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Re: Ser Catolico
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 04 de February de 2005 14:49

Caro trento:

Estou de novo com escassez de tempo e gostaria de escrever algo mais substancial sobre este tópico, mas «em tempo de guerra não se limpam armas». Apenas algumas considerações muito simples.

1. O tópico inicial não fala (creio eu) em distinção no sentido de diferenciar, mas pergunta: «O que é essencial a um católico?». Ora aí a resposta parece estar clara. A «estorinha» que deixei é sugestiva.

2. Colocas agora a pergunta em termos de «distinguir dos restantes». Noto que «distinguir» nem sempre se reduz a «diferenciar de», mas pode ter um sentido mais «positivo» de «assinalar-se», notabilizar-se, etc. Com efeito, um dicionário diz de «distinguir»: «v. tr., diferençar, discriminar, caracterizar, especificar; ouvir; avistar, enxergar; preferir; dar distinção a; conferir distinção honorífica a; tornar notável; marcar; v. int., estabelecer distinção entre; v. refl., salientar-se, diferenciar-se, notabilizar-se».

Portanto, dizer que um católico – tb um católico! ;-) – se deve distinguir no amor, isso não significa que tenha que ser diferente (porque supostamente os outros não amariam)...

3. Contudo, tu pareces querer diferenças. Nesse caso, com todos os matizes eventualmente necessários e as possíveis ambiguidades que tal afirmação possa comportar, parece-me que os católicos se distinguem pelo sentido de Igreja ou pela forma de encarar a Igreja enquanto corpo. Claro, é muito difícil analisar todos os aspectos, porque também aqui é possível encontrar grandes variedades... Por exemplo, talvez alguns protestantes tenham até mais apreço pelo Papa que muitos católicos... Mas este tipo de discussão pode levar a becos sem grande saída... Mesmo a questão do reconhecimento do papado, por si mesma não basta para distinguir (aqui no sentido diferenciar) um católico de um ortodoxo ou de um membro da High Church (anglicanos).

É evidente também que há rasgos da teologia tipicamente católicos, mas aqui entramos em campos muito vastos. Basta lembrar a complicada doutrina da graça: apesar da Declaração Conjunta Católico-Luterana, há aspectos próprios, que «distinguem»...

4. Para terminar, parece-me que este tópico é tão importante quanto «odioso», porque é fácil cair na tentação das «etiquetas», um tema que me desagrada de sobremaneira, sobretudo se as etiquetas se destinam a classificar os «nossos» e os «outros». Aqui começam os verdadeiros «cismas» e o escândalo da divisão dos cristãos.

Distingamo-nos todos (agora no sentido mais positivo) no amor e deixemos as etiquetas para segundo plano.

Alef



Editado 1 vezes. Última edição em 04/02/2005 16:08 por Alef.

Re: Ser Catolico
Escrito por: Antonio Jose Monteiro (IP registado)
Data: 05 de February de 2005 01:16

Como diz o Irmão Roger, Cristo não quis criar uma religião, mas oferecer à humanidade uma comunhão com Ele a que chamamos Igreja.

A questão não é como nos distinguirmos dos outros, mas aprofundarmos essa comunhão... mais uma vez, o caminho de seguir um receituário é o mais fácil, mas o que Deus nos pede é que exerçamos a nossa liberdade de escolha, que assumamos a responsabilidade pelas opções que fazemos e que utilizemos o amor como o critério essencial que preside a nossa vida e à relação com os outros.

Não é fácil... é muito mais simples encontrar um recituário preparado!

Re: Ser Catolico
Escrito por: VMTH (IP registado)
Data: 07 de February de 2005 13:20

Os meus parabéns ao Pedro B por mais um excelente e brilhante tema de discussão que lança aqui no Forum!

Imagino o quanto o Pedro B se tem divertido ao ler estes comentários!
É de facto esclarecedor e bem revelador do quanto a Revolução Jacobina do Concílio (1962-1965) operou em apenas 30 anos nas mentalidades de tantos e tantos "católicos".

De facto, desde a infame Revolução de 1789 (Revolução Francesa), que o desejo dos maiores inimigos da Santa Igreja Católica - o ateísmo militante jacobino, a Maçonaria, o sionismo radical... enfim... os inimigos de Cristo!) sempre ambicionaram derrubar e exterminar o catolicismo na Humanidade. Muitos foram os ataques; imensos foram os MÁRTIRES cuja vida foi extinta devido à FÉ em Cristo e o seu AMOR e FIDELIDADE à Santa Igreja Católica.

