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Beata Alexandrina Maria da Costa
Escrito por: Abelardo (IP registado)
Data: 19 de April de 2004 01:32


BEATA ALEXANDRINA DE BALASAR – BIOGRAFIA


Alexandrina – A Alegria na Dor


Apresentação

Esta é uma biografia da Venerável Alexandrina Maria da Costa escrita para quem tem pouco tempo para ler.
Pretendo, com ela, dar uma ideia do que foi a vida da que o povo, antecipando-se ao juízo da Igreja, «canonizou» como «Santinha de Balasar».
Destaco as principais linhas da sua espiritualidade: a devoção a Jesus – ao seu «querido Jesus» – expressa através da Santíssima Eucaristia e do amor para com a Sua presença no sacrário; a devoção a Nossa Senhora, a quem carinhosamente chamava «Mãezinha»; a forma como soube viver o sofrimento, unindo-o ao de Jesus e fazendo dele um instrumento de redenção; o amor para com os outros, sobretudo para com os pecadores e os mais carenciados economicamente.
Não a conheci pessoalmente. O que escrevo, é fruto do que li e do que ouvi a quem com ela privou.
É minha intenção despertar o interesse por um conhecimento mais profundo do testemunho que nos deu e da mensagem que nos transmite, o que pode ser feito através de livros como os que indico na bibliografia.

Silva Araújo


Há Cem Anos...

Alexandrina Maria da Costa, segunda filha natural de Ana Maria da Costa, (que veio a falecer em 24 de Janeiro de 1961), nasceu na freguesia de Balasar, concelho da Póvoa de Varzim, em 30 de Março de 1904, uma Quarta-feira Santa. Foi baptizada em 2 de Abril, «Sábado de Aleluia».
Pregada ao leito desde 1925, por mielite na coluna dorsal, faleceu em 13 de Outubro de 1955.
A Congregação para as Causas dos Santos declarou-a Venerável por decreto de 12 de Janeiro de 1996.
A mãe era analfabeta. «Num período de solidão, escreve Gabriele Amorth («Por detrás de um sorriso», pag. 15-17), tinha-se enamorado de António Gonçalves Xavier, que saltitava entre Portugal e o Brasil. Grávida da Deolinda – a irmã mais velha da Alexandrina, nascida a 21 de Outubro de 1901 – António declarou que estava disposto a casar com ela assim que voltasse do Brasil, o que não veio a acontecer. «Abandonada pelo esposo pouco antes do casamento, suportou com dignidade o peso da família e educou as filhas com fortaleza e diligência segundo as leis de Deus e da Igreja, dando-lhes admiráveis exemplos de oração e de prática da caridade, sobretudo para com os doentes», lê-se no «Decreto sobre as virtudes» de Alexandrina.
Ainda sobre a mãe, «que se soube resgatar tão plenamente dos erros cometidos», escreve Gabriele Amorth: «Mulher de muita oração e laboriosidade, manteve uma conduta exemplar e soube dar uma óptima formação às filhas. Viveu sempre pobre, mas nunca deixou de ajudar quem era mais pobre do que ela, até ao ponto de se arruinar. Ajudava os doentes e era chamada para os assistir até de noite. Assistia aos moribundos, recitava as orações, vestia os mortos. A sua caridade era tal que o Pároco dizia dela: "Quando morrer, toda a Paróquia vai sentir a sua falta".
Pensemos na intensidade de oração que sustinha os dias pesados de Ana Maria. Levantava-se cedíssimo, arrumava a casa e às 5 horas entrava na igreja, da qual tinha as chaves. Quando, às 7 horas, começava a Missa, ela já tinha rezado duas horas de joelhos, diante do Santíssimo Sacramento».
A fim de poder frequentar um pouco a escola (aprendeu a ler e a escrever, mas não fez qualquer exame), em Janeiro de 1911 a Alexandrina foi, com a irmã Deolinda, para casa da família do carpinteiro Pedro Teixeira Novo, na Póvoa de Varzim, onde esteve até ao fim de Julho de 1912 e onde fez a primeira comunhão. A Deolinda fez o exame de terceira classe.
Regressada a Balasar, passou a viver no lugar do Calvário, numa casa que a mãe, Ana Maria, recebera duma tia, como sinal de gratidão pela assistência contínua prestada durante a sua doença.
Quando completou os doze anos um camponês dos arredores pediu-a para criada de servir. A mãe autorizou, mas pôs condições: que o amo a mandasse à missa todos os domingos e a confessar-se uma vez por mês. Além disso, deveria deixá-la ir a casa todos os dia de festa, para que pudesse continuar sob a vigilância materna e assistir às funções da igreja. Nunca, absolutamente, poderia o amo deixá-la sair de noite.
O contrato não durou muito tempo, diz Humberto Pascoal («Sob o Céu de Balasar», pag. 12). Acabou ainda não tinham passado cinco meses. «O patrão, homem colérico, exigia da pequena um trabalho muito superior às suas forças, e além disso era um tanto desbocado na linguagem».
A partir de então, a Alexandrina, além dos serviços domésticos dedicou-se também aos trabalhos do campo. Aos 13 ou 14 anos ganhava, na agricultura, um salário idêntico ao da mãe.
Aos treze anos, encarrapitada em cima de um carvalho a apanhar folhas para os animais, caiu pesadamente no solo, tendo ficado imóvel por algum tempo. Prosseguiu o trabalho mas alguns meses após a queda começou a sentir grande fadiga, pelo que, aos 14 anos e quatro meses, com a saúde seriamente ameaçada, abandonou para sempre as lides do campo e passou a trabalhar de costura, em casa, ajudada por algumas aprendizes.
Ainda aos doze anos foi nomeada catequista da paróquia e integrou o coro das raparigas.
Um dia, tinha ela 14 anos, no Sábado Santo de 1918, quando se encontrava em casa em companhia da irmã e de uma amiga, Rosalina Gonçalves de Almeida, mais velha que as duas, surgiram três indivíduos que as quiseram assaltar. Enquanto a irmã e a companheira se escaparam como puderam, para fugir e defender a sua virgindade a Alexandrina atirou-se de uma janela, da altura de quatro metros. Caiu pesadamente no quintal e, quando se quis levantar, não podia. Uma dor aguda trespassava-lhe a espinha. A doença de que padecia, em resultado da queda, agravara-se.
Passado pouco tempo assaltaram-na fortes dores na coluna e viu-se então constrangida a ficar de cama às temporadas, alternando com espaços de relativa saúde.
Aos 21 anos, em 14 de Abril de 1925, com a doença agravada, recolhe à cama, para não mais se levantar durante os 30 anos que ainda viveu neste mundo. A irmã Deolinda tornou-se sua enfermeira e secretária, enquanto a mãe continuava a trabalhar fora, para prover ao sustento da casa.
Por volta de 1930 ofereceu-se como vítima pelos Tabernáculos abandonados e pela salvação dos pecadores, por intermédio da Virgem Maria.
Um dos homens que quiseram assaltar as três meninas reconheceu mais tarde o seu erro, tendo declarado ao P. Humberto Pascoal: (A Alexandrina) «é uma santa. E está nesta cama por minha culpa!».
Em 1933 a Alexandrina obteve licença para que pudesse ser celebrada a Eucaristia no seu quarto de enferma, o que aconteceu pela primeira vez em 20 de Novembro desse ano.
A partir de 1938 sofreu a paixão de Cristo.
O que foi a sua vida narra-o ela mesma no seu diário, escrito em parte pelo próprio punho e em grande parte ditado à irmã, Deolinda.
Refira-se, a propósito dos seus escritos, que as cartas dirigidas ao P. Mariano Pinho, seu primeiro director espiritual, entre 1933 e 1942, compreendem 1269 folhas dactilografadas.
Os documentos que estiveram na posse do P. Humberto Pascoal e abrangem os anos de 1944-55 somam mais de 1.100 páginas, entre diários e cartas dirigidas a várias pessoas.
Desde 27 de Março de 1942 até à morte, em 13 de Outubro de 1955, durante treze anos e sete meses, viveu em completo jejum e total anúria (supressão da formação da urina). O seu único alimento foi a Comunhão eucarística. Em 13 de Outubro de 1953 Jesus explicou-lhe: «Tirei-te a alimentação. Fiz-te e faço-te viver só de mim para provar claramente aos homens o meu poder, a minha existência».
Este caso foi rigorosamente examinado por diversos médicos, quer em casa da doente quer durante um internamento na Casa do Refúgio de Paralisia infantil da Foz do Douro, entre 10 de Junho e 20 de Julho, onde esteve durante quarenta dias e quarenta noites, sob uma vigilância apertadíssima, de noite e de dia.
O Médico Dr. Gomes de Araújo escreveu então um relatório onde se pode ler: «É para nós inteiramente certo que, durante os quarenta dias de internamento, a doente não comeu nem bebeu; não urinou nem defecou, e esta circunstância leva-nos a crer que tais fenómenos possam vir a produzir-se de tempos a tempos. Não podemos duvidá-lo. Há neste caso estranho tais pormenores, que pela sua importância fundamental de ordem biológica, com a duração da abstinência de líquidos e da anúria, nos tornam suspensos, aguardando que uma explicação faça a necessária luz».
A Doente sentia fortemente os estímulos da fome e da sede, mas se lhe davam nem que fosse uma só gota de água, vomitava-a imediatamente. Nestas condições, porém, teve força para rezar, cantar, falar com as visitas durante horas a fio e teve todos os meses as menstruações até aos 47 anos de idade, declarou o Dr. Manuel Augusto Dias de Azevedo, que foi seu médico assistente desde Janeiro de 1941 até à morte, em 1955.
Não sendo caso único, este jejum faz lembrar situações idênticas vividas com a Beata Ângela de Foligno, que passou doze anos sem tomar alimento algum; Santa Catarina de Sena, que assim viveu durante oito anos; Santa Ludovina, que passou assim 28 anos; Teresa Newmann, que esteve em jejum durante 36 anos.
Em 1944 inscreveu-se na Pia União dos Cooperadores Salesianos.
A Alexandrina faleceu, como escrevi, em 13 de Outubro de 1955, às 20h30. Em 7 de Janeiro desse ano Jesus tinha-lhe dito: «Para ti já não há mais sofrimentos que inventar». Depois advertiu-a: «Minha filha, é o teu ano. Confia em mim. Eu não falto àquilo que prometo. As minhas promessas de Senhor supremo e omnipotente estão para se realizar. O céu é teu. Lá em cima continuarás a tua missão».
Começou por ser sepultada no cemitério paroquial. De harmonia com a sua vontade ficou com o rosto voltado para a igreja, a fim de poder «ver» o sacrário.
Os seus restos mortais foram transladados em 18 de Julho de 1978 do cemitério para uma capela entretanto preparada na igreja paroquial.
Na agonia e morte teve a assistir-lhe Mons. Mendes do Carmo, professor do Seminário da Guarda e antigo Reitor do Colégio Português em Roma.


