E aqui fica a notícia que referi.
Alef
«Os verdes» contra publicidade sexista
Homem «inteligente» e mulher «bonita». Parlamento discute imagem do sexo feminino nos anúncios
Enquanto o homem aparece retratado na publicidade como «racional» e «lógico», a mulher surge, na maioia dos anúncios, ora como «dona de casa», ora como «objecto sexual».
A conclusão do Observatório Permanente da Publicidade é citada num trabalho recente efectuado em parceria pela Comissão para a Igualdade e Direitos da Mulheres (CIDM) e a Direcção Geral da Comunidade de Madrid. As conclusões resultaram da análise de 13 semanas de publicidade, entre 1 de Janeiro e 31 de Março de 2002.
Os resultados não surpreendem Madalena Barbosa, membro da Comissão. A única preocupação das mulheres de anúncio é «ter camisas muito branquinhas» e «preparar boas refeições para a família», lamenta.
Se a CIDM apresentasse queixa por cada anúncio ou reclamo sexista que aparece, «então não fazíamos mais nada». Reservam, assim, as queixas para os casos mais graves, «como aquele cartaz, à porta de um hipermercado, que exibia uma mulher em biquini. Por baixo lia-se: Esta é a única coisa que não pode comprar no nosso hipermercado». No caso em questão, a empresa pediu desculpa e retirou imediatamente os cartazes.
Colocar uma mulher semi-nua ao lado de um carro para estimular as vendas, ou fazer do sexo feminino o guardião da cozinha e das criancinhas «é seguramente errar o alvo da publicidade», diz Madalena Barbosa. Todos os estudos provam que 80 por cento das compras familiares dependem do aval feminino e «publicidade que diminui a mulher tem o condão de a irritar, logo é mal sucedida». Os poucos anúncios que já vão aparecendo com homens na cozinha ou mulheres executivas «são tão raros, que toda a gente os aponta a dedo».
«Os Verdes» apresentam projecto sobre a imagem da mulher na publicidade
Contra os estereótipos na publicidade o Parlamento discute esta semana um projecto de resolução do Partido Ecologista «os Verdes» que enuncia medidas de incentivo aos anúncios «não sexistas».
Se for aprovado, o Parlamento deverá recomendar ao Governo a constituição de um grupo interministerial, que integre representantes das associações, designadamente de mulheres e consumidores, e que analise a publicidade, sugerindo eventuais alterações legislativas. A responsabilização dos profissionais de publicidade e o incentivo à criação de anúncios não sexistas são algumas das propostas apresentadas.
Entendem «Os Verdes» que a legislação nacional sobre publicidade «regrediu» no que respeita à protecção da imagem da mulher. A deputada Heloísa Apolónia, uma das autoras do projecto, recorda que: a lei anterior dedicava um artigo à mulher para dizer que a publicidade não podia ofender a sua dignidade. Mas o actual código da publicidade retirou esse artigo, mantendo, contudo, o mesmo preceito em relação às crianças.
«Pode argumentar-se que a lei foi alterada porque já não fazia sentido proteger as mulheres. Mas a publicidade mostra exactamente o contrário». Se é verdade que alguns publicitários retiraram a mulher da cozinha, outros porém, reservam-lhe exclusividade nesses domínios.
«É só recordar aquele anúncio do esquentador que atribuía ao homem a inteligência e à mulher a beleza. E concluía: inteligência+beleza= (a marca do esquentador)».
Maior celeridade nos processos de denúncia ao Instituto do Consumidor, para evitar as prescrições muitos frequentes nestes casos, é outro objectivo da proposta.
Cláudia Rosenbusch
«Portugal Diário», 19-02-2004 15:23
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