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Re: A Presença de Cristo na Eucaristia
Escrito por: s7v7n (IP registado)
Data: 07 de June de 2007 12:34

Citação:
Alef
s7v7n:
Uma coisa é poder ou não comungar; outra, pecar. Tu puseste a questão em termos de pecado e condenação...
E porque é que não se pode comungar então? Se não existe qualquer tipo de pecado, não há então constrangimento algum. Então porquê a "barreira"?
Quando falei na condenação, o que deves ter percebido, falei nas palavras de São Paulo. No exame de consciência de cada um. Não é lícito que se tome o Corpo do Senhor indignamente, "...pois será réu do corpo e sangue do Senhor."

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho

Re: A Presença de Cristo na Eucaristia
Escrito por: Rita* (IP registado)
Data: 07 de June de 2007 15:49

Tua fé te salva - 06/06/2007 - 08:58

*Pe. Jonas Abib

Influenciado por falsas doutrinas, Pe. Pedro de Braga, da República de Tcheca, começou a ter dúvidas sobre a presença real de Jesus na Eucaristia. Não por sua culpa, mas devido às doutrinas que foram tomando conta da cidade. Apesar de estar sendo influenciado, como era um bom padre, ele fez o propósito de ir até Roma para buscar a verdadeira fé.

Cumpriu a peregrinação para reavivar sua fé na Igreja. Embora tendo dúvidas, ele celebrava todos os dias. Certo dia, enquanto celebrava, antes de dizer as palavras da consagração, Pe. Pedro levantou a hóstia e sentiu escorrer algo quente em suas mãos. Era sangue vindo da hóstia; um sinal de Deus para ele. O sangue foi escorrendo no altar sobre o corporal, até chegar ao mármore. Ainda hoje se encontram marcas de sangue sobre o mármore. E a hóstia toda cheia de sangue está guardada.

Em seguida a esse episódio, uma religiosa havia pedido ao Papa para celebrar a Festa da Eucaristia, e ele pediu a Deus um sinal para saber se era Deus que queria essa festa ou se era uma manifestação humana. Quando o Papa ouviu dizer o que havia acontecido, foi ao encontro do milagre. Ao ver a hóstia cheia de sangue, se ajoelhou e disse: Corpus Christi. Pegou as hóstias e os objetos e levou para a cidade, tomando todo o fato como sinal de Deus.

Ele colocou o corporal com Jesus – ainda cheios de sangue – no hostensório e andou pelas ruas. Com a passagem de Jesus, todos enfeitaram suas ruas, e é por isso que até hoje essa festa vem se repetindo, em nome de Cristo Rei.

É Jesus salvador que vem até nós para curar nossas chagas. No evangelho, vemos aquela mulher que tinha um fluxo de sangue crônico. Como sua saúde estava deficitária, essa mulher sofreu e gastou todo o dinheiro sem nada conseguir. Foi difícil para ela chegar até Jesus, pois ela O considerava santo. Então, se dirigiu às costas do Mestre e tocou na barra de seu manto. Jesus sentiu que uma força curadora havia saído dEle.

Talvez você se sinta como essa mulher impura, com medo de chegar até Jesus. Mas, Ele sabe de tudo. Ele tudo vê. Talvez você se sinta hoje uma pessoa destruída, não por você, mas por alguém. Talvez você se sinta como um “cachorrinho”. Mas, até mesmo um cachorro procura a presença de seu dono.

Jesus está dizendo: “Tenha fé, confiança. Mesmo que você esteja se achando indigno, você veio e sua fé te salvou”. Deus vai reconstruir sua vida. Ponha sua vida inteira aos pés de Jesus. Você se encontrou com o Sangue de Jesus, que pode te salvar.

É Jesus que desce da cruz e levanta você, dizendo: “Tenha confiança, meu filho. Tua fé te salvou. Não caias mais”.



*Pe. Jonas Abib é fundador da Comunidade Canção Nova e presidente da Fundação João Paulo II




www.catolicanet.com.br

Re: A Presença de Cristo na Eucaristia
Escrito por: Rita* (IP registado)
Data: 08 de June de 2007 16:56

"Correio de amigos"
***


CATECISMO
DA IGREJA CATÓLICA ! (122)
***

A EUCARISTIA PRESENÇA REAL !...

Diz o Catecismo da Igreja Católica :

1374 . - O modo da presença de Cristo sob as espécies eucarísticas é único. Ele eleva a Eucaristia acima de todos os sacramentos e faz dela "como que a perfeição da vida espiritual e o fim para que tendem todos os sacramentos"(S.Tomás de Aq. Summa Theol.3,73,3). No Santíssimo Sacramento da Eucaristia estão "contidos, verdadeira, real e substancialmente, o Corpo e o Sangue, conjuntamente com a Alma e a Divindade de nosso Senhor Jesus Cristo e, por conseguinte, o Cristo total"(Conc.Trento : DS 1651). Esta presença chama-se "real", não a título exclusivo como se as outras presenças não fossem "reais", mas por antonomásia, porque é substancial, quer dizer, por ela está presente Cristo completo, Deus e homem"(MF 39).

A Solenidade do Corpo de Deus é a Festa da Presença Real que nos convida a uma acto de Fé na presença de Cristo em Corpo, Sangue, Alma e Divindade na Hóstia Consagrada e a um acto de adoração e de Amor...

Por Presença Real entende-se que na Hóstia Consagrada Cristo está Realmente Presente, Cristo está totalmente presente, isto é, com o Seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade, por efeito da Transubstanciação.