Direcção Espiritual

Na vida de Alexandrina foi de grande importância a actividade de dois dos seus directores espirituais: o jesuíta Mariano Pinho e o salesiano Humberto Pascoal.
Em meados de Agosto de 1933 o P. Mariano Pinho fez em Balasar um tríduo de pregações. Visitou então Alexandrina, que lhe pediu para a dirigir espiritualmente.
A Enferma obedecia em tudo ao Director, de harmonia com o que Jesus lhe disse num dos colóquios que tinha com Ele: «Obedece em tudo ao teu Pai espiritual. Não foste tu que o escolheste; fui eu que to enviei».
Acontecimentos de vária ordem, onde a intriga e o falso zelo se misturaram, privaram-na deste Director, que veio a escrever o livro «No Calvário de Balasar», em Junho de 1944.
Em 8 de Setembro de 1944 assumiu oficialmente a direcção de Alexandrina o P. Humberto Maria Pascoal, do seminário salesiano de Mogofores. Ordenou à Doente que, semana a semana, escrevesse tudo o que lhe sucedia, elaborando uma espécie de diário, pelo menos resumido, de que resultaram mais de quatro mil páginas dactilografadas.
Num êxtase, em 20 de Setembro de 1944, Jesus aprovou esta decisão do Director espiritual dizendo-lhe: «Escreve tudo e entrega tudo a quem se interessa de ti e da minha causa. É quanto basta».
Como a Alexandrina tinha dificuldade em escrever, a maior parte dos textos foram por ela ditados à irmã, Deolinda, que foi sua secretária, enfermeira, assistente, confidente, enquanto a mãe trabalhava fora de casa. Algumas vezes lhe serviu de secretária a Dr.ª D. Irene Dias de Azevedo, médica.
Para escrever as cartas e o diário, a Alexandrina preferia a quinta-feira, dia da instituição da Santíssima Eucaristia. É que, sentindo muita dificuldade tanto em escrever pelo próprio punho como em ditar, encontrava assim maneira de demonstrar com factos o seu amor a Jesus na sagrada Eucaristia.
O sue médico assistente, Dr. Manuel Augusto de Azevedo, tomou apontamentos de muitos dos êxtases da Serva de Deus, que testemunhou.
O P. Pascoal, que partiu para a Itália em 1948, veio a ser o primeiro biógrafo da Serva de Deus.
O P. Alberto Gomes, por sua vez, foi confessor ordinário da Doente desde 1942 até à sua morte.


Sofrimento Redentor

A Alexandrina foi uma pessoa marcada pelo sofrimento, que soube amar cristãmente, oferecendo-se como vítima pelos pecadores do mundo inteiro. Os sacerdotes e o Papa tiveram também lugar nas suas intenções.
Sofrendo de mielite comprimida da medula, os membros da Alexandrina foram paralisando progressivamente e por fim a atrofia dos músculos foi tal que a impediu de qualquer movimento.
Tinha a preocupação de sofrer em silêncio. Só ao Director espiritual e, em parte, à Deolinda dava a conhecer o muito que sofria. Aos outros não contava nada.
Escreveu no diário: «Jesus, quero esconder a minha dor. Chore o meu coração dia e noite, se assim quiserdes, mas estejam alegres os meus olhos e sorriam os meus lábios». «Sorrio a todos, enquanto a alma chora. Mostro-me feliz e alegre, mas a minha felicidade está só no sofrimento e em fazer a vontade de Deus».
Desde o dia em que se ofereceu como vítima, repetiu sempre esta oração: «Ó Jesus, põe-me nos lábios um sorriso enganador, para que eu possa esconder aos outros todo o martírio da minha alma; basta que só tu conheças o meu sofrimento».
Procurou em tudo seguir a vontade de Jesus, que lhe propôs como programa de vida: sofrer, amar, reparar.
A partir de 3 de Outubro de 1938 até 27 de Março de 1942 (num total de 182 vezes) sofreu a paixão de Jesus, reproduzindo-se nela, à sexta-feira, uma por uma, as dores do Senhor, desde o Horto das Oliveiras até ao último suspiro na cruz.
«Na manhã do dia 2 de Outubro de 1938, afirma, disse-me Nosso Senhor que eu iria passar por toda a Sua santa Paixão, do Horto ao Calvário, só não chegaria ao "Consumatum est". Seria a primeira vez no dia 3 e, depois, ficaria a passar pela Paixão todas as sextas-feiras, de pouco depois do meio-dia às três horas».
Os sofrimentos tinham início na quinta-feira, aumentavam durante a noite e manhã seguintes e culminavam durante três horas, desde as 12h00 até às 15h00.
De 27 de Março de 1942 em diante continuou a viver a Paixão até à morte, mas de uma forma invisível, sem qualquer sinal exterior.
Sendo completamente paralítica, algumas vezes Deus permitia que se levantasse sem o auxílio de ninguém e que os seus pés, habitualmente dobrados em arco, ficassem em posição normal.
Na semana da paixão de 1942 começou a ter êxtases às três horas da tarde, em todas as sextas-feiras e no primeiro sábado de cada mês. Muitos desses acontecimentos foram testemunhados pelo já citado Dr. Manuel Augusto de Azevedo.
A duração dos êxtases públicos rondava pela meia hora. Nesse estado, a Alexandrina falava de maneira clara e perfeita, podendo escrever-se tudo o que dizia, ou o que Jesus dizia por ela. O tema era sempre o mesmo: reparação.
Muitos dos êxtases exprimiam-se através do canto, conservando-se algumas gravações no arquivo paroquial de Balasar. O êxtase de 29 de Agosto de 1941 foi filmado e a película conserva-se no mesmo arquivo.
Durante os êxtases ficava sempre insensível ao mundo externo e também se tornavam insensíveis os seus membros.
Na Sexta-Feira Santa de 1942, em 3 de Abril, entrou pela segunda vez na morte mística, que durou dois anos. Durante ela sentia o corpo reduzido a cinzas.
Sobre o que era a paixão sofrida por Alexandrina pode ler-se uma pormenorizada descrição nos livros «Venerável Alexandrina», pags. 102-119, e «Por detrás de um sorriso», pag. 55-64.
Além das dores que lhe causavam a mielite e as frequentes cólicas renais, a partir de 1946 teve que ser também colocada sobre tábuas, porque já não suportava o leito macio: todo o corpo parecia desconjuntar-se.

Mas a Alexandrina foi provada também por sofrimentos de ordem moral.
Foi atormentada pelo demónio – o «cochinho», como lhe chamava – que, em Julho de 1937, não contente de lhe torturar a consciência e de lhe dizer coisas obscenas, a deitava da cama abaixo, tanto de noite como a qualquer hora do dia, e a atirava contra os cantos do quarto. Foi objecto de violentos assaltos externos, tendo-se chegado a autêntica possessão diabólica e havendo necessidade de recorrer aos exorcismos. O demónio aproveitava o afluxo de visitas para a convencer de que era tudo falso e ela andava a enganar as pessoas.
Em 1933 a família passou privações – «foi um período não só de pobreza, mas de verdadeira miséria», diz Gabriele Amorth – originadas por problemas de ordem financeira. A mãe tinha ficado fiadora de uma dívida de um dos irmãos. Expirado o prazo sem que o irmão conseguisse pagar, Ana Maria teve que vender as poucas terras que possuía e foi obrigada a hipotecar a casa para obter um empréstimo.
«Naquele tempo, refere a Alexandrina, eu já não tinha nenhum apego às coisas deste mundo; mas ainda assim sofria bastante ao ver que tudo aquilo que tínhamos não bastava para pagar as dívidas que minha mãe tinha contraído, tornando-se fiadora de pessoas amigas. Eu logo disse aos meus que antes queria perder tudo, até ao último ceitil, do que deixar de pagar.
Muitas vezes me veio a faltar o alimento substancioso que precisava, mas sofria tudo em silêncio. Nunca pedi aquilo que não tínhamos em casa; assim, os meus familiares estavam persuadidos que tudo fosse do meu agrado, e já não sofriam tanto.
Se me ofereciam alguma coisa, logo a entregava à minha irmã, que naquele tempo andava bastante adoentada, fazendo este raciocínio: "já que eu não posso curar, que ao menos a Deolinda consiga passar melhor".
Assim passaram seis anos de lágrimas e tristezas. Não houve na família um momento de paz e serenidade. Por fim Jesus ouviu a minha oração. Uma boa senhora veio de longe trazer alívio às nossas penas; e se as provas não terminaram completamente, foi só por minha timidez. Não tive coragem de revelar toda a nossa dívida; mas aquela senhora deu-nos uma quantia tão avultada que nos salvou de vendermos a nossa casa». Assim se evitou que a casa fosse vendida em hasta pública.
Na Sexta-Feira Santa de 1942, em 3 de Abril, entrou pela segunda vez na morte mística, que durou dois anos. Durante ela sentia o corpo reduzido a cinzas. A primeira morte mística tinha acontecido entre as 03h00 e as 03h30 de 7 de Junho de 1936.
Em 20 de Outubro de 1944 começou a sofrer a paixão mística de Jesus, bem mais dolorosa do que a paixão física. Principiou com uma visão intelectual da cruz, em que ela, e Jesus nela, se sentiu levantada sobre o Calvário. Esta paixão íntima reproduziu-se nela durante 11 anos com uma intensidade impressionante.
Jesus tinha-lhe dito um dia: «Dá-me as tuas mãos, que as quero cravar comigo; dá-me os teus pés, que os quero cravar comigo; dá-me a tua cabeça, que a quero coroar de espinhos, como Me fizeram a Mim; dá-me o teu coração, que o quero trespassar com a lança, como Me trespassaram a Mim; consagra-me todo o teu corpo, oferece-te toda a Mim, que te quero possuir por completo».
Em 1945 começou a ter problemas nos olhos, tornando-se-lhe a luz cada vez mais insuportável. Ficou quase cega e foi obrigada a viver na obscuridade do quarto, onde duas cortinas muito escuras impediam que a luz entrasse pelas janelas.
Também não foi sem sofrimento que aceitou as mudanças de director espiritual.
No testamento que fez deixou expressa a vontade de a sua sepultura ficar rodeada de martírios, para significar que tendo em vida amado a dor, a continuará a amar depois da morte.
Em 27 de Julho de 1947 escrevia: «Levei a minha vida a sofrer e levarei o meu Céu a amar e a pedir a Jesus por vós, ó pecadores. Convertei-vos e amai a Jesus, amai a Mãezinha.
Vinde, vamos todos para o Céu.
Se sentísseis, por algum tempo, os martírios que por vós sofri, estou convencida de que não pecaríeis mais. E se conhecêsseis o amor de Jesus, então morreríeis de dor por O terdes ofendido!».
No modo como viveu o sofrimento podem destacar-se diferentes etapas. Primeiro, alimentou a esperança da cura, fazendo com esse objectivo promessas e novenas. Em 1928 quis participar numa peregrinação a Fátima, com a esperança de se curar, mas foi dissuadida de o fazer pelo médico e pelo pároco, devido ao seu estado de saúde. Depois, procurou aceitá-lo, amá-lo e uni-lo ao sofrimento redentor de Cristo. Do desejo da cura, escreve Gabriele Amorth, passou à aceitação da sua cruz e, por fim, à alegria do sofrimento que a levará aos cumes mais altos da vida mística. Compreendeu que a sua missão era o sofrimento e intuiu que o sofrimento oferecido a Jesus tem um grande valor redentor.
«Todos os dias peço sofrimentos, disse, e sinto grande consolação espiritual nas horas em que sofro mais, porque tenho muitas coisas para oferecer a Jesus».
O Dr. Manuel Augusto Dias de Azevedo decidiu estudar clinicamente o seu caso a fundo, recorrendo por vezes a colegas seus. Um destes, o neurologista Gomes de Araújo, confirmou ser a doença de Alexandrina uma mielite medular comprimida, acrescentando que se devia excluir absolutamente a hipótese de histerismo. Definiu a Doente «psiquicamente perfeita, normal, inteligente, afectiva e volitiva. Tem, acrescentou, a expressão viva, perfeita, afectuosa, boa, meiga, sincera, sem pretensões, natural. Nas suas respostas não tem hesitações. É inteligente, subtil. Não é exaltada nem muito pronta a dar conselhos. Tem um ar de bondade espontâneo».
No depoimento que fez em 1967 no processo diocesano informativo para a beatificação – citando, para o confirmar, pareceres dos doutores Gomes de Araújo e Carlos Lima – o Dr. Manuel Azevedo afirmou com segurança que «a causa principal da mielite tinha sido o salto da janela».


