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Re: «Padre recusa comunhão a católicos que usam contraceptivos»
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 07 de March de 2005 16:01

Obrigada pedro, pela clareza da tua análise como jurista.

È muito importante este teu contributo.


Para terminar deixo um poema:


"A maior solidão é a do ser que não ama.

A maior solidão é a do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha,

que se recusa a participar da vida humana.

A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo
e que não dá a quem pede
o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.

O maior solitário é o que tem medo de amar

o que tem medo de ferir e de ferir-se

o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo...

Esse, queima como uma lâmpada triste

cujo reflexo entristece também tudo em torno

Ele é a angústia do mundo que o reflecte

Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes da emoção,

as que são o património de todos,

e, encerrado em seu duro privilégio

semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.

(Vinicius de Moraes)

Re: «Padre recusa comunhão a católicos que usam contraceptivos»
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 07 de March de 2005 23:05

Caros amigos,

O Frei Hermínio Araújo enviou-nos o artigo "As normas na Igreja e sua aplicação pastoral" que está disponível na secção de artigos e, como tem a ver com o tema deste tópico, deixo-o aqui para discussão.

Luis Gonzaga
Equipa Paroquias.org



As normas na Igreja e sua aplicação pastoral
A propósito do caso do Padre Nuno Serras Pereira,
reflexão de um outro franciscano.

1. A surpresa de muitos – que é isto?
Há dias, o Padre Nuno Serras Pereira, sacerdote católico e membro da Ordem Franciscana, surpreendeu muitos pela cobertura mediática desencadeada pela publicação de um anúncio. As reacções foram aparecendo em número considerável. D. José Policarpo, Patriarca de Lisboa e Fr. Isidro Lamelas, Provincial dos Franciscanos, também se pronunciaram sobre o assunto.
Que aconteceu? O que está em causa? Que pensar de tudo isto? Qual o seu significado eclesial e franciscano? É nosso objectivo tecer uma resposta no âmbito de perguntas como estas, situando-nos numa perspectiva de fundamentação filosófico-teológica.

2. O que aconteceu?
Tudo começou com a publicação de um anúncio da autoria do Padre Nuno num dos nossos diários com o título – “Participação aos interessados” – onde se diz que, segundo o cânon 915 do Código de Direito Canónico, “está impedido de dar a sagrada comunhão eucarística a todos aqueles católicos que manifestamente têm perseverado em advogar, contribuir para, ou promover a morte de seres humanos inocentes”. Depois são enumerados os meios: diversas pílulas, dispositivo intra-uterino (DIU), pílula do dia seguinte, fecundação extra-corpórea, selecção embrionária, crio-conservação, experimentação em embriões, investigação em células estaminais embrionárias, redução fetal, clonagem, legalização do aborto (incluindo a lei em vigor) e eutanásia. A última parte é mais de carácter espiritual e de convite “ao arrependimento e à retractação pública”.

3. Significado e importância de duas reacções
Entre tantas reacções, na sua maioria de gente da Igreja, manifestando a sua discordância com este anúncio, destacamos aqui, pelo seu significado e importância, as declarações de D. José Policarpo e o texto enviado à Agência Ecclesia pelo Provincial dos Franciscanos.
D. José (segundo a transcrição da Rádio Renascença) diz fundamentalmente três coisas: o carácter pessoal do anúncio; o exagero do mesmo (não é uma boa atitude pastoral); e a não concordância entre a posição do Padre Nuno e a posição oficial da Igreja.
O Provincial dos Franciscanos, Fr. Isidro Lamelas, refere sobretudo quatro coisas: o carácter pessoal da iniciativa; a não concordância com esta forma de defender a vida; a sintonia da Ordem Franciscana com a posição oficial da Igreja; e o compromisso na luta pela vida seguindo a via da caridade, da misericórdia e da comunhão.

4. O que está em causa?
Ao analisarmos o texto do anúncio, vemos que nele se misturam coisas de uma forma nada esclarecedora daquilo que é a posição oficial da Igreja sobre estes assuntos. Há clarificações obrigatórias a fazer para uma correcta apreciação moral e consequente tratamento do ponto de vista jurídico e pastoral que aqui não são feitas, tais como: meios contraceptivos e abortivos, o que está realmente em causa nas diversas formas de fecundação assistida, nas técnicas aplicadas à vida na fase embrionária, o que estamos a dizer quando falamos de eutanásia, etc.
Pelo seu estilo, não é um texto de carácter meditativo sobre a vida. Pela ausência de clarificações e distinções necessárias, não é um texto de reflexão ética. Pela não competência e inadequada fundamentação, não é um texto dotado de normatividade jurídica (a Igreja tem lugares e métodos próprios para fazer interpretações canónicas; as matérias em causa não podem ter este tipo de tratamento do ponto de vista jurídico; o cânon referido é abusiva e inadequadamente utilizado). Por tudo isto, poder-se-á dizer que textos como este não têm qualquer razão de ser dentro da acção pastoral da Igreja.
Mas, deixando de lado todas estas questões de carácter mais técnico, é oportuno centrar-nos numa problemática que nos parece fundamental dentro de tudo isto: trata-se da função das normas dentro da Igreja, no seu âmbito objectivo, e na passagem ao plano subjectivo, ou seja, a sua aplicação pastoral.