Ao contrário dos "pensadores católicos" dos dias de hoje, esses Mártires, não foram subjectivos, indiferentes ou relativistas em relação à Santa Igreja Católica, e às suas santas doutrinas.

E é com apreensão que agora leio (consciente no caso de alguns, mais inconsciente noutros) que muitos procuram refutar, fugir, relativizar questões concretas colocadas pelo Pedro B, e que caracterizam milenarmente a Santa Igreja Católica, e sob o pretexto de uma pretensa "mentalidade" ECUMÉNICA (naquela de "estar bem com tudo e todos"), leio, dizia eu, o que traduzo por um "esconder" do seu catolicismo.

É dificil ser católico nos dias de hoje. Não tenho dúvidas. Ficarei "melhor visto" se disser que sou católico MAS dizendo igualmente que "aceito perfeitamente a ordenação de mulheres!", ou "para mim, homosexualidade ou heterosexualidade é tudo igual"! Fico certamente bem visto! Serei aceite! Fica-se "politicamente correcto!"

Mas será isso um católico?

Será um católico aquele que somente por razões do "politicamente correcto" e do ser "aceite socialmente" perante os não-católicos assertar as minhas opiniões com a corrente mundana?

Será católico, o individuo que por VERGONHA social defende o que a sua Santa Igreja Católica, o "Corpo Místico de Cristo" sempre abominou?

Ou será que a "Doutrina" vai mudando conforme as mentalidades dos tempos?

De que serão então acusados os católicos do século XXII?...
De não aceitarem os casamentos entre humanos e animais?... ou a ordenação de seres clonados???


Bem Aventurado D. Marcel Lefèbvre: ora Pro Nobis et Sancta Ecclesia!

STAT CRUX DUM VOLVITUR ORBIS!


O Católico Tradicionalista,

Victor Henriques



Re: Ser Catolico
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 07 de February de 2005 13:46

Caro VMTH,

Vejo que vens cheio de energia e de espírito combativo, depois de dois meses de férias (entenda-se ausência)! Com uma entrada tão energética, não reparate que não respondeste à pergunta que se colocava, nem comentaste (de forma directa) nenhuma das mensagens aqui presentes.

Terminas a tua mensagem com uma pergunta muito infeliz e que revela o quão confusos podem ficar os conceitos, quando se seguem caminhos heréticos, e não se aceitam a doutrina e concílios da Igreja:
Comparas casamentos homossexuais com casamentos entre humanos e animais.
Comparas ordenção de mulheres com a ordenação de seres clonados.

Sem comentários.

Luis Gonzaga

Re: Ser Catolico
Escrito por: VMTH (IP registado)
Data: 07 de February de 2005 15:44

Caríssimos,


É óbvio que os católicos "ecuménico-conciliaristas", que julgam ser a vanguarda tolerante a aberta da Igreja - mas que são os primeiros a "excomungar" os críticos! - não gostaram particularmente deste tópico lançado tão sabiamente pelo Pedro B!

Porque ao se responder coerentemente às questões formuladas pelo Pedro B, vão chegar a conclusões pouco "ecuménicas" e, portanto as vão minimizar, como fizeram prova disso mesmo o Alef e o Luís Gonzaga!

O que interessa é "estar bem com todos"!

Vamos sim é convidar mais budistas para rezarem ao seu deus na capelinha do Santuário de Fátima; isto sim, é "ecuménico"!

Aquando dos vergonhosos encontros ecuménicos do Papa em Assis, (num famoso mosteiro Franciscano) para todas os "representantes" das diversas "religiões" estarem presentes, é necessário que se esconda os crucifixos? Assim seja! Esconde-se as cruzes de Cristo! Remetam-No para longe!

Recentemente na Alemanha, num KirchTage (encontro de 2 em 2 anos dos protestantes) em Junho, surgiu a ideia de reunir os protestantes e católicos numa procissão de Corpus Christi (Corpo de Deus). Que belo, não é? Os Católicos e protestantes juntos numa procissão católica! No entanto, para que isto fosse realizável, não foi possível vir na procissão o Santíssimo sacramento!!!
Imaginam o ridiculo... uma procissão do "Corpo de Deus", sem DEUS!

Enfim... os exemplos são infelizmente multiplos...