Colóquios com Jesus

A partir de 6 de Setembro de 1934 a Alexandrina passou a ter colóquios frequentes com Jesus, em mil aparições durante 22 anos. O que Jesus lhe dizia ditava-o à irmã Deolinda, à Professora de Balasar, ao P. Humberto Pascoal.
Desde aquele dia Jesus apresentou-se-lhe sob vários aspectos e, algumas vezes, com o seu Coração cercado de raios de amor.


Devoção ao Santíssimo Sacramento

A Alexandrina tinha uma grande devoção ao Sacrário, a qual lhe foi estimulada por Jesus: «Como Maria Madalena, também tu escolheste a melhor parte. Escolheste amar-me nos Sacrários, onde me podes contemplar não com os olhos do corpo, mas com os olhos da alma e do espírito. Eu encontro-me lá em corpo, alma e divindade, como no céu. Escolheste quanto há de mais sublime».
Viveu dominada pelo ideal eucarístico. «Pertence-me esta missão: dar almas a Jesus, viver alerta na Eucaristia, alerta sempre, alerta com Jesus. Como borboleta em volta da chama, como pastor vigilante pelo seu cordeiro».
Esta devoção fez com que o seu dia-a-dia fosse uma oração incessante, com uma particular união a todas as missas que se celebram dia e noite, e em adoração diante de todos os sacrários do mundo, onde Jesus está presente.
A mesma devoção eucarística levou-a a privilegiar a quinta-feira, «o dia em que o Senhor instituiu o SS. Sacramento».
Em duas sextas-feiras consecutivas do mês de Setembro de 1955, como faltasse o sacerdote na paróquia, recebeu a comunhão pela mão dos Anjos.
No testamento que fez treze anos antes de morrer deixou dito: «Desejo ser sepultada, se for possível, com o rosto voltado para o sacrário da nossa Igreja; pois como em vida sempre desejei unir-me a Jesus sacramentado e olhar para o sagrado Tabernáculo, assim também depois da minha morte desejo continuar a velá-lo, conservando-me voltada para ele.
Sei que com os olhos do meu corpo já não verei a Jesus, mas desejo ser colocada naquela posição, para lhe demonstrar o amor que sinto pela sagrada Eucaristia».
Em 2 de Novembro de 1933 pôde, pela primeira vez, participar na Eucaristia celebrada no seu quarto. E durante mais de 13 anos, como disse já, desde 27 de Março de 1942 até à morte, a Sagrada Eucaristia foi o seu único alimento.


Devoção a Nossa Senhora

Depois de Jesus, o seu grande amor era Nossa Senhora, a quem chamava «querida Mãezinha» e a quem dizia todos os dias: «Ó Mãezinha, abri-me os vossos santíssimos braços, tomai-me sobre eles, estreitai-me ao vosso santíssimo Coração, cobri-me com o vosso manto e aceitai-me como vossa filha muita amada, muito querida, e consagrai-me toda a Jesus. Fechai-me para sempre no seu Divino Coração e dizei-Lhe que O ajudais a crucificar-me, para que não fique no meu corpo nem na minha alma nada por crucificar... Ó Mãezinha, fazei-me humilde, obediente, pura, casta na alma e no corpo. Fazei-me um anjo; transformai-me toda em amor, consumi-me toda nas chamas do amor de Jesus».
Em 1934 inscreveu-se entre as Filhas de Maria.
Celebrava com particular devoção o mês de Maio e os primeiros sábados de cada mês.
Foi uma grande defensora da devoção ao Imaculado Coração de Maria. Em 30 de Julho de 1935, depois da Comunhão, Jesus disse-lhe: «Pelo amor que tens à minha bendita Mãe, comunica ao teu Director que assim como a Margarida Maria pedi que a humanidade fosse consagrada ao Coração Divino, assim agora te peço a ti que o mundo seja consagrado ao Coração Imaculado de minha Mãe Santíssima».
A partir de então ofereceu-se como vítima com esta finalidade.
Numa carta enviada ao P. Mariano Pinho, com data de 10 de Setembro de 1936, a Alexandrina transmite novo recado de Jesus: «Manda, filhinha, já dizer ao teu pai espiritual que espalhe já, que faça chegar aos confins do mundo que este flagelo (a revolução comunista em Espanha, anota o P. Pinho) é um castigo... Eu vou dizer-te como será feita a consagração do mundo à Mãe dos homens e minha Mãe Santíssima. Amo-A tanto! Será em Roma, pelo Santo Padre, consagrando a Ela o mundo inteiro e depois pelos Padres em todas as igrejas do mundo, sob o título de Rainha do Céu e da Terra, Senhora da Vitória. Se o mundo corrompido se converter e arrepiar caminho, Ela reinará e a vitória por Ela será ganha. Vai, minha filha, não haja receios que os meus desejos sejam cumpridos».
E em Setembro de 1938 o Senhor disse-lhe: «Como sinal de que é minha vontade que se consagre o mundo ao Coração Imaculado da minha Mãe, far-te-ei sofrer a minha paixão». Mais tarde acrescentou: «Sofrerás isto até que o Papa consagre o mundo a Maria».
Em Setembro de 1936 o P. Mariano apresentou o pedido ao Cardeal Eugénio Pacelli, que viria a ser o Papa Pio XII, e em Maio de 1937 e ainda depois em 1939 a Santa Sé mandou examinar a doente de Balasar e a questão da consagração do mundo. Dois dos sacerdotes que trataram deste caso, por ordem da Santa Sé, foram o P. António Durão, S. J., e o Cónego Manuel Pereira Vilar.
No fim do retiro que fizeram em Maio de 1938, os Bispos portugueses apresentaram este pedido ao Santo Padre.
A consagração veio a ser feita por Pio XII, eleito Papa em 2 de Março de 1939. Em 31 de Outubro de 1942, por ocasião do encerramento das festas jubilares de Fátima, fez o acto de consagração do mundo em língua portuguesa e repetiu-o em língua italiana em 8 de Dezembro. Na fórmula da consagração usou os títulos já revelados a Alexandrina: «Rainha do mundo, Rainha da paz, Senhora da Vitória ou Vencedora das grandes batalhas, Mãe do Universo». Além disso, aquele Papa instituiu a festa de Nossa Senhora Rainha, em 31 de Maio. Também decretou que, por essa ocasião, todos os sacerdotes renovassem a consagração do mundo a Maria.
Relacionando isto com o pedido de Nossa Senhora à Irmã Lúcia, saliente-se que a esta Religiosa foi confiada a mensagem de pedir ao Santo Padre a consagração somente da Rússia e não do mundo.
Segundo narra no seu diário, em 6 de Maio de 1955 apareceu-lhe o Imaculado Coração de Maria pedindo penitência e reparação.
O amor a Nossa Senhora também fez da Alexandrina uma grande apóstola do rosário.


Balasar e Fátima

Humberto Pascoale, no livro «Fátima e Balasar – duas terras irmãs», estuda em pormenor os pontos de convergência existentes entre a Mensagem de Fátima e aspectos fundamentais da vida de Alexandrina Maria da Costa.
A Alexandrina recebeu o encargo de pedir a consagração do mundo ao Coração de Maria. À vidente Lúcia a Senhora pediu na noite de 13 para 14 de Junho de 1929 a Consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria, na sequência de um anúncio feito em 13 de Julho de 1917.
A Doente de Balasar ficou pregada ao leito no mesmo ano em que a Santíssima Virgem pediu à Irmã Lúcia a prática dos primeiros sábados.
Faleceu no aniversário da última aparição de Fátima, em 13 de Outubro de 1955.
Como os Videntes de Fátima, também a Alexandrina possuía uma grande devoção à Santíssima Eucaristia, tendo-se consagrado aos Sacrários eucarísticos para reparar as profanações e o abandono em que é deixado Jesus.
Balasar foi um revelação eloquentíssima do amor do Coração de Jesus e do Coração Imaculado e Doloroso de Maria.
A Alexandrina foi uma grande devota do Rosário, tendo escrito no seu diário, em 1 de Outubro de 1949: «Veio a Mãezinha; cobria-A um manto branco e doirado; tomou-me para os seus braços, acariciou-me e enrolou-me nas minhas mãos o Rosário que pendia das suas e deu-me e enrolou-me nas minhas mãos a cruz que o rematava, depois de a beijar: – Minha filha, eu sou a Virgem do Rosário. Estou contente contigo por aconselhares a rezarem ao menos o Terço em minha honra. Continua: é devoção de salvação. O mundo agoniza e morre no pecado. Quero oração, quero penitência. Enrola, minha filha, neste meu Rosário os que amas e são teus, porque também eu os amo e Jesus os ama».
Na manhã do dia da sua morte, 13 de Outubro de 1955, Alexandrina foi visitada por um grupo de pessoas amigas, a quem disse: «Adeus, até ao Céu. Não pequem! O mundo não vale nada. Isto já diz tudo. Comunguem muitas vezes! Rezem o Terço todos os dias!».
Também a Alexandrina, como os Pastorinhos, dedicou a sua vida à conversão dos pecadores.
Também a Alexandrina viveu profeticamente o drama das guerras, particularmente da guerra civil de Espanha e da segunda guerra mundial.
Também a Alexandrina teve uma grande devoção ao Papa, tendo escrito uma longa carta a Pio XII, em 1943, quando Hitler havia já preparado tudo para raptar o Santo Padre, assegurando-lhe que nada lhe aconteceria.


