Fóruns Paroquias.org
paroquias.org

  A participação no Fórum Paroquias.org está condicionada à aceitação das Regras de Funcionamento.
Inteligência Espiritual
Fóruns Paroquias.org : Geral

 

Ir para tópico de discussão: AnteriorPróximo
Ir para: Lista de fórunsLista de mensagensNovo tópicoPesquisarEntrar
Ir para a página: Anterior12345678910Próximo
Página actual: 7 de 10
Re: Crucifixos
Escrito por: Tilleul (IP registado)
Data: 05 de December de 2005 17:26

Laicismo


Francisco Sarsfield Cabral
A polémica sobre os crucifixos nas escolas tem passado ao lado do essencial a liberdade de ensino. Sendo o Estado agnóstico, deveria apoiar a educação dos filhos de quem não pode pagar colégios, incluindo os que preferem uma educação orientada por valores religiosos. Mas adiante.

A Igreja portuguesa, como aliás a francesa, vive hoje confortável no regime de separação do Estado, que tanta indignação provocou há um século. É certo que parece ainda existir um ou outro nostálgico do tempo em que o catolicismo era a religião oficial do Estado, sendo então as outras confissões proibidas no espaço público. Mas a polémica dos crucifixos evidenciou, sobretudo, a vontade de alguns de reduzirem a religião à esfera estritamente privada. Este laicismo - que se distingue de uma saudável laicidade do Estado - está errado por duas razões.

Primeiro, porque os símbolos católicos têm em Portugal uma dimensão histórica, sociológica e cultural inegável. Faria sentido, então, acabar com o feriado do Natal? Ou tapar as fachadas das igrejas, para não serem vistas? Não, claro, como seria absurdo eliminar em Israel feriados da religião judaica. Aliás, ainda não vi reclamar a eliminação de símbolos maçónicos em estátuas e monumentos nas nossas ruas, por ofenderem os que não partilham tais convicções. E os crucifixos, ofendem alguém? Haja bom senso.

Depois, é antidemocrático o laicismo que não tolera qualquer sinal religioso no espaço público. Cito o filósofo agnóstico Habermas "A neutralidade ideológica do poder do Estado, que garante idênticas liberdades éticas a todos os cidadãos, é incompatível com a generalização política de uma mundividência laica". Ou seja, sob a capa da neutralidade não se pode impor a todos, na prática, uma determinada concepção da vida e dos valores.

in Dn Online

Re: Crucifixos
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 05 de December de 2005 18:53

Subscrevo:

In hoc signo vinces»

Quando andava na escola primária, por cima do quadro de lousa, estavam lá os retratos do presidente do conselho e do presidente da República, ladeando o crucifixo.
Nas semanas seguintes ao 25 de Abril, os retratos foram «abatidos» á força dos tiros certeiros de giz, por parte das «forças avançadas» que nós então nos tornamos.
O dia que em caiu o estilhaçado Marcelo foi um dia histórico na nossa sala de aula.
Desconheço se o actual presidente do conselho e o PR continuam a fazer de partner ao crucifixo. Ou sequer se o giz é ainda utilizado como «arma de arremesso revolucionário».

Aparentemente, os crucifixos mantem-se no seu posto.

(...) Deve o Estado retirar tais símbolos religiosos?
Sim. Na medida em que

Entendo contudo que as comunidades locais possam optar pela presença e utilização de simbolos religiosos ou outras manifestações de carácter religioso em instalações do Estado. (o que não deve ser imposto, também não deve necessariamente ser proibido). No entanto, apenas na medida em que tais escolhas se possam inserir num contexto de livre expressão e sobretudo de educação e nunca como símbolo de autoridade, de potestas, como sucede com os crucifixos nas salas de aula ou nos hospitais.

Exemplificando: se determinada comunidade (inserida na Estado), decidir criar um presépio pelo Natal, respeitar o Ramadão, assinalar o Yon Kipur ou afixar um poster assinado pelos jogadores do Benfica (da época passada...), tal pode configurar uma manifestação legítima de autonomia e de respeito pelos valores comunitários locais, se assumir carácter voluntário, cultural, etc. Aí, também em nada se desrespeita a «neutralidade» do Estado, uma vez que este não está em questão.
Já seria inadmissível que tais manifestações ou símbolos assumisssem um carácter oficial e/ou obrigatório.