Tudo isto para dizer, que o que o Luís Gonzaga e o que o Alef neste tópico remetem para "planos secundários", é de facto, as questões essenciais e identificadoras de quem, se considera CATÓLICO, APOSTÓLICO, ROMANO!


Um abraço a todos do Católico Tradicionalista

Victor Henriques



Bem-Aventurado Mons. Marcel Lefèbvre: Ora pro Nobis et Sancta Ecclesia!

STAT CRUX DUM VOLVITUR ORBIS!




Re: Ser Catolico
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 08 de February de 2005 02:08

Caro VMTH,

Eu disse que o essencial da fé cristã encontra-se no Credo, nos Mandamentos, nos Sacramentos e no Pai Nosso.

A ordenação das mulheres, o celibato dos padres, as aparições e movimentos marianos não é o essencial de ser católico. A língua em que se assiste a missa não é o essencial. Posso-te pedir para seres mais explícito e dizeres quais são os tópicos que eu e o Alef remetemos para "planos secundários" e quais são as questões essenciais e identificadoras de quem, se considera CATÓLICO, APOSTÓLICO, ROMANO?

Obrigado,
Luis Gonzaga

Re: Ser Catolico
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 09 de February de 2005 23:11

Caro Pedro B,

Iniciaste o tópico. Agora, está na altura de dares a tua opinião e fazeres as conclusões, ou então, um ponto de situação para novos desenvolvimentos.

Luis

Re: Ser Catolico
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 10 de February de 2005 06:34

Quando li o início deste post, "ser católico", veio-me à ideia uma alegre canção de um clube de futebol, onde noção teológica "alma "também pertence ao refrão..

"ser ......... é ter na alma....."

Isto porquê? Porque para certas pessoas, ser católico é a mesmíssima coisa que pertencer a um clube de futebol.

Ficam-se pelos sinais externos que simbolizam a pertença a um clube, o cumprimento de algumas regras, a pertença a claques - os rituais de grupo, as normas para ser sócio do clube, o pagamento anual de quotas (uma espécie de côngrua para pagar aos dirigentes e funcionários), as rivalidades com outros clubes ( que aqui seria a rivalidade com outras religiões), o desprezo para com os que não ligam ao futebol, o amor incondicional aos dirigentes, por mais medíocres ( ou coisas piores) que sejam, uma grande ambivalência em relação aos árbitros ( que, curiosamente também se vestem de preto) e o amor incondicional ao clube, a ponto de pessoas normais se transformarem em violentos agressores ou de velhinhas simpáticas serem capazes de passar horas a gritar obscenidades durante um vulgar jogo. Já não falo as questões de dinheiro, poder e corrupção.....

Em suma - sensação protectora de pertença a um grupo, emotividade pura, irracionalidade e muita violência. È assim que muita gente vive o amor clubísticoe o amor à religião....

Penso que das várias leituras que resultaram deste post, se pode concluir que ser católico não pode ser reduzido a esta "noção clubística"......

Re: Ser Catolico
Escrito por: Padre João Luis (IP registado)
Data: 10 de February de 2005 11:59

Já que estamos numa onda de exageros, ser catolico não é uma sensação etérea de não fazer parte de coisa nenhuma. Ser catolico não é nunca afirmar se-lo e ao mesmo tempo estar contra tudo aquilo que é sinal do catolicismo.
Ser catolico - isto é fazer parte da Igreja Catolica - não é compativel com o não acreditar em nada do que a Igreja ensina, estar contra quase tudo o que a Igreja é.
Não é possivel pertencer a uma Igreja sem pertencer realmente? Como é possivel assumir-se como catolica uma pessoa e ao mesmo tempo criticar tudo aquilo que é?
Será possivel ser-se e não se ser ao mesmo tempo????
Não é possivel ser-se catolico e ao mesmo tempo discordar de tudo no catolicismo, porque a unica conclusão possivel é esta:
1- Ou se está a criticar e a dizer mal de si mesmo - porque todos somos igreja
2- Ou está mesmo fora e apenas se diz Catolico mas não é . Porque é o Agir que define o ser. Não é o dizer que se é, mas o agir como seja.

Re: Ser Catolico
Escrito por: Mónica (IP registado)
Data: 03 de January de 2006 11:52


Bom Dia a Todos:

Estive a ler este assunto e pensei que era altura de o trazer de volta ao presente, especialmente porque já se abriram outros assuntos aqui enquanto neste estão todos englobados.

