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Re: Serei cristão?
Escrito por: Isabella (IP registado)
Data: 09 de July de 2009 02:56

Por essas e outras anda tudo fugido das igrejas! Muita pena que tenham essa visão tanto o Francisco como o firefox. Se tiverem um problema no trabalho, devem sair e procurar outro? Respondam sff.

Re: Serei cristão?
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 09 de July de 2009 04:33

Citação:
Isabella
Por essas e outras anda tudo fugido das igrejas! Muita pena que tenham essa visão tanto o Francisco como o firefox. Se tiverem um problema no trabalho, devem sair e procurar outro? Respondam sff.

Isabella, poderia me explicar que visão é essa que acha que eu tenho? Já escrevi sobre vários assuntos, então não tenho certeza ao que se refere.

Re: Serei cristão?
Escrito por: FranciscoG (IP registado)
Data: 09 de July de 2009 09:36

Citação:
Isabella
Por essas e outras anda tudo fugido das igrejas! Muita pena que tenham essa visão tanto o Francisco como o firefox. Se tiverem um problema no trabalho, devem sair e procurar outro? Respondam sff.

Isabella,

pergunto, em primeiro lugar, como o firefox: que visão é essa? Já deu para ver que eu e o firefox temos visões muito diferentes em certas coisas.

Não é por essas e outras que anda tudo fugido das igrejas. As pessoas fogem das igrejas porque não sabem distinguir entre o que é de Deus e o que é dos homens. Posso dizer-lhe que a minha família teve, há uns anos, um problema muitíssimo sério com um sacerdote e a comissão fabriqueira da paróquia.
Pensa que deixámos de ir à missa por causa disso? Optámos por não colocar a paróquia em tribunal e deixar o assunto correr por si mesmo até que o tempo sanasse as coisas. Contudo, nunca deixámos de ir à Missa mas passámos a ir mais vezes a outras paróquias e a outras igrejas.

É esta a distinção entre o ser verdadeiro católico e ser um católico com ira pelo facto de haver gente menos boa, orgulhosa, com ânsia de protagonismo, etc, na Igreja.

A questão é: se eles fazem mal, estão a condenar-se a eles mesmos. Se eu deixo de fazer o que a Igreja me pede para a minha salvação, estou a condenar-me a mim mesmo. Donde, prefiro evitar a minha condenação e mudar eu do que mudar o mundo, porque isso eu não consigo.

E sim, se o problema de trabalho for demasiado complicado, ainda que a culpa não seja minha, e eu não tiver forma de o solucionar facilmente, prefiro mudar de trabalho a continuar a aguentar uma situação que só me prejudica a mim e aos que me rodeiam.
Não é fuga... é sensatez...

Re: Serei cristão?
Escrito por: FranciscoG (IP registado)
Data: 09 de July de 2009 10:35

Citação:
Anori
Na minha opinião a perfeição que referes, Deus, inclui o que consideramos os opostos! Bem e mal, são o equilibrio...frio-calor; doce-amargo; áspero-macio; alto-baixo...só existem, só fazem sentido na existência um do outro!
Como ias reconhecer a luz, sem a escuridão? Ela só faz sentido nas trevas! O dia sem a noite, a noite sem o dia...o alto, não pode ser na ausência do baixo, eu não posso ser na ausência daquilo que não sou!
Também nós somos natureza...

Anori,

não sou propriamente um adepto do estruturalismo, pelo que essa perspectiva dicotómica sempre me pareceu extremamente redutora. Eu gosto muito de toucinho do céu, gosto menos de mousse de manga, gosto pouco de rabanadas e não gosto nada de cuscurões. 1 e 0, verdadeiro e falso, são para os computadores. Entre mousse de manga e toucinho do céu, escolherei sempre o segundo. Mas entre cuscurões, rabanadas e mousse de manga, não terei dúvidas quanto à mousse de manga. (Não quero criar um tópico de culinária... eheh)
E, obviamente, para mim, é inadmissível a existência de Mal em Deus... Para mim, o mal é a ausência de amor a Deus.

Citação:
Anori
... [se] respeitássemos de uma forma mais harmoniosa e não apenas temendo e recorrendo ao constante pecado-confissão, pecado-confissão!!!
Não será o corpo de Deus, que Jesus pretendeu mostrar...Namaste!