5. As duas dimensões da experiência moral
Sempre que a pessoa se deixa interpelar, implícita ou explicitamente, pelo sentido daquilo que faz, acontece a experiência moral. Isso surge ao nível da consciência, quando, sob a forma de valores, interioriza as normas. A pessoa interroga-se: que é bom? que devo fazer?
Na experiência moral, há duas dimensões que se relacionam: a objectiva e a subjectiva. Na dimensão objectiva, estão os valores e as normas. As normas morais estão ao serviço dos valores, não têm razão de ser por elas mesmas, servem para que eles se evidenciem. Na dimensão subjectiva, está a consciência de cada pessoa, uma realidade sempre aberta, em permanente formação, em reciprocidade de outras consciências, deixando-se interpelar pela verdade dos outros.

6. A experiência moral segundo o Magistério da Igreja
A aplicação pastoral das normas objectivas acontece dentro da dinâmica da experiência moral. O Magistério da Igreja tem dito isso por diversas vezes. Vejamos alguns exemplos:
Com a publicação da encíclica “Humanae vitae” do Papa Paulo VI, sobre o exercício da paternidade e maternidade responsáveis, em 1968, muitas Conferências Episcopais, além da parte pastoral da encíclica, ainda acrescentaram muitos elementos para uma correcta aplicação prática das normas em causa. Por exemplo, os Bispos franceses (no nº 16 do seu texto) referem-se claramente à não culpabilidade moral em muitos casos de contracepção (muitas destas intervenções das Conferências Episcopais, entre as quais a da Conferência Episcopal Portuguesa, foram reunidas em livro: A família – serviço à vida, Secretariado Geral do Episcopado/Editora Rei dos Livros, Lisboa, 1994).
Ainda sobre a “Humanae vitae” e sua aplicação, temos um texto de particular importância da Congregação do Clero dirigido à Diocese de Washington como resposta ao conflito surgido entre o Cardeal O’Boyle e parte do seu clero (1971). Este texto, infelizmente pouco conhecido (aparece no Enchiridion Vaticanum 4, 678-706; há uma tradução portuguesa da parte doutrinal no livro de José António da Silva Soares, A castidade conjugal no Magistério da Igreja, Editorial Franciscana, Braga, 1978, pp. 135-137), além de apresentar a parte normativa da “Humanae vitae”, desenvolve a questão relacionada com a consciência. Transcrevemos apenas algumas afirmações: “As particulares circunstâncias que rodeiam um acto humano objectivamente mau, embora o não possam tornar um acto objectivamente virtuoso, podem torná-lo não culpável, menos culpável, ou subjectivamente defensável”. E ainda: “Em última análise, a consciência é inviolável e ninguém deve ser forçado a agir de maneira contrária à sua consciência”. Depois refere-se sobretudo a prudência pastoral nestes casos, concretamente quanto à celebração dos sacramentos.

7. O Magistério actual
Esta forma de ver as coisas está bem presente nos nossos dias. Neste sentido, podemos citar um texto publicado no L’Osservatore Romano, jornal oficial do Vaticano (trata-se de um texto não assinado e por isso não está ligado a uma pessoa concreta, mas a um pensamento mais de carácter geral e eclesial) intitulado: “A norma moral da ‘Humanae vitae’ e a tarefa pastoral” (está publicado na edição portuguesa deste jornal de 5 de Março de 1989, pp. 1-2). E é nesta mesma linha que temos a encíclica “Evangelium vitae”, de João Paulo II (1995), sobre o valor e a inviolabilidade da vida humana. Esta encíclica, que não é um texto de carácter normativo, mas um “evangelho”, um anúncio, uma meditação sobre a vida (cf., por exemplo, os números 6 e 30 deste documento), revela sobretudo uma sensibilidade pastoral necessária para uma correcta aplicação de qualquer princípio moral. Há assim uma “pedagogia da vida” (ver a este propósito todo o último capítulo – “Para uma nova cultura da vida humana”. Dentro desta mesma linha, ainda recentemente se pronunciaram os Bispos portugueses: Meditação sobre a vida (Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa, 5 de Março de 2004 – cf. Agência Ecclesia).