Nota 1: Julgo evidente que ninguém pretende retirar todos os sinais religiosos, nomeadamente, a simbologia cristã presente nos edifícios históricos pertença do Estado, da heráldica e emblemas institucionais, papel timbrado e tutti quanti. Seria ridículo e um atentado à memória e património cultural e histórico.

Nota 2: Um Estado que fosse realmente independente não estaria 30 anos à espera para retirar crucifixos das salas de aula.

Uma organização que fosse verdadeiramente independente, ao invés de alegar «perseguição» deveria simplesmente dizer: «não fomos nós que os lá pusemos, não seremos nós que os tiraremos. É algo que não nos diz respeito, pois não falamos do que se passa na casa dos outros».
Nota 3: em caso algum defendo que o Estado deva, por princípio, de alguma forma impedir a utilização das suas instalações por parte de comunidades religiosas ou que os simbolos religiosos devem ser afastados dos espaços propriedade pública. Pelo contrário, julgo que o Estado não se deve imiscuir nesses assuntos, nem impedir a fruição de bens públicos parte dessas comunidades."

Em www.ablasfémiablogspot.com

Re: Crucifixos
Escrito por: Anam (IP registado)
Data: 07 de December de 2005 15:01

Católica,

Estive a ler o que escreveste sobre a senhora que tem o marido alcoolizado.
Não quero ofender-te de forma alguma, mas, na minha opinião, acho que estás a ser pouco humilde quando te referes a esse caso não de amor, mas de dependência.
Dependência porquê?
Por não cederem nas dificuldades?
O teu comentário chocou-me um pouco, porque é precisamente isso que as pessoas comentam acerca dos meus pais que, por serem como são, nunca deveriam ter casado o ter filhos! A minha mãe é a visão do meu pai e o meu pai é o andar da minha mãe. Complementam-se fisicamente, é certo, mas não são dependentes.
Têm uma vida muito difícil, mas há amor.
O amor é isso mesmo: resistir às dificuldades da vida, por mais monstruosas que possam parecer.
Infelizmente, o facilitismo com que as pessoas acedem aos papéis de um divórcio, nem lhes dá a maturidade para reflectir, para viver juntos os momentos difíceis...
E quando pode haver realmente amor - ainda que no meio de algo tão difícil - as pessoas correm logo a desacreditá-lo, chamando-o de "dependência".


Jesus Cristo poderia estar a um palmo do nosso nariz que nós, com a mentalidade preconceituosa que temos em relação ao verdadeiro amor, nunca o reconheceríamos.

Anna e Sara

Re: Crucifixos
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 07 de December de 2005 16:06

O conceito de co-dependência emocional já aqui foi definido ( e bem ) pela Tony e relaciona-se com o conceito de alcoolismo ou toxicodependência.

Este conceito parte do pressuposto de que certas dependências químicas são uma doença não só do indivíduo afectado mas também do seu sistema familiar.
Alguns estudos verificam que a doença do alcoolismo manifesta sintomas específicos nas esposas e companheiros de dependentes químicos, dando origem ao conceito de co-dependência.
[www.adroga.casadia.org]

Normalmente uma das pessoas depende completamente da outra do ponto de vista da auto-estima e capacidade emocional., a ponto de se destruírem completamente, numa relação alienante.

O verdadeiro amor não é autodestrutivo . E não se trata de um juízo moral.

Re: Crucifixos
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 07 de December de 2005 16:14

Sobre o conceito mais amplo de code-pendência emocional face a um objecto de amor, o livro da psicoterapeuta familiar Robin Norwood, Mulheres que Amam Demais, editora Sinais de Fogo pode ajudar.


"Usamos os relacionamentos para afastar a dor", justifica Robin, "do mesmo modo que recorremos a substâncias que viciam, como as drogas e até o trabalho excessivo."

Partindo da ideia, consensual entre psiquiatras e psicólogos, de que a incapacidade para viver relacionamentos sãos se alicerça em padrões de comunicação disfuncionais aprendidos na infância e ao longo da adolescência, a autora apresenta inúmeros casos que acompanhou durante a sua prática clínica. Têm em comum o facto de se fascinarem por pessoas que irradiam problemas e uma dependência da emoção, nomeadamente da emoção negativa.