Prática da Caridade

Não tendo bens de fortuna, com as ajudas que lhe davam a Alexandrina não deixava de fazer bem aos outros. No livro de Ismael Matos, pag. 20-21, pode ler-se:
Intercedeu junto de Deus pela colocação de muitas pessoas que lhe agradeciam por cartas.
Conseguiu a colocação, em fábricas, de chefes de família, pobres, cheios de filhos, vivendo na maior miséria...
Distribuía muitas esmolas aos necessitados e não deixava sem socorro os que lhe batessem à porta.
Para os pobres, sem habitação, dava-lhes socorro monetário e conseguia abonadores para a construção de suas casas que, se não fosse ela, nunca possuiriam.
Internou em Casas da Providência doentes e crianças para educação.
Obteve a entrada, em Ordens Religiosas, de crianças de ambos os sexos, para serem educadas, onde fizeram os seus estudos.
Protegia, com mensalidades monetárias, várias pessoas que já tinham tido recursos, mas que estavam na miséria.
No Natal e na Páscoa distribuía roupas ou calçado a todos os necessitados da freguesia.
Aos órfãos vestia-os, para não sentirem a falta de seus pais.
Não consentia que a família negasse esmola aos pedintes e dava dinheiro para medicamentos.
Conseguiu, pelo seu conhecimento, madrinhas para estudantes.
Quando chegasse ao seu conhecimento alguma precisão de pessoas envergonhadas, logo lhes enviava socorro em roupas ou em comidas.
Conta Gabriele Amorth que após a morte do pai das duas irmãs, Gonçalves Xavier, que tinha abandonado as filhas e a mãe destas para casar com outra mulher, esta, consciente do mal que tinha feito quando se intrometeu entre os dois namorados, pediu para ser recebida por elas. A Alexandrina convenceu a mãe a acolhê-la e ajudou o seu meio irmão.
Nos diários de Alexandrina pode ler-se:
«A esmola, e a caridade bem praticada é a base de todas as coisas. Nada há que ajude o espiritual como auxiliar no material, quando este é necessário. Ai quanto bem se podia fazer às almas, matando-lhes a fome, cobrindo-lhes o corpo, e encobrindo-lhes tantas misérias. E não merece Jesus tudo isto?».
«Quero praticar o bem, quero que todos os meus actos levem em si toda a bondade e doçura. Não posso saber que os pobrezinhos têm fome e não têm com que se cobrir. Não posso saber que os meus semelhantes estejam em grandes aflições, sejam elas quais forem. O meu coração, apesar de ser tão mau, sofre, morre por não poder desfazer-se em pão, agasalhos, conforto e alegria, consolação e bálsamo para quantos sofrem. Jesus, amo a todos e a todos quero consolar por vosso amor».


Processo de Beatificação

A convite do então Arcebispo de Braga, D. Francisco Maria da Silva, o P. Humberto Pascoal começou a tratar do processo de beatificação em 1965.
Oficialmente, o processo sobre a fama de santidade e heroicidade das suas virtudes foi iniciado pela Cúria Arquiepiscopal de Braga em 1967, tendo-se registado o testemunho de quarenta e oito pessoas que a conheceram. Tal processo encerrou em 1973, tendo toda a documentação que lhe diz respeito passado para a respectiva Congregação romana, onde, em 21 de Maio, foram abertas as duas caixas de escritos e testemunhos.
Em Dezembro de 1976 foram aprovados todos os seus escritos.
Em 1977 a Congregação para a Doutrina da Fé deu o «nada obsta» para tratar da causa.
O decreto de introdução da causa de beatificação na respectiva Congregação romana foi assinado pelo P. Humberto em 31 de Janeiro de 1983. Falecido este Sacerdote em 1985, passou a ocupar-se da causa o P. Luís Fiora, Postulador Geral dos Salesianos. Em 1991 foi apresentado à Congregação para as Causas dos Santos, pelo Relator, um grosso volume chamado «Estudo acerca das Virtudes».
Em 1996 foi declarada Venerável, pela Congregação para as Causas dos Santos, mediante o decreto que se transcreve:
«No dia 23 de Maio de 1995 realizou-se, com êxito feliz, a Reunião Peculiar dos Teólogos Consultores.
A seguir, Cardeais e Bispos, em Sessão Ordinária, no dia 7 de Novembro do mesmo ano, sendo Relator da Causa o Ex.mo Senhor Arcebispo Pedro Alberti Ottorino, declararam que a serva de Deus Alexandrina Maria da Costa praticou, em grau heróico, as virtudes teologais e as cardeais que lhe são anexas.
Apresentada, finalmente, ao Sumo Pontífice João Paulo II uma cuidadosa relação pelo abaixo assinado Pró-Prefeito, Sua Santidade, recebendo e aprovando os votos da Congregação para as Causas dos Santos, ordenou que fosse exarado o Decreto sobre a heroicidade das virtudes da Serva de Deus. O que, depois de fielmente observado, e tendo sido convocados, no presente dia, o Pró-Prefeito, o Relator da Causa, o Secretário da Congregação e os restantes que de costume devem ser convocados, e estando todos presentes, o Beatíssimo Padre declarou:
«Consta, no caso presente e para o efeito de que se trata, que a Serva de Deus, Alexandrina Maria da Costa, Virgem secular, Membro da Associação dos Cooperadores S.D.B., praticou, em grau heróico, as virtudes teologais, Fé, Esperança e Caridade, tanto para com Deus como para com o próximo; bem como as virtudes cardeais, Prudência, Justiça, Fortaleza e Temperança e as que lhe são anexas.
Mandou que este decreto se tornasse de direito público e ficasse exarado nas actas da Congregação para as Causas dos Santos».
Roma, 12 de Janeiro de 1966.
Alberto Bovone, Arcebispo titular de Cesareia da Numídia, Pró-Prefeito
Eduardo Nonac, Arcebispo Titular de Luna, Secretário.
O Arcebispo Primaz, D. Jorge Ferreira da Costa Ortiga, constituiu em 7 de Março de 2002 um tribunal encarregado de estudar a possível cura miraculosa, por intermédio da Serva de Deus Alexandrina Maria da Costa, de uma senhora de Esmeriz, Vila Nova de Famalicão. Foi curada em 1995, após 12 anos de sofrimento.
Fizeram parte desse tribunal: Cónego Doutor Manuel Fernando de Sousa e Silva, juiz delegado; P. Dr. António José Fernandes de Carvalho Arieiro, juiz delegado adjunto; Cónego Dr. Guilherme Frederico Malvar Fonseca, promotor de justiça; P. Dr. António de Oliveira Gomes, notário; P. Manuel Joaquim de Sousa Lobato, notário «ad casum»; Monsenhor Dr. Joaquim Moisés Rebelo Quinteiro, vice-postulador e colaborador do P. Pasquale Liberatore, postulador geral dos Salesianos e desta causa.
Durante esta fase diocesana do processo a cura foi avaliada pelo médico João Rafael Garcia e por dois especialistas em neurologia, João Manuel Leite Ramalho Fontes e Carolina Lobo do Almeida Garret. De harmonia com o parecer que posteriormente emitiram os médicos da Santa Sé, consideraram-na «um facto que não se pode explicar natural ou cientificamente».
O processo documental foi fechado e lacrado na Casa Episcopal de Braga, em 1 de Outubro de 2002, durante uma sessão presidida pelo Arcebispo D. Jorge Ferreira da Costa Ortiga. No dia seguinte foi enviado para Roma e em 20 de Dezembro de 2003, como disse no princípio, foi promulgado o decreto que abre caminho à beatificação.


––––––––––

Bibliografia

Amorth, Gabriele, Por detrás de um sorriso – Alexandrina Maria da Costa. Edições Salesianas, Porto, 1994.
Matos, P. Ismael, Alexandrina de Balasar. Edição do «Cavaleiro da Imaculada». Porto, 1971.
Pasquale, Humberto, Sob o Céu de Balasar, Edições Salesianas, Porto, 1983.
Idem, Venerável Alexandrina, 6.ª edição, Edições Salesianas, Porto, 1998.
Idem, Fátima e Balasar – duas terras irmãs, Edição do «Cavaleiro da Imaculada».
Pinho, Mariano, No Calvário de Balasar, Edições Paulinas, 1963.

30/03/2004


Re: Beata Alexandrina Maria da Costa / Colóquios de Jesus
Escrito por: Abelardo (IP registado)
Data: 19 de April de 2004 23:22


COLÓQUIOS DE JESUS COM ALEXANDRINA

Em 10-09-1934, Jesus diz-lhe:
«Não descanses de pedir-Me pelos pecadores. Eu tos entrego, para que mos tornes a restituir».

E a 20 de Dezembro:
«A missão que te confiei são os Sacrários e os pecadores. Dá-Me o teu corpo, para Eu crucificá-lo. Pretendo de ti muitos e grandes sofrimentos: É dolorosa a crucificação. Não ma negues, por Meu Amor e para acudir aos pecadores, teus irmãos; aos ceguinhos, não de nascença, mas cegos pelos vícios e paixões. Por ti, espero que muitos venham a Mim, com essa cruz que Eu te dei e que por Meu Amor abraçaste».

Em 20-10-1944:
«Minha filha, diz ao mundo que se converta. Diz ao mundo que se reconcilie Comigo. Diz, Minha amada, diz ao mundo que ouça a voz de Jesus ecoar na mais alta montanha, no meio da mais tremenda tempestade.
Haja emenda de vida, faça-se oração, faça-se penitência. Ou fogo, sangue e condenação, ou reconciliação, fogo de Amor Divino, paz e perdão.
Alerta, Portugal: é Jesus quem te avisa pelos lábios da Sua vítima. Alerta, mundo inteiro: escuta a voz de Jesus, levanta-te, emenda-te, reconcilia-te. Escuta o Pai que te chama, te avisa, que quer salvar-te...
Coragem, coragem, Minha filha: Salva os filhos Meus!»


Abelardo


Re: Beata Alexandrina Maria da Costa / Colóquios de Jesus
Escrito por: Abelardo (IP registado)
Data: 21 de April de 2004 02:47


COLÓQUIOS DE JESUS COM ALEXANDRINA


Em 11-09-1938, Jesus diz-lhe:
«Eu não posso mais com a monstruosidade do pecador! Penitência, penitência, em todo o mundo penitência!
Ou o mundo levanta-se rápido, ou com a mesma rapidez será destruído! Ai do mundo!
A Justiça Divina não pode mais suportá-lo! Entristece-te Comigo. Vive nesta tristeza, ao menos tu, que és a Minha esposa querida, a Minha vítima generosa. Tu não queres consolação e não queres o teu Jesus em sofrimento tão doloroso.
Diz depressa ao teu Director espiritual, que Eu quero que isto se faça ouvir no mundo, com a fortaleza do trovão e o esplendor do relâmpago:
PENITÊNCIA, PENITÊNCIA, PENITÊNCIA! DEPRESSA VIRÁ O DIA DA CATÁSTROFE!
(1)...
Eu dou a conhecer as Minha luzes, mas desprezam-nas contra a Minha Vontade. Coragem, e não duvides, nem um instante, que é o teu Jesus Quem te fala».

(1) A catástrofe, a que se referia Jesus, era a segunda guerra mundial, deflagrada um ano depois, em 1 de Setembro de 1939.


E em 7-05-1954:
«Coragem, Minha filha, falta tão pouco tempo para a tua entrada no Céu!
Consentes em ficar nos Meus sofrimentos, recebendo os Meus espinhos, lanças, punhais e setas?
É o mundo perdido, é o mundo perverso, que assim tenta ferir-Me...
Ai dele, ai dele! Cairá a Justiça de Meu Pai, cairá a Justiça de Meu Pai, se depressa não houver uma renovação da vida
.
Tem coragem, fala às almas, faz que Portugal se eleve para Mim!
Faz que Portugal seja grato aos benefícios, aos meios de salvação, que do Céu tem recebido...
Tem a certeza de que as almas não vão [obstinadas no pecado], como vêm para junto de ti».


Abelardo


Re: Beata Alexandrina Maria da Costa / Colóquios de Jesus
Escrito por: Abelardo (IP registado)
Data: 22 de April de 2004 01:31


COLÓQUIOS DE JESUS COM ALEXANDRINA


Em 19-11-1954, Jesus disse-lhe:
«O mundo peca loucamente, dia e noite. Não cessa de desafiar a Justiça de Meu Pai. Muitas almas levam vida de vícios. Os maus exemplos abrem abismos para a perda de tantas, tantas almas. Vigilância à Igreja. Principie a Igreja. Haja uma renovação de vida.
Minha filha, oh, como Eu vejo o mundo! O que espera o mundo! Chama para Mim as almas! Recebe o Meu Sangue! Vive a Minha Vida! Faz viver esta Vida! Fala da Eucaristia! Diz, diz que ali estou, como Homem e como Deus! Diz que quero que Me amem, como Eu amo.
Fala-lhes do Amor Eucarístico e da necessidade de Me receberem. Fala-lhes do Rosário. Fala-lhes do Amor da Minha Bendita Mãe».