Não sou um grande fã das culturas orientais! Aliás, uma das razões é exactamente essa perspectiva dicotómica e de busca de equilíbrio. Na minha humilde ignorância, esse equilíbrio entre bem e mal não tem outro nome que não seja tibieza: nós temos que ser bons e não andar aí a equilibrar na corda bamba.
Para mim, o Santíssimo Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo está acima de qualquer adjectivo que lhe possamos dar, seja ele oriental, ocidental, setentrional ou meridional. :)

Cordiais saudações,

Francisco

Re: Serei cristão?
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 10 de July de 2009 06:07

Francisco,

Outro dia conversávamos e citei Mestre Eckhart. Por acaso, ou melhor, não por acaso, tenho-o lido novamente, e isso tem-me motivado em questões importantes relacionadas com as minhas orações. Preferi escrever essa msg desvinculada de qq quote, mas cito abaixo algumas passagens de Mestre Eckhart que me tocaram forte e tem muita relação com coisas que temos lido aqui:

"A oração mais eficaz - poder-se-ia dizer a mais poderosa - para adquirir todas as coisas, e que é também a obra mais digna de todas, é a de um espírito livre. [...] O espírito livre pode tudo. Que é um espírito livre? Um espírito livre é o que não é perturbado por nada e não é prisioneiro de nada, que não ligou o melhor de si mesmo a nenhuma moda e que não pensa em nada que seja seu; completamente mergulhado na amada vontade de Deus, ele saiu de si mesmo. Ninguém pode realizar uma obra, por mais modesta que seja, salvo aquela que extrai daí sua força e seu poder." (Diálogos Espirituais 2)

Para Eckhart, a obediência é caminho para santidade e encontro com Deus, muito mais do que um adorno moral, ela é saída de si mesmo e êxtase sem retorno ou limite. É preciso deixar cair os "eu quero isto e quero aquilo" e sobretudo os "não quero". Deve-se abandonar todos os apegos para se tornar um "espírito livre", o único capaz de uma verdadeira oração.

"Mesmo que você não o saiba e o julgue de outra maneira, qualquer inquietude que se eleva em você, querendo-o ou não, só provém de sua vontade própria. Compreendamo-nos bem: afastar isto, buscar aquilo, evitar determinados lugares ou certas pessoas, ou uma maneira de ser, ou ainda a multidão ou as obras - não está nas coisas ou nas maneiras de ser a causa de suas dificuldades. Acuse-se tão somente a si mesmo, é você que se comporta mal a esse respeito. Comece, pois, em primeiro lugar, por si mesmo e abandone-se." (Diálogos espirituais 3)

Para Eckhart, o apego aos modos é sinal indubitável de que nos comportamos com relação a Deus como consumidores. Encarregamos Deus de nos fornecer tudo que nos é agradável, como um camponês faz como uma vaca, de fato, muitos se dirigem a Deus como um camponês se dirige a uma vaca. Um camponês ama sua vaca pelo leite e pela manteiga que pode tirar dela...

Para quem se interessar, há um ótimo texto de introdução a Mestre Eckhart: Lançai-vos em Deus

É ótima leitura e recomendo com entusiasmo. A autora é uma monja dominicana que cresceu nessa espiritualidade e fala com muita propriedade e muita paixão, sem perder a clareza. Único aviso, o enfoque é principalmente na espiritualidade, sem muita entrada naquelas já famosas complicações filosóficas atribuídas à metafísica de Eckhart. Quem procura, então, uma boa leitura espiritual não vai se arrepender de ler esse.

Paz e Bem

Re: Serei cristão?
Escrito por: FranciscoG (IP registado)
Data: 10 de July de 2009 09:54

Bom dia Firefox!

Obrigado pelas citações de Mestre Eckhart que aqui nos apresenta. Aproveitarei para levá-las à oração.

Cumprimentos,

Francisco

Re: Serei cristão?
Escrito por: Anori (IP registado)
Data: 10 de July de 2009 13:48

Olá Francisco!

Citação:
Francisco
E, obviamente, para mim, é inadmissível a existência de Mal em Deus... Para mim, o mal é a ausência de amor a Deus.

