Então és a a favor de uma alteração da lei que impeça que as mulheres sejam condenadas a três anos de prisão ou não??Alef escreveu:
> Já em tempos aqui falei da "Vinha de Raquel" e das suas
> actividades a propósito das inúmeras mensagens do Avlis sobre o
> aborto. Ando com vontade de escrever mais sobre o assunto, mas
> vou esperando momento mais propício. Contudo, o "Público" de
> hoje traz algumas notícias sobre o assunto que podem sugerir
> muita matéria de reflexão e debate. Aqui vão elas.
> Alef
>
>
>
Associações Pró-vida Acompanham Mulheres Que
> Interrompem Gravidez
>
> O anúncio vem nas páginas de classificados do PÚBLICO. Uma
> única palavra, a letras negras e maiúsculas, interroga:
> "Abortou?". Depois especifica: "Tem ataques de choro, angústia
> e pesadelos?" A Associação Sabor da Vida é responsável pela
> interpelação e deixa os seus telefones para futuros contactos,
> porque constata que a interrupção voluntária da gravidez (IVG)
> pode ser traumática e porque quem a pratica não sabe, muitas
> vezes, a quem recorrer.
>
> "Às vezes parece que a solução do aborto é fácil, mas depois as
> mulheres sentem-se sós e desacompanhadas", explica Eugénia
> Botelho, da Associação Sabor da Vida (ASV), que tem recebido
> várias chamadas de pessoas que tencionam vir a fazer um aborto.
> De todos os telefonemas, apenas um era de uma mulher que já
> tinha abortado. Do outro lado da linha, a presidente da
> associação ouviu chorar e depois a mulher acabou por desligar.
>
> Mas há quem tenha coragem de falar, mesmo que seja muitos anos
> depois, para confessar o sentimento de culpa, para admitir que
> se sente só na sua dor, para fazer o luto e poder encontrar
> alguma paz de espírito. O Movimento Defesa da Vida (MDV), o
> projecto da diocese de Lisboa "Vinha de Raquel", as associações
> Vida Norte e Mulheres em Acção têm acompanhado mulheres que
> sofrem de trauma pós-aborto.
>
> "A primeira mulher que atendi estava grávida de cinco meses e
> chorava convulsivamente porque tinha morto um filho, cinco anos
> antes", conta Graça Mira Delgado, do MDV.
>
> Nos dez anos de existência do movimento, o MDV, uma instituição
> particular de solidariedade social que desenvolve actividades
> de atendimento nas áreas do planeamento familiar, já acompanhou
> uma centena de casos.
>
> As mulheres são encaminhadas para uma entrevista com um
> psicólogo ou com um técnico com formação específica. "O
> trabalho é de escuta e consciencialização de que têm de se
> desculpar a si próprias". O número de sessões são "as
> necessárias" e, por vezes, é preciso recorrer à terapia;
> noutras é aconselhada ajuda psiquiátrica.
>
> Também as associações Sabor da Vida, Vida Norte e Mulheres em
> Acção oferecem ajuda psicólogica.
>
>
Chorar o filho que não nasceu
>
> "As mulheres sentem culpa e sentem-se vítimas de uma situação:
> um companheiro que as forçou, uma mãe que não queria ser avó
> tão cedo", define Graça Mira Delgado. O grande problema das que
> fazem uma IVG é que não têm espaço para chorar o "seu bebé",
> acreditam a representante do MDV e Eugénia Botelho da ASV.
>
> O luto pela criança que não nasceu é importante, concorda
> Claudia Muller, da "Vinha de Raquel", um projecto de retiros
> para mulheres que tenham abortado, da responsabilidade do
> Serviço Diocesano da Defesa da Vida, do Patriarcado de Lisboa.
>
> "Quando uma criança morre é preciso fazer o luto. É preciso
> exteriorizar este sentimento e estabelecer uma relação com
> aquela criança, dando-lhe, por exemplo, um nome", adianta
> ainda. Nos EUA, de onde o projecto "Vinha de Raquel" é oriundo,
> há até quem faça lápides com o nome do bebé.
>
> O projecto procura sobretudo que a mulher tenha "noção plena
> que houve uma morte e que permitiu que essa acontecesse",
> sublinha Claudia Muller. Para a responsável pelos retiros essa
> "noção de culpa" é essencial para "enfrentar a realidade" e é o
> "primeiro passo para a libertação". "Depois, há que tentar
> trabalhar a situação no sentido de não negar o que se passou,
> nem desculpabilizar", acrescenta.
>
> O retiro já foi realizado por cerca de duas dezenas de pessoas.
> Durante um fim-de-semana, cerca de cinco mulheres - das mais
> variadas idades, houve já algumas com mais de 60 anos que
> sentiram necessidade de o fazer -, contam as suas histórias,
> fazem exercícios práticos e espirituais, acompanhadas por um
> sacerdote, um psicólogo e pessoas com formação recebida nos
> EUA. Claudia Muller defende o trabalho de grupo porque as
> mulheres sentem falta de partilhar as suas experiências, de
> perceberem que não são caso único.
>
> Ao longo do ano, há pessoas que se conheceram no retiro e que
> voltam a encontrar-se, quando se sentem mais debilitadas, por
> exemplo, quando recordam a data em que interromperam a
> gravidez. O fim último do trabalho da "Vinha de Raquel" é
> ajudar as mulheres a "ganhar alguma paz interior".
>
> Esse é o objectivo de todas as associações que ajudam mulheres
> que sofram de trauma pós-aborto. "Como cristã, acredito que a
> pessoa deve saber perdoar-se. Mas para quem não é cristão o
> percurso a fazer é o da reconstrução da sua auto-estima",
> conclui Eugénia Botelho, da ASV.
>
> Por BÁRBARA WONG
> "Público", Segunda-feira, 02 de Fevereiro de 2004
> [
jornal.publico.pt]
>
>
>
Desconforto Junto de Bebés e Mulheres
> Grávida
>
> Depois de ter sido acompanhada por um amigo ou familiar no dia
> em que interrompe voluntariamente a gravidez, a mulher fica só
> e jamais confessa o que sente àquela pessoa que testemunhou
> aquele momento. Por vezes até se afasta desse familiar ou
> amigo, referem os responsáveis das associações pró-vida que o
> PÚBLICO contactou.
>
> O que é que a mulher sente, depois de fazer um aborto? "Sente
> que não pode confessar a ninguém que tem dúvidas, porque foi
> forte quando tomou a decisão de abortar", responde Graça Mira
> Delgado, do Movimento Defesa da Vida (MDV).
>
> Por isso isola-se e não fala sobre o assunto. Mas, a curto
> prazo, os sintomas desse isolamento começam a fazer-se sentir.
> Segundo o "site" dos retiros da "Vinha de Raquel"%