Em 26-11-1954:
«Escuta, louquinha das almas; escuta, louquinha da Eucaristia:
Estou aqui só por Amor. Os homens não compreendem este Amor. Estou aqui para ser Alimento e Vida. Os homens não querem alimentar-se, nem viver a Minha Vida. Fala-lhes do Meu Amor. Pede às almas para virem ao Sacrário e viverem do Sacrário.
Fala do Rosário da Minha Bendita Mãe. Fala às almas dos grandes meios de salvação».

E em 10-12-1954:
«Minha filha, mimo eucarístico, estou ali [no Sacrário], naquela Hóstia pura, em Corpo, Alma e Divindade, tal como estou aqui [ao teu lado e no Céu]. Confia, Minha filha e esposa querida.
Fala ao mundo deste Mistério. Diz aos homens que se abeirem de Mim. Quero dar-Me a eles muitas vezes, todos os dias, se for possível. Que venham com os seus corações puros, muito puros e sequiosos.
Se vierem ao Sacrário com as devidas disposições, e rezarem o Rosário, ou uma parte do Rosário, todos os dias, nada mais é preciso para que se afaste a Justiça de Deus.
O Rosário, o Sacrário e as Minhas vítimas são suficientes, para que ao mundo seja dado o perdão e a paz.
Quem vem ao Sacrário vive puro. Quem vive à sombra da Minha Bendita Mãe, vive da Sua Pureza.
E assim a humanidade vive a Vida nova, tantas vezes por Mim recomendada»...


Abelardo


Re: Beata Alexandrina Maria da Costa – Beatificação
Escrito por: Viajante (IP registado)
Data: 23 de April de 2004 07:55


[center]B E A T I F I C A Ç Ã O

25 de Abril de 2004

Praça de S. Pedro – VATICANO

Venerável ALEXANDRINA MARIA DA COSTA

Virgem Secular, Membro da Associação dos Cooperadores de S. João Bosco



Nome: ALEXANDRINA MARIA DA COSTA

Naturalidade: Lugar de Gresufes, Balasar, nascida a 30/03/1904,
2.ª filha de Ana Maria da Costa, sendo a 1.ª filha de nome Deolinda.

Baptismo: Balasar (2/04/1904) – "Sábado de Aleluia".

1.ª Comunhão: Aos 7 anos, na Matriz – Póvoa de Varzim.
Quem lhe ensinou a doutrina, quem assistiu-a no Sacramento da Penitência
e lhe distribuiu a Sagrada Eucaristia, foi o Pe. Álvaro de Matos.

Confirmação / Crisma: Aos 7 anos, na Paróquia de S. João Baptista
– Vila do Conde, pelo Bispo do Porto, D. António Barbosa Leão.

Director Espiritual: Desde 16/08/1933, o Jesuíta Pe. Mariano Pinho,
homem piedoso e culto, fizera os seus estudos na Bélgica e Áustria;
acabou por ser impedido de visitá-la e, por fim, foi exilado para o Brasil.

Depois, além do apoio do médico Dr. Manuel Azevedo (que acompanhou Alexandrina até à morte),
surge, em 1938, o Pe. Humberto Maria Pasquale, SDB – que veio ter com ela por mera caridade,
pois ouvira falar dela sem nenhuma consideração.
Ele interpela-a a ditar os seus êxtases, recolhendo assim uma documentação abundante
e de altíssima qualidade, tornando-se o seu principal biógrafo e divulgador.
O Pe. Humberto Pasquale sucedeu oficialmente ao primeiro Director no dia 8 de Dezembro de 1944.

Falecimento da Alexandrina: Balasar a 13/10/1955, por volta das 20h30.


Para mais informações sobre a Vida da Beata Alexandrina, queira clicar aqui...


Re: Beata Alexandrina Maria da Costa
Escrito por: Francisco Azevedo (IP registado)
Data: 24 de April de 2004 06:20


MAIS DE UM MILHAR DE PEREGRINOS PORTUGUESES VAI, ESTE FIM DE SEMANA, EM PEREGRINAÇÃO A ROMA, PARA PARTICIPAR NA CERIMÓNIA DE BEATIFICAÇÃO DE ALEXANDRINA MARIA DA COSTA.

O número exacto daqueles que se vão deslocar ninguém sabe ao certo, uma vez que, nos últimos dias, têm-se desmultiplicado organizações de grupos de peregrinos. É da Arquidiocese de Braga que sai a maior parte dos peregrinos.

D. Jorge Ortiga aponta para um número entre 700 e 750 peregrinos. Já o padre Domingos Ferreira de Araújo, da Comissão Executiva da Beatificação, vai mais longe e refere que, da Arquidiocese de Braga, devem deslocar-se ao Vaticano entre 850 a 900 pessoas.

Se a estes grandes grupos bracarenses se somarem todos os outros que, de uma forma mais ou menos esporádica, se organizaram de outras dioceses – o Diário do Minho tem informação de pequenos grupos que se deslocam das dioceses do Porto, Aveiro, Lisboa, entre outras –, serão mais de um milhar de portugueses a concentrar-se para as cerimónias da beatificação, na Praça do Vaticano.

O padre Domingos Ferreira de Araújo salienta que, «inicialmente, os responsáveis diocesanos fizeram as contas por baixo daqueles que poderiam querer ir a Roma».

Contudo, depois das comemorações, em 30 de Março, do primeiro centenário do nascimento de Alexandrina de Balasar (como é conhecida), o interesse cresceu de forma exponencial.

São muitas as agências de viagens que não têm mãos a medir para dar resposta aos pedidos.

Ontem, saiu um grupo de peregrinos da paróquia de Marinhas, concelho de Esposende, de autocarro em direcção à capital italiana.

Também ontem, teve lugar uma reunião, em Balasar, Póvoa de Varzim, para preparar a peregrinação.

Segundo o padre Domingos Ferreira de Araújo, foram distribuídos os guiões da viagem e os cachecóis identificativos dos peregrinos portugueses.

O também Arcipreste de Vila do Conde/Póvoa de Varzim referiu ter sido formado um grupo coral, de 20 elementos, que vão animar as liturgias de sábado e de segunda-feira, em Roma.

O director artístico do grupo coral é o padre Jorge Gomes (pároco de Viatodos, Barcelos) e o organista é o padre Armando Guimarães (pároco de Lama, Barcelos).

A Ministra dos Negócios Estrangeiros, Teresa Gouveia, vai representar, no próximo domingo, no Vaticano, o Governo da República Portuguesa.

A nível oficial, deslocam-se à Santa Sé nove bispos portugueses. Da Arquidiocese de Braga vai D. Jorge Ortiga, acompanhado pelo Bispo Auxiliar, D. Antonino Dias, o novo Bispo de Viseu, D. António Marto, e também o Arcebispo Emérito D. Eurico Nogueira.

Fazem ainda parte da comitiva oficial, o Governador Civil do distrito de Braga, José Araújo, e uma delegação da Câmara Municipal da Póvoa de Varzim. O Governador Civil do Porto, que também foi convidado, já fez saber da sua indisponibilidade para acompanhar a comitiva.


Fonte: Ecclesia


Re: Beata Alexandrina Maria da Costa
Escrito por: Francisco Azevedo (IP registado)
Data: 24 de April de 2004 06:52


DE BALASAR PARA O MUNDO


«Quem conhece a Alexandrina fica fascinado com ela. Recebo cartas de todo o mundo com pedido de imagens e relíquias», afirmava há meses o Pe. Pasquale Liberatore, recentemente falecido e que foi o seu Postulador salesiano.

Um dos aspectos surpreendentes na Alexandrina é a dimensão universal insistentemente atribuída à sua mensagem. Tudo nela tem alcance mundial: se acontece em Balasar, é para se projectar no mundo.

Já em 22 de Novembro de 1937, quando ela era conhecida apenas um reduzidíssimo e fechado círculo de familiares e amigos, Jesus lhe afirmava:
«Eu quero que, logo após a tua morte, a tua vida seja conhecida, e há-de o ser, farei que o seja. Chegará aos confins do mundo (…)».

Um dia, durante um êxtase da Paixão, estava ela no chão sob o peso da cruz, dois homens tentaram levantá-la, mas não conseguiram. Ela pesava mais ou menos 34 quilos. À pergunta do Director espiritual sobre quanto pesava a cruz que carregava, esclareceu que ela tinha um «peso mundial».

A consagração ao Imaculado Coração de Maria de que foi mensageira não foi a da Rússia ou de Portugal, nem a da Cristandade, foi a do Mundo. Isso está bem claro nas palavras de Jesus proferidas em 29 de Maio de 1942:

«Ave, Maria, Mãe de Jesus!
Honra, glória e triunfo para o seu Imaculado Coração!
Ave, Maria, Mãe de Jesus, Mãe de todo o Universo!
Quem não quererá pertencer à Mãe de Jesus, à Senhora da Vitória?
O mundo vai ser consagrado todo ao seu Materno Coração!
Guarda, Virgem Pura, guarda, Virgem Mãe, em teu Coração Santíssimo, todos os filhos teus!»

Veja-se o alcance universal atribuído à vida da Alexandrina nestas espantosas frases:
«Minha filha, escola de toda a humanidade!...
Quanto deve ela aprender nesta escola:
Escola da vida de Cristo, escola da ciência do Altíssimo!
É aqui que aprendem os pequenos, os grandes, os ignorantes e os sábios.
É nesta escola que se aprende a sofrer e a amar.» (15/4/49)

E ainda esta outra citação, de teor semelhante ao da precedente, mas onde ela é chamada «doutora das ciências divinas» e, pelo seu extraordinário empenho em favor das almas, chamada também «redentora» e «nova salvadora da humanidade» (sem prejuízo, entenda-se, de Redentor haver só um):

«Vem o Jardineiro divino ao seu jardim a ver as maravilhas que nele operou e o fruto de tantas canseiras.
Vem o Rei ao palácio da sua esposa, o Redentor divino à sua redentora, à nova salvadora da humanidade.
As minhas maravilhas em ti não ficam ocultas, não consinto no seu escondimento.
Hão-de brilhar! São a minha glória; são salvação das almas.
Tudo será conhecido, minha doutora das ciências divinas, tudo será conhecido no livro da tua vida.
És a heroína do amor, a heroína da dor, a heroína da reparação, a heroína dos combates, a rainha dos heroísmos» (18-5-1945).