Esta atracção por parceiros ausentes, negligentes, violentos (física ou psicologicamente) ou imaturos é mais frequente no caso de filhos adultos de pais alcoólicos, toxicodependentes ou com segredos e disfunções familiares.

De forma inconsciente, acabam por envolver-se com pessoas muito parecidas com o pai ou a mãe com quem tiverem problemas ao longo do crescimento, perpetuando o tipo de comunicação que conhecem, na tentativa de resolver um conflito que lhes causou mágoa, dor ou raiva.




Re: Crucifixos
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 07 de December de 2005 16:15

Ora isto não é amor.....

Re: Crucifixos
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 07 de December de 2005 19:57

CP

Eu conheço aqui senhoras que tiveram pais maus e elas não seguiram o caminho do Pai. Conheço aqui rapazes que tiveram pai alcoólico e eles não o são. De um mau ninho pode sair um bom passarinho. Ninguém está livre de alguém cair num vício. É preciso é saber sair dele, quem possa sair. As pessoas amam-se e por ter um defeito, tentam viver com ele ou melhorar a situação. Aqui alguns casais divorciam-se há logo uma mulher para esse homem, há logo um homem para a outra mulher....para umas não serve, para outros já serve, nem entendo isto.
Alguns homens deixam a mulher e os próprios filhos e vão dar as mãos aos filhos dos outros.
Até por sinal nem acho que um homem tenha um amor verdadeiro a um filho, como tem uma mãe! Estou errada? Corrijam-me!

Problemas em casais todos têm, todos discutem. E quem disser que nunca discutiu com o marido, é mentira! O casamento é um barco, precisa de remos:)))

Re: Crucifixos
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 08 de December de 2005 00:04

Este homem é filho de pai alcoolico. Mas é 1 entre 8 irmãos e é o unico alcoolico. Dos outros irmãos há um que tem uma doença incuravel que o obrigou a reformar-se precocemente, fora isso nenhum problema que não exista em qualquer familia. Um dos seus irmãos é um dos homens mais ricos desta freguesia (e nunca o ajudou, deve ser aquilo que chamam de "amor firme").
Há uma forte componente genetica na propensão para as dependencias quimicas.

Claro que há pais que amam imenso os filhos, por vezes mais que a maior parte das mães, todas as generalizações são simplificações e têm excepções. Conheci um casal que tinha um filho doente. O filho ficou acamado 2 anos após os quais morreu. Quinze dias depois o pai morreu.

Re: Crucifixos
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 08 de December de 2005 15:21

"Este homem é filho de pai alcoolico. Mas é 1 entre 8 irmãos e é o unico alcoolico"
É a lotaria genética...

Quantoa ao facto de um irmão nunca ter ajudao outro, acho muito precipitado fazer juízos destes. até pdoe ser um caso concreto d eamor firme.
O amor é isto. Se não queres mudar o teu rumo e autodestruir-te, nada posso fazer. Não vou é colaborar com o meu comportamento e a minha passividae na tua destruição. E permitir que me destruas no processo. SE quiseres mudar aqui estou.

Ao que parece, até deus tem este amor firme, segundo o alef. Não vejo como o camilo possa sequer criticar isso.

O que se falou aqui não foi do facto do filhos de pais alcooólicos terem maiores probabiliddes de se tornarem alcoólicos do que os filhos de pais não alcoólicos.
È um facto.

Mas o que se falou a propósito d e "co-dependência" foi no facto de determinado tipo de pessoas ( sobretudo mulheres filhas de pai alcoólicos , ou violentos ou e abusadores escolherem para parceiros amorosos e sexuais companheiros alcoólicos e abusadores, seguindo um padrão de eterna vitimização. Alguns chamam-lhe "amor".
Que é uma coisa bastante difernte.

Re: Crucifixos
Escrito por: tony (IP registado)
Data: 09 de December de 2005 02:26

Anam

O que a Católica disse está certíssimo. Infelizmente, é uma realidade que nos custa aceitar, talvez por ser uma realidade.

Coloco-te agora uma questão. Porque amas o teu marido?

Provavelmente porque tudo o que vês nele te faz sentido, mesmo os seus defeitos, tu consegues aceitá-los. Ora isto remete-nos para um outro patamar da discussão.