Acho que vou concordar com a última resposta: AMOR. O amor porque no amor encontra-mos no nosso coração o que Jesus nos ensinou. Ser católico é muita coisa. Ser cristão já é outra. Ser cristão somos todos que acreditamos em Jesus Cristo e que tentamos de várias formas seguir o caminho que ele nos deu.

Depois é o seguinte. Há a nossa forma de viver e há a forma em que deixamos que os outros vivem. Nós podemos até perceber as razões porque tantas pessoas não seguem os passos correctos do critianismo, mas isso não quer dizer que nós façamos o mesmo que essas pessoas. Por exemplo: o aborto, eu já disse uma vez neste forum que estou dividida, não concordo com o aborto e nunca o praticaria, mas, e no entanto, percebo as razões porque alguem o fará (algumas das razões quero eu dizer) e assim, não é o meu lugar castigar ou culpar ou coisa do genero.

Beijinhos,


Re: Ser Catolico
Escrito por: Ovelha Tresmalhada (IP registado)
Data: 03 de January de 2006 21:53

Li com interesse todas as mensagens deste tópico. Concordo mais com umas do que com outras.

Para mim, ser católico é, antes de mais, do ponto de vista da adesão emocional e racional, aceitar como indiscutívies e inabaláveis todas as verdades que constam do Credo.

Quem não acredita convicta e seriamente, com todas as suas forças, com toda a sua alma, com toda a sua inteligência e com toda a sua vontade, nas proclamações do Credo não pode dizer-se nem católico nem cristão.

Depois, vem o mais importante e o mais difícil para um católico: "pelos frutos os conhecereis", "amai-vos uns aos outros como eu vos amei", "nisto conhecereis que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros", etc.

O mandamento do Amor é o verdadeiro alicerce da fé cristã. Dele decorrem todos os demais mandamentos. É ele o critério último e único para ajuizar sobre a licitude ética dos nossos comportamentos. É esse o mandamento que Jesus "usará" para nos julgar no Dia do Juízo.

Se a esmagadora maioria das questões da ética cristã encontra resposta clara e directa no enunciado dos 10 mandamentos e nos ensinamentos do evangelho (por exemplo, a ilicitude objectiva do aborto, do homicídio, do adultério, do divórcio, da injúria, da falsidade, do roubo, da idolatria, da superstição, da cobiça, da evasão fiscal, da exploração salarial, da corrupção, da violação, da pedofilia, da violência física, da escravatura, da pena de morte, do vandalismo, da prostituição, da pornografia, do proxenetismo e tantas outras maldades óbvias), outras há que não são de solução tão óbvia, como por exemplo, a fecundação artificial, a clonagem, a masturbação, os contraceptivos, a ectogénese, a união de facto permanente, o casamento não religioso e outras.

A Igreja, com a sua sabedoria milenar e com a inextinguível acção do Espírito, tem vindo a iluminar as consciências ao longo dos tempos, procurando sempre a Verdade e tentando abominar o erro e a mentira, designadamente nas matérias mais difíceis de discernir.

Deverá então o bom católico aceitar cegamente e sem discussão, por humilde dever de obediência, tudo o que a Igreja ensina, seja em que matéria for? Sim, se se tratar da proclamação de uma verdade de fé absoluta, revestida do carácter de dogma, nos raros casos em que o Papa o tem feito. Se se tratar de um simples ensinamento doutrinário não revestido daquele carácter dogmático, penso que a sua não aceitação indiscutível não nos transforma automaticamente em hereges, condenados à perdição.

Por outro lado, há questões que não têm a ver com os fundamentos da fé cristã. O celibato, por exemplo, é um dever de natureza meramente disciplinar. Foi uma especial conjuntura histórica que tornou necessário impor esse dever aos sacerdotes. Mas nada impede que uma outra conjuntura histórica imponha a necessidade de o eliminar. Há quem acredite que esse momento estará para breve.

A proibição do acesso das mulheres ao sacerdócio é outro exemplo. Não se trata de uma regra moral nem muito menos de uma verdade de fé. Corresponde antes a uma prática histórica reiterada, iniciada nos alvores do cristianismo, a partir da experiência do próprio Cristo ao escolher apenas homens para seus discípulos, quando a mulher pouco mais valia, na sua essência, do que um animal. Creio que não pode transformar-se essa prática histórica reiterada num princípio dogmático fundamental, quando a verdade é que nenhum dos 10 mandamentos, nem nenhuma das palavras de Cristo ou dos Apóstolos o sugerem. O catolicismo não morrerá certamente se um dia, quem sabe se dentro de poucos anos, houver também sacerdotizas católicas.