Nos derradeiros meses da vida terrena da Alexandrina, as forças abandonaram-na de tal modo que ela deixou de poder ditar os seus diários. O texto que se segue é do último diário, quando estava na «última, tremenda fase» (como a classificou Jesus); é muito belo, tem um final altamente poético e onde ela é chamada «luz e farol do mundo»:

«Numa angústia lancinante (eu, Alexandrina) repeti os meus actos de fé:
“Creio, Jesus, creio que foi para mim o vosso nascimento, a vossa morte, o vosso calvário. Creio, Jesus, creio!”
Os meus abismos são tão negros e profundos que só um Deus podia penetrar neles. Foi assim que Jesus fez. Desceu à minha profundeza, trouxe à superfície e iluminou o meu pobre ser com uns raiozinhos da sua luz:
“Vem cá, minha filha, luz e farol do mundo!
Tu que és treva inigualável, és luz que brilha, farol que tudo ilumina.
A treva é para ti, a luz é para as almas.
Vem cá, luz de quem Eu sou luz, farol de quem Eu sou farol!
Não posso Eu fazer-te brilhar com o Meu brilho?
Não posso Eu fazer que sejas farol como Eu sou farol?” » (2/9/55).


José Ferreira

Fonte: Ecclesia


Re: Beata Alexandrina Maria da Costa
Escrito por: Francisco Azevedo (IP registado)
Data: 24 de April de 2004 07:19


A BELEZA, O REQUINTE E O HEROÍSMO DA VIRTUDE DE ALEXANDRINA DE BALASAR


Ao ser interrogado frequentemente acerca da Alexandrina, eu costumo afirmar:
«Na minha já não breve vida sacerdotal abeirei-me de muita gente, de todas as categorias, mas nunca encontrei nenhuma (inclusive sacerdotes e religiosos) tão humana e espiritualmente perfeita, sob todos os aspectos, como a Alexandrina. Nunca!»

Recordando os frequentes contactos que tive com aquela alma de escol, iluminando-os com os conhecimentos ascéticos que as leituras espirituais da minha vida sacerdotal me fornecem diariamente, não consigo descobrir nela a mais pequena sombra de imperfeição. Antes pelo contrário, descubro cada vez melhor a beleza, o requinte e o heroísmo da virtude da Alexandrina. Sinto-me cada vez mais levado a admirar a maravilhosa acção da graça de Deus naquela alma.

Se eu tivesse de apontar a virtude em que ela mais se distinguiu, não saberia fazê-lo, porque não houve uma que brilhasse nela mais do que as outras: foi excelente em todas, numa harmonia perfeita. Mesmo naquelas que exteriormente foram mais provadas: por ex. na obediência à Autoridade eclesiástica e aos seus directores; na paciência posta tão rudemente à prova quer pela doença, quer pelas pessoas que a visitavam de maneira importuna; na caridade para com o próximo, sobretudo com os que lhe causavam gravíssimos desgostos.

A sua personalidade verdadeiramente gigante era escorada por um espírito de humildade muito convicta e evidente que aflorava dos seus lábios e mais ainda das suas atitudes interiores, como facilmente se pode deduzir da leitura atenta dos seu diários: por um total desapego da sua vontade, sempre ansiosa em buscar e cumprir a vontade de Deus à custa da renúncia total dos seus desejos e gostos pessoais.

Era verdadeiramente uma criatura consagrada de uma forma total ao seu Deus, em espírito de imolação, para reparar as ofensas que lhe são continuamente dirigidas, e para salvar-lhe almas, todas as almas. Uma tal consagração não se explica sem um grau eminente de amor de Deus: amor insaciável, ardoroso, avassalador. Não saberia melhor definir esse amor do que aplicando-lhe o adjectivo «seráfico», no sentido mais completo da palavra.

Não encontro paralelo desse amor a não ser na vida dos grandes amantes de Deus, reconhecidos pela Autoridade da Igreja.

Mais ainda que os factos, que podiam causar impressão, foram estas virtudes sólidas e excepcionais que me ligaram à Alexandrina: foi delas que me ocupei e preocupei tomando, no devido tempo, a sua defesa à custa de muitas amarguras.

Foi igualmente o mesmo motivo que me levou a exigir que ditasse os seus sentimentos de alma, sem os quais teriam ficado ignoradas as suas riquezas espirituais nos seus aspectos mais íntimos e, portanto, mais preciosos.

Turim (Itália), 2 de Julho de 1965.
In fide (em fé).
P. Humberto M. Pasquale, S. D. B
(Documento dactilografado do arquivo de Balasar)


Fonte: Ecclesia


Re: Beata Alexandrina Maria da Costa
Escrito por: Francisco Azevedo (IP registado)
Data: 24 de April de 2004 07:45


ALEXANDRINA DE BALASAR – SANTA PARA PORTUGAL


Ninguém ignora a vocação universal à santidade como caminho para a Igreja. Por outro lado, todos reconhecem que os Santos não se limitam aos proclamados, solenemente, como tais. Acontece, porém, que a Canonização ou Beatificação dum membro da Igreja não é um mero elencar de mais um nome no catálogo. Com elas são anunciados diversos valores e dimensões que a Igreja Universal deve acolher.

Que terá Alexandrina Maria da Costa a dizer à Igreja em Portugal?
Sem pretender ser completo, sublinho três aspectos de grande utilidade:

1. Ela foi uma cristã simples e humilde. Na verdade, não chegou a concluir os estudos primários e “obrigatórios” naquela época.

Esta “limitação” de conhecimentos, humanos e cristãos, não a impediram de ser uma verdadeira evangelizadora. Fê-lo através dos seus escritos, que necessitam dum estudo teológico mais consistente, e que nos obrigam a pensar em congressos, e, particularmente, da palavra oportuna e serena que oferecia a quem a procurava.

Não pretendo desconsiderar a importância da reflexão teológica e da formação permanente dos nossos cristãos. Creio que esta necessita duma “alma” como experiência mística e de união com Deus. Trata-se de sublinhar a prioridade da dimensão contemplativa para que a palavra e o anúncio adquiram consistência.

Será ousadia reconhecer que a Igreja em Portugal, para além dum empenho mais sólido no aprofundamento da mensagem cristã, tem necessidade de “ver”, também, as doutrinas a partir do “mistério”, o que só se consegue através duma consideração, teórica e prática, do valor da intimidade com Deus? Só a contemplação alicerça o anúncio da Palavra.

2. Nesta prioridade pela Evangelização, a Eucaristia, alimento consistente da vida humana e cristã da Venerável Alexandrina, tornou-se o “segredo” e a coragem para a fidelidade em todos os momentos e horas. Ela conseguiu “eucaristizar” a sua vida.

No meio de tantas iniciativas e actividades que a pastoral hodierna reclama, teremos de redescobrir a centralidade da Eucaristia. Trata-se de ultrapassar a norma da obrigatoriedade dum preceito, e fazer com que tudo nasça desta ânsia interior de encontro com o Divino. Ela, na celebração e na comunhão, terá de dizer mais Deus.

E sabemos, por experiência, que não é suficiente o rubricismo escrupuloso. Urge maior preparação e vivência a envolver toda a comunidade para que a presença de Cristo não se reduza à Eucarística, mas aconteça no encontro de “dois ou mais”.

A Eucaristia terá de dar um sentido mais profundo e um valor mais consistente a Jesus no meio de “dois ou mais” que se amam. Só assim a Eucaristia se torna alimento para a Igreja e para o mundo moderno repleto de dores e sofrimentos. Ele pretende serenidade e calma, e só a presença de Cristo na comunidade é uma resposta permanente. Depois, a presença Eucarística provocará outra incidência na vida real das pessoas.

3. Se uma vida eucaristizada, tornada experiência no encontro verdadeiro da comunidade, foi a coragem para os sofrimentos e as dores que a Venerável Alexandrina experimentou, num cuidado e acompanhamento mais técnico e competente aos doentes, a Igreja em Portugal terá de redescobrir modos e meios de se fazer presente no concreto da dor e do sofrimento.

São muitos aqueles que lutam sozinhos, e não bastam as estruturas e instituições que cuidam dos doentes. Eles necessitam da presença e do carinho que só uma doação e entrega a esta causa pode oferecer.

Há momentos históricos que exigem respostas novas. A evolução técnica ainda não eliminou nem iluminará, o rosto da dor. Se a medicina oferece muito, a presença, como sinal dum Amor cristão, é a mais valia que se pode oferecer.

A Beatificação de Alexandrina Maria da Costa deve questionar a Igreja em Portugal, tornando-a mais evangelizadora através do testemunho, da Eucaristia como fonte de vida nova e da atenção concreta ao mundo que sofre.


+ Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz de Braga


Fonte: Ecclesia


Re: Beata Alexandrina Maria da Costa
Escrito por: Francisco Azevedo (IP registado)
Data: 24 de April de 2004 08:07


CERIMÓNIAS DA BEATIFICAÇÃO DA VENERÁVEL ALEXANDRINA

AS TELEVISÕES FAZEM REPORTAGENS EM DIRECTO

Três estações televisivas portuguesas vão cobrir a Beatificação de Alexandrina de Balasar, na Praça de São Pedro, a partir da 9 horas (hora de Lisboa).

A TV Canção Nova, apenas disponível no serviço por cabo, vai proceder à transmissão integral das cerimónias, a partir do Vaticano.
Por seu turno, a RTP e a TVI vão fazer diversos apontamentos, em directo.

Balasar, terra natal de Alexandrina Maria da Costa, está a preparar-se para receber a maior enchente de sempre, avançou o responsável pelo Arciprestado de Vila do Conde / Póvoa de Varzim.

O Padre Domingos Ferreira de Araújo salienta que, «só de uma paróquia da diocese de Aveiro, virão 43 autocarros».

Tudo indica, portanto, que a pequena localidade do concelho da Póvoa de Varzim vai ser invadida no próximo Domingo por uma “onda” humana, muito superior àquela que se verificou na celebração do Centenário do Nascimento da “Santinha de Balasar”.


Re: Beata Alexandrina Maria da Costa
Escrito por: Visitante (IP registado)
Data: 26 de April de 2004 01:36


"SANTINHA" E "DOUTORA DA IGREJA"


Os que a estudam não tratariam Alexandrina de Balasar por “santinha”. É assim que ela mais é conhecida, entre o povo crente. Mas a aproximação aos milhares de páginas que fazem os seus escritos, que qualquer visitante pode observar na casa de Balasar, requalificam opiniões e a própria dimensão da santidade.

“Ela vai até Doutora da Igreja”, garante José Ferreira que, nos últimos três anos, tem investigado a biografia e os escritos da "santa", que João Paulo II beatificará no próximo Domingo (dia 25 de Abril).
E pede mesmo, a quem o interroga, que não designe com essa palavra: “santinha”.

É também dessa opinião o médico que acompanhou o Processo diocesano que atribuiu a cura de Maria Madalena Fonseca à intercessão de Alexandrina de Balasar.
João Rafael Garcia, especialista em Medicina Interna no Hospital S. Marcos, em Braga, diz que “com tais diminutivos rapidamente desvalorizamos”. “Faz-me muita pena como é tratada Alexandrina”, refere este espanhol, médico em Portugal.

Depois de intervir no Processo diocesano da Beatificação de Alexandrina Maria da Costa, João Rafael Garcia afirma que “Alexandrina está ao nível dos grandes Santos místicos conhecidos na Igreja”.
À sua Vida ficará sempre relacionada, por exemplo, a Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria.
Alexandrina pediu-a, por ordem de Jesus, ao Papa, em 1936.
E a Consagração Mariana viria a acontecer a 31 de Outubro de 1942, através de uma mensagem de Pio XII, transmitida de Fátima.

Protagonista de muitos factos inexplicáveis, Alexandrina de Balasar tornou-se popular entre os da sua época, sobretudo por ter estado 13 anos e 7 meses sem comer nem beber, alimentando-se apenas da Comunhão Eucarística diária.