Porque amamos determinada pessoa? E a resposta é simples como já vimos, por um lado porque nos faz sentido e nos casos em que há dor e violência, muitas vezes procuramos suportar esses sofrimentos porque temos medo de enfrentar o desconhecido. O medo de das perdas, o medo das incertezas, das dificuldades.

De onde resulta que só amamos em função de nós mesmos. Nós somos o centro do nosso amor e procuramos no outro a identificação. Daqui resulta também que o altruísmo é algo muitas vezes vulgarizado e que muito provavelmente não existe. Porque mesmo quando eu “pratico o bem”, faço-o porque me sinto bem nessas acções, caso contrário não o faria.

Nos casos concretos das violências domésticas e familiares este falso amor é também reflexo de baixos níveis de auto-estima. São estes mesmos níveis de auto-estima que são igualmente facilitadores de relações de co-dependência. Nem precisamos de ir às famílias disfuncionais. Basta olharmos para as mulheres, falo destas porque a co-dependência afecta essencialmente as mulheres, que vivem uma vida inteira a cuidar do marido e dos filhos, que fazem tudo por eles, que abdicam de ter uma carreira profissional, da sua vida social em benefício da família, mas não se queixam porque é o seu modus operandi transformado em modus vivendi, porque simplesmente se sentem úteis e vivem bem com isso. Acontece tb nestas famílias as filhas aprenderem a cuzinhar e a tratar das suas coisas tardiamente, porque a mãezinha sempre lhes fez tudo, no caso dos rapazes a situação é ainda pior. Com o passar dos anos, os filhos saem de casa para ir estudar fora e das duas uma ou voltam porque não se conseguiram adaptar ou conseguem ir cortando o cordão umbilical aos poucos. Ora, é este corte que é extremamente complicado de gerir, porque as mulheres que têm filhos já crescidos aproximam-se da idade da menopausa, que para além de todas as disfunções normais desta fase, ainda têm de lidar com a situação de serem dispensáveis e aqui começam os dramas…elas, mães deixam de fazer falta, começam a ser dispensáveis e é aqui que a falta de auto-estima releva o seu expoente tal como a co-dependência emocional.

Este é apenas um exemplo simples de como as coisas se processam, mas há outros exemplos, há casos que se começam a revelar quando os filhos atingem a adolescência e aqui os processos de co-dependência emocional tb se revelam mais cedo e com eles vêem as manipulações por parte das mãezinhas e as naturais respostas por parte dos filhos. Nestas fases da adolescência há tb uma tendência exacerbada para desafiar os limites, os limites familiares, sociais, os limites intelectuais e tb os limites emocionais não só de si próprios como daqueles que os rodeiam. É também importante referir que o desafio dos limites não começa na adolescência, para ser exacto começa quando ainda somos bebés e manipulamos os pais. Quantas vezes não ouvimos dizer que “as crianças são manipuladoras”? – A verdade é que são, mas nessas alturas ninguém liga, porque “coitadinho ainda é uma criança não sabe…quando for mais crescido logo se ensina”
O problema é que a criança deixa de ser bebé, cresce e torna-se adolescente e se ao longo deste percurso não lhe foram incutidas regras, o adolescente certamente não as aprendeu sozinho e torna-se cada vez mais desafiante e manipulador, despoletando uma coisa que clinicamente é chamada de “personalidade adicctiva” e que esteve a germinar. Ora, é este círculo vicioso potenciado pela personalidade adicctiva que vai destruindo os sujeitos, tanto jovens, como adultos, tanto homens como mulheres.

Por isso a CP diz e muito bem:
Citação:
"Usamos os relacionamentos para afastar a dor", justifica Robin, "do mesmo modo que recorremos a substâncias que viciam, como as drogas e até o trabalho excessivo."
Partindo da ideia, consensual entre psiquiatras e psicólogos, de que a incapacidade para viver relacionamentos sãos se alicerça em padrões de comunicação disfuncionais aprendidos na infância e ao longo da adolescência, a autora apresenta inúmeros casos que acompanhou durante a sua prática clínica. Têm em comum o facto de se fascinarem por pessoas que irradiam problemas e uma dependência da emoção, nomeadamente da emoção negativa.

Esta atracção por parceiros ausentes, negligentes, violentos (física ou psicologicamente) ou imaturos é mais frequente no caso de filhos adultos de pais alcoólicos, toxicodependentes ou com segredos e disfunções familiares.