Já quanto ao "casamento" de homossexuais, julgo que nenhum católico o aceitará como coisa boa. Trata-se, objectivamente (e nisto não vai envolvido qualquer juízo de reprovação ou de culpabilidade para com as pessoas homossexuais que decidam casar) de uma aberração natural, ética e social, pelo menos se entendermos o casamento como aquilo que sempre foi em todos os tempos e em todos os povos e culturas. Foi preciso chegar ao século XXI para o homem dar mais um passo no seu "desenvolvimento" e descobrir que os homossexuais têm direito ao mesmíssimo casamento que os heterossexuais.

Quanto às aparições, de Fátima ou outras, são revelações particulares, acredita quem quiser. Há muitos e bons católicos que não acreditam, como há muitos e bons católicos que acreditam.

O pior exemplo de católico que eu conheço é aquele (que todos nós, aliás, conhecemos bem), que se diz católico não praticante, mas que se está marimbando na Igreja, no Evangelho, em Jesus Cristo, em Deus. A religião serve-lhe apenas para certos rituais: baptiza os filhos porque sim, porque é bonito, porque é a tradição; casa na e pela igreja porque sim, porque é mais bonito, porque é a tradição, porque a família o "exige"; e quer ser sepultado segundo os ritos da Santa Madre Igreja porque, pelo sim pelo não, não vá o Diabo tecê-las...
_______
[Editado por Alef: editei a formatação. Para obter negrito usa-se "[ b ]" (=bold) (sem espaços) e não "[n]"; para o sublinhado usa-se "[ u ]" (=underline) e não "[s]".]



Editado 1 vezes. Última edição em 03/01/2006 23:32 por Alef.

Re: Ser Catolico
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 03 de January de 2006 23:40

Subscrevo inteiramente a sconsiderações da ovelha. sobretudo na sua reflexão sobre a não necessidade de obediênciancia cega a normas doutrinárias questionáveis.

No entanto, discordo da afirmação:


"Já quanto ao "casamento" de homossexuais, julgo que nenhum católico o aceitará como coisa boa".

Como católica praticante, não me perturba minimamente o casamento civil de pares homossexuais. Falamos aqui do casamento regulado pelas leis civis de um Estado de direito democrático e não do casamento religioso.

Trata-se de permitir o acesso a todos os casais de maior idade , idóneos e capazes, ao enquadramento legal contratual de um conjunto de relações afectivas (direitos e deveres) entre duas pessoas que se amam e pretendem ter uma vida em comum.

E isso é uma coisa boa .

Não se trata de nenhuma aberração mas de um modelo de família que, embora minoritário, sempre existiu . Não é sequer uma invenção do século XXI apenas não era reconhecido juridicamente.

"pelo menos se entendermos o casamento como aquilo que sempre foi em todos os tempos e em todos os povos e culturas"

Há uma multiplicidade quase incatalogável de conceitos sobre o que é o casamento e a família - e as diversidades culturais e históricas são tão radicalemente diferentes, do ponto de vista antropológico e sociológico que não é correcto afirmar que existe um modelo de casamento imutável e comum a todos os povos e culturas.

Porque não existe nem nunca existiu.


Re: Ser Catolico
Escrito por: Ovelha Tresmalhada (IP registado)
Data: 04 de January de 2006 22:00

Catolicapraticante,

Compreendi o alcance das suas reservas e discordâncias quanto ao que afirmei sobre o casamento de homossexuais.

Vou precisar melhor o que disse, sem retirar o essencial.

Quando afirmo que o casamento entre homossexuais é uma aberração, estou a referir-me ao traço essencial que sempre esteve associado ao conceito de casamento enquanto instituição: comunhão plena de vida entre pessoas de sexo diferente com o objectivo de constituir uma família, o que passa, segundo a ordem normal das coisas, pela possibilidade de gerar filhos.

É verdade que não é requisito absolutamente essencial ao casamento (independentemente do seu carácter laico ou religioso) a finalidade ou, sequer, a possibilidade da procriação (a esterilidade não obsta ao casamento e a deliberada não procriação não é causa de dissolução). Mas a procriação é e sempre foi reconhecida como uma das finalidades naturais do casamento. Daí a necessidade de os casados serem de sexos diferentes.