8. Significado eclesial e franciscano
Uma última palavra acerca do significado eclesial e franciscano de tudo isto. Em Igreja, as acções de carácter pessoal como esta arriscam-se a ter apenas um efeito mediático como aconteceu; não têm qualquer relevância para a vida da mesma Igreja. Dito por outras palavras, foi uma acção de um homem ligado à Igreja, mas não uma acção da Igreja. A este propósito é muito claro o texto da encíclica “Evangelium vitae”: “somos um povo da vida e pela vida, e assim nos apresentamos diante de todos... somos enviados como povo”, e é nesta condição que cada pessoa tem a sua parte de responsabilidade (cf. números 78 e 79). Não basta uma boa intenção para tornar uma acção realmente eclesial.
Por tudo isto, nos parecem de particular significado e autoridade eclesial as reacções de D. José Policarpo e do Fr. Isidro Lamelas. Estamos mais habituados a ver reacções do Magistério da Igreja quando alguém tem uma posição com um carácter demasiado progressista, mas também posições em sentido contrário devem merecer o mesmo tipo de reparo, como agora aconteceu.
É como povo da vida e pela viva que todos somos enviados, tal como S. Francisco de Assis bem entendeu, não excluindo mas incluindo (comungando!) todos num mesmo itinerário de fé, experienciando, no encontro salvífico com Jesus Cristo, o amor de Deus Criador e Pai de todos e de tudo.

Frei Hermínio Araújo, OFM

Re: «Padre recusa comunhão a católicos que usam contraceptivos»
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 07 de March de 2005 23:23

Aplaudo este artigo, que vale a pena ser lido e relido. Um obrigado ao Frei Hermínio.

Alef

Re: «Padre recusa comunhão a católicos que usam contraceptivos»
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 07 de March de 2005 23:26

Vou imprimi-lo e divulgá-lo. Obrigada, Frei Hermínio.

Re: «Padre recusa comunhão a católicos que usam contraceptivos»
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 08 de March de 2005 10:38

Obrigada, frei Hermínio! Excelentes palavras!

Cassima

Re: «Padre recusa comunhão a católicos que usam contraceptivos»
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 08 de March de 2005 12:25

Disse D. José Policarpo, referindo-se às afirmações de Frei Nuno:
"Preocupava-me mais se fosse um pároco de Lisboa a dizer uma coisa dessas"

Fico, mais uma vez, descansado com as posições do Patriarca. Temos uma Igreja para a qual o cuidado pastoral é uma constante na linha de actuação. Por isso não existe um divórcio entre a Igreja e a sociedade, infelizmente bem visível noutros países europeus.

A posição de Frei Nuno está para a posição da Igreja como os talibans estão para o Islão: são uma caricatura.

O problema é que as caricaturas tomam muitas vezes, na mente das pessoas mais descuidadas, o lugar da figura real.

Este anúncio é usado como "prova" de que "os padres não se devem meter nestas matérias", e que "não percebem nem destes assuntos nem dos problemas das pessoas".

É mais um carimbo tipo "clube do bolinha": aqui é a minha consciência, padre não entra.

O efeito visível do anúncio é "demonstrar" a intolerância da Igreja; o "colocar no mesmo saco" situações diferentes questiona se sabemos o que estamos a dizer; o meio utilizado é o mais absurdo possível.

Os movimentos pró-aborto devem ter festejado o anúncio. Se o Frei Nuno precisar de dinheiro para outro anúncio, só tem de lhes telefonar.

Uma nota positiva: as reacções da Igreja que desencadeou. Do Patriarca ao Provincial, passando pelos (ilustres) membros deste Fórum e pelas pessoas em geral, demonstram que a posição da Igreja nada tem a ver com a "caricatura" feita pelo anúncio.

Por último: que fique claro que nada tenho contra Frei Nuno e que estou convencido que este pensou estar a fazer um bem com a atitude que tomou. Mas, objectivamente, acho-a o mais errada possível. E com o efeito precisamente contrário ao que ele pretendia.

Nota: editei a mensagem por causa das formatações do WORD. Mais uma vez.

João (JMA)



Editado 1 vezes. Última edição em 08/03/2005 12:31 por JMA.

Re: «Padre recusa comunhão a católicos que usam contraceptivos»
Escrito por: Pedro B (IP registado)
Data: 08 de March de 2005 12:41

Caros Amigos

Sinceramente também já tenho ouvido ataques ao Srº Padre Nunoi Serras Pereira que são demais.

Já dei a minha opinião sobre o anuncio e já expliquei porquê. De qualquer modo existe um ponto importante e se calhar o anuncio teve a virtualidade de chamar a atenção. Estão os católicos conscientes do acto que praticam quando vão comungar? Não haverá situações limite de indignidade que deverão levar os sacerdotes e negar dar a comunhão.

Vou tentar ser mais claro com um exemplo.

Imaginemos que o anuncio publicado era este:

«Participação aos interessados


Na impossibilidade de contactar pessoalmente as pessoas envolvidas o Padre ........................, sacerdote católico, vem por este meio dar público conhecimento que, em virtude do que estabelece o cânone 915 do Código de Direito Canónico, interpretado segundo os principios gerais do Direito Canónico, está impedido de dar a sagrada comunhão eucarística a todos aqueles católicos que manifestamente, obstinadamente têm publicamente advogado ou promovido a prática de abortos, a experimentação em embriões ou a prática de eutanásia activa.