A habitual experiência da Paixão de Cristo foi verificada, assim como o jejum total, por quem com ela estava e privava, e na qual, miraculosamente, era vista a “interromper” a paralisia total, a fim de repetir os gestos de Cristo no caminho para o Calvário.

“Como técnicos, a nossa missão é dizer que não há explicação técnica”, diz o médico João Garcia.
“Se não há nenhuma explicação natural nem técnica, alguma outra terá que haver. Quem acredita, aceita a intervenção de alguma entidade sobrenatural. Quem não acreditar, honestamente tem que dizer que não sabe”, acrescenta.

Nos últimos dias da sua vida, foram muitos os que quiseram abeirar-se de Alexandrina.
“Foi necessário deitar muros abaixo” para permitir a chegada de muitos autocarros, recorda o Pe. Francisco Azevedo, pároco em Balasar desde pouco tempo depois da morte de Alexandrina.
Após o seu falecimento, a 13 de Outubro de 1955, o Pe. Francisco sempre associou a celebração de 13 de Outubro, de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, à santidade popular de Alexandrina.

Cresceu o número de peregrinos que, nesse dia e em cada Domingo, acorrem ao seu túmulo e à sua casa. “Em qualquer domingo podem passar por aqui vinte mil pessoas”, garante o Pe. Francisco Azevedo.

Hoje, Domingo da sua Beatificação, serão muitos mais os que se associarão à Celebração que o Papa preside em Roma, evidenciando as virtudes cristãs de uma filha da terra.

Na Praça de São Pedro, são mais de mil os portugueses que esperam ver proclamada Beata a Venerável Alexandrina de Balasar.


Fonte: Ecclesia


Re: Beata Alexandrina Maria da Costa
Escrito por: taliban (IP registado)
Data: 27 de April de 2004 16:23

quem roubou o tercinho, quem foi?

Re: Beata Alexandrina Maria da Costa / Prólogo da Beatificação
Escrito por: Abelardo (IP registado)
Data: 28 de April de 2004 06:37


Com Alexandrina em Santa Maria Maior


A Vida de Alexandrina está marcada por devoções que testemunham a grandiosidade da sua alma. Ninguém desconhece a centralidade que dava a Jesus e a Jesus Eucaristia. Só que Nossa Senhora, a quem com muito carinho chamava de «querida mãezinha», acompanhava este mesmo amor.

Todos os dias rezava: «Ó Mãezinha, abri-me os vossos santíssimos braços, tomai-me sobre eles, estreitai-me ao Vosso Santíssimo Coração, cobri-me com o Vosso manto e aceitai-me como Vossa filha muito amada, muito querida, e consagrai-me toda a Jesus. Fechai-me para sempre no Seu Divino Coração, e dizei-lhe que O ajudais a crucificar-me, para que não fique por crucificar… Ó Mãezinha, fazei-me humilde, obediente, pura, casta na alma e no corpo. Fazei-me um Anjo; transformai-me toda em Amor, consumai-me toda nas chamas do Amor de Jesus».

Nesta Basílica de Santa Maria Maior, a primeira a ser dedicada a Nossa Senhora na cidade de Roma, queremos preparar-nos para a Beatificação, colocando-nos na atitude e amor de Alexandrina a Nossa Senhora.
Merece particular relevo a Consagração a Nossa Senhora e o trabalho efectuado para que o Papa Pio XI efectuasse a Consagração do Mundo ao Coração Imaculado de Maria, em 31 de Outubro de 1942.

«Consagrar-me toda a Jesus». Perdeu-se ou vai-se perdendo esta consciência da consagração que se pensa reservada a alguns Cristãos. O Santo Padre, na Exortação Pastoral Sinodal "Vita Consacrata", referia que os Religiosos e os Sacerdotes eram caracterizados por «uma nova e especial consagração» (V. C. 30), por «uma distinta vocação e uma específica forma de consagração, em vista duma missão peculiar» (V. C. 31).

Urge redescobrir o verdadeiro significado da palavra Consagração. Sabemos que, no uso profano, ela significa o acto ou a condição daquele que se dedica com totalidade e exclusividade a qualquer empenho, de tal modo que fica absorvido por ele; por exemplo, alguém que se consagra à investigação científica. Por outro lado, também se usa, para reconhecer que alguém é investido numa dignidade ou função, um rei, um artista, etc.

No sentido religioso, encerra o significado de um acto, da oferta de lugares, coisas ou pessoas, à Divindade. Como tal, supõe uma «separação» dos usos profanos e um «destino» para o culto. «Separação» como aspecto negativo, e «dedicação» como aspecto positivo. O culto pagão sublinhava mais o negativo; a Bíblia mostra mais o positivo. Consagrado é, assim, aquele que «pertence» a Deus e «participa» de Deus, e do qual Deus se serve para o tornar presente e operar na História. Neste sentido, consagrar-se é mergulhar numa comunhão de vida, acolher uma participação plena do modo de pensar, de amar e de agir de Cristo, e suscitar uma assimilação vital dos valores do Reino que se vivem e comunicam.

Esta consagração assume-se no Baptismo e vive-se na vida. «Cristo Senhor, Pontífice tomado de entre os homens (cf. Heb. 5, 1-5), fez do novo povo «um reino de sacerdotes para Deus e Seu Pai» (cf. Apoc. 1, 6, 5, 9-10). Pela regeneração e pela união do Espírito Santo os baptizados são consagrados para serem edifício espiritual e sacerdócio santo, de modo que ofereçam, em toda a sua actuação cristã, sacrifícios espirituais, e proclamem as grandezas d’Aquele que os chamou das trevas para a Sua luz maravilhosa (cf. 1 Ped. 2, 4-10). Perseverando no Louvor de Deus (cf. Act. 2, 42-47), ofereçam-se todos os discípulos de Cristo como hóstia viva, santa, agradável a Deus (cf. Rom. 12, 1), rendam testemunho de Cristo em toda a parte, sempre prontos a dar uma razão a quem os interrogar acerca da esperança, que neles existe, da Vida eterna (cf. 1 Ped. 3, 15). L.G. 10.

O Baptismo insere-nos em Cristo e torna-se a base e o fundamento de tudo, mas ele não é tudo na Vida cristã. Com ele, começa-se a ser Cristão e somos colocados em condições para poder receber vocações, missões, encargos particulares, com as qualidades e os talentos capazes para as concretizar. Uma consagração inicial e diversas formas de consagração, e algumas consagrações «especiais» associadas ao Sacramento da Ordem e Profissão e Vivências dos Conselhos Evangélicos: eis a síntese da Vocação Cristã.

A Beata Alexandrina poderá ajudar-nos a compreender esta doutrina. Pelo Baptismo somos «consagrados» a Jesus em «toda» a nossa vida, e, por isso, no quotidiano identificamo-nos com Ele nas virtudes, através duma vida coerente com o Evangelho, e «consumindo-a», ou seja, gastando-a no amor-entrega da nossa vocação pessoal e num interesse pelas vocações de especial consagração.

Alexandrina dizia: «Consagrai-me toda»; «Transformai-me toda em Amor»; «Consumi-me toda». As leituras de hoje recordavam o verdadeiro estatuto do Cristão, como aquele que «obedece antes a Deus que aos homens», e que se torna testemunha das maravilhas sem receio a intimidações, e ficando cheio de alegria por ter merecido ser ultrajado por causa de Jesus.

A nossa Igreja necessita desta consciência de Consagração e dum apreço maior pelas Vocações de especial consagração. Iniciamos a Semana de Oração pelas Vocações de especial Consagração. Lamentamo-nos da diminuição dos Sacerdotes e das Religiosas. Vivendo a vida como consagrados, muitas vocações surgirão. Alexandrina, no leito da dor, orientou muitos jovens e adolescentes para a Vida sacerdotal e religiosa.

Esta Vigília reveste-se do significado de preparação para viver o dia de amanhã. Ao mesmo tempo, quer colocar a Arquidiocese de Braga, e a Igreja em Portugal, nesta maneira conciliar de acolher o Baptismo. Não é uma formalidade ou um costume. É uma vocação onde Deus chama para um projecto pessoal e único. Toca a cada um percorrê-lo com sinceridade e verdade. O caminho pode não ser fácil. A alegria de ser fiel ao Amor será a nossa consolação. Terá sido inútil a vida de Alexandrina? Quantas pessoas mais importantes do que ela já passaram ao esquecimento?
Neste local mariano, gostaria de interpelar-vos a pedir a Deus, por Maria, as seguintes graças:

1 – Que os nossos cristãos ultrapassem um cristianismo sociológico ou por tradição, e consigam chegar a esta consciência de ser pertença de Deus que tomou essa iniciativa.

2 – Que as nossas comunidades sejam constituídas por pessoas com consciência vocacional, ou seja, atentas a um Deus que ama em primeiro lugar e chama a corresponder.

3 – Que as Vocações de especial consagração – sacerdotes, religiosos e religiosas – caminhem numa fidelidade alegre aos seus compromissos e sejam amadas e acompanhadas pelo Amor que Alexandrina lhes dedicou na sua vida terrena.

4 – Iniciamos a Semana de Oração pelas Vocações de especial Consagração. Deixo um excerto da mensagem do Santo Padre:
«A oração ligada ao sacrifício e ao sofrimento reveste um valor particular. O sofrimento, vivido como cumprimento daquilo que falta à sua própria carne, «aos sofrimentos de Cristo a favor do seu Corpo, que é a Igreja» (Col 1,24), torna-se uma forma de intercessão mais eficaz do que nunca. Muitos doentes, em todas as partes do mundo, unem os seus sofrimentos à Cruz de Jesus, para implorar vocações santas! Eles acompanham-me espiritualmente, no ministério petrino que Deus me confiou, e oferecem à causa do Evangelho uma contribuição inestimável, embora muitas vezes de modo oculto».

Não foi isto a vida de Alexandrina?


Santa Maria Maior, 24-04-2004

+ Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz de Braga


Re: Beata Alexandrina Maria da Costa
Escrito por: rodrigo netto (IP registado)
Data: 28 de April de 2004 15:04

penitencia penitencia???? yaohushua ja pagou todas as nossas penitencias. essa pagina só falta dizer que ele morreu em vão por todos nós. absurdo isso.

Re: Beata Alexandrina Maria da Costa
Escrito por: taliban (IP registado)
Data: 28 de April de 2004 22:22

foi ele kem roubopu o tercinho...
ó avlis, celebraste o 25 de abril ou não?

Re: Beata Alexandrina Maria da Costa / Frutos e Metas da Beatificação
Escrito por: Abelardo (IP registado)
Data: 29 de April de 2004 03:11


REDESCOBRIR A EUCARISTIA NA BASÍLICA DE S. PEDRO


O dia de ontem foi de emoções profundas. Hoje, serenamente e neste local significativo para todos os católicos, queremos dar graças a Deus. Será um momento forte, se chegarmos a compromissos para as nossas vidas e para o dinamismo das nossas comunidades.

Estamos calcando terra onde Cristãos testemunharam o Amor a Cristo através do martírio. Os estudos arqueológicos confirmam a sepultura de Pedro neste local. Renovemos a nossa confiança na Igreja e reflictamos sobre a Eucaristia que nasce e gera a Igreja.