Este traço do casamento - diferenciação dos sexos e vocação de procriação - penso que sempre existiu em todos os povos e culturas ao longo da história da humanidade. Mesmo nos casamentos poligâmicos, nas suas modalidade de poliandria e poliginia, sempre a diferenciação dos sexos esteve e está presente, como está presente o fim natural da geração de novos seres.

É claro que as uniões homossexuais, mais ou menos estáveis, sempre existiram. Mas não conheço nenhuma sociedade onde essa realidade, independentemente da cobertura jurídica, tenha sido socialmente aceite e reconhecida como instituição idêntica à do casamento. Podia ser aceite, podia ser mais ou menos tolerada, mas nunca ninguém a reconheceu como um verdadeiro casamento visando a constituição de um família.

Todos os ordenamentos jurídicos do mundo judaico cristão e muçulmano trataram, até há bem pouco, o casamento como uma instituição a que estava associada, por natureza intrínseca, a diferenciação dos sexos e a vocação natural para a gestação de filhos.

É a esse casamento que me refiro quando digo que o "casamento" dos homossexuais é uma aberração. Chame-se-lhe, à união de homossexuais, outra coisa, mas não se queira confundir o que é abissalmente diferente!

Concorda ou não que o casamento "tradicional", entre homem e mulher, potencialmente para ter filhos, merece um tratamento jurídico diferente, que reconheça a sua especificidade e o seu carácter de instituição milenar, essencial à estabilidade dos laços sociais e ao pleno desenvolvimento e integração do ser humano? Não será, mesmo no estrito plano da legislação democraticamente aprovada, um erro crasso pretender conferir ao "casamento" de homossexuais o mesmo estatuto que a lei sempre concedeu ao casamento tradicional, com todos os direitos e deveres dele decorrentes?

Se passarmos agora para o plano religioso cristão, é ou não aberrante, incompatível com a lei de Deus, reconhecer à união entre homossexuais o carácter de matrimónio?

Teria Cristo ido às bodas de Caná se se tratasse de um casamento gay? Provavelmente iria (pura especulação minha), mas os Evangelhos não deixariam talvez de assinalar as palavras, caridosas mas admoestadoras, do Mestre sobre o desordenamento moral que tal representava, do mesmo modo que o fez quando foi inquirido sobre o divórcio e quando não deixou em claro os antecedentes familiares da samaritana, e quando advertiu a adúltera para não voltar a pecar. Mas quem sou eu para conjecturas tão parvas e absurdas...

Repito, concluindo: do meu ponto de vista, a atribuição ao casamento gay do mesmo estatuto jurídico próprio do casamento tradicional é uma aberração, uma idiotice de que só o tresloucado legislador do século XXI está a ser capaz, neste descristianizado mundo ocidental! E foi-o porque indiferente ao valor intrínseco das instituições mais profundas da sociedade humana e mais sintonizadas com as próprias leis da natureza, e porque, no fundo, com o pretexto de que o grande e quiçá único critério normativo é o que resulta do voto maioritário democraticamente expresso, vai-se deixando arrastar pela ditadura do relativismo moral de que falou Bento XVI, a qual, não tenhamos dúvidas, não nos trará maior felicidade, individual ou colectiva.

Re: Ser Catolico
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 05 de January de 2006 00:00

O Conceito de família não pode ser reduzido ao conceito de reprodução biológica. Aliás se assim for , há que reconhecer universalmente um estatuto jurídoico igual para todas as famílias existentes sem que exista casamento mas apenas acasalamento.

O casamento é um contrato civil entre duas pessoas maiores , livres e com plena capacidade jurídica que s ecomprometem um perante o outro. Mais nada. O cerne da família é o para , o casal.
Dos seus requisistos de validade do casamento não consta a capacidade ou a vontade de procriar. Porque, repito, casamento não é acasalamento e a finalidade do casamento não é a reprodução animal ou social, ou fórmulas jurídicas de controle do património/propriedade.

O casamento é um compromisso de amor entre duas pessoas, pelo menos na actualidade.

Quanto á diferenciação de papéis de géneros dentro da relação conjugal , tanto pode existir num casamento homo como hetero.

Re: Ser Catolico
Escrito por: (IP registado)
Data: 05 de January de 2006 10:42

Ovelha Tresmalhada,

Seja. Chamemos nomes diferentes ao que é diferente. Casamento e união homossexual são coisas diferentes. Porém, não faz sentido os parceiros homossexuais serem impedidos de visitas fora de horários nos hospitais, quando os heterossexuais o podem fazer. Ou não haver os mesmos direitos a nível de heranças.