De forma inconsciente, acabam por envolver-se com pessoas muito parecidas com o pai ou a mãe com quem tiverem problemas ao longo do crescimento, perpetuando o tipo de comunicação que conhecem, na tentativa de resolver um conflito que lhes causou mágoa, dor ou raiva.

Mais adiante diz ainda:
Citação:
Quanto ao facto de um irmão nunca ter ajudao outro, acho muito precipitado fazer juízos destes. até pdoe ser um caso concreto d eamor firme.
O amor é isto. Se não queres mudar o teu rumo e autodestruir-te, nada posso fazer. Não vou é colaborar com o meu comportamento e a minha passividae na tua destruição. E permitir que me destruas no processo. SE quiseres mudar aqui estou.

E este sim o Amor Firme é o único amor altruísta porque é aquele que coloca no centro do AMOR o outro, volto a repetir o que a CP disse:
Citação:
“não queres mudar o teu rumo e autodestruir-te, nada posso fazer. Não vou é colaborar com o meu comportamento e a minha passividae na tua destruição. E permitir que me destruas no processo. SE quiseres mudar aqui estou.”

Ora isto é totalmente diferente de: “eu Amo-o” – aqui temos o Amor centrado no EU, aquele que ama e que portanto tb quer ser correspondido nesse sentimento. Outra coisa, como já disse, é: “SE quiseres mudar aqui estou”. Isto coloca a tónica do Amor na esfera do outro. Por outras palavras, o mesmo é dizer que: “Cabe a ti dizeres se queres ver efectivamente o amor que sinto por ti”. No amor firme e altruísta, a vontade deixa de ser a minha para ser a do outro. Do Latim Alter, que dignifica: um de dois; o segundo, o outro, diferente. E isthmus, que significa istmo: Um istmo é uma porção de terra estreita cercada por água em dois lados e que conecta duas grandes extensões de terra.

O Amor firme é isto mesmo, a ponte de terra firme que aproxima o eu do outro. A terra firme é o Amor baseado não naquilo que me faz sentir bem, mas na aceitação daquilo que o outro é, independentemente de como se comporta e o que faz. Isto não é o mesmo que ser conivente com as acções, significa que
Citação:
“não queres mudar o teu rumo e autodestruir-te, nada posso fazer. Não vou é colaborar com o meu comportamento e a minha passividae na tua destruição. E permitir que me destruas no processo. SE quiseres mudar aqui estou.”
Este Amor firme refere-se ao estender a mão quando alguem pede ajuda, é o não obrigarmos o outro a ser o nosso espelho, é aceitar as diferenças, é o ser assertivo e dizer sim quando é sim e dizer não quando é não.
Bem…acho que falei demais, mas acho que agora já não deve haver dúvidas.

Re: Crucifixos
Escrito por: Anam (IP registado)
Data: 09 de December de 2005 10:21

Mas, Tony e CP, acham que a mulher deve divorciar-se do marido por ele ser alcoólico?
Não seria abandonar o barco, quando o mesmo precisa mais de um apoio?
Claro que amar não é compactuar com auto-destruição! Mas, por outro lado, também não me parece que amar signifique, de alguma forma, abandono e nem tão pouco facilitismos.

Re: Crucifixos
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 09 de December de 2005 12:24

Tony.

Gostei muito da tua definição de amor altruísta ( não conhecia a raíz etimológica da palavra) , obrigada por partilhares connosco.

Tens razão em tudo o que escreveste. Ao contrário do que alguns pensam, o amor firme e paciente não é nada fácil. É até mais fácil as pessoas deixarem-se manipular ou não estarem conscientes das suas emoções.

Anam :
Se o indivíduo em causa, não estiver disposto a tratar-se ou a a mudar o seu comportamento, estou absolutamente convencida de que esse é o caminho de qualquer mulher equilibrada e mentalmente saudável. Ser capaz de saír de uma relação de casal destrutiva e violenta é tudo menos facilitismo.

É até uma obrigação.

O que não quer dizer que se abandone a pessoa. É uma forma de ajudar essa pessoa.
Muitas vezes, a única forma de um alcoólico ou um adicto enfrentar a realidade e assumir que tem um problema grave é quendo se vê confrontado com um ultimato do seu conjuge ou companheiro.