Essa questão é bem mais complicado do que aparenta...Qualquer um de nós opta pelo bem, pelo caminho que evita o sofrimento e a dor, mas se o faz, se o percorre não se considera que seja Satanás, ou por influência dele que o fez...isso é mais uma criação da Igreja...o boss do inferno. Acho que esta perspectiva leva o homem ao abandono da sua responsabilização! Não é Deus que determina as minha boas acções, nem deverá ser o temor pelo inferno, mas sim pelo amor e respeito ao próximo e por tudo o que me rodeia.
Nunca nada poderá ser na ausência daquilo que não é...algo só será alto na presença de algo mais baixo.

Citação:
Francisco
Na minha humilde ignorância, esse equilíbrio entre bem e mal não tem outro nome que não seja tibieza: nós temos que ser bons e não andar aí a equilibrar na corda bamba.

Perante a condição fatalista do pecado, no homem vive o mal associado a ele, ou não? Não vejo aqui a ausência de uma necessidade de equilibrar! Se existe Satanás, não vejo outra hipótese que não seja equilibrar, se não o fizer-mos somos santos, perfeitos, ou então monstros, pecadores.
Acho que estás a reduzir a questão de forma radical...tibieza?!!! É mais fácil cair? Ou manter em cima da corda? Sou eu que tenho de me manter em cima da corda, não é entregar isso a Deus, ou a queda a Satanás.
Acho necessária, de grande utilidade, imprescindível a nossa responsabilização dos actos...fazer os milagres, não ficar à espera que aconteça.


até...

Re: Serei cristão?
Escrito por: Isabella (IP registado)
Data: 10 de July de 2009 16:34

Eu estou na dúvida se existe Deus ou não!

Re: Serei cristão?
Escrito por: Isabella (IP registado)
Data: 10 de July de 2009 16:41

Acho necessária, de grande utilidade, imprescindível a nossa responsabilização dos actos...fazer os milagres, não ficar à espera que aconteça.

Anori...
Acho muito bem... Nós é quem temos que fazer com que os milagres aconteçam.

Re: Serei cristão?
Escrito por: FranciscoG (IP registado)
Data: 10 de July de 2009 17:06

Olá Anori!

Essas são um conjunto de novas questões que se colocam e muito longe daquilo que estávamos a conversar...

1. Não percebo a primeira parte:
Citação:
Anori
Qualquer um de nós opta pelo bem, pelo caminho que evita o sofrimento e a dor, mas se o faz, se o percorre não se considera que seja Satanás, ou por influência dele que o fez...
Não vejo onde é que entra Satanás no caminho do "sofrimento e da dor"... O Satanás não é directamente responsável por todo o sofrimento e por toda a dor.

2. e depois,
Citação:
Anori
isso é mais uma criação da Igreja
não sei qual é a fonte para essa afirmação... Não me lembro de nenhum documento da Igreja onde apareça Satanás como responsável directo pelo sofrimento e a dor. Que o pecado original foi responsável pelo sofrimento e a dor, aí sim. Mas a Igreja sempre foi muito clara ao dizer que os responsáveis pelo Pecado Original são Adão e Eva. O tentador foi Satanás, mas quem cometeu o pecado foram os nossos primeiros pais... Eles podiam sempre ter evitado o pecado, mas acabaram por cair. Tinham liberdade para isso.

3. De seguida,
Citação:
Anori
Não é Deus que determina as minha boas acções, nem deverá ser o temor pelo inferno, mas sim pelo amor e respeito ao próximo e por tudo o que me rodeia.

E onde é que eu escrevi qualquer coisa que contrarie isso? Onde é que está escrito que só fazemos o bem porque Deus manda e para não ir para o inferno? Nós fazemos o bem porque é um dever nosso fazê-lo. A única coisa que acontece entre os cristãos é que, se fizerem o bem, têm o prémio final. Se o não fizerem, têm o sofrimento eterno. Outras religiões dirão: se fizeres o bem morres e és promovido a macaco, se fizeres o mal morres e és despromovido a ratazana...
Eu sei que se fizer bem o meu trabalho, posso receber um prémio final ou um louvor do meu chefe. Mas devo fazê-lo bem independentemente desse louvor ou prémio. Da mesma forma, eu sei que, independentemente da salvação ou não, eu devo fazer o bem. Aliás, se fizesse o bem pensando - "com isto salvo-me" - poderia, em última análise, estar a pecar contra o Espírito Santo, o que é mais grave do que qualquer outra coisa.
Agora, na dúvida, e há sempre situações de dúvida, é Deus quem deve determinar as minhas acções. Posso perguntar-me: ficaria Deus contente comigo se fizesse desta maneira? Aí, pensar em Deus e na nossa salvação ajuda a fazer o bem. Muitas vezes, por exemplo, as pessoas tendem a actuar com sentimentalismo e não com justiça. Só pensam em Deus Amor e não pensam em Deus Justo. Pensar na justiça divina ajuda-nos a fazer melhores juízos, independentemente das nossas tendências sentimentais.