O respeito pelo culto e pela reverência devida a Deus e a Seu Filho sacramentado, o cuidado pelo bem espiritual dos próprios, a necessidade de evitar escândalo, e a preocupação pelos sinais educativos e pedagógicos para com o povo cristão e para com todos são razões ponderosas que, seguramente, ajudarão a compreender a razão de ser deste grave dever que o cânone 915, vinculando a consciência, exige dos ministros da Eucaristia.

Da parte de Nosso Senhor Jesus Cristo convida todos ao arrependimento, para que refeita a comunhão com Deus e com a Sua Igreja possam receber digna e frutuosamente o corpo do Senhor."


Então o que se diria?

Pedro B

Re: «Padre recusa comunhão a católicos que usam contraceptivos»
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 08 de March de 2005 13:22

Quanto à comunhão, à sua importância, àqueles que a recebem e àqueles que a ministram direi o seguinte:
"Senhor, eu não sou digno que entreis em minha morada. Mas dizei uma palavra e serei salvo."

Não dissesse Deus essa palavra e qual de nós seria digno de O receber? Alguém quer atirar a primeira pedra aos "indignos"?



João (JMA)

Re: «Padre recusa comunhão a católicos que usam contraceptivos»
Escrito por: Lucilia Martins (IP registado)
Data: 08 de March de 2005 15:21


Obrigado Frei Hermínio.
.
É uma excelente e esclaredora reflexão . Todos temos o dever de a divulgar.
Esta é a verdadeira face Franciscana
Mais uma vez faz-me acreditar que ainda vale a pena ser católica.

Re: «Padre recusa comunhão a católicos que usam contraceptivos»
Escrito por: Pedro B (IP registado)
Data: 08 de March de 2005 15:26

É uma posição.

Considerar o código canónico neste aspecto é quase letra morta, e preconizar que os Padres devem dar sempre a comunhão.

Quanto às situações limite em que por exemplo alguém publica, obstinada e repetidamente anuncia que já efectuou abortos e que o voltárá a fazer pois entende que tem esse direito como se resolvia? Quem é que atira a primeira pedra a estes "indignos"?



Pedro B




Re: «Padre recusa comunhão a católicos que usam contraceptivos»
Escrito por: Lucilia Martins (IP registado)
Data: 08 de March de 2005 16:33

E alguém com esse tipo de comportamento será católico?

Interessar-se-á em entrar numa igreja?

Saberá o que é o Código de Direito Canónico?

Re: «Padre recusa comunhão a católicos que usam contraceptivos»
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 08 de March de 2005 18:10

Provavelmente não. Não sabemos.

Mas mesmo face a uma pessoa com essas atitudes ou comportamentos, o dever essencial de um cristão é acolher e não odiar ou segregar.

Em suma : SE quisessemos fazer um balanço da oppinião dos foristas que se pronunciaram sobre este tema, parece haver uma esmagadora de católicos que se reveem na posição de Frei Hermínio e se sentiram chocados com a atitude do frei Nuno. .



Re: «Padre recusa comunhão a católicos que usam contraceptivos»
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 09 de March de 2005 22:27

Já há algum tempo que defendo que na Igreja há espiritualidades que conseguem pela sua postura ir buscar pessoas às franjas ou mesmo fora e congregá-las em Igreja.

Um dos casos é - para mim - o Franciscano.
Duas frases que dizem tudo:
"Como discípulos de Jesus Cristo e de S. Francisco, continuaremos a lutar pela vida, mas preferindo a caridade ao direito, a misericórdia à moral, a comunhão à excomunhão."

"É como povo da vida e pela viva que todos somos enviados, tal como S. Francisco de Assis bem entendeu, não excluindo mas incluindo (comungando!) todos num mesmo itinerário de fé, experienciando, no encontro salvífico com Jesus Cristo, o amor de Deus Criador e Pai de todos e de tudo."

E com isto, Francisco continua a reparar a Igreja.

João (JMA)

Re: «Padre recusa comunhão a católicos que usam contraceptivos»
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 25 de March de 2005 09:49

Citação:
Patriarca diz que comunhão pode ser recusada nalguns casos

O cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, disse ontem à noite que a avaliação da capacidade de cada crente para receber a comunhão deve ser feita por "cada um na intimidade da sua consciência".

Na homilia da missa em que celebrava a Última Ceia de Jesus, o patriarca admitiu, no entanto, que nos casos em que "a situação de pecado é pública, tornando-se então o acesso à eucaristia numa profanação pública da santidade desse sacramento", a comunhão não deve ser dada aos crentes.

Nestes casos, "compete à Igreja defender, também publicamente, a santidade da eucaristia, não admitindo à comunhão eucarística aqueles que se mantêm publicamente numa situação moral, claramente definida nas normas morais, incompatível com a santidade deste sacramento".

Esta situação, "delicada", deve no entanto "ser posta em prática com grande caridade pastoral, pois não pode ser arma de arremesso contra ninguém ou argumento para teses pastorais", acrescentou o patriarca.

