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Re: Sobre esta Pedra ...
Escrito por: Abelardo (IP registado)
Data: 10 de October de 2003 00:15


Caros Forunautas e Irmãos em Deus Criador e Salvador,


Este Evento/Mistério, profunda e transcendentemente Divino – de "Jesus ter-se feito MALDIÇÃO... por nosso imenso Amor; isto é, de Ele ter-se feito como que "um de nós" (tal e qual, misticamente falando...), com a auto-atribuição, por substituição plena, de todas os nossos pecados, culpas e misérias...; para, só assim, nos redimir e salvar, ao ponto de aceitar sofrer terrivelmente e ser condenado à mais ignominiosa das mortes, por vontade de Deus Pai...!" – simultaneamente simples e complexo, cem por cento espiritual, sobrenatural e místico..., seria mais adequado ser tratado no fórum temático, da iniciativa do Hugo Castro, intitulado (salvo erro): "Por que é que Jesus morreu na Cruz?"...

Mas calhou aqui, e aqui vou dar portanto a minha sincera opinião, embora modesta e concisamente:

Adorei a imagem simbólica que a Andreia deu, a tal propósito, como alegoria muito precisa e significativa, muito humana e pedagógica, muito clara e óbvia, pelo que me escuso de repeti-la, para tão-somente referenciá-la: a da "agulha incandescente" (em brasa), apenas mostrada ao filho, mas tão-somente suportada pelo pai, porquanto só este sofreu todo esse "horror/sacrifício" (como pena/retribuição de um mal gravosamente correspondente no filho...), exclusivamente por Amor do filho, unicamente em lugar do filho, no sentido mais nobre, didáctico e moral do termo e respectivo procedimento...

No género, por exemplo, da maneira como a minha santa Mãezinha - que Deus tenha! - ensinava exemplarmente a mim e aos meus irmãos, à imitação de vários Santos [e do próprio Senhor Jesus quando dizia (expresso apenas o sentido): "mais vale (mal por mal) entrardes no Céu com um só membro do que no Inferno com ambos os membros..."; ou: "não temais quem apenas vos pode matar o corpo, mas sim quem vos pode destruir o corpo e a Alma..."; ou: "que adianta ao homem possuir todo o mundo se vier por isso a perder a sua Alma?"...], quando ela nos dizia, com toda a sinceridade, piedade e verdade: "gosto imenso de vós, por vós daria a minha vida, mas preferia mil vezes ver-vos mortos (fisicamente), do que saber que havíeis cometido um só pecado mortal e, como consequência disso, fôsseis condenados eternamente (ao suplício do Inferno)!"...

Com efeito: N. S. Jesus Cristo "foi" (fez-Se) igual a nós em TUDO, excepto no PECADO! É esta, literalmente, a mais pura e santa Verdade!...

Como sendo assim, Jesus Cristo "assumiu" – aceitou, em nosso lugar; removeu de nós para Ele mesmo; fez-Se vítima e réu de morte para nos livrar da morte eterna... –, voluntária e inteiramente, todas as nossas fraquezas, misérias, pecados, sofrimentos, maldições..., que nos levariam forçosamente à "condenação eterna" (Inferno), através da Sua Encarnação (Deus feito Homem, com ambas as naturezas...!); através da Sua Paixão e Morte (Deus feito Vítima, em nosso lugar: preso, condenado, flagelado, escarnecido, torturado, enxovalhado, crucificado e morto...!); para, finalmente, ressuscitar gloriosamente, provando assim ser verdadeiro Deus e verdadeiro Homem, que tudo suportou e sofreu estritamente por nosso Amor, como mais ninguém no mundo fez, faz ou virá a fazer!...

Mas Ele deixou, como justíssimo complemento, uma Doutrina pura, perfeita e santa – ou seja, uma Lei divinamente Cristã, auto-reparadora, que toda a Humanidade redimida terá de respeitar e cumprir, livre e condicionalmente, sob pena de desprezarmos voluntariamente a Sua infinita Misericórdia, o Seu Sangue derramado, o Seu supremo e eterno Sacrifício, os quais realmente só têm e fazem sentido autenticamente espiritual e cristão se cumprirmos os Seus sagrados Desígnios, tanto quanto nos for possível, segundo os talentos e dons pelo mesmo Deus confiados a cada um de nós!...