4.Finalmente:
Citação:
Anori
Nunca nada poderá ser na ausência daquilo que não é...algo só será alto na presença de algo mais baixo.

Frase complexa, esta...
Primeiro, o mal é um qualificativo, um atributo, um adjectivo. Eu não falei que o mal tinha personificação. O mal não tem personificação porque é ausência de amor a Deus. Ou seja, eu posso qualificar Deus como bom em si mesmo. Mas não há um contrário de Deus. Donde, não há nada sumamente mau. Nem Satanás é um contrário de Deus, porque Satanás foi criado por Deus e, por isso, sempre será inferior a Ele. Os poderes de Satanás são limitados. Os de Deus, não! Deus não permite que Satanás tire a vida. Deus pode determinar a nossa morte e tirar a vida porque é nosso criador, nosso Senhor! Deus não luta contra Satanás. Deus manda os seus anjos lutar contra Satanás. Bastava Deus dizer - desaparece Satanás, e Satanás deixaria de existir. É um reducionismo muito grande colocar Deus ao nível de uma das suas Criaturas... e um absurdo lógico, também, do meu ponto de vista.
As coisas podem existir na ausência de opostos dos seus qualificativos. O que eu posso é ter dificuldade em quantificar ou qualificar essa entidade. Eu não posso dizer que determinada coisa é alta se não tiver uma semelhante mais baixa com a qual a possa comparar. Mas isso não significa que essa coisa não exista. De igual forma, não se pode confundir um acidente com a substância. Ou, por outro lado, eu não posso dizer que um cego não tem olhos. Ele pode ter olhos, apesar de não ver. Ver, é uma capacidade que nos advém por determinados órgãos sensoriais. Mas não é pelo facto de os ter que eu vejo.
E, por vezes, os atributos qualificam-nos, apesar de não serem valorizáveis quando estão ausentes. Por exemplo, quando tenho uma determinada doença. Quando tenho gripe, digo que tenho gripe. Mas quando não tenho gripe não preciso de dizer que não a tenho, a não ser quando sou obrigado a comparar com outra situação ou a recordar a gripe. Não faz sentido dizer que sou um "agripado" quando estou saudável. Mas faz sentido dizer que tenho gripe quando estou doente.

Citação:
Anori
Perante a condição fatalista do pecado, no homem vive o mal associado a ele, ou não?
O cristianismo não vê no pecado um fatalismo. Minto... nem todo o cristianismo vê no pecado um fatalismo e, por natureza, a Igreja Católica não pode ser fatalista. Há sempre lugar para o arrependimento: Confissão!
No homem não vive o mal. O mal existe cada vez que um homem se recusa a fazer algo bom. Ou seja, cada vez que um homem pode optar por realizar determinada acção em função do bem, não o faz. O mal é um qualificativo de uma acção, não uma acção propriamente dita. Mal é adjectivo, não substantivo. Mais uma vez, o mal não tem personalidade: é ausência de algo.

Citação:
Anori
Acho que estás a reduzir a questão de forma radical...tibieza?!!! É mais fácil cair? Ou manter em cima da corda? Sou eu que tenho de me manter em cima da corda, não é entregar isso a Deus, ou a queda a Satanás.
Acho necessária, de grande utilidade, imprescindível a nossa responsabilização dos actos...fazer os milagres, não ficar à espera que aconteça.

A únicas pessoas que não se responsabilizam pelos males que praticam, são os não crentes. Todos os verdadeiros Católicos sabem que necessitam de se sentir responsáveis por um determinado pecado para que ele seja perdoado na Confissão. Se assim não for, o pecado não fica perdoado e comete sacrilégio gravíssimo se se aproximar de novo da Sagrada Comunhão.