O cardeal referia-se, deste modo, implicitamente, à recente polémica do anúncio do padre Nuno Serras Pereira, em que este dizia que não daria a comunhão a pessoas que, entre outras coisas, defendessem o aborto.

D. José Policarpo afirmou que cada pessoa tem "capacidade de discernir o que é o pecado, ou seja, quais as atitudes livremente assumidas que interrompem a comunhão de amor com Deus, e que deixam marcas negativas no coração, que só a acção de Deus pode recriar".

Apesar disso, "há extremos a evitar", alertou: de um lado, a relativização da "gravidade do pecado"; do outro, "a atitude escrupulosa, que leva a pessoa a não se aproximar da Eucaristia, mesmo quando nada de grave cortou, na sua vida, a comunhão de confiança com Deus".

«Público», 2005-03-25

Re: «Padre recusa comunhão a católicos que usam contraceptivos»
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 27 de March de 2005 21:54


JMA:

Duas frases que dizem tudo:
"Como discípulos de Jesus Cristo e de S. Francisco, continuaremos a lutar pela vida, mas preferindo a caridade ao direito, a misericórdia à moral, a comunhão à excomunhão."

"É como povo da vida e pela vi[d]a que todos somos enviados, tal como S. Francisco de Assis bem entendeu, não excluindo mas incluindo (comungando!) todos num mesmo itinerário de fé, experienciando, no encontro salvífico com Jesus Cristo, o amor de Deus Criador e Pai de todos e de tudo."



Gostava de saber o que se vê realmente nestas palavras, "da moda", clichés e vagas, mesmo vazias de sentido real perante a questão concreta, que soam bem ao ouvido mas falam apenas da superficialidade da avaliação feita. É preciso esbater novamente a imposição da "sensibilidade" que conduz à divisão com o silenciamento das razões de escândalo, e então ao desprezo perante a acusação de relativismo moral. É necessário ler bem os conteúdos.

Ao contrário dos louvores que aqui parece merecer, o artigo de Frei Hermínio Araújo, OFM é extremamente ilusório, especificamente na falta de referência a outras perspectivas que não a «proporcionalista» (perspectiva sempre amplamente criticada mas aceite popularmente -- "pastoralmente"? -- por ser fácil, "menos difícil"), bem como a ausência de critério objectivo perante alguém que se recusa a acreditar como deve.

Ninguém deve ser forçado a acreditar segundo os caminhos do Senhor Jesus, mas na comunidade que comunga na fé n'Ele e partilha as dificuldades desses caminhos, não se pode "admitir" que a ausência de fidelidade a Cristo seja permitida até à comunhão plena, mas sim devidamente penitenciada e reconciliada como parte do mesmo caminho ante a reconciliação. É Deus quem nos liberta progressivamente dos nossos critérios mundanos e da nossa falta de virtude, nos redime do pecado e nos faz acreditar no "impossível" da nossa conversão. Em tudo isto, a comunidade eclesial deve dar fortes sinais da medida de santidade para onde devemos tender, na realização da vontade de Deus em tudo. O que fica aquém disso procede de ideologia humana e da tenacidade do pecado que acorrenta a liberdade dos filhos de Deus no próprio seio das comunidades. Permitir que tais situações se arrastem acabará por ser um caminho de imperfeição para a comunidade.




...«Se permanecerdes fiéis à minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres.» ~ Jo 8,31-32

Re: «Padre recusa comunhão a católicos que usam contraceptivos»
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 27 de March de 2005 22:08


O Senhor Cardeal Patriarca na pregação da Missa da Ceia do Senhor, esta Quinta-feira Santa, confirmou o teor da Participação aos Interessados do Padre Nuno Serras Pereira:

"... pode haver casos em que, devido à matéria, a situação de pecado é pública, tornando-se então o acesso à Eucaristia numa profanação pública da santidade desse sacramento. Nesse caso compete à Igreja defender, também publicamente, a santidade da Eucaristia, não admitindo à comunhão eucarística aqueles que se mantêm publicamente numa situação moral, claramente definida nas normas morais, incompatível com a santidade deste sacramento. Esta é uma situação delicada, a ser posta em prática com grande caridade pastoral, pois não pode ser arma de arremesso contra ninguém ou argumento para teses pastorais, mas motivada pela solicitude pastoral pelas pessoas visadas, que precisam de ser esclarecidas e interpeladas, e também pelo respeito por toda a comunidade eucarística, que procura fielmente celebrar dignamente a Ceia do Senhor." ...