Meditemos dois pensamentos da Beata Alexandrina:

1 – «Como Maria Madalena, também tu escolheste a melhor parte. Escolheste amar-Me nos Sacrários, onde Me podes contemplar não com os olhos do corpo, mas com os olhos da alma e do espírito. Eu encontro-Me lá em Corpo, Alma e Divindade, como no Céu. Escolheste quanto há de mais sublime» (revela Jesus).

«Como borboleta em volta da chama, como pastor vigilante pelo seu cordeiro..., pertence-me esta missão: dar almas a Jesus, viver alerta na Eucaristia, alerta sempre, alerta com Jesus» (promete Alexandrina).

2 – «Desejo ser sepultada, se possível, com o rosto voltado para o Sacrário da nossa igreja; pois, como em vida sempre desejei unir-me a Jesus Sacramentado e olhar para o Sagrado Tabernáculo, assim também, depois da minha morte, desejo continuar a velá-Lo, conservando-me voltada para Ele.
Sei que com os olhos do corpo já não verei Jesus, mas desejo ser colocada naquela posição para Lhe demonstrar o Amor que sinto pela Sagrada Eucaristia» (Alexandrina).

* * *

Jesus Cristo, no Evangelho de hoje, alerta os Seus seguidores para que não O procurem por causa das coisas materiais, mas pelo Alimento que dura até à Vida Eterna. Foi este Alimento que deu força a Estêvão para resistir às falsas testemunhas e proclamar o Amor a Deus através duma Sabedoria, e com uma carga de Espírito que impressionava.

Como Igreja, vivemos para evangelizar. Os tempos são adversos e os inimigos dispõem de armas que não conseguimos imaginar. O ambiente que nos rodeia não só não facilita a Missão da Igreja, mas cria, permanentemente, dificuldades. Talvez ainda não tenhamos reflectido seriamente sobre esta verdade. O mundo determina as suas leis e dispõe de argumentos que amarfanham a Voz da Igreja. Esta ainda vai sendo ouvida, mas como notícia de curiosidade que passa ao esquecimento.

Vejamos o que acontece com o Santo Padre. O seu testemunho é eloquente. Quantos o seguem? Aonde chega a doutrina dos Bispos em Portugal? Procura-se o sensacionalismo e há prazer em mostrar o que se apelida de ruptura. Não se ouve o que a Igreja quer comunicar, mas aquilo que se gostaria de ouvir. As frases são interpretadas e esquecem-se os valores que pretendemos anunciar.

Onde estará a nossa coragem? Só a união a Jesus Sacramentado, como «escolha da melhor parte», permite que demonstremos o Amor que temos a Cristo. Daí que a Eucaristia tem de adquirir a força duma presença que motiva e estimula. Aí robustecemo-nos e partimos para a vida com outra convicção e ardor. Talvez tenhamos de reconhecer que o testemunho no mundo é pouco convincente, por uma vivência demasiado habitual e formal.

O nosso coração «não arde» com a presença do Ressuscitado, e, como consequência, os dinamismos do mundo, em vez de serem permeados pelo Espírito Evangélico, são conduzidos por leis e comportamentos estranhos e contraditórios à Boa Nova.

* * *

A Beatificação duma pessoa é um modo de perpetuar a sua memória. A partir de agora, a Beata Alexandrina será colocada nos altares como alguém a quem recorremos, e sobretudo a quem queremos imitar. A sua presença deveria apontar o caminho de uma centralidade da Eucaristia na pastoral e na vida das pessoas e das comunidades. Ela indica-nos o Altar e o Sacrário como realidades a colocar no âmbito das nossas vivências.

Aqui esteve a força para ela aceitar tudo como Vontade de Deus:
«Em nada sinto alegria, a não ser em cumprir a Vontade de Deus» (Carta inédita, em 22-10-45). «Sei de tudo quanto se tem passado a meu respeito, por aí. Nosso Senhor me dê coragem para tudo suportar e sofrer como tenho sofrido até aqui. Só do Céu podem preparar-se tantas provas, quanto Deus quiser que eu sofra e com alegria. Graças a Deus, até hoje tudo tem passado sem que eu desgoste a Nosso Senhor. Ao menos faço isso. Confio n’Ele e na Mãezinha que assim será até ao fim, que se vai aproximando cada dia» (Carta inédita, em 1-1-46).

Também aqui gostaria de deixar alguns pedidos:

1 – Que o culto aos Santos não ofusque a Eucaristia e o Sacrário. Muitos cristãos só olham para as imagens, e esquecem a presença de Alguém que apaixonou e foi a razão de ser da vida daqueles que queremos homenagear.

2 – Urge tornar a Celebração Eucarística como encontro com Cristo Palavra e Pão. A Palavra terá de ser mais perceptível e ambientada; o Pão tem de ser recebido com outra reverência e sentido de compromisso. Como encontro da comunidade, a Festa deve resplandecer como acolhimento de todas as pessoas e dos seus problemas, no intuito de proporcionar a tranquilidade que se torna coragem para enfrentar o «duro» encenado no dia-a-dia.

A Eucaristia é a acção de Cristo-Total, e, neste sentido, nunca pode ser responsabilidade exclusivamente clerical. Os padres devem imprimir outra espiritualidade no celebrar, e os leigos têm de sentir a alegria duma colaboração corresponsável. É cristão um agir segundo as capacidades e talentos numa Igreja que se quer plural, e, por isso, onde cada um faz «só e apenas» o que lhe compete. Quanto caminho percorrido e quanta vida nova a procurar!

3 – Torna-se necessário redescobrir a importância do Sacrário. O mundo necessita de Adoradores que, pessoalmente ou em grupo, se coloquem em atitude de contemplação. As igrejas começam a estar vazias fora dos actos do culto. A segurança recomenda muitos cuidados. Um mínimo de organização e a existência de Cenáculos de oração, que de modo generalizado não necessitariam da presença do padre, permitiriam que elas estivessem abertas e acessíveis.

Também os Lausperenes necessitam dum interesse maior e duma dedicação mais esmerada. As Confrarias do Santíssimo têm aqui um espaço onde investir as suas capacidades e energias. Não seria oportuno que todas as festas tivessem este momento de encontro com o Sacrário como núcleo central dum programa que não se preocupasse só com o exterior?

Nestes momentos de Adoração, as Vocações de especial consagração nunca podem ser esquecidas. O Senhor da Messe manda pedi-las, e nunca nos poderemos cansar.

Viemos a Roma, e não podemos levar somente a alegria de ter participado num acontecimento maravilhoso: Teremos de ser mensageiros da memória e mensagem da Venerável Alexandrina.
Recordemos sempre, e comuniquemos aos outros, por todos os meios, as ideias que recebemos. O Senhor permitiu que vivêssemos um acontecimento de Graça.
Toca-nos a obrigação de multiplicar esta Graça aos amigos e conhecidos. Por nós, o Amor de Alexandrina a Cristo, a Maria, no Sofrimento, pode chegar longe.


Roma, Altar da Cátedra, 26-04-2004

+ Jorge Ortiga, Arcebispo Primaz


Re: Beata Alexandrina Maria da Costa
Escrito por: Abelardo (IP registado)
Data: 29 de April de 2004 08:47


CEM MIL PEREGRINOS EM BALASAR

É uma pacata aldeia da diocese de Braga, mas no Domingo passado (25 de Abril) talvez poucas cidades do país tivessem tantas pessoas como Balasar, terra natal da mais recente Beata da Igreja: Alexandrina Maria da Costa.

“Calculamos que passaram pela nossa terra cerca de 100 mil pessoas” – disse à Agência ECCLESIA José Moura, elemento da Comissão organizadora das celebrações da Beatificação de Alexandrina, naquela paróquia.
Um numero “estrondoso”, se comparado com os cerca de três mil habitantes daquela aldeia.

Apesar do calor, as celebrações correram o “melhor possível” e acolheram peregrinos de todo o país e estrangeiro, que tiveram oportunidade de assistir, através de écrans gigantes, às cerimónias da Beatificação, em Roma.
Um dia que ficou marcado para a história de Balasar.
Quando João Paulo II se dirigiu a todo o Povo português, os peregrinos não ficaram indiferentes e soltou-se uma ruidosa salva de palmas.

O Pe. Dário Pedroso, que ontem esteve responsável pela a dinamização pastoral em Balasar, acredita que, a partir de agora, Alexandrina será um modelo para milhares de Cristãos, mesmo de outros países, como Itália ou Estados Unidos, “onde ela é tão amada e tão conhecida, quase tanto ou mais que em Portugal”.

O Pe. Dário Pedroso está convicto que a Beatificação de Alexandrina irá criar melhores condições para que a sua Mensagem seja mais divulgada.
Por isso, considera necessário “criar estruturas de apoio aos peregrinos”:
O primeiro passo para a possível construção de um santuário, porque Balasar ficará no Roteiro Religioso.

Segundo José Moura, a Paróquia “está a pensar nisso”, mas “são assuntos que dizem respeito à Câmara e Diocese”. E acentua: “Alexandrina merece”.

Durante todo o dia, a freguesia de Balasar foi pequena para acolher os milhares de pessoas, que ali se deslocaram em excursões, ou mesmo a pé.
Só de uma freguesia de Aveiro chegaram mais de 40 autocarros.

O túmulo de Alexandrina foi um local de passagem obrigatório. Milhares de pessoas rezaram junto do túmulo, onde estão os restos mortais de Alexandrina, colocaram flores, velas e também esmolas.

A casa da Beata, com um dispositivo de segurança especial, esteve sempre com gente. Uma “loucura” que “ninguém imaginava” – disse José Moura.
Esta aldeia “nunca foi tão falada” como neste fim de semana. E acentua: “acho que Alexandrina é mais conhecida no estrangeiro do que em Portugal”.

Para o Pe. Dário Pedroso, a enorme afluência de fiéis é um sinal da dimensão que Alexandrina de Balasar começa a ter, mas também uma prova do respeito e veneração que já existe pela nova Beata da Igreja.

Os vários milhares de peregrinos aproveitaram também para levar recordações (fotografias, quadros e medalhas) sobre a mais recente Beata da Igreja.
Para apoiar e auxiliar os visitantes, a Cruz Vermelha montou também vários postos médicos nas imediações da Igreja paroquial de Balasar.


Fonte: Ecclesia


Re: Beata Alexandrina Maria da Costa / Frutos e Metas da Beatificação
Escrito por: rodrigo netto (IP registado)
Data: 29 de April de 2004 14:47

como eu falei quem gosta de sofrer é masoquista e santo pra mim só cristo é. e toda honra e glória só o pai eterno é digno e mais ninguém e como cristo falou peça ao pai em meu nome e ele vos atenderá.e como está escrito , pois nenhum outro nome nos foi dado para que nele se possa atingir a salvação. ja escolhi crisot como único e suficiente salvador até quanod o paganismo de aceitar outras pessoas como forma de se salvar vai persistir no meio católico???? saibam que yaohu é ul dos vivos e não dos mortos.

Re: Beata Alexandrina Maria da Costa
Escrito por: rodrigo netto (IP registado)
Data: 29 de April de 2004 14:49

não é errado seguir o exemplo dessas pessaos mas achar que por meio delas vc vai conseguir uma benção. é um erro terrivel

Re: Beata Alexandrina Maria da Costa
Escrito por: Pedro B (IP registado)
Data: 29 de April de 2004 23:16

A Tia não paraaaaaa.


Em 15 minutos já meteu o nariz em para aí 6 tópicos.


Só pode ter sido Prosac... Tem de arranjar um homem para ver se acalma...

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