E aliás, uma mulher ou um homem nestas circunstãncias , tem também o dever de proteger e salvaguardar os seus filhos.


Infelizmente, em certos casos, bem lá no fundo, o conjuge do alcooólico ou da pessoa que comete abusos, depende desse estatuto de vitimização e sujeita-se à manipulação do outro por que isso lhe traz alguns ganhos psicológicos e emocionais.
É um jogo perverso, onde a baixa autoestima e a culpabilidade ou a necessidade de se sentir útil podem jogar um papel importante.

Claro que há situações em que as mulheres que coabitam com um indivíduo alcooólico ou toxocodependente nem sequer pensam em se divorciar apenas por medo e terror - são espancadas e abusadas e sofrem ameaças d emorte. ma saí já é um caso d epolícia e como tal deve ser tratado.

Nas discussões em torno destas questões ( e repara que estou apenas a falar nas discussões teóricas e não na resolução de casos concretos) há algumas regras de ouro .

1) Não generalizar e avaliar ponderadamente caso a caso as situações concretas.

2) SEr extremamente cuidadoso em não emitir juízos de valor apressados e ás vezes sobre o comportamento de pessoas.

Re: Crucifixos
Escrito por: (IP registado)
Data: 09 de December de 2005 13:41

Tem aqui sido ditas muitas coisas interessantes. Em particular, que dependência e passividade não é amor.

Re: Crucifixos
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 09 de December de 2005 23:45

Só agora tenho oportunidade de comentar este assunto - da retirada dos crucifixos das escolas públicas. Tal como já ouvi alguns católicos dizerem, também a minha fé não é diminuida pelas salas de aulas não terem crucifixos. Aliás, não me lembro de nunca ter visto nas salas de aulas qualquer crucifixo colocado na parede e sempre frequentei escolas públicas.

O que há aqui para realçar é a mesquinhez de uma associação anti-Igreja Católica pois é disso que se trata. Fico à espera que a tal associação laica venha reclamar o fim de outros privilégios da Igreja Católico como é o caso dos feriados religiosos, pois isso permite que a Igreja Católica tenha os seus fiéis a participar nos seus cultos ao contrário que as festas religiosas das outras Religiões não têm tal privilégio.

Mas sobre os feriados não há coragem para ninguém falar, por mais laico que ele seja.

Pois a mim não me choca acabarem-se com os feriados religiosos. Acho que estes deveriam ser gozados apenas pelos católicos (pois nós católicos precisamos de ter o dia livre pois trata-se de um dia de guarda e precisamos de disponibilidade para participarmos do culto religioso), embora o estado deveria proporcionar outros feriados como é o caso dos judeus e muçulmanos. Desconheço se hindús e budistas têm dias especiais, provalvelmente terão.

Talvez deva dizer de outra forma: a mim não me chocaria acabarem-se com os feriados religiosos para os não crentes se isso não fosse o abrir a porta para se acabarem de vez com eles.

Se não vejamos: porque razão um ateu não deve trabalhar na tarde de Quinta-feira Santa ou na Sexta-feira Santa? Ou no 15 de Agosto ou 8 de Dezembro? Não será isto uma regalia injusta da Igreja Católica? Fico à espera pela próxima iniciativa da tal associação laicista.

Luís Gonzaga

Re: Crucifixos
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 10 de December de 2005 16:20

Luis

Concordo contigo. Se o governo quer retirar os crucifixos das escolas, que retirem também os feriados católicos. Atingiste o Sócrates no olho:) ehhehe
Ah...o Alef já tinha falado nisto também...por onde anda ele?

Re: Crucifixos
Escrito por: tony (IP registado)
Data: 10 de December de 2005 18:23

Tb concordo. é uma simples questão de coerência.

Para além de que as propostas do Luis e do Alef (ainda que em separadas, mas em matéria de principio tocam nos mesmos pontos) vão no sentido de cada um de nós assumir a suas tendências religiosas. Isso obriga a que a entidade patronal coloque a pergunta – Professa alguma religião?; Qual?

Só depois de isto estar legislado é possível chegar onde o luís propõe.

Mas em matéria de princípio faz-me todo o sentido.