Cumprimentos,

Francisco

Re: Serei cristão?
Escrito por: Isabella (IP registado)
Data: 10 de July de 2009 20:27

A únicas pessoas que não se responsabilizam pelos males que praticam, são os não crentes. Todos os verdadeiros Católicos sabem que necessitam de se sentir responsáveis por um determinado pecado para que ele seja perdoado na Confissão. Se assim não for, o pecado não fica perdoado e comete sacrilégio gravíssimo se se aproximar de novo da Sagrada Comunhão.

Cumprimentos,

(Francisco)

Francisco...eu diria...as únicas pessoas que não se responsabilizam pelos males que praticam, são os Falsos Católicos. Por isso já aí falei daqueles que dão a comunhão e tratam mal as mães e por sinal viúvas.

Re: Serei cristão?
Escrito por: Desconhecido (IP registado)
Data: 10 de July de 2009 21:29

Citação:
A únicas pessoas que não se responsabilizam pelos males que praticam, são os não crentes.

Diz-se que o Diabo também acredita em Deus, e treme quando pronunciado o seu nome. Também não se responsabiliza pelo que faz.

cumps

Re: Serei cristão?
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 10 de July de 2009 21:41

Caro Desconhecido:

Que significa exactamente «acreditar» quando referes que «diz-se que o Diabo também acredita em Deus»? Não estaremos aqui a cair em equívocos desnecessários?

Alef

Re: Serei cristão?
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 10 de July de 2009 22:44

Citação:
Anori
Qualquer um de nós opta pelo bem

Isso é falso, mas a discussão seria longa e encerra muitas questões teológicas e filosóficas. Vou resumir bastante com uma colocação que se encaixa dentro da perspectiva cristã: vc está desconsiderando a vontade, o querer, a capacidade e a liberdade. É plenamente possível, e de fato acontece, que alguém saiba que algo faz mal e ainda assim escolha praticar esse mal. Um exemplo muito simples: fumar! Outra situação mais complexa é aquela apresentada por Paulo: não faço o bem que quero e faço o mal que não quero. Logo, no ato estão em jogo, além da vontade, do querer, do desejo, a possibilidade, a capacidade e a liberdade... Resumindo, nem todos optam sempre pelo bem, isso para não falar ainda do engano.

Citação:
Anori
pelo caminho que evita o sofrimento e a dor

Aqui caberia discutir se essa visão hedonista do bem pode ser considerada definitiva. A questão filosófica sobre o bem é muito mais rica e não se encerra no epicurismo. Se interessa esse assunto, sugiro a leitura do Ética a Nicomaco (Aristóteles), onde é debatido esse tema.

Citação:
Anori
mas se o faz, se o percorre não se considera que seja Satanás, ou por influência dele que o fez...isso é mais uma criação da Igreja...o boss do inferno.

Aqui, numa frase apenas, já se apresentam várias falácias. Satanás não é uma criação da igreja, não se trata de nenhum "boss do inferno", e provavelmente vc está trabalhando com uma imagem de "inferno" completamente diferente daquela que a igreja tem em mente qdo se refere a esse conceito (que, aliás, não é um lugar).

Citação:
Anori
Acho que esta perspectiva leva o homem ao abandono da sua responsabilização!

Nada mais falso, mas seu engano é compreensível pelo fato de vc não conhecer nada ou quase nada da teologia cristã.

Citação:
Anori
Acho necessária, de grande utilidade, imprescindível a nossa responsabilização dos actos...fazer os milagres, não ficar à espera que aconteça.

Pelo fato de não conhecer o cristianismo, vc não deve saber que o quietismo já foi a muito considerado heresia.

Paz e Bem.

Re: Serei cristão?
Escrito por: Desconhecido (IP registado)
Data: 10 de July de 2009 22:47

Citação:
Alef
Caro Desconhecido:
Que significa exactamente «acreditar» quando referes que «diz-se que o Diabo também acredita em Deus»? Não estaremos aqui a cair em equívocos desnecessários?

Alef

Acreditar no sentido de saber que ele existe.