(sublinhado meu)

Segue o anúnico para poder recordar e comparar, com muita atenção ao que realmente é dito (ler também com atenção a pregação completa do Senhor Cardeal):


Participação aos Interessados


Na impossibilidade de contactar pessoalmente as pessoas envolvidas o padre Nuno Serras Pereira, sacerdote católico, vem por este meio dar público conhecimento que, em virtude do que estabelece o cânone 915 do Código de Direito Canónico, está impedido de dar a sagrada comunhão eucarística a todos aqueles católicos que manifestamente [=publicamente] têm perseverado em advogar, contribuir para, ou promover a morte de seres humanos inocentes quer através de diversas pílulas, do DIU, da pílula do dia seguinte – ou outras substâncias que para além do possível efeito contraceptivo possam ter também um efeito letal no recém concebido; quer por meio das técnicas de fecundação extra-corpórea, da selecção embrionária, da crio perseveração, da experimentação em embriões, da investigação em células estaminais embrionárias, da redução fetal, da clonagem…; quer através da legalização do aborto (votar ou participar em campanhas a seu favor), o que inclui a aceitação ou concordância com a actual “lei” em vigor (6/84); quer, ainda, pela eutanásia.

O respeito pelo culto e pela reverência devida a Deus e a Seu Filho sacramentado, o cuidado pelo bem espiritual dos próprios, a necessidade de evitar escândalo, e a preocupação pelos sinais educativos e pedagógicos [=testemunho da fé] para com o povo cristão e para com todos são razões ponderosas que, seguramente, ajudarão a compreender a razão de ser deste grave dever que o cânone 915, vinculando a consciência, exige dos ministros da Eucaristia.

Da parte de Nosso Senhor Jesus Cristo convido todos ao arrependimento e à retractação pública [sinal que manifeste o abandono - acto da vontade - da situação objectiva de pecado grave], para que refeita a comunhão com Deus e com a Sua Igreja possam receber digna e frutuosamente o Corpo do Senhor.

--//----//--


Numa nota pessoal, resta-me dizer que muito me apraz estas palavras claras do nosso Bispo, de quem ouvimos algumas críticas que deram azo a equívocos, parecendo-me ter-se perdido a oportunidade de usar os esclarecimentos feitos à comunicação social sobre a participação do Pe. Nuno Serras Pereira, para comunicar de modo "esclarecedor e interpelador" as situações em que, de facto, há que "defender a santidade da Eucaristia". Parece-me que se o nosso Bispo fizesse isso exaustivamente, não excluiria nenhum dos escândalos incluídos na participação do Pe. Nuno Serras Pereira.

Quanto a ler nessa participação uma atitude de "pouca caridade", parece-me uma má e indevida leitura dos seus conteúdos; devemos ler nela apenas uma boa intenção de firmemente declarar incompatibilidades à aceitação de Jesus Cristo porque, como sabemos, há ocasiões de pecado que são uma nossa exclusão, ruptura e desobediência a Deus; nessas condições, há que impedir a ignorância, o fingimento e a blasfémia de recebermos a Sagrada Comunhão.

Em tempo de Ano da Eucaristia, todas estas advertências vêm em tempo propício a uma renovação da consciência sobre o que é ser admitido à comunhão com Deus na fidelidade ao Senhor Jesus.


...«Se permanecerdes fiéis à minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres.» ~ Jo 8,31-32

Re: «Padre recusa comunhão a católicos que usam contraceptivos»
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 28 de March de 2005 03:44

Vêm muito a propósito desta radicalidade exigida no seguimento de Cristo, as seguintes meditações da Via Sacra no Coliseu de Roma, pelo Cardeal Joseph Ratzinger (tradução livre minha):

(da Primeira Estação - Jesus é condenado à morte)

(...) A justiça é atropelada sob a fraqueza, cobardia e o medo dos ditames da mentalidade dominante. A serena voz da consciência é sufocada pelo gritar da multidão. O mal alimenta o seu poder a partir da indecisão e da preocupação sobre o que os outros pensam.


(da Segunda Estação - Jesus é carregado com a Cruz)

(...) O preço da justiça neste mundo é o sofrimento: Jesus, o verdadeiro Rei, não reina através da violência, mas por um amor que sofre por nós e connosco. Ele carrega a Cruz, a nossa cruz, o fardo de ser humano, o fardo do mundo. E assim Ele vai à nossa frente e aponta-nos o caminho que conduz à vida verdadeira.


(da Terceira Estação - Jesus cai pela primeira vez)

(...) Na queda de Jesus sob o peso da Cruz, apresenta-se o sentido de toda a sua vida: o seu rebaixamento voluntário, que nos faz erguer das profundezas do nosso orgulho. Também é nela revelada a natureza do nosso orgulho: é essa arrogância que nos faz querer ver-nos livres de Deus e deixados sós connosco mesmos, a arrogância que nos faz pensar que não precisamos do seu amor eterno, e que podemos ser os mestres das nossas próprias vidas. Nesta rebelião contra a verdade, nesta tentativa de sermos o nosso próprio deus, criador e juiz, caímos de pés e cabeça, abismamo-nos na auto-destruição. A humildade de Jesus é a superação do nosso orgulho; pelo seu rebaixamento Ele nos faz erguer. Deixemos que Ele nos levante. Deixemo-nos despojar do nosso sentido de auto-suficiência, as nossas falsas ilusões de independência, e aprender d'Ele, Aquele que Se humilhou, para que descubramos a nossa verdadeira grandeza ao inclinarmo-nos diante de Deus e dos nossos oprimidos irmãos e irmãs.