O Concilio de Trento declarou :

- Porque Cristo, nosso Redentor, disse que o que Ele oferecia sob a espécie do pão era verdadeiramente o seu Corpo, sempre na Igreja se teve esta convicção de que o Sagrado Concílio de novo declara : pela consagração do pão e do vinho opera-se a conversão de toda a substância do pão na substância do Corpo de Cristo Nosso Senhor, e de toda a substância do vinho na do Sangue ; e a esta mudança, a Igreja Católica chama-lhe, com justeza e exactidão, Transubstanciação. (DS 1642).(cf. CIC 1373).

E a Igreja permanece fiel a esta doutrina de que dá o melhor testemunho o Catecismo da Igreja Católica :

1373. - «Jesus Cristo que morreu(...) que ressuscitou (...) que está à direita de Deus (...) que intercede por nós (Rom,8,34) está presente na sua Igreja de muitos mudos: - na sua Palavra, na oração da sua Igreja, "onde dois ou três estão reunidos em Meu nome"(Mt. 18,20), nos pobres, nos doentes, nos prisioneiros (Mt. 25,31-46), nos seus sacramentos, dos quais é o autor, no sacrifício da Missa e na pessoa do ministro. Mas "está presente sobretudo sob as espécies eucarísticas". (SC 7).

Mas esta presença de Cristo, esta Presença Real, é muito especial, uma vez que Cristo se oculta sob as espécies do pão e do vinho.

É pelo efeito da Palavra de Deus e da acção do Espírito Santo, que Cristo se torna presente sob as espécies do pão e do vinho, e é pela Palavra de Deus que os Santos Padres sempre afirmaram a Presença Real, de que o Catecismo da Igreja Católica continua a dar conta :

1375. - É pela conversão do pão e do vinho no Corpo e no Sangue de Cristo que Ele Se torna presente neste Sacramento. Os Padres da Igreja proclamaram com firmeza a fé da mesma Igreja na eficácia da Palavra de Cristo e da acção do Espírito Santo, para operar esta conversão :

Não é o homem que faz com que as coisas oferecidas se tornem Corpo e Sangue de Cristo, mas o próprio Cristo, que foi crucificado por nós. O sacerdote, figura de Cristo, pronuncia estas palavras, mas a sua eficácia e a graça são de Deus. Isto é o Meu Corpo, diz ele. Esta palavra transforma as coisas oferecidas. (Prod.Jud.1,6).

Pela sua Presença Real, Cristo está presente na hóstia consagrada, desde o momento da consagração até que as espécies eucarísticas subsistem.

Cristo está presente todo em cada uma das espécies e todo em cada uma das suas partes, de maneira que a fracção do pão não divide Cristo. (cf.CIC 1377).

Deste modo, quem comungar só o pão ou só o vinho, recebe o Cristo total, por concomitância.

A Presença Real, quer durante a celebração da Missa desde a consagração até à comunhão, quer na sagrada Reserva do Sacrário, exige da parte dos fiéis o maior respeito nas suas atitudes pessoais e também na maneira de se apresentarem na Igreja em que Cristo está presente no Sacrário.

Cristo quis ficar presente no meio de nós de maneira admirável, pelo Seu amor por nós e para que nós sentíssemos o Seu amor constante e Lhe manifestássemos também o nosso amor.

A Igreja ensina que o pão e o vinho se tornam o Corpo e o Sangue de Cristo pela intervenção do Espírito Santo no acto da Consagração da Missa.

A Igreja reconhece que este é um processo único, parte de um mistério que só se pode compreender e aceitar pela fé e nunca se pode explicar por palavras.

O milagre da Eucaristia, a que se chamou «Transubstanciação» no Concílio de Trento, envolve o manter as aparências exteriores do pão e do vinho, mas a verdadeira substância é do Corpo e Sangue de Cristo.

Isto não é fácil de explicar e de acreditar, mas as várias manifestações de milagres eucarísticos no mundo, ajudam a compreender e a aceitar.

Quando a crença na Presença Real não existe ou é fraca, Comungar não passa de uma simples cerimónia simbólica, e, nesse caso, as pessoas nem sentem que devem estar sem pecado grave para comungar.

É o que significa e se revela numa abundante comunhão sem a devida preparação.

«Obviamente, um cepticismo a respeito da Presença Real, contribui para um abuso, porque se comunga na convicção de um mero simbolismo que não requer o estado de graça».

Se houvesse a consciência e o respeito pela Grandeza da Eucaristia, isso levaria as pessoas a recebê-la em estado de graça ou a abster-se dela quando têm a consciência de pecado grave.

Re: A Presença de Cristo na Eucaristia
Escrito por: Alessandro (IP registado)
Data: 09 de June de 2007 18:26

Excelente post Rita!




s7v7n,

Aqui vão duas definições, espero ajudá-lo.

Apologeta - Apostolado Defesa Católica

Re: A Presença de Cristo na Eucaristia
Escrito por: Alessandro (IP registado)
Data: 09 de June de 2007 18:27

Citação:
DICIONÁRIO DE FILOSOFIA-JOSÉ FERRATER MORA
SÍMBOLO E SIMBOLISMO -- Alguns autores utilizam a palavra _símbolo como sinónimo de signo. O mais corrente, no entanto, é utilizar o termo _símbolo como um tipo particular de signo. Nesse caso, costuma-se considerar que os símbolos são signos não naturais, signos conscientes, signos convencionais.