Re: Crucifixos
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 11 de December de 2005 22:47

um artigo da judia Esther Mucznik no jornal Público

A recente polémica sobre os crucifixos nas escolas levanta uma questão interessante: por que razão não se ouve uma única voz representativa das confissões não católicas no coro exigindo a retirada desses símbolos? Será por medo? Pelo hábito ancestral do silêncio? Por solidariedade institucional? Ou será porque estão de acordo com a presença desses símbolos religiosos?

Sem obviamente pretender falar em nome de ninguém, acho que não é por nenhuma destas razões. Mais simplesmente eu diria que o "combate" de uma associação como a Associação República e Laicidade - que denunciou a existência de crucifixos em determinadas escolas - não é o mesmo do das confissões não católicas, que na sua maioria não se revêem no "militantismo" laico que se dedica a esquadrinhar o país à caça de símbolos católicos para os erradicar do espaço público.

Gostaria de dizer com toda a clareza que, de uma forma geral, não sou favorável à proliferação desses ou de outros símbolos religiosos nos edifícios públicos. Liberdade religiosa e liberdade de manifestação religiosa nem sempre coincidem e há momentos em que determinadas manifestações religiosas podem colidir com a liberdade religiosa alheia. Mas não faço disto uma questão principal e decisiva e acredito que, mais do que a legislação, é o bom senso que deve prevalecer, equilibrando sem dramas as regras decorrentes do estatuto de Estado não confessional, por um lado, o costume e as tradições, por outro. Se o consenso de pais e alunos de uma determinada escola for no sentido de porem o crucifixo, sinceramente não vejo qualquer problema.

E não vejo qualquer problema porque, contrariamente à postura dos "laicistas", acredito que a liberdade religiosa não tem um conteúdo essencialmente negativo, mas sim positivo: possibilidade de expressão, de associação, de ensino, de visibilidade, de diálogo e reconhecimento público e institucional. Estas sim, são de facto questões decisivas, não negociáveis, da liberdade religiosa, e que não se obtêm através da erradicação da religião majoritária. Esta é uma visão negativa da liberdade religiosa que entretém a ilusão de que a liberdade de uns se faz à custa da liberdade dos outros. A história da humanidade já mostrou sobejamente as consequências trágicas dessa visão que no limite é uma visão revanchista e totalitária.

Na raiz da argumentação "laicista" estão dois erros de base: o primeiro é o que identifica a laicidade com a não confessionalidade do Estado; o segundo é o que considera que a não confessionalidade do Estado é condição indispensável da liberdade religiosa.

Com efeito, a laicidade, ou melhor, a laicização - palavra que traduz melhor a ideia de um processo em movimento -, é uma marca comum a todas as sociedades democráticas: significa a autonomização da sociedade em relação à religião, processo através do qual a religião deixa de estruturar a organização social e legal. As diferentes instituições religiosas podem fazer campanha em defesa dos seus valores e ideias, mas não têm força legal para os impor. O recente combate da Igreja Católica, em Espanha, contra os casamentos homossexuais é disso um claro exemplo. Nos países predominantemente católicos, marcados pelo conflito entre o Estado e a Igreja, a laicização foi normalmente imposta por cima, a partir do Estado; nos países protestantes, onde as igrejas conheceram uma mutação interna profunda, a autonomização da sociedade em relação à religião partiu de baixo, da própria sociedade civil.

Assim, a laicização tomou e toma formas diferentes em cada país, em função da sua história e cultura, e não se confunde com a não confessionalidade do Estado. Enquanto hoje, países como a Espanha, Itália e Portugal têm um estatuto de separação com cooperação com as diferentes confissões e a França de separação sem cooperação, a Inglaterra e a Dinamarca são Estados confessionais, nos quais a Igreja tem um estatuto nacional; no primeiro caso, o monarca tem de pertencer à Igreja Anglicana e na Câmara dos Lordes têm assento bispos e arcebispos; na Dinamarca, a constituição afirma que "a Igreja Evangélica Luterana é a Igreja nacional dinamarquesa...". Por seu turno, a constituição grega consagra a Igreja Ortodoxa Oriental como "religião dominante"; na Irlanda e na Polónia invoca-se "a Santa Trindade"; e a Constituição alemã declara o povo "consciente da sua responsabilidade perante Deus".

Será que esta realidade nega, nos países acima citados, a autonomia do Estado de direito em relação à religião? Não só não a nega, como impera em todos estes países a diversidade e a liberdade religiosa. Cai, pois, por terra a ideia bem arreigada entre nós de que a não confessionalidade do Estado é condição de liberdade religiosa, ideia essa construída a partir da generalização da nossa própria experiência e sobretudo da radicalidade da experiência francesa.