De resto, deixem-me dizer o seguinte: acho que a Igreja deveria abençoar as uniões homossexuais de boa fé entre pessoas que o desejassem.


Quanto às questões deste tópico: há verdades de fé nas quais temos de acreditar para sermos católicos, como as expostas no Credo. Temos de acreditar nos dogmas (cujas interpretações vão evoluindo) se acreditamos que o Espírito guia a Igreja. Mas não temos de ser mais papistas que o Papa ou sequer concordar com tudo o que este diz. Nos próprios Concílios havia vozes discordantes, e que saiba nenhum bispo foi excumungado durante ou depois do Vaticano II pelas suas opiniões ou pelos seus votos. Por muito que custe a alguns, ser cristão não é seguidismo, nem se rege por um conjunto de regras que definem tudo. A maior das regras é "amai-vos uns aos outros".

De resto, a salvação não está só na nossa Igreja. Qualquer pessoa bem intencionada e que viva a sua vida com intenções rectas será muito mais cristão que um qualquer beato que vá à missa todos os dias e diga que sim que concorda com tudo mas não seja caridoso.

Recentemente tenho vindo a pensar como é revolucionário dizer "amai-vos uns aos outros". E choca-me como tanta gente coloca regras e códigos à frente do amor. João XXIII foi uma dádiva ainda incompreendida.

Re: Ser Catolico
Escrito por: Mónica (IP registado)
Data: 06 de January de 2006 13:46


Olá novamente,

Vou dizer o seguinte:

Alguém aqui disse que pertencer à igreja não é o mesmo que pertencer a um clube. Pois ai está. Alguém aqui disse que para ser católico tem que se acreditar totalmente no Credo pois este é básicamente um sumário do catolicismo.

Eu vou dizer o seguinte em termos desportistas, sem ofensas a ninguém: Jesus Cristo na sua bondade e amor criou a Igreja, deu-nos os principios e ensinou-nos, e deixou-nos os seus Apostolos para nos continuar a ensinar após a sua morte. Jesus Cristo criou um clube, não de futebol, mas de critãos. O catolicismo é o principal. Quem não concordou - bem, é obvio, mudou de clube e dai surgiram os anglicanos, protestantes e por ai fora.

De uma maneira ou outra, a Igreja Católica implenta o catolicismo, e nós CATÓLICOS pertencemos a essa Igreja porque queremos, porque acreditamos nela, no Credo e por ai fora.

Ora, se eu quiser fazer parte de um clube de xadrez, tenho que aderir às regras do clube ou, se não concordar com essas vou procurar outro clube. A igreja católica não é tão rigida como isto e temos sorte.

Afinal de contas, nós temos sempre a escolha. Podemos sempre escolher.

Como católicos somos obrigados penso eu, a tentar cumprir a palavra de Jesus através da sua Igreja. Pode-mos não conseguir, o que é óbvio, mas Jesus só nos pediu para tentar e enquanto tentamos ele estará lá a olhar por nós, a ajudar-nos.

Eu própria não consigo. Fico confusa. Entendo as mágoas, as rejeições. Por vezes sou incrivelmente má para com o próximo. Mas tento. Vou tentando.

Á questão dos homosexuais! Acredito que não culpa de o ser. Alguma coisa os faz assim. Mas e no entanto, não concordo com que se casem na Igreja. Ora essa. Que se casem no civil se assim o entendem pois a ordem das coisas É marido e mulher, no amor e no sentido de construirem familia sim. Ora, eu não me casei, juntei-me, tive um filho, separei-me e tenho perfeita noção de que o que fiz foi contra tudo aquilo que fui ensinada. Demorou uns anos mais em que também disse que a Igreja devia ser mais compreensiva e cheguei à conclusão de que é. Vou à missa. A minha fé as vezes flutua como a de todos presumo eu. Mas....

Isto não quer dizer que eu tenha qualquer coisa contra homosexuais. Pelo contrário. E falo em geral. Conheço um casal de amigos, e note-se que disse mesmo casal, que fizeram o ano passado 25 anos que estão juntos, e estão felizes. Fazem a vida deles, da melhor maneira possivel. Fizeram a sua escolha e vivem com ela. Para todos os efeitos o não casamento deles é mais casamento do que alguns que conheço. Mas não há pretenções.