Esta concepção não tem sido aceite por todos os autores. Alguns, por exemplo, assinalam que o que caracteriza o signo é o facto de ser individual, diferentemente do símbolo que é de carácter social, colectivo. costuma variar o sentido do símbolo segundo a realidade por meio da qual se representa o objecto simbolizado; um objecto sensível pode representar uma ideia ou vice-versa; pode haver correspondência analógica entre duas ideias ou entre dois objectos sensíveis, e... O símbolo pode caracterizar-se também pela intenção com que o sujeito o utiliza; Neste caso, falaremos de propósito representativo, evocativo, etc. Se quer procurar alguma nota comum a todas estas acepções, parece que só uma, muito ampla, é aceitável: símbolo
significa apenas figura (qualquer que seja) por meio da qual se designe uma realidade com a consciência que há entre ela e o símbolo utilizado uma distância
que só pode ser colmatada por um acto prático nunca estritamente teórico.
Neste sentido cumpre entender o uso que se tem feito do símbolo e do simbolismo em diversas doutrinas, tanto nas epistemológicas como nas filosófico-religiosas. Dentro das primeiras, o símbolo é o modo como se tem exprimido uma realidade através de modificações conceptuais, linguísticas -- ou significativas -- não correspondentes a um universo inteligível e substante..

O simbolismo contemporâneo não chega a acordo acerca dos diferentes modos sob os quais podem ser tratados os símbolos. Por um lado, quando um símbolo se aproxima do signo, estabelecem-se distinções semelhantes às formuladas para este. Por outro lado, fala-se de diferentes tipos de símbolos, tais como símbolos expressivos (palavras), sugestivos (formas) e substitutivos (usados na lógica e na matemática). alguns consideram os símbolos de um ponto de vista puramente formal, negando os aspectos sugestivos e até expressivo, a que atrás aludimos; outros, em contrapartida, sustentam que é impossível dar qualquer significado ao símbolo se não estiver carregado de implicações psicológicas. Uns, por exemplo, combatem o simbolismo formalista dizendo que a característica que determina o simbolismo é precisamente o facto de a coisa que uma reflexão ulterior qualifica de símbolo não ser um símbolo, mas um veículo directo, uma corporificação concreta, uma encarnação vital. Outros têm tentado solucionar este conflito estabelecendo uma série de distinções entre dois opostos: o símbolo puramente formal e o símbolo puramente representativo ou _corporificador de natureza essencialmente designativa e ostensiva; por outras palavras, entre o signo puramente convencional e o signo puramente natural, com os estádios intermediários existentes entre ambos.

Uma doutrina geral e suficientemente ampla dos símbolos não poderá abster-se, em todo o caso, de determinar todas as funções simbólicas, sem cair em interpretações unilaterais de tais funções. Assim, rejeitar-se-á a concepção exclusivamente representativa do símbolo, ao modo da doutrina primitiva, para a qual o símbolo não só designa um objecto, mas é o objecto.

Afastar-se-á também a consideração exclusivamente emotiva do símbolo e igualmente a teoria da função exclusivamente simbólica-enunciativa que tende a um formalismo de índole puramente convencional e substitutiva.. Uma analogia do símbolo será então necessária para poder incluir todas as significações e funções possíveis, tendo sempre em conta que o símbolo é um veículo e que , por conseguinte, não pode confundir-se nem com a coisa simbolizada, nem com o acto psicológico que a simboliza, nem tão pouco com a concepção que o símbolo se refere ou com a significação que anuncia.

TEXTO PREPARADO POR EDUARDO GARC A BELSUNCE E EZEQUIEL OLASO
TRADUZIDO DO ESPANHOL POR ANTÓNIO JOSÉ MASSANO E MANUEL PALMEIRIM
PUBLICAÇÕES DOM QUIXOTE LISBOA 1978


Negritos meus.

Apologeta - Apostolado Defesa Católica

Re: A Presença de Cristo na Eucaristia
Escrito por: Alessandro (IP registado)
Data: 09 de June de 2007 18:27

Citação:
DICIONÁRIO DE FILOSOFIA-JOSÉ FERRATER MORA
SUBSTÂNCIA -- O vocábulo latino _substântia significa "estar debaixo de" e "o que está a debaixo de". Supõe-se que a substância está debaixo de qualidades ou acidentes, servindo-lhes de suporte, de modo que as qualidades ou acidentes podem mudar, ao passo que a substância permanece -- uma mudança de qualidades ou acidentes não equivale necessariamente a que a substância passe a ser outra, ao passo que uma mudança de substância é uma mudança para outra substância.

Aristóteles indica que, no seu sentido próprio, a _substântia é o que não é afirmado de um sujeito nem se acha num sujeito, como o homem e o cavalo individuais. Esta substância é a chamada substância primeira, porque para Aristóteles o primeiro é o ser individual do qual se predica algo; o ser individual existe ou pode existir, enquanto o que não é um ser individual á apenas, para já, o que pode dizer-se dele. Assim, o homem individual pode dizer-se que é homem, quer dizer, aplicar-lhe o nome _homem, com o que tal nome é algo afirmado do homem individual. O homem individual é uma substância primeira, mas o nome _homem não o é. Do homem individual pode dizer-se também que é um animal racional, que é branco, que possui a ciência, etc; o ser um animal racional, o ser branco, o possuir a ciência diz-se do homem individual como predicados essenciais ou acidentais e, portanto, não são substâncias primeiras.

As substâncias são os substratos de todo o restante, pelo que são substâncias por excelência. As substâncias primeiras não diferem entre si no grau de substancialidade, pois tão substância é primeira o homem, como um boi, uma árvore, etc. As substâncias primeiras não têm contrários, como sucede com as qualidades: branco-negro, mas admitem qualificações contrárias, como quando se diz que tal homem é branco ou que tal homem é negro.

A substância primeira é algo individual, irredutível, único, que não está noutra coisa; é algo que se determina a si mesmo e se basta ontologicamente a si mesmo; é algo que poderia existir ainda que não existisse outra coisa -- o que Aristóteles indica ao pôr em relevo que como tudo o que não é substância primeira se afirma das substâncias primeiras como sujeitos, nada poderia existir se não existissem as substâncias primeiras. Por ser o seu próprio haver, riqueza ou propriedade, a substância primeira é, formalmente falando, entidade..