(da Sétima Estação - Jesus cai pela segunda vez)

(...) Através da história, a queda do homem constantemente toma novas formas. Na sua Primeira Epístola, S. João fala de uma tríplice queda: luxúria da carne, luxúria dos olhos e o orgulho de vida. Dessa forma interpreta a queda do homem e da humanidade em contraste com o panorama dos vícios do seu próprio tempo, com todos os seus excessos e perversões. Mas também podemos pensar como, em tempos mais recentes, um Cristianismo que se tem tornado receoso da fé abandonou o Senhor: as grandes ideologias, e a existência banal daqueles que, já não acreditando em nada, simplesmente vagueiam pela vida, construiram um novo e pior paganismo, que na sua tentativa de se desfazer de Deus de uma vez por todas, acabou por destruir o homem. E assim o homem se queda, decaído, na poeira. O Senhor suporta este fardo e cai, uma e outra vez, por forma a vir ao nosso encontro. Ele nos vislumbra, Ele toca os nossos corações; Ele cai para nos erguer.


(Oitava Estação - Jesus encontra as mulheres de Jerusalém que choram por Ele)

Ouvir Jesus retorquir às mulheres de Jerusalém que O seguem e choram por Ele deveria fazer-nos reflectir. Como devemos entender as suas palavras? Não são elas dirigidas a uma piedade puramente sentimental, que peca por não nos conduzir à conversão e à fé vivificante? De nada serve lamentar os sofrimentos deste mundo se a nossa vida continua como o habitual. E então o Senhor nos avisa do perigo em que nos encontramos. Ele mostra-nos a seriedade do pecado bem como a seriedade do julgamento. Será que, apesar das nossas expressões de consternação diante do mal e do sofrimento inocente, estamos demasiado dispostos a trivializar o mistério do mal? Teremos aceite apenas a doçura e o amor de Deus e Jesus, e silenciosamente deixámos de parte a palavra do julgamento?

"Como pode Deus estar tão interessado nas nossas fraquezas?", dizemos nós. "Somos apenas humanos!" Contudo, à medida que contemplamos os sofrimentos do Filho, vemos mais claramente a seriedade do pecado, e como é necessário que seja totalmente expiado para ser vencido. Diante da imagem do Senhor sofredor, o mal já não pode mais ser trivializado. A nós também, Ele diz: "Não choreis por mim, chorai antes por vós mesmos... se tratam assim a árvore verde, o que não acontecerá à seca?".


(da Nona Estação)

(...) Não devemos também pensar sobre quanto Cristo sofre na sua própria Igreja? Tão frequentemente é abusado o santíssimo sacramento da sua Presença, tão frequentemente tem Ele de entrar em corações vazios e maus! Tão frequentemente nos celebramos apenas a nós mesmos, sem sequer percebermos que Ele está ali! Tão frequentemente é a sua Palavra distorcida e mal usada! Quão pouca fé está presente por trás de tantas teorias, tantas palavras vazias! Quanta sujidade há na Igreja, e mesmo entre aqueles que, no sacerdócio, devem pertencer inteiramente a Ele! Quanto orgulho, quanta comiseração! Quão pouco respeito temos para com o Sacramento da Reconciliação, onde Ele espera por nós, pronto a erguer-nos quando caímos! Tudo isto está presente na sua Paixão. A sua traição pelos discípulos, a sua indigna recepção do seu Corpo e Sangue, é certamente o maior sofrimento suportado pelo Redentor; penetra-Lhe o coração. Podemos apenas chamar por Ele das profundezas dos nosso corações: Kyrie eleison – Senhor, salva-nos (cf. Mt 8, 25).


(da Décima Quarta Estação - Jesus é sepultado no túmulo)

(...) Por entre a decadência das ideologias, a nossa fé precisa de ser novamente a fragrância que nos devolve ao caminho da vida. No próprio momento do seu enterro, as palavras de Jesus são cumpridas: "Em verdade, em verdade vos digo: se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, dá muito fruto." (Jo 12, 24). Jesus é o grão de trigo que morre. Desse grão de trigo sem vida provém a grande multiplicação de pão que durará até ao fim do mundo. Jesus é o pão da vida que pode satisfazer superabundantemente a fome de toda a humanidade e dar-lhe o mais rico alimento. Através da sua Cruz e Ressurreição, a eterna Palavra de Deus tornou-Se carne e pão para nós. O mistério da Eucaristia brilha já no enterro de Jesus.

--//---//--


E podemos ainda acrescentar que esta decadência das ideologias dá lugar a uma resposta de indiferentismo face às questões essenciais, uma ideologia de conformismo perante a nulidade, o suposto vazio miserável para o qual "não haverá resposta". Também no papel da consciência sobre a moral se processa esta ideia de que "não sabemos o que é bom", ou de que "não vale a pena" colocar tais questões nem confiar num caminho mais exigente. Respondamos então com fé:

Ave Crux, spes unica!