Talvez eu seja um pouco dura, mas ás vezes o amor é isso mesmo. Eu tenho que educar o meu filho e ás vezes tenho que ser dura, pois sei que se não o fizer, ele virá a sofrer por falta dessa educação, por falta do ensinamento. E acreditem que no meu caso, não é nada fácil, pois não tenho um filho exactamente normal.

Paz a todos e amor a todos.

Mónica

Re: Ser Catolico
Escrito por: (IP registado)
Data: 06 de January de 2006 15:26

Mónica, começas por afirmar, pareceu-me, que pertencer à Igreja não é pertencer a um clube.
Depois afirmas que Cristo fundou um clube. Não entendi.

Quanto à questão dos homossexuais, eu penso que a Igreja está errada, como esteve noutras ocasiões no passado. Essa posição da minha parte é legítima, ou não? Há alguma razão para que eu me deixe de dizer Católico por discordar do que a Cúria Romana diz sobre a homossexualidade?
Eu acredito no Credo e nunca coloquei em causa nenhum dogma. Deixo de ser Católico por discordar do Papa nesta questão?

Re: Ser Catolico
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 06 de January de 2006 16:46

Mónica :
"Mas e no entanto, não concordo com que se casem na Igreja. Ora essa. Que se casem no civil se assim o entendem pois a ordem das coisas "

È precisamente essa a questão que se estava a debater - o casamento pelo civil.
É que a ICAR não recon]hece o casamento apenas civil.

Não o reconhece, nem para os casais heterossexuais. Mas, se a ICAR considera o instituto jurídico do casamento civil é algo sem nenhum valor , algo inexistente, porquê essa pressão para que a ele não acedam os casais homossexuais?

E, voltando ás nocões da Icar enquanto clube - podem os directores de um clube querer ditar as regras do seu clube para toda a comunida de civil, querendo impor as suas regras a quem não pertence ao clube?


Que tem a Icar a ver com o casamento civil de homossexuais, se não lhe reconhece qualquer valor e considera que mesmo que as pessoas heterossexuais que se casam civilmente e assim contituem, uma família, vivem em pecado e adultério???

Por isso, por ma questão de coerência, penso que a Icar nada tem a a ver com o alaragamento do casamento civil aos casais homossexuais.

E sobre isso, a única coisa que certos católicos ou as cúpulas da ICAR podem dizer é:

- [i]Eu não concordo que os Homossexuais se casem pelo ritual religioso católico
.

Mais nada.


Já agora, eu não considero a ICAR um clube... ( embora alguns sectores tenham comportamentos clubísticos, com controleiros e claques e tudo)

Mas Jesus Cristo não fundou um clube .

Aliás, os primeiros associados, além de pobres , pescadores, escravos, esfomeados, prostitutas, mulheres adúlteras, samaritanos, coxos e cegos de nascença, seria um clube que repugnaria á maior parte dos associados actuais que t~e, essa visão clubística...

A não ser que se lhe aplicasse aquela célebre frase de Woody Allen a propósito do convite para pertencer a um determinadao clube elitista:

- Não gosto de pertencer a clubes que aceitam pessoas como eu.

E quanto ás regras do presumível clube - Jesus cristo deixou apenas uma .

Amai-vos uns aos outros.



Re: Ser Catolico
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 06 de January de 2006 16:49

"Conheço um casal de amigos, e note-se que disse mesmo casal, que fizeram o ano passado 25 anos que estão juntos, e estão felizes. Fazem a vida deles, da melhor maneira possivel. Fizeram a sua escolha e vivem com ela. Para todos os efeitos o não casamento deles é mais casamento do que alguns que conheço."

Porque não há-de a lei civil reconhecer jurídicamente um casamento que já existe?

Re: Ser Catolico
Escrito por: Anam (IP registado)
Data: 06 de January de 2006 17:05

Eu sou católica e aceito que os homossexuais se casem pelo civil. Por que não?
O Estado é laico, não é católico...O Estado deve contemplar todos os que por ele estão abrangidos: católicos, não-católicos, hetero ou homossexuais.

Não estão a atentar contra ninguém, nem contra nada. Por que razão não haveriam de casar pelo Estado?
A Igreja não pode servir-se da "coisa pública" para fazer valer os seus princípios junto da socidade.
Há muitas formas de evangelizar, sobretudo pelo amor que temos aos nossos irmãos, sem sem pela força da Lei mundana...


Anna e Sara

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