O que se diz, ou pode dizer, da substância primeira que uma substância segunda, substância em sentido secundário e não próprio. Nem tudo o que se diz da substância primeira é substância segunda. Com efeito, só o que de algum modo se parece com a substância primeira é substância segunda. Isso acontece com os géneros e as espécies, porque, como as substâncias primeiras podem ser suportes; não acontece com os acidentes -- que são sempre suportados -- e, na concepção de que nos ocupamos, não sucede tão pouco com as relações.

Tanto as substâncias primeiras como as substâncias segundas têm em comum o facto de não estarem num sujeito. Isto parece óbvio no caso das substâncias primeiras, pois se estivessem num sujeito poderiam afirmar-se de um sujeito, o que não acontece: O sujeito é o sujeito e, por conseguinte, é o _ente, que está separado, quer dizer, subsiste por si mesmo.

Parece menos evidente no caso das substâncias segundas, mas deve admitir-se também, segundo Aristóteles, visto que dizer de Pedro que é um homem não quer dizer que homem seja uma parte de Pedro, como o seria o ser branco, capaz de tocar guitarra, etc. A diferença entre substâncias primeiras e substâncias segundas não reside no facto de não estarem ou estarem no sujeito, mas no facto de as substâncias segundas determinarem o que as substâncias primeiras são.

Quanto a "estar em", poderia dizer-se que as substâncias primeiras "estão em" as substâncias segundas, mas é preciso ter cuidado em interpretar este "estar em ": não é o estar contido num sujeito, mas o estar contido como os indivíduos estão contidos nos universais, quer dizer, de modo diferente do ser "parte de".

A doutrina anterior é a doutrina aristotélica da substância como categoria ou predicamento. Mas não é este o único sentido que tem em Aristóteles: substâncias são também entidades tais como os elementos (terra, fogo, água, ar), os corpos e seus compostos, e as partes desses corpos. Noutro sentido, chama-se substância à causa imanente da existências das coisas naturais. Noutro sentido, diz-se que são substâncias as essências expressas na definição. De todos estes sentidos destacam-se dois: a substância é o sujeito último, que não se afirma de nenhum outro, e é o que, sendo um indivíduo em sua essência, é separável, de modo que a forma de cada ser é a sua substância. Aristóteles examina largamente a noção de substância como primeira categoria do ser e como primeiro sujeito, e diz a este respeito que tal sujeito é num sentido a matéria, noutro sentido a forma e num terceiro sentido o composto de matéria e forma, o todo concreto.

Aristóteles nega que os universais e as ideias sejam substâncias, mas indica que a substância é de duas espécies: "todo composto" e forma. A primeira espécie de substâncias são corruptíveis; as segundas, incorruptíveis. Como todo o concreto, a substância é uma coisa determinada; como forma, a substância de cada ser é a essência. Aristóteles fala de espécies de substâncias. Há a substância sensível, que é móvel, e a substância não sensível, que imóvel. A substância sensível, objecto da física, pode ser corruptível (como os animais e as plantas) ou eterna, como os astros). A substância não sensível não tem nenhum princípio comum com as restantes espécies de substâncias. Muito variado tem sido o modo como depois de Aristóteles se entendeu ou exprimiu a ideia de substância.

Durante a idade média, quase todos os grandes pensadores trataram dos problemas relativos à substância. Especial interesse revestiu a questão acerca do que é uma substância. Para alguns, pode dizer-se que o nome substância significa apenas aquilo que tem ser por si. Mas como adverte S. Tomás, dizer da substância que é um ser por si não é definir a substância. Do mesmo modo que o que é o ente não pode ser um género, visto que não se encontra nenhuma diferença específica que o divida em espécies, o que tem ser por si não pode ser tão pouco um género; chama-se tal unicamente porque não está noutro, do que resulta que então o género não indica o que não é. Portanto, a substância é definível apenas quando se indica qual é a sua natureza ou razão de ser e esta razão é o ser uma coisa à qual compete o ser sem estar num sujeito, e também uma essência à qual compete o subsistir ou não estar recebida num sujeito. Pode-se, portanto, dizer que substância se constitui como uma essência que possui certas características ou propriedades, de modo que ao falar da substância de modo algum eliminamos a noção de essência.

Isto não quer dizer que seja o mesmo a substância em sentido próprio, como a primeira da categorias -- a qual pode ser forma, matéria ou composto--, que a substância como essência, como quando se diz que a definição significa a substância de uma coisa. Mas em ambos os casos compete à substância o ser substante, no sentido de consistir em ser substante. A substância tem, portanto, uma razão de ser, e esta razão é uma razão essencial. Esta razão não consiste meramente na razão de ser algo que sustente os acidentes; consiste na razão de ser ou estar por si não inerindo a um sujeito. A substância é por isso sujeito; ser substância significa independência. A razão formal da substância é uma perfeição positiva: a independência num ser.

Esta independência não é absoluta para a substância predicamental criada; é-o só para Deus. Mas merece de todos os modos chamar-se _independente, pois nem todo o independente é absoluto. Algumas das dificuldades que se levantaram em relação à noção de substância podem ser eliminadas procurando ver em que sentido se toma em cada caso a substância. Com efeito, pode tomar-se como substância predicamental (na lógica), e como substância real (na física e na metafísica), mas não deve pensar-se que, segundo a mente dos escolásticos, cada um destes modos de falar da substância significa substâncias diferentes.