Re: Serei cristão?
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 10 de July de 2009 23:35

Caro Desconhecido:

Se acreditar significa «saber que ele existe», então temos aqui vários problemas:

a) acreditar em Deus não é exactamente o mesmo que acreditar na existência de Deus;

b) «acreditar», na acepção que referes, tem um significado diferente quando se trate de seres humanos ou do Diabo;

c) pode-se acreditar na existência de Deus sem se acreditar em Deus (no primeiro caso dá-se ou tira-se crédito à existência; no segundo caso dá-se ou tira-se crédito à Pessoa);

d) na acepção que usas, acreditar não é exactamente o mesmo que ter fé. O Diabo pode ter todas as certezas da existência de Deus e, no entanto, não tem fé. Se ter fé fosse admitir a existência de Deus e se a fé nos salva, então o Diabo não deveria salvar-se também?

Isto basta para perceber que é preciso clarificar os conceitos e evitar equívocos...

Classicamente, faz-se a distinção entre «credere Deo» (corresponde mais ou menos ao «acreditar que Deus existe» e «credere in Deum» (acreditar na Pessoa de Deus). Por isso é que Santo Agostinho liga a fé ao amor: credere in Deum (est) credendo amare (Tract. in John. XXIX, 6): acreditar em Deus é amar acreditando. Isto implica algo de muito importante: relação pessoal.

«Tu crês que há um só Deus? Fazes bem. Também o crêem os demónios, mas enchem-se de terror» (Tiago 2:19).

Alef

Re: Serei cristão?
Escrito por: Alpha (IP registado)
Data: 11 de July de 2009 00:16

Olá Alef,

Citação:
Alef
Caro Desconhecido:
Se acreditar significa «saber que ele existe», então temos aqui vários problemas:

a) acreditar em Deus não é exactamente o mesmo que acreditar na existência de Deus;

b) «acreditar», na acepção que referes, tem um significado diferente quando se trate de seres humanos ou do Diabo;

c) pode-se acreditar na existência de Deus sem se acreditar em Deus (no primeiro caso dá-se ou tira-se crédito à existência; no segundo caso dá-se ou tira-se crédito à Pessoa);

d) na acepção que usas, acreditar não é exactamente o mesmo que ter fé. O Diabo pode ter todas as certezas da existência de Deus e, no entanto, não tem fé. Se ter fé fosse admitir a existência de Deus e se a fé nos salva, então o Diabo não deveria salvar-se também?

Isto basta para perceber que é preciso clarificar os conceitos e evitar equívocos...

Classicamente, faz-se a distinção entre «credere Deo» (corresponde mais ou menos ao «acreditar que Deus existe» e «credere in Deum» (acreditar na Pessoa de Deus). Por isso é que Santo Agostinho liga a fé ao amor: credere in Deum (est) credendo amare (Tract. in John. XXIX, 6): acreditar em Deus é amar acreditando. Isto implica algo de muito importante: relação pessoal.

«Tu crês que há um só Deus? Fazes bem. Também o crêem os demónios, mas enchem-se de terror» (Tiago 2:19).

Alef

Excelente post.

Cumprimentos

Alpha

Re: Serei cristão?
Escrito por: Desconhecido (IP registado)
Data: 11 de July de 2009 03:46

Citação:
Alef
Caro Desconhecido:
...

d) na acepção que usas, acreditar não é exactamente o mesmo que ter fé. O Diabo pode ter todas as certezas da existência de Deus e, no entanto, não tem fé. Se ter fé fosse admitir a existência de Deus e se a fé nos salva, então o Diabo não deveria salvar-se também?

Isto basta para perceber que é preciso clarificar os conceitos e evitar equívocos...


Não há equívocos nenhuns. Aliás, fui bem específico.
A tua citação bíblica da qual eu inspirei o meu comentário não deixa equívocos: "enchem-se de terror". Não me dizes nada que não seja de discernição óbvia.

O problema é que ser um verdadeiro católico tem que se lhe diga, porque até o Diabo faz o que faz porque acha que tem razão. Se assim não fosse, seria ridícula uma "eternidade" de dedicação a algo que se reconhece como farsa. Não é assim?
Temos assim então alguém que se responsabiliza pelo que faz, pois acha que tem razão, e que não acredita na mensagem de Deus (apesar de saber da sua existência). Do mesmo modo há muitos que se dizem "Católicos de gema" por acreditarem que são mesmo, apesar de muitas vezes deixarem muito a desejar.