Ave verum Corpus natum de Maria Virgine: vere passum, immolatum in cruce pro homine, cuius latus perforatum fluxit aqua et sanguine. Esto nobis praegustatum mortis in examine, o Iesu dulcis, o Iesu pie, o Iesu fili Mariae. Amen.

Adoramus te, Christe, et benedicimus tibi, quia per sanctam crucem tuam redemisti mundum!

Regina caeli, laetare, quia quem meruisti portare resurrexit sicut dixit, alleluia! Ora pro nobis Deum, alleluia!



...«Se permanecerdes fiéis à minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres.» ~ Jo 8,31-32

Re: «Padre recusa comunhão a católicos que usam contraceptivos»
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 28 de March de 2005 03:54


Alguma poesia...


Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo
Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa.

Sophia de Mello Breyner Andresen


Que me lanças em rosto, ó Mundo? Que devo ser grande como meu Pai celestial?
Olha: em mim se ajoelham povos já de há muito desaparecidos, e com a luz da minha alma glorificam ao Eterno muitos pagãos.

Eu estava secretamente nos templos de seus deuses; eu estava ocultamente nas sentenças de todos os seus sábios.

Eu estava nas torres dos seus astrólogos; e nas mulheres solitárias sobre as quais descia o Espírito.

Eu era a saudade de todos os tempos; eu era a luz de todos os tempos; eu era e sou a plenitude dos tempos.

Eu sou a sua grande confluência; eu sou a sua concordância eterna.

Eu sou o caminho de todos os seus caminhos; por mim os milénios se dirigem a DEUS.

Gertrudes von Le Fort, «Hinos à Igreja»


A nossa vida pode ser temível, a nossa fidelidade pode ser miserável diante do teu amor, a nossa poesia pode ser opaca e repleta de ambiguidades, mas a nossa salvação está em Ti, Senhor Jesus, comunhão de toda a Igreja! Faz-nos desejar-Te mais e assim percorrer os passos que queres de nós, mostra-nos a verdade, converte-nos na tua direcção, perdoa-nos e alimenta-nos, pobres pecadores redimidos por Ti! :-)



...«Se permanecerdes fiéis à minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, conhecereis a verdade e a verdade vos tornará livres.» ~ Jo 8,31-32



Editado 1 vezes. Última edição em 28/03/2005 04:08 por João Oliveira.

Re: «Padre recusa comunhão a católicos que usam contraceptivos»
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 28 de March de 2005 17:53

Sobre o AMOR, intimidade e a liberddae de um católico agir de acordo com a sua consciêmcia mais íntima, não se falou aqui. Só de sanções e pecados e recusas á vover o amor- è pena.

Poema

A minha vida é o mar o Abril a rua
O meu interior é uma atenção voltada para fora
O meu viver escuta
A frase que de coisa em coisa silabada
Grava no espaço e no tempo a sua escrita

Não trago Deus em mim mas no mundo o procuro
Sabendo que o real o mostrará

Não tenho explicações
Olho e confronto
E por método é nu meu pensamento

A terra o sol o vento o mar
São a minha biografia e são meu rosto

Por isso não me peçam cartão de identidade
Pois nenhum outro senão o mundo tenho
Não me peçam opiniões nem entrevistas
Não me perguntem datas nem moradas
De tudo quanto vejo me acrescento

E a hora da minha morte aflora lentamente
Cada dia preparada

Sophia de Mello Breyner Andresen


Re: «Padre recusa comunhão a católicos que usam contraceptivos»
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 28 de March de 2005 23:12

Aliás, como afirmou o senhor cardial patriarca:

"Esta exigência de conversão e de purificação do coração para poder participar, plenamente, na comunhão eucarística, é a mais séria interpelação posta à consciência dos cristãos. A avaliação dessa pureza interior, que vulgarmente se designa por “estado de graça”, porque só pode ser fruto da acção do Espírito Santo, fá-la cada um na intimidade da sua consciência.
Isso supõe, não apenas a noção da santidade da Eucaristia, mas a formação da própria consciência na sua capacidade de discernir o que é o pecado, ou seja, quais as atitudes livremente assumidas que interrompem a comunhão de amor com Deus, e que deixam marcas negativas no coração, que só a acção de Deus pode recriar.

Nesta formação da consciência, conduzida pela confiança no amor de Deus, há extremos a evitar: a atitude facilitante, em que se relativiza a gravidade do pecado, e a atitude escrupulosa, que leva a pessoa a não se aproximar da Eucaristia, mesmo quando nada de grave cortou, na sua vida, a comunhão de confiança com Deus.

De qualquer modo é a consciência pessoal o juiz das exigências da santidade da Eucaristia.

Como ensina o Catecismo da Igreja Católica, “aquele que tiver consciência de um pecado grave, deve receber o sacramento da reconciliação antes de se aproximar da comunhão”[6].

Aliás o sacramento da reconciliação é elemento importante na formação progressiva da própria consciência.

Na sua prática pastoral e litúrgica a Igreja sempre respeitou este santuário da consciência.

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