Os escolásticos fizeram abundante uso da noção de substância. Tem parecido às vezes que esta noção perdera o seu peso na época moderna, mas tal não sucede. O que sucedeu foi que o problema da substância se pôs comummente dentro de diferentes hipótese.. Uma das mais importantes é a que podemos chamar "hipótese gnoseológica"; com efeito, não só se tratou na época moderna de dilucidar a natureza da substância como também de averiguar o modo de conhecimento da substância. O modo de conhecimento foi tratado também pelos escolásticos. Uma opinião muito difundida foi a de declarar que a substância é inacessível aos sentidos, e que se obtêm apenas mediante abstracção das coisas sensíveis, mesmo quando os autores que tratavam da substância sobretudo na linha da essência não participavam de semelhante opinião. Em todo o caso, o problema gnoseológico foi na idade média menos importante que na época moderna. Pode dizer-se que durante a idade média a concepção da substância foi primariamente lógica-metafísica e que na época moderna foi principalmente metafísica-gnoseológica.

Também dentro da época moderna há concepções escolásticas da substância que têm tido muita influência. É o caso de Suárez.

Este sustenta que uma vez dividido o ente criado em substância e acidente, é preciso saber quando um modo do ente é substância. Segundo Suárez, é substancial o modo que pertence à constituição da própria substância. Tudo o que pertence à substância deve ser substância, embora seja incompleta; só depois de constituída plenamente se lhe adiciona o que é acidente. O que se chama substância é para Suárez um modo de existir: o existir como substância.

Em autores como Descartes e Leibniz há ressonância da concepção escolástica da substância. Descartes define a substância destacando o momento da independência. Mas destaca-o de um modo negativo: substância é, diz Descartes, aquilo que existe de tal modo que não necessita de nenhuma outra coisa para existir. Eis aqui o lado metafísico; quanto ao lado gnoseológico, temo-lo na ideia de que em toda a coisa na qual se encontra imediatamente, como no sujeito, ou pela qual existe algo que percebemos, quer dizer, qualquer propriedade, qualidade ou atributo cuja ideia real está em nós, chama-se substância. Só Deus é verdadeiramente substância, não necessita real e verdadeiramente de nada mais para existir, já que a sua essência implica a sua existência, mas são também substâncias finitas a substância extensa e a substância pensante, as quais recebem de Deus a causa última da sua existência.

Embora definida na forma negativa apontada, há algo de positivo eminentemente na concepção cartesiana da substância: que tudo o que constitui a substância é substancial. como as substância pensante e extensa são dependentes de Deus, parecem antes ser atributos substancializados que substâncias. Leibniz destaca a pluralidade das substâncias e a sua actividade: a substância é "ente dotado da força (ou poder) de obrar". O ser que subsiste em si mesmo, escreve Leibniz, é 2o que tem um princípio de acção em si mesmo". Leibniz não poucas das definições escolásticas de substância, mas esclarece que não põe em suficiente relevo o carácter eminentemente activo das substâncias individuais. Dizer que quando se atribui um certo número de predicados a um só sujeito, na medida em que não se atribui este sujeito a nenhum outro, tem-se uma substância individual, é dizer pouco; trata-se, ao fim e ao cabo, de uma definição nominal. É preciso dizer também que os predicados têm que estar incluídos no sujeito, de modo que a natureza de uma substância completa é possuir um conceito tão completo que possamos atribuir-lhe todos os predicados aos quais se atribui o conceito. A substância tem de ser, portanto, para Leibniz, individual, activa e, por assim dizer, rica.

Cada substância tem de ser distinguível de qualquer outra substância e todas as substâncias devem encontrar-se por uma harmonia preestabelecida. Os autores chamados empiristas manifestaram comummente desconfiança em face da noção de substância e em alguns casos completa hostilidade a ela. Para Locke, a substância é uma das ideias complexas, junto às ideias complexas de modos simples e compostos e de relações. Aqui aparece o problema da substância tratado gnoseologicamente; com efeito, Locke aspira a mostrar como se origina a ideia complexa de substância individual. Há que distinguir entre a ideia complexa e o que pode chamar-se a ideia geral da substância. Esta última não é uma ideia obtida mediante combinação ou complicação de ideias simples, mas uma espécie de pressuposição: pressupõe-se a ideia geral de substância simplesmente porque se torna difícil, se não impossível, conceber que haja fenómenos existentes, por assim dizer, no ar sem residirem numa substância. Isto não quer dizer que Locke afirme a existência de substâncias sob o aspecto metafísico.

Sob este ponto de vista, a opinião de Locke é negativa. Em todo o caso, não sabemos o que é esse substrato a que chamamos substância. "Se alguém se põe a examinar-se a si mesmo em relação à sua noção de uma substância pura em geral, verificará que não tem outra ideia dela excepto unicamente uma suposição de não sabe que suporte dessas qualidades capazes de produzirem ideias simples em nós,
qualidades que são comummente chamadas acidentes". (Ensaio). Locke supunha, portanto, que há algo assim como um substrato material do qual não sabemos nada. Berkeley rejeitou tal substrato por desnecessário. Se ser é perceber ou ser percebido, não há senão percepções e sujeitos percipientes. Sob as percepções não há nenhum substrato ou substância. Não há, em rigor, substâncias materiais. Mas há uma causa das percepções ou ideias percebidas, e é a substância espiritual ou substância activa incorpórea. Em suma, não há nada do que os filósofos chamam substância material, mas há substâncias espirituais ou espíritos como substâncias; não há substratos materiais, mas há sujeitos das potências do espírito, que correspondem às ideias que nos afectam.