Por isso Alef, talvez agora entendas o que queria dizer Jesus nessa citação, e onde eu queria chegar precisamente.

Não basta a fé para definir um bom cristão, pois uma fé sem boas obras (bons frutos) vale de pouco.

Por isso é falsa a afirmação de que só os "não crentes" é que não se responsabilizam pelos seus actos.

cumps

Re: Serei cristão?
Escrito por: Anori (IP registado)
Data: 11 de July de 2009 12:34

Firefox,

Citação:
Firefox
Isso é falso, mas a discussão seria longa e encerra muitas questões teológicas e filosóficas. Vou resumir bastante com uma colocação que se encaixa dentro da perspectiva cristã: vc está desconsiderando a vontade, o querer, a capacidade e a liberdade. É plenamente possível, e de fato acontece, que alguém saiba que algo faz mal e ainda assim escolha praticar esse mal. Um exemplo muito simples: fumar! Outra situação mais complexa é aquela apresentada por Paulo: não faço o bem que quero e faço o mal que não quero. Logo, no ato estão em jogo, além da vontade, do querer, do desejo, a possibilidade, a capacidade e a liberdade... Resumindo, nem todos optam sempre pelo bem, isso para não falar ainda do engano.

Eu diria antes, e era aí que queria chegar, e voltando sempre ao mesmo que bem e mal são relativos...depende de cultura para cultura por exemplo, até de individuo para indivíduo...não quer dizer ao meus olhos que seja o bem, ou antes um bem considerado pela sociedade em geral. Por isso mesmo considero a questão do pecado discutível. Como disse a questão é muito mais complexa do que aparenta.

Citação:
Eu
Qualquer um de nós opta pelo bem, pelo caminho que evita o sofrimento e a dor, mas se o faz, se o percorre não se considera que seja Satanás, ou por influência dele que o fez...

a propósito de...

Citação:
Firefox
Aqui caberia discutir se essa visão hedonista do bem pode ser considerada definitiva. A questão filosófica sobre o bem é muito mais rica e não se encerra no epicurismo.

Não evidenciei atitudes egocêntricas ou prejudiciais ao próximo. Essa perspectiva resulta da tua interpretação de uma existência isolada, utilizei-a não isolando o Eu dos outros. Quando separo o lixo em casa, a minha atitude vai beneficiar todos, a Terra, se me dá prazer? Sim, ignorar isso seria hipocrisia. Quando ajudas alguém, fazes pelo outro, por generosidade, mas tens prazer com isso!
As questões ficam encerradas de acordo com a relevância que lhe damos, a abrangência de conceitos que aborda e alcance...sociedade ou individual, na sociedade encontramos conceitos muitos mais homogéneos...se tratamos indivíduos a diversidade é notória.
Para uns comer um rebuçado é muito, para outros comer um pacote não é nada. Perante alguns crimes alguns países aplicam a pena de morte, outros países não têm pena de morte sequer.

Citação:
Firefox
Aqui, numa frase apenas, já se apresentam várias falácias. Satanás não é uma criação da igreja, não se trata de nenhum "boss do inferno", e provavelmente vc está trabalhando com uma imagem de "inferno" completamente diferente daquela que a igreja tem em mente qdo se refere a esse conceito (que, aliás, não é um lugar).

É bastante complicado perceber exactamente o que a Igreja acha ou não, em muitos comentários se diz "Todos os cristãos pensam x e agem x", depois surgem dois cristãos e afinal pensam Y, e agem Z...vêm outro "Todos os cristãos pensam e Y e Z"...todos...nenhum...um ou dois...três ou quatro...
Se a Igreja pensa x os cristãos católicos devem pensam x1, x2, x3...é claro que eu posso pensar yx1.

Citação:
Firefox
Nada mais falso, mas seu engano é compreensível pelo fato de vc não conhecer nada ou quase nada da teologia cristã.

Sei o que sei...relativo!! Vamos ser sinceros "Se eu sublinhar tudo o que dizes, já sou entendida na matéria!", acho que essa opinião diz mais respeito aos dados que dou mais relevância face a outros.

