça o Pai Nosso em polaco tento sempre que possível e discretamente dize-lo em português onde encontro sentido e profundidade nas palavras.
Deixa-me que te diga existem missas em Russos, poucas são católicas e normalmente são celebradas nas Igrejas Católicas à falta de local de culto ortodoxo ou greco católico.
Compreendo que com a Missa Tridentina possas sentir o Sagrado mais próximo mas olha eu sinto Deus muito mais próximo quando estou sentado/ajoelhado no chão a cantar durante toda a celebração. E agora o que fazemos? Ora aqui está um dilema...
Permite-me que te corrija que o regresso ao sagrado em nada se relaciona com o essencial da Missa porque esta sempre foi e é lugar de encontro com Deus e com os outros.
Citação:Paulo
Perdeu-se a noção do que é Sacro. Tudo serve para ser cantado na missa. Basta ver a banalização das Igrejas. Muita gente vai a casamentos e baptizados e comporta-se melhor no restaurante do que na Igreja. Ja vi gente aos gritos em cima dos bancos, ja vi uma senhor a fumar ja dentro da Igreja com o cigarro para fora da porta.
As pessoas deixaram de entender a dimensão Sagrada. Por isso tudo se canta, tudo se veste. Banalizou-se. Do 80 passou-se para o 8.
Gostava de saber se isto tem alguma coisa a ver com a Missa de hoje?
Como disse, não tenho problema em que se celebre a Missa de Pio V. Como já disse outras vezes, até existem algumas coisas que gosto mas continuo sem que me rebatam alguns dos pontos que apresentei alguns posts antes, sobre razões porque acho que a substituição era necessária e conveniente.
Por último gostava de comentar a intervenção do Camilo...
Há uma falha no rito actual, falta-lhe emoção, é seco, então feito da habitual forma atabalhoada mais seco se torna.
Gostava de perguntar-te em que rito é celebrada a missa em Taizé, em Fátima, nos Encontros Mundiais da Juventude, nos Focolares, no Caminho e nas missas Papais?
Achas que o problema é do rito litúrgico ou da estrutura da Igreja em que o sistema de paróquias é cada vez mais incompatível com a vida das pessoas e com a forma com que a vida paroquial é vivida e admnistrada.
O rito tridentino, que nunca presenciei, pelos relatos que me fazem, transmitia mais emoção, mais sentimento apesar da menor intervenção do povo. Era o sentimento do temor de Deus mas apesar de tudo tem emoção e sentimento.
O rito actual parece-me um esqueleto.
Gostava de te perguntar onde sentes mais emoção, numa ópera, numa espetáculo de ilusionismo ou no cinema? Agora qual é o fio condutor destes tres espetáculos e a Missa Tridentina? É algo que é feito por outros em que a tua presença não é essencial para a acção. Na missa Tridentina basta existir um Padre e um acólito que responda. Que tipo de acção é essa que as pessoas passavam o tempo a rezar o terço e a lerem o breviário?
Parece-me que quem o criou, pensou-o desta forma para que depois nas paroquias esse esqueleto fosse revestido da forma adequada celebração a celebração. Mas isso normalmente não se faz, e o resultado é frequentemente frio, algo que não é carne nem peixe.
Na minha opinião quando se reformulou a missa havia a necessidade de:
1- Retomando a tradição pré-tridentina ter as tres leituras e ao mesmo tempo atraves do sistema de anos permitir que o crente tenha acesso a mais leituras da Bíblia.
2- Novamente retomando a tradição pre-tridentina usar o sermão como catequese.
3- Aumentar a participação e o envolvimento da comunidade nas celebrações.
Para outras razões recomendo a leitura do post do Alef na primeira página deste tópico.
Em comunhão