As doutrinas segundo as quais há substâncias podem chamar-se, em geral, _substancialistas, inclusivamente quando, como em Locke, fazem da substância uma ideia muito geral, ou quando, como em Berkeley, se reduzem as substâncias a substâncias espirituais. As doutrinas seguindo as quais a ideia de substância não tem nenhum fundamento podem chamar-se _fenomenistas. Hume foi um dos mais destacados representantes desta última tendência. Hume rejeita a ideia de substância por não encontrar nenhuma impressão (de sensação ou de reflexão) que constitua o seu fundamento. As substâncias não são percebidas pelos sentidos, pois não são visíveis, nem respiram, nem produzem sons. Por outro lado, não são derivadas das impressões de reflexão, pois estas resolvem-se nas nossas paixões e emoções, nenhuma das quais pode representar qualquer substância. "por conseguinte, não temos nenhuma ideia de substância diferente da de uma série de qualidades particulares.. A ideia de substância... Não é senão uma série de ideias simples unidas pela imaginação e às quais se atribui um nome particular por meio do qual podemos recordar-nos a nós ou recordar a outros, tal como série". (Tratado). Em suma, a substância é uma ficção e um nome "substância" um mero nome que não denota nada. Em vista do que se disse, parece que haja apenas duas atitudes possíveis em relação à noção de substância: aceitá-la ou rejeitá-la.

Há, no entanto, outra atitude: deduzi-la no sentido de Kant, quer dizer, justificá-la. É O que Kant faz na "Dedução transcendental das categorias". Kant não aceita a ideia metafísica da substância. Por outro lado, não admite que a ideia de substância se resolva numa colecção de impressões.

Kant deduz o conceito ou categoria de substância dos juizos de relação chamados categóricos; a eles corresponde a categoria de relação chamada "inerência e subsistência". O conceito de substância sobrepõe-se a uma multiplicidade, ordenando-a de forma que seja possível formular juizos sobre "algo", quer dizer, entidades que possuem tais ou quais propriedades. Em suma, Kant admite a noção de substância no plano transcendental; o conceito de substância é um dos que tornam possível o conhecimento dos objectos naturais.. É, portanto, errado rejeitar totalmente este conceito.. Mas é também errado transferi-lo para o plano metafísico.

Hegel tratou também a noção de substância como uma categoria, mas com intenção diferente da de Kant. As categorias de substância e acidente são para Hegel modos de manifestação da essência absoluta. São manifestações da necessidade. A substância é para Hegel a permanência que se manifesta em acidentes, os quais levam dentro de si a substancialidade. Assim, há algo nos acidentes que permanece, porque os acidentes são, em rigor, "a substância como acidente". Mas a substância é uma parcial manifestação da essência; tem de ser superada pela causa e pelo efeito e, por fim, pela acção recíproca.

Um dos modos como tem sido tratada com frequência a ideia de substância na época moderna e especialmente na contemporânea tem sido sob a forma do problema do indivíduo. A análise da linguagem corrente projectou luz sobre a noção de indivíduo, e pode focar- se também esta luz sobre a noção de substância. É muito possível que um exame sobre os diversos modos de usar _substância, _substancial, etc, contribua para um melhor conhecimento da ideia de substância.

TEXTO PREPARADO POR EDUARDO GARC A BELSUNCE E EZEQUIEL OLASO
TRADUZIDO DO ESPANHOL POR ANTÓNIO JOSÉ MASSANO E MANUEL PALMEIRIM
PUBLICAÇÕES DOM QUIXOTE LISBOA 1978


Apologeta - Apostolado Defesa Católica

Re: A Presença de Cristo na Eucaristia
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 10 de June de 2007 21:55

Copiar um texto de filosofia não significa alcançá-lo. Copiou e marcou em vermelho o texto abaixo:

Citação:
Alessandro
Citação:
DICIONÁRIO DE FILOSOFIA-JOSÉ FERRATER MORA
Uma doutrina geral e suficientemente ampla dos símbolos não poderá abster-se, em todo o caso, de determinar todas as funções simbólicas, sem cair em interpretações unilaterais de tais funções. Assim, rejeitar-se-á a concepção exclusivamente representativa do símbolo, ao modo da doutrina primitiva, para a qual o símbolo não só designa um objecto, mas é o objecto.

Negritos meus.

Sei que é difícil para os fundamentalistas a interpretação de textos, mas já que deram um tiro no próprio pé então vale a pena repetir:

(1) Deve-se rejeitar uma concepção exclusivamente representativa do símbolo!
(2) Para a doutrina primitiva, o símbolo não só designa um objeto, mas é o objeto!
(3) O cristianismo fez uso da doutrina antiga! (para quem ainda não percebeu)
(4) O cristianismo não é uma invenção medieval! (para quem ainda não percebeu)
(5) O Concílio de Trento usou de uma linguagem medieval, mas o mundo e a igreja continuaram mudando depois dele. (para quem ainda não percebeu)
(6) Comer hóstias não garante a salvação!
(7) Propor o retorno à idade média é ato de covardia e um desserviço à igreja.

[]'s

Re: A Presença de Cristo na Eucaristia
Escrito por: Alessandro (IP registado)
Data: 11 de June de 2007 00:21

Quantas ofensas... Quão pouco conteúdo... Quanta confusão...

Esperava apenas auxiliar o S7v7n com as dúvidas aqui expressadas, mas, se estou decepcionado, a culpa é minha por esperar um comportamento diverso do que já vem de longe se manifestando aqui.

Alias, há ainda a culpa da minha ignorancia, afinal no texto postado alcancei "pobremente" as duas primeiras proposições, mas sinceramente não tive capacidade de alcançar as demais, as duas últimas então... E ainda encerrou com um "abraços"???

Temos aqui na minha região uma cobra, chamada sucuri na lingua tupy-guarany ou anaconda como foi eternizada pelo cinema, que começa sua relação conosco com um abraço, e assim termina tudo...

Apologeta - Apostolado Defesa Católica



Editado 1 vezes. Última edição em 11/06/2007 00:24 por Alessandro.

Re: A Presença de Cristo na Eucaristia
Escrito por: s7v7n (IP registado)
Data: 11 de June de 2007 01:42

Obrigado pela ajuda Alessandro.

Penso que o post que a Rita escreveu, pôs os pontos nos "i´s"

resumindo tudo isto, existe presença real e não simbólica. Acho que é bom que se usem termos simples que facilitem o diálogo e a compreensão. Para mim o que é simbólico, não existe. O que é real existe mesmo. E tal como ensina a Igreja, existe presença real de Cristo.