Citação:
Firefox
Pelo fato de não conhecer o cristianismo, vc não deve saber que o quietismo já foi a muito considerado heresia.

Muito humorístico...e deveria ser necessário uma autoridade considerar uma coisa dessas heresia...bastante ridiculo!!! Isso parte exactamente da ideia que se deu e alguns continuam a dar de Deus...
Considerar o quietismo heresia...que estupidez...foi o que lhes ensinaram!

Re: Serei cristão?
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 11 de July de 2009 14:23

Desconhecido,

Um pouco mais de cuidado, pq ao tentar rebater rápido demais, procurando justificar-se sem a atenção necessária vc apenas está acentuando ainda mais a contradição nas suas intervenções. Primeiro, em resposta a uma msg do Francisco, tentou rebater com a seguinte:

Citação:
Desconhecido (10-07-09 - 21:29)
Diz-se que o Diabo também acredita em Deus, e treme quando pronunciado o seu nome. Também não se responsabiliza pelo que faz.

Mas logo depois, qdo o Alef revelou a falha no seu raciocínio (emprego da noção de crença em sentido dúbio), vc entrou em contradição com essa:

Citação:
Desconhecido (11-07-09 - 3:46)
O problema é que ser um verdadeiro católico tem que se lhe diga, porque até o Diabo faz o que faz porque acha que tem razão. Se assim não fosse, seria ridícula uma "eternidade" de dedicação a algo que se reconhece como farsa. Não é assim? Temos assim então alguém que se responsabiliza pelo que faz, pois acha que tem razão, e que não acredita na mensagem de Deus (apesar de saber da sua existência).
(...)
Por isso é falsa a afirmação de que só os "não crentes" é que não se responsabilizam pelos seus actos.

Decida-se. Os não-crentes responsabilizam-se ou eles não se responsabilizam. Num momento vc afirma que alguns não se responsabilizam por seus atos, em seguida diz que todos se responsabilizam sempre pois fazem o que fazem pq "acham que tem razão". Essa é de doer. Parece que, para tentar rebater ao Francisco vc afirma uma coisa, depois para tentar rebater ao Alef afirma o oposto. Primeiro empregou mal o termo "acreditar", agora emprega mal o conceito de "razão". No desejo de rebater rápido as afirmações dos outros, acontece que respondes mal e com isso só te enrolas cada vez mais. Assim, no momento, ou até que mude de novo ou esclareça isso melhor, de acordo com sua última fala todos se responsabilizam sempre pelos seus atos, pois todos fazem o que fazem pq "acham que tem razão"...

Vc emprega "razão" como?
- Como faculdade (capacidade de distinguir o verdadeiro do falso que oferece um referencial de orientação, capacidade de aprender)?
- Como fundamento do ser (a razão de ser de uma coisa, a essência ou substância)?
- Como discurso (pensamento que procede passo a passo, discorrendo, dianóia; em oposição ao pensamento intuitivo, imediato, em oposição à experiência e em oposição às sensações)?
- Como relação (sentido matemático, qdo se fala de razão direta ou inversa)?

Qdo afirmou "o diabo tem razão" não me pareceu que queria afirmar que ele tinha capacidade de raciocinar. Creio que empregou mal o conceito, e isso ficou mais claro a frente qdo falou de alguns que "acham que tem razão". Parece-me que estava empregando "razão" como se referindo a "verdade", no sentido de alguém que afirma que outros "acham que estão certos". O grande problema aqui, então, é que mais uma vez vc mistura os conceitos, no mínimo confunde "doxa" (opinião, aparência) com "epístheme" (ciência, saber fundado no lógos, fundamentado). Por alguém achar que tem razão não significa que tenha abandonado a doxa. Ora, não é difícil perceber que esse percurso conduzirá para a reflexão sobre o Absoluto, e nesse sentido torna-se completamente absurda sua tese de que "o diabo tem razão", posto que a "ciência" seria fundada em Deus, que é o Bem Absoluto.

Pelo exposto, pergunto de novo. O que realmente vc quer dizer com essa afirmação de que até o diabo (eu grafo em minúsculo) tem razão? Como vc emprega o termo "razão"?

Paz e Vento.



Editado 1 vezes. Última edição em 11/07/2009 14:26 por firefox.

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