Outra ideia generalizada é que a autonomia da religião em relação ao Estado obriga a banir Deus do espaço público. A América é a ilustração mais evidente da negação desta ideia: dotada de um sistema de clara separação entre o Estado e a Igreja, a religião tem no entanto uma forte presença não só na sociedade, mas nos próprios actos públicos. De maneira diferente, a Alemanha é outro exemplo disso: ainda muito recentemente, ao nomear formalmente Angela Merkel chanceler, o Presidente da República desejou-lhe "muito êxito, muita força e a bênção de Deus", tendo Merkel respondido com a fórmula prevista na Constituição "Assim Deus me ajude."

Em Portugal, isto seria considerado uma ofensa à laicidade e uma "beatice". Podemos entender esta perspectiva do ponto de vista histórico, mas, em minha opinião, isto revela uma visão errada da laicidade, entendida não como a condição de liberdade religiosa, mas como a condição da erradicação da religião. É que apesar das juras em contrário, esta continua a ser encarada por muitos como "o ópio do povo".

Re: Crucifixos
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 12 de December de 2005 10:51

O fundamentalismo religioso associado à extrema direita é bem mais perigoso do que organizações que defendem a legalidade do laicismo do Estado,que aliás está constitucionalmente consagrada.

De resto acho bastante ridículos certo tipo de argumentos - como o cabar com os feriados nacionais ou a hipotética retirada do cristo rei.

É um tipo de argumentação ridícula e de má fé porque nada tem a ver com a retirada de simbolos religiosos da parede das escolas.

E, o que acentua a má fé deste tipo de argumentos é o facto de normalmente os que utilizam estas caricaturas fazerem preceder a sua análise de afirmações tipo - eu até concordo que se cumpra a contituição....


Quanto ao exemplo americano....:

[dn.sapo.pt]

"Mais de 1500 advogados já se ofereceram para processar as autoridades municipais que retirem imagens da natividade dos espectáculos natalícios. E cerca de 8000 escolas públicas estão prontas a denunciar as suas direcções, se estas retirarem os cânticos de Natal das festas de fim de ano."

Re: Crucifixos
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 12 de December de 2005 11:03

Qunato á hipótese de o acesso ao emprego ser condicionado por opções religiosas,

"Isso obriga a que a entidade patronal coloque a pergunta – Professa alguma religião?; Qual? "

ESte conceito seria um rude golpe contra a liberdade religiosas, mas sobretudo contra os direitos humanos.
Pleo que caho inacreditável que alguém possa sequer defender tal aberração.

SE existe a hoje um risco profundo de regressão cultural e civilizacional, de guerra e de

terror esse risco não tem origem no Laicismo.


Pelo contrário - a maior ameaça vem da religião e dos fundamentalismo religiosos

(também os cristãos) que se manifestam com toda a violência e ameaçam os padrões

de valores conquistados pelo Estado laico e que hoje comungamos
-

a igualdade entre os seres humanos, a Legaliddae e a Justíça, a defesa dos direitos

humanos, a liberdade, a tolerãncia e a paz.

Re: Crucifixos
Escrito por: trento (IP registado)
Data: 12 de December de 2005 14:22

Católica, pelo que sei na Alemanha funciona um bocado assim, as pessoas têm que indicar qual a religião que professam (por questões fiscais), e não vejo onde esteja o mal - e ainda parece-me que nesse país existe liberdade religiosa, etc, etc, etc.

Não vejo onde isso atenta contra a liberdade religiosa, mas posso estar a ver mal a questão.


«Que a paz esteja convosco»
Fernando Cassola Marques

Ir para a página: Anterior12345678910Próximo
Página actual: 7 de 10


Desculpe, apenas utilizadores registados podem escrever mensagens neste fórum.
Por favor, introduza a sua identificação no Fórum aqui.
Se ainda não se registou, visite a página de Registo.

Nota: As participações do Fórum de Discussão são da exclusiva responsabilidade dos seus autores, pelo que o Paroquias.org não se responsabiliza pelo seu conteúdo, nem por este estar ou não de acordo com a Doutrina e Tradição da Igreja Católica.