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho

Re: A Presença de Cristo na Eucaristia
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 11 de June de 2007 10:07

Quando Jesus instituiu a Eucaristia, gerou o seu próprio bilhete de identidade. Ele se define como pão para ser repartido (pão= símbolo de todas as bençãos) e festa, simbolizada no vinho, para ser vivida por toda a Humanidade.
Para mim é muito significativo que não tenha dito: isto sou eu.
É que o material mais nobre da Eucaristia são as pessoas que nela participam e sem as quais a Eucaristia não tem sentido.

*=?.0

Re: A Presença de Cristo na Eucaristia
Escrito por: cristina dinis saraiva (IP registado)
Data: 11 de June de 2007 10:16

Mas que Post Firefox !!!

Não se percebe porque incomoda tanto a declaração evidente para todos os catolicos da presença real de Nosso Senhor Jesus Cristo através das palavras que estão no catecismo.

Não se percebe essa obcessão pela utilização do lexico simbolico em vez das expressões que constam do catecismo da Igreja Católica.

É obvio que, independentemente de acepções que possam ter tido no passado, a expressão "simbolico" é passível de grandes confusões para os crentes.

Mas alguém quer confusão de conceitos em vez de clareza?

Cristina

Re: A Presença de Cristo na Eucaristia
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 11 de June de 2007 13:27

Citação:
Mas alguém quer confusão de conceitos em vez de clareza?

Mas acha "claro" o que? Até a pouco estavam defendendo aqui que ocorria "transformação" no pão. Todo tipo de coisa esquisita, com se para ser "católico" fosse necessário ser meio "aloprado". Qual a razão do apego à idade média? Deviam ler um pouco mais de história da igreja para descobrir o que se passou lá, não foi a maravilha que muitos imaginam.

Quanto ao texto do catecismo, não vejo tanto problema para quem não lê ao modo literalista. Não sou favorável à mudança do termo "transubstanciação" por outro, não acho que mudar uma palavra resolva a confusão que vem de uma má catequese.

Vc sabe o significado da "presença real" de Cristo no sacramento? Fico feliz, e torcendo para que não pense que Cristo não está presente realmente no batismo, na unção, na assembléia etc. Vejo um certo "perigo" nessa "clareza" toda sobre assuntos ligados ao "mistério da fé", como se tudo fosse resolvido por uma "explicação conceitual". Paciência.... a catequese das perguntas e respostas ainda vigora.

[]'s



Editado 1 vezes. Última edição em 11/06/2007 13:28 por firefox.

Re: A Presença de Cristo na Eucaristia
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 11 de June de 2007 13:31

A propósito da comunhão dos Luteranos e protestantes em geral, vejam os seguintes extractos de uma entrevista do cardeal Walter Kasper, à 30Dias:

Citação:
"Apesar das imprecisões de muitos comentários, a encíclica frisa também que em casos individuais e em circunstâncias particulares um protestante pode receber a Eucaristia numa celebração católica, desde que esteja “bem preparado”. Como se pode medir a “boa preparação” dele?
KASPER: Eu sempre digo: em casos de grave necessidade espiritual, a pessoa deve ser capaz de dizer “amém” ao sacerdote que lhe oferece a Eucaristia. Ou seja, deve poder dizer “amém” à presença real do corpo e do sangue de Cristo nas espécies eucarísticas, consagradas durante uma missa em que se reza pelo Papa, citando seu nome. Uma missa em que se dirigem orações a Nossa Senhora e se invocam os santos. Se a pessoa sente-se capaz de dizer “amém” conscientemente a tudo isso, significa que está bem preparada...

(...)

Em que se baseia essa proximidade mais acentuada com os luteranos?
KASPER: Os luteranos acreditam na presença real do corpo e do sangue de Cristo. Para os verdadeiros luteranos, é claríssimo que Jesus Cristo está presente em humanidade e divindade nas espécies eucarísticas consagradas na celebração. Eles têm objeções sobre a definição de “transubstanciação”. E reservas também sobre a permanência da presença real de Jesus Cristo na Eucaristia depois do fim da celebração eucarística. Mas, nesse último ponto, a discussão ainda está aberta entre eles, e pode haver novos desdobramentos."

A entrevista completa está aqui.

Cassima

Re: A Presença de Cristo na Eucaristia
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 11 de June de 2007 13:53

Citação:
s7v7n
resumindo tudo isto, existe presença real e não simbólica. Acho que é bom que se usem termos simples que facilitem o diálogo e a compreensão. Para mim o que é simbólico, não existe. O que é real existe mesmo. E tal como ensina a Igreja, existe presença real de Cristo.

Bate-se insistentemente na mesma tecla: as pessoas têm conceitos diferentes de Realidade e Símbolo e está tudo a dizer o mesmo.

O que dizes relativamente às palavras do Alef, neste mesmo tópico:

Citação:
"O que eu tratei de dizer, sem explicar em toda a sua extensão, é que não tem muito sentido dizer que simbólico se opõe necessariamente a real. E tratei de esboçar uma linha argumentativa que mostra que é possível que o símbolo seja ele mesmo símbolo-real ou símbolo-realidade, porque é símbolo, mas de uma realidade que está contida nele, não apenas sinal de uma realidade ausente. O exemplo do Coração de Jesus é importante, pelas suas implicações bíblicas, devocionais, teológicas… Como lembra Karl Rahner, e muito bem, o coração não representa em primeiro lugar o amor, porque o coração também pode estar cheio de ódio. Rahner coloca-se no âmbito bíblico-teológico e não no da nossa moderna iconografia sanvalentinista. Na Bíblia o coração é «símbolo» de toda a pessoa. É a própria pessoa. A Bíblia está cheia desta linguagem simbólica: o coração, a mão direita, as asas, o nome, etc. Assim, a devoção ao Coração de Jesus é a devoção a Jesus mesmo; a pessoa de Jesus está presente naquele símbolo, não fora dele. Falei deste exemplo em primeiro lugar para mostrar que não é verdade que símbolo signifique sempre e necessariamente uma remissão convencional a algo ausente e, em segundo lugar, para dar a entender que isto nos permite ajudar a compreender algum aspecto da presença de Cristo na Eucaristia. Mesmo visto como «symbolon», o sinal sensível do pão consagrado não remete para uma realidade ausente, mas para uma realidade presente. A referência ao «trans» e ao «sub» são modos de «esboçar» uma compreensão dessa presença. Mas não a explicam em sentido pleno.