José Abelardo


Re: Sobre esta Pedra ...
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 14 de October de 2003 22:06

Andreia,

Bem, já faz alguma diferença esta tua posição daquela que eu entendi anteriormente.

Quando falavas de maldição referias-te ao facto de, para os judeus, a morte na cruz ser uma morte para os malditos:
"Cristo resgatou-nos da maldição da Lei, ao fazer-se maldição por nós, pois está escrito: Maldito seja todo aquele que é suspenso no madeiro"
Gálatas 3, 13

E concordamos que Deus não amaldiçoou os pecadores, que são toda a humanidade, passada ou presente, na realidade.

(Aliás de Deus tudo o que vem é bom, donde vir uma maldição é uma impossibilidade).

Concordamos igualmente que a "maldição" do "pecado" é a falta de comunhão com Deus, por vontade do homem.

Já quanto à imagem de Deus como um juiz com os atributos que referes
"um juiz que não concretiza a pena sobre um delito e simplesmente perdoa, estimulará a sociedade a cometar outros delitos, pois esse juiz se tornou uma figura sem autoridade nenhuma."
Aqui discordamos.

Como também discordamos na autoflagelação, que relatas de seguida.

Deus não exigiu o sacrifício de nenhum inocente.

Quem matou Cristo não foi a vontade de Deus, mas a maldade dos homens.

A morte de Cristo tem tudo a ver com a vontade dos homens;
A Ressurreição de Cristo tem tudo a ver com a vontade de Deus.

A vontade de Deus que Cristo cumpriu até ao fim foi o de ser fiel a Deus - ao Abba - e transmitir a sua mensagem, em palavras e obras, para a nossa Salvação.

Independentemente das consequências.

Por cumprir tal vontade os homens deram-lhe a morte: Deus Ressuscitou-O.

João (JMA)


Nota: "João não é Taliban."
De facto não sou estudante de teologia. Com alguma pena, confesso...

Re: Sobre esta Pedra ...
Escrito por: Andréia (IP registado)
Data: 15 de October de 2003 14:23

João,

O livro de Hebreus é um livro muito importante de ser conhecido, pois mostra o signifcado do sacrifício, Na verdade, o sacrifício de animais, como já disse, era necessário para simbolizar o sacrifício de Cristo.

A Palavra de Deus nos lembra que não há testamento sem que haja morte:

"Pois onde há testamento, necessário é que intervenha a morte do testador" Hb 9:16

Desde o Antigo Testamento era profetizado que o Messias veria a morte e levaria o pecado do mundo, assim como já disse anteriormente, portanto, não foi a maldade dos homens que levou Cristo a morte, mas a vontade de Deus:

"Começou então a ensinar-lhes que ERA NECESSÁRIO que o Filho do homem padecesse muitas coisas, que FOSSE REJEITADO pelos anciãos e principais sacerdotes e pelos escribas, QUE FOSSE MORTO, e que depois de três dias ressurgisse" Mt 8:31

"e disse-lhes: É NECESSÁRIO que o Filho do homem padeça muitas coisas, que seja rejeitado pelos anciãos, pelos principais sacerdotes e escribas, que SEJA MORTO, e que ao terceiro dia ressuscite" Lc 9:22

"expondo e demonstrando que ERA NECESSÁRIO que o CRISTO PADECESSE e ressuscitasse DENTRE OS MORTOS; este Jesus que eu vos anuncio, dizia ele, é o Cristo" At 17:3

Cristo é o sumo sacerdoto e era necessário que o sumo sacerdote oferecesse o sacrifício. Cristo foi o sumo sacerdote e também o cordeiro do sacrifício, o cordeiro expiatório:

"Porque todo sumo sacerdote é constituído para oferecer dons e sacrifícios; pelo que ERA NECESSÁRIO que esse sumo sacerdote também TIVESSE ALGUMA COISA A OFERECER" Hb 8:3

"mas com precioso sangue, como de um CORDEIRO SEM DEFEITO e sem mancha, O SANGUE DE CRISTO" 1 Pe 1:19


"doutra forma, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo (pelos sacrifícios de animais); mas agora, na consumação dos séculos, UMA VEZ POR TODAS se manifestou, PARA ANIQUILAR O PECADO PELO SACRIFÍCIO DE SI MESMO" Hb 9:26


Como você pode ver, João, o sacrifício era necessário, não foi um mero acaso e maldade dos homens. ACASO você acha que se Deus não quiserre padecer em nosso lugar não daria ordem aos seus anjos para que pudesse fugir naquele dia e não concretizar o ato??? Vejamos uma passagem da Bíblia que mostra que Jesus foi preso porque quis ser preso:

"Ora, o que o traía lhes havia dado um sinal, dizendo: Aquele que eu beijar, esse é: prendei-o. E logo, aproximando-se de Jesus disse: Salve, Rabi. E o beijou. Jesus, porém, lhe disse: Amigo, a que vieste? Nisto, aproximando-se eles, lançaram mão de Jesus, e o prenderam. E eis que um dos que estavam com Jesus, estendendo a mão, puxou da espada e, ferindo o servo do sumo sacerdote, cortou-lhe uma orelha. Então Jesus lhe disse:
METE A TUA ESPADA NO SEU LUGAR; PORQUE TODOS OS QUE LANÇAREM MÃO DA ESPADA À ESPADA MORRERÃO. OU PENSAS TU QUE EU NÃO PODERIA ROGAR AO PAI, E QUE ELE NÃO ME MANDARIA AGORA MESMO MAIS DE DOZE LEGIÕES DE ANJOS?
Como, pois, se cumpririam as Escrituras, que dizem que ASSIM CONVÉM QUE ACONTEÇA? Mt 26: 48-54

Como você pode ver, Jesus se permitiu crucificar. Era necessário para que o pecado fosse levado, pelo sua morte.

Re: Sobre esta Pedra... / Fé e Discernimento...
Escrito por: Abelardo (IP registado)
Data: 16 de October de 2003 08:52


Caríssima Andréia/Andreia,


Muito bem! Quem dera a muitos Católicos terem a tua Fé, assim como o teu poder de Discernimento! E, consequente/necessariamente, muita Humildade, etc./etc.!...

Com isto não estou a incentivar ninguém a "apostatar" (deixar de ser católico para passar a ser protestante, p. ex...), longe disso, Deus me livre!
"Seria pior a emenda do que o soneto", como sói dizer-se, com o devido respeito que tenho pela vossa Igreja irmã/filha da nossa (até porque sou Católico, com imensa honra e privilégio, embora por vezes mau Cristão, por minha culpa e devido a tanta miséria humana, o que sou o primeiro, quando não o segundo, a reconhecer e a penitenciar-me!)...

Mas infelizmente para muitos "maus Católicos": os tíbios, os racionalistas, os materialistas, os modernistas, os cobardes, os hipócritas, os soberbos, os invejosos, os ingratos, os avarentos, os devassos, os oportunistas, os calculistas, os hedonistas, os hereges, etc...; e felizmente para os "bons Católicos": os piedosos, os fervorosos, os conservadores, os abnegados, os puros, os humildes, os caridosos, os castos, os pacientes, etc... – ainda bem que há "bons Protestantes": profundamente cristãos, honestos, puros, humildes, fervorosos, zelosos, caridosos, evangelizadores, etc...

Como sendo assim, e resumindo tudo numa curta frase, repito o que me parece já ter dito no "Fórum Paróquias", e estou persuadido (sem falta modéstia) que o Santo Padre João Paulo II, por exemplo, assinaria por baixo:
Mais vale "ser" um "bom Protestante" do que um "mau Católico"; mal por mal, claro...
Mas, evidentemente, quem puder/conseguir "ser" – tentar ser, com todas as forças da sua alma e coração"! – um "bom Católico", tanto melhor!...

Mas em Religião, assim como em (quase) tudo, não basta "parecer": é necessário, absolutamente, "ser", e isso também se vê/sente-se, embora (Deus nos livre!) não devamos julgar "mal" (temerariamente) ninguém, nem o pior pecador do mundo, que isso apenas compete a Deus, único e eterno Juiz da Almas...

Efectivamente, quando Jesus disse: «Na medida em que julgardes, assim sereis julgados»...; queria dizer simplesmente: "na medida em que "julgardes mal", isto é, por inveja, maldade ou vingança, obviamente...

Aqui está um exemplo fragrante do tal "discernimento" (prudência/inteligência/humildade...) que falei atrás, e que se deve aplicar, tanto quanto possível honesta/rigorosamente, na interpretação das Sagradas Escrituras – inclusivamente para distinguirmos o "literal" do "simbólico", etc., embora levando na devida conta/peso/medida a opinião dos bons mestres/teólogos... –, assim como na interpretação da nossa própria Consciência, e até mesmo, se necessário, da Consciência alheia, tal como dos Sinais dos tempos...

Mais dois ou três exemplos bastante ilustrativos e claríssimos, a propósito:

Quando Jesus disse a Pedro, a respeito deste apóstolo tê-Lo desaconselhado, aparentemente com a melhor das intenções, de ir a Jerusalém, onde, aí e então, seria condenado, torturado e morto na Cruz: «Afasta-te, Satanás!»...; apenas quis dizer: "Cala-te, Satanás, que estás a falar através das voz de Simão (Pedro), a fim de Me tentares (tal como do Deserto...) a Eu desistir de cumprir a Vontade de Meu Pai"; isto é, o Demónio tentar anular assim a Redenção de N. S. Jesus Cristo, ou seja, a suprema Missão por que, afinal, Jesus tinha "encarnado" (mistério da Encarnação), que era, precisamente, a de salvar (espiritual e eternamente) toda a Humanidade pecadora (manchada particularmente com o "pecado original"...), caso cada Homem quisesse (livre e espontaneamente) de alma e coração...

– Quando Jesus disse: «Quem quiser ser Meu discípulo, (re)negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me»...; quis dizer exactamente "isso mesmo", ou seja: Quem quiser ser Meu discípulo (bom Cristão), despreze os próprios defeitos, vícios e paixões (todos os maus instintos e tentações diabólicas...), aceite humilde e amorosamente todos os sofrimentos e provações daí resultantes, e tente cumprir em tudo conforme a Minha Vontade (a Minha Doutrina, a Minha Lei e a sã Consciência)...

– Quando Jesus disse: «Antes prefiro-vos frios do que mornos, pois vomito o morno»...; quis dizer tão-somente: deveis ser "quentes" (isto é: fervorosos, activos, íntegros, humildes, dedicados, caridosos, puros, abnegados, corajosos, zelosos...); mas, mal por mal, prefiro-vos "frios" (isto é: ainda que ignorantes, agnósticos ou com pouca fé, mas honestos, sinceros, solidários, justos, generosos, etc...), pois abomino o "tíbio" (isto é: o cobarde, o hipócrita, o traidor, o ingrato, o orgulhoso, o impuro, etc.)...


– Já agora, foi igualmente "literária" – quanto a mim e à Igreja Católica a 100%! – a expressão que Jesus usou/pronunciou para fundar/firmar a Sua única, verdadeira e santa Igreja, quando disse/definiu/decretou: «Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja, e as portas do Inferno nada poderão contra ela. Dar-te-ei as chaves do Reino do Céu. Tudo o que ligares na Terra será ligado no Céu e tudo o que desligares na Terra será desligado no Céu»... Tanto para perdoar ou reter pecados (no Sacramento da Confissão...), como para ensinar/instruir, corrigir/rectificar ou decretar/definir (p. ex., na Hermenêutica, na Teologia dogmática, etc.)...
[Mt 16, 13-20] – (Idem: Mc 8, 27-30; Lc 9, 18-21; Jo 6, 67-71).

– Ou ainda – igualmente 100% literal, embora também 100% Mística! –, a diviníssima Proclamação Eucarística: Abençoando respectivamente o pão e o vinho, Jesus disse: «Tomai, comei; Isto É o Meu Corpo... Bebei todos, que este É o Meu Sangue, o Sangue da nova Aliança, que vai ser derramado por muitos para remissão dos pecados... Fazei isto em memória de Mim» (Instituição do Santíssimo Sacramento / Sagrada Eucaristia / Santa Missa)...
[Mt 26, 26-29] – (Idem: Mc 14, 22-25; Lc 22, 14-20; Jo 6, 51-59; 1 Cor 11, 23-27).


Saudações puramente cordiais e cristãs.

José Abelardo


Re: Sobre esta Pedra... / Fé e Discernimento...
Escrito por: Abelardo (IP registado)
Data: 16 de October de 2003 09:41


Corrigenda:

=> No penúltimo parágrafo principal (do exemplo: "Tu és Pedro"...), onde digo: "literária", queria dizer (obviamente): literal.

É das poucas expressões sagradas que não admite qualquer outra interpretação, sob pena de flagrante heresia/delito/sacrilégio!...

Abelardo


Re: Sobre esta Pedra ...
Escrito por: Andréia (IP registado)
Data: 16 de October de 2003 15:13

Abelardo,

Admiro muito você por ser um católico diferente daqueles que tenho encontrado aqui, mas confesso não ter concordado com algumas coisas que dissestes:

você disse:

1- " «Antes prefiro-vos frios do que mornos, pois vomito o morno»...; quis dizer tão-somente: deveis ser "quentes" (isto é: fervorosos, activos, íntegros, humildes, dedicados, caridosos, puros, abnegados, corajosos, zelosos...); mas, mal por mal, prefiro-vos "frios" (isto é: ainda que ignorantes, agnósticos ou com pouca fé, mas honestos, sinceros, solidários, justos, generosos, etc...), pois abomino o "tíbio" (isto é: o cobarde, o hipócrita, o traidor, o ingrato, o orgulhoso, o impuro, etc.)..."


- Um estudo que fiz revela que não era bem isso que Jesus quis dizer. Na verdade, Jesus estava falando de missões. Por quê?
Essa passagem está falando das águas frias de uma cidade próxima à Igreja de Laodicéia, e as águas quentes de outra cidade.
Laodicéia era uma cidade que não tinha muita água e recebia água dessas duas cidades. Quando as águas se juntavam, até chegar a cidade ficava morna e as pessoas que bebiam dela assim tinham ânsia de vômito. Já bebeu água morna? faça um teste... térá ânsia de vômito.
O que isso significa: as águas frias causam refrigério. As águas quentes, como as águas de Caldas Novas, em Goiás, causam cura, relaxamento. Ou seja, as duas proporcionam bem, fazem algo de útil. Já as águas mornas, não. São inúteis não proporcionando nenhum benefício.
Jesus estava falando que esta Igreja não se preocupava em trabalhar para a Obra e Ele sempre diz:
"E lançai o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes" Mt 25:30



2 -" «Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja, e as portas do Inferno nada poderão contra ela. Dar-te-ei as chaves do Reino do Céu. Tudo o que ligares na Terra será ligado no Céu e tudo o que desligares na Terra será desligado no Céu»..."

- Se esse versículo significasse que o Inferno não prevaleceria contra a Igreja Católica, Deus seria um mentiroso, coisa que não é verdade. Por quê?

* Sabemos sobre a chacina que aconteceu a tempos atrás. A Igreja chegou a apoiar o nazismo na matança dos judeus. Sabemos sobre o que aconteceu com os primeiros evangélicos...
portanto, seria um absurdo dizer que o inferno não prevaleceu sobre a Igreja Católica naquela época. É melhor não entrar em detalhes, pois se formos a fundo, dá até nojo...

O que Jesus estava dizendo aqui, como já anunciei, é que Ele estava fando sobre o chamado de Pedro para ser Pastor. Para ser o um dos líderes naquele local. Mas tarde vieram outros chamados como podemos aprender com o Livro de Atos, que nos mostra como era a Igreja Primitiva.


3 - "Abençoando respectivamente o pão e o vinho, Jesus disse: «Tomai, comei; Isto É o Meu Corpo... Bebei todos, que este É o Meu Sangue, o Sangue da nova Aliança, que vai ser derramado por muitos para remissão dos pecados... Fazei isto em memória de Mim»"

- Sobre esse versículo, apesar de correr o risco de ser chamada de herege, vou dizer o que entendo de acordo com todo o contexto Bíblico, pois úma mensagem dificilmente é entendida isoladamente:

"Porventura o CÁLICE DA BÊNÇÃO, não é a comunhão do SANGUE DE CRISTO? O PÃO que partimos, não é porventura a COMUNHÃO DO CORPO DE CRISTO?" 1 Co 10:16

Agora sim ficou claro. Jesus pediu que fizéssemos esse ritual para que fosse lembrado a sua vinda e o que Ele fez por nós. "o cálice é a comunhão do sangue de Cristo", a vitória que Ele nos proporcionou através do seu sacrifício. "o pão é a comunhão do Corpo de Cristo" que é a Igreja que Ele fundou, não a carne de Cristo literal. Isso tudo é para que nós soubéssemos da importancia do Sacrifício de Cristo e da comunhão entre os irmãos. FAZEI ISSO EM MEMÓRIA DE MIM.

Re: Sobre esta Pedra... / Fé e Discernimento...
Escrito por: Abelardo (IP registado)
Data: 17 de October de 2003 04:47

Andreia,

Estás no "teu pleno direito de discordares", caríssima Irmã, quer como pessoa livre que és, quer como Cristã, quer particularmente como Protestante, salvo erro "Nazarena"...

Aliás, não me admira nada por "não acreditares" em Dogmas católicos, nem tão pouco isso me choca, por isso mesmo...
Choca-me, sim, e muitíssimo, os chamados "católicos-não-praticantes", e, sobretudo, os que se dizem falsamente "católicos-praticantes" (em "part-time"), não acreditarem de todo, ou só relativa/parcialmente, em alguns Dogmas, ou, pior ainda, em distorcê-los, contrariá-los, espezinhá-los, a seu bel-prazer..., segundo a sua falta de Fé e, mais grave ainda, de acordo com o seu racionalismo, oportunismo, hipocrisia, comodismo, egoísmo, soberba, hedonismo, etc.!...

Todavia, uma coisa é certa: Eu, pobre Cristão/Católico, tento, de alma e coração, analisar tudo - toda a Bíblia Sagrada e Palavra de Deus em particular, assim como a Doutrina Oficial da Igreja -, não tanto à minha maneira (conforme o meu gosto e interesse pessoal...), mas sobretudo segundo a verdadeira e infalível interpretação do Magistério Católico...; embora, naturalmente, também levando em conta a minha "criteriosa opinião pessoal" (discernimento), baseada na minha Fé, nos talentos que Deus me confiou (carisma), baseada no conhecimento e experiência que tenho, por mais escassos e insuficientes que sejam; salvaguardadas devidamente, porém, a Doutrina Dogmática da Igreja em particular - as Verdades de Fé autenticamente definidas como tal pelo legítimo e único Sucessor de Pedro, verdadeiro representante de Jesus Cristo na Terra (actualmente o Papa João Paulo II) -, assim como a Teologia Moral em geral, obviamente...

Oportunamente, se necessário, voltarei a este mesmo assunto, que será sempre complexo, polémico e inesgotável, admito perfeitamente, sobretudo entre fiéis de confissões e religiões diferentes...
Respeito isso, mas sinto-me no direito de não só discordar (tal como tu), mas também de tentar emendar/corrigir (o mais delicadamente possível e com a melhor das intenções...), mas não julgando/condenando, nem tão pouco zangando-me/indignando-me/revoltando-me...
Quem sou eu para tal? Ninguém tem esse direito... Só Deus (e mesmo Ele respeita o nosso livre-arbítrio), embora correndo o gravíssimo risco de nos perder eternamente...
No máximo, calar-me-ei, sem ressentimento algum, mas com grande preocupação e orando pela salvação de todos...
A propósito, quando Pilatos perguntou a Jesus: «O que é a Verdade?» - Jesus respondeu, tão-somente, com o... "silêncio"!...

A quanto obriga o verdadeiro Amor, mormente os infinitos Amor, Misericórdia e Justiça de Deus!!
Um Deus que se humilha tanto, ou seja, que encarna e morre por todos e cada um de nós, com a mais cruel e ignominiosa das mortes, para nos salvar eternamente, e mesmo assim fazendo depender tal Salvação (divina e de valor infinito...!) da nossa livre, exclusiva e espontânea vontade!!
Poderá haver porventura maior "crueldade, traição e ingratidão humana", do que rejeitar, voluntária e advertidamente, a Redenção de N. S. Jesus Cristo (por um simples capricho ou prazer efémero...), renegando assim o mesmo Deus e a Glória Eterna, depois de Ele ter derramado todo o Seu preciosíssimo Sangue, exclusivamente por nosso imenso Amor??!!
E ainda há quem não acredite no Diabo e no Inferno!!??...


Respeitosa, fraternal e solicitamente,

Abelardo


Re: Sobre esta Pedra ...
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 17 de October de 2003 15:22

Andreia,
(resposta à mensagem de 15/10/03 14:23)

Cristo quando se desloca a Jerusalém sabe que vai morrer. Não tem dúvidas que a sua mensagem, as suas palavras e as suas obras, deram origem à ira das classes dirigentes do mundo judaico.

Sabe que naquela sociedade, que não se converteu à Palavra de Deus, os responsáveis (designados no Evangelho por anciãos, sacerdotes, escribas) vão exigir a sua morte.

Aliás a história de Israel estava cheia de exemplos desses: todos aqueles que beliscavam as classes dirigentes acabavam mortos: veja-se S. João Baptista, e os profetas em geral.
Conheces a expressão, penso que de Isaías (não tenho comigo a Bíblia):
"Ai de ti Israel, que matas os teus profetas"

Mas Cristo tinha uma missão a cumprir. Sabendo que a morte terrena seria sem dúvida o reultado, cumpriu a missão que o Pai lhe confiara independentemente do preço a pagar.
Viveu esta sua vida terrena num testemunho irrepetível de fidelidade e obediência ao Pai, no Amor.

Com esta atitude, salvou-nos.

Os homens que o condenaram fizeram-no livremente. Podiam, em alternativa, condenar Cristo ou converter-se.
(também nós temos todos os dias a escolha de fazer a vontade do Pai, convertendo-nos e quantas vezes escolhemos a via mais fácil, mais imediatista...)

Estes homens escolheram a via que lhes parecia mais fácil, mais conveniente, de menor incómodo.

Não estiveram dispostos a colocar em causa o seu estatuto pessoal para aceitar a mensagem de Cristo: em alternativa escolheram o orgulho, a auto-suficiência, a supremacia dos valores materiais.
Livremente. Com isso pecaram.

E está correcto dizer que com a sua morte nos salvou e com a Ressurreição nos deu a vida imortal.

A sua morte é o corolário da sua vida terrena e do cumprimento da sua missão.

Quanto à possibilidade de fuga: Fugir não faria qualquer sentido. A missão de Cristo não era para se manter vivo neste mundo mas para vir a este mundo para ser a nossa luz, nos indicar o caminho para o Pai. E a missão que lhe foi confiada pelo Pai era tudo o que lhe interessava.

Missão que depois transmite a Pedro.

Mas essa é outra história.

João (JMA)

Re: Sobre esta Pedra ...
Escrito por: Andréia (IP registado)
Data: 17 de October de 2003 16:06

João,

Concordo contigo no que diz: "Os homens que o condenaram fizeram-no livremente. Podiam, em alternativa, condenar Cristo ou converter-se".

É claro que fizeram livremente, mas era propósito de Deus a morte do cordeiro perfeito. O que quero salientar é isso: Ele foi o cordeiro perfeito, o Sacrifício perfeito. Era necessário sua morte, seu sangue derramado.
Isto estava escrito nas profecias do Antigo Testamento e teria que se cumprir. Sua missão além de anunciar o que já estava anunciado, e repreender os religiosos que colocavam um julgo ainda maior aos seus seguidores, era ser o cordeiro expiatório. Aliás, foi o sacrifício do cordeiro perfeito que nos trouxe a vida.

Re: Sobre esta Pedra ...
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 17 de October de 2003 22:34

Andreia,

"É claro que fizeram livremente, mas era propósito de Deus a morte do cordeiro perfeito."
Porquê?

"Era necessário sua morte, seu sangue derramado."
Para quê?

João (JMA)

Re: Sobre esta Pedra ...
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 18 de October de 2003 00:30

Algumas notas muito rápidas:

Andréia:

- A "PEDRA": é um reducionismo muito grande ver o papel de Pedro na Igreja como a mera citação do "sobre esta pedra edificarei a minha Igreja". Será necessário desfiar uma lista de textos em que se mostra por A+B o papel bem especial de Pedro no grupo dos Doze e na Igreja Primitiva? Podemos omitir o papel de Pedro? Será que a Igreja Católica se apoia apenas no citado versículo? Não serás antes tu que pretendes realmente descontextualizar a questão, como se tudo se reduzisse a esse versículo? A verdade é que a Igreja Católica não fundamenta o papel de Pedro com esse versículo isolado, muito embora ele seja parte importante de um todo. Mas não nos ficamos por aqui. A "tua" interpretação da "pedra" não diz tudo e é parcial. Se Jesus diz "Tu és PEDRO e sobre esta PEDRA edificarei a minha Igreja", Jesus está a usar exactamente a mesma palavra para o nome e para "base" (passe a palavra) da Igreja(como acontece ainda hoje em francês: Pierre/pierre). Pergunto: será irrelevante este "jogo de palavras"? Por que razão Jesus muda o nome a Pedro? Se formos à bíblia, veremos que isso acontece quando há uma entrega de uma missão especial, ou uma mudança radical no decurso de um determinado processo. Como já alguém referiu (creio que o JMA), o nome significa a missão dada a essa pessoa. Assim acontece com Abrão/Abraão ou com Saulo/Paulo. Assim se dá com Simão/Pedro. É claro que Jesus é a Pedra Fundamental, mas é inegável que Pedro tem um papel singular, não isolado da comunidade, não válido por si mesmo, mas há um papel especial. Pedro é pedra que assenta sobre a Pedra. Ou será que Pedro não tem um papel especial? Podemos omitir Pedro? "Pedro" denota não um mero nome mas uma missão: "Confirma os teus irmãos!"; "Apascenta as minhas ovelhas". Será que Jesus disse isto apenas numa circunstância efémera, banal, que não se aplica hoje? Será que vamos ler o Evangelho como um mero relato histórico, do passado? Não estarão aqueles que não aceitam o papel de Pedro na Igreja (que se está na fundação, também tem que estar na sua continuação!!!) a amputar a Igreja de algo muito importante, precisamente a MISSÃO dada a alguém de ser PEDRA e de confirmar os irmãos? Dizes, e bem, que Jesus é a pedra angular, mas isso não impede que Pedro seja PEDRO, pedra. Jesus também se diz Pastor, mas diz a Pedro que apascente as Suas ovelhas. Será que o título é exclusivo de Jesus? É claro também que a Igreja se funda em Jesus, mas funda-se também, por extensão, sobre os Apóstolos (todos!), que têm Pedro à cabeça, que, por sinal, aparece sempre em primeiro lugar nas listas dos Apóstolos e é claramente o porta-voz do grupo. Todos somos pedras, certo, mas alguém tem esse nome, essa especial missão!

Portanto, e para resumir, pergunto-te se o uso da palavra "Pedro" é apenas coincidência, ou se Jesus Se enganou ao usar a mesma palavra. Pergunto-te também se a Igreja de hoje não deve incluir em si o traço primitivo de uma liderança a quem Jesus