Então:
- É necessário dizer o mais importante: é uma presença real.
- Com isto já se evita pensar que possa ser apenas um símbolo no sentido de evocação convencional de uma realidade ausente.
- Mas há que evitar o outro extremo, que é aquilo a que chamei o fisicismo ou fisicalismo.

É uma presença real, mas sacramental. Não é física no sentido habitual que damos a este termo."


Outra coisa. Dizes: "Para mim o que é simbólico, não existe". És muito taxativo. A bandeira nacional simboliza Portugal. Portugal não existe?! Ou é a bandeira? ;-)

Cassima

Re: A Presença de Cristo na Eucaristia
Escrito por: s7v7n (IP registado)
Data: 11 de June de 2007 16:23

Cassima,

tenho de aceitar esse termo. Se é utilizado para especificar a autenticidade do corpo de Jesus sacramentado, claro que o tenho de aceitar. Apesar de causar alguma confusão.

Sobre a bandeira, ela não é Portugal. Representa mas não é. No que toca à Hóstia, ela representa e é o Corpo de Deus. ;)

Sobre a comunhão dos não católicos, terá de ser muito especial mesmo para poderem comungar. Pois é o catecismo que afirma e com razão a meu ver que têm de estar incorporados na Igreja totalmente, e não apenas com um braço. Eu também nunca iria comungar numa missa protestante porque simplesmente não acredito nela. O que será que faz as pessoas quererem comungar e não aceitarem a Igreja? Era um bom tema para debater.

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho

Re: A Presença de Cristo na Eucaristia
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 11 de June de 2007 16:48

Pois, s7v7n

A questão está muitas vezes na forma como se põem as coisas, ou seja, as palavras que se utilizam.

"Sobre a bandeira, ela não é Portugal. Representa mas não é." Mas não era isso que analisávamos. Era a existência do que é simbólico. A bandeira não é Portugal, mas simboliza-o e ambos (Portugal e bandeira) existem. Que não foi o que disseste. :)

Sobre a comunhão, tu falaste em pecado, e não é bem isso que se depreende da entrevista. Em princípio não podem, mas, em casos e circunstâncias particulares podem e, no que a essa possibilidade respeita, não pecam (pelo menos, é o que se depreende).

Um abraço

Cassima

Re: A Presença de Cristo na Eucaristia
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 11 de June de 2007 17:09

Pois é, s7v7n e Cristina:

Depois do que vocês escreveram hoje e depois de todo o latim que aqui gastei, fico deveras impressionado. :-|

Alef

Re: A Presença de Cristo na Eucaristia
Escrito por: s7v7n (IP registado)
Data: 11 de June de 2007 17:13

O melhor é sermos excomungados!

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho

Re: A Presença de Cristo na Eucaristia
Escrito por: firefox (IP registado)
Data: 11 de June de 2007 17:16

Sobre a comunhão na missa, acho que o cardeal Kasper foi muito feliz em associar a "preparação necessária" com o "amém". Sei que muitos luteranos têm uma compreensão da presença real de Cristo na eucaristia até melhor do que muitos católicos, e talvez isso escandalize alguns católicos que se sintam mais santos do que o resto da humanidade apenas por repetirem algumas respostas decoradas, mas é a pura verdade.

Entendo que o essencial está ainda no Credo, que isso basta como sinal de que caminhamos sob a mesma luz e partilhamos da mesma esperança. O Credo é o primeiro símbolo de pertença à igreja de Cristo, e não acredito que nenhum cristão se oporia ao Credo, se esse for bem entendido.

No que tange à comunhão, entretanto, esse símbolo não parece suficiente. (Por que? Pelos nossos pecados!) O pão é outro símbolo. O comungar do mesmo pão implica na aceitação de pertença a um mesmo corpo, implica, de certa forma, na aceitação de partilha do mesmo destino. Quem diz "amém" na oração da mesa dá testemunho da mesma esperança, aceita como irmãos os que se alimentam do mesmo pão, pq se tornam um mesmo corpo. Acho que um luterano que quisesse comungar com os católicos não precisaria invocar nenhum santo, pq teria que fazê-lo? mas não deveria se escandalizar com as orações dos católicos. O "amém" dá testemunho que aceita partilhar daquele corpo, dos seus sonhos, da sua esperança, da fé no mesmo Senhor, até do mesmo destino, como irmãos. Tb implica, como disse o cardeal Kasper, na aceitação da presença real de Cristo no pão. Tudo isso vem junto.

Alguns luteranos já seriam capazes, mas há ainda o problema adicional do coração duro de certos católicos... O jeito é dar mais tempo ao tempo, e confiar no vento do Espírito, capaz de esculpir até a pedra.

Re: A Presença de Cristo na Eucaristia
Escrito por: Cassima (IP registado)
Data: 11 de June de 2007 17:17

Alef, aquele bloco de texto teu que eu citei, para mim explica tudo lindamente. :)


Oh s7v7n, cruz credo! :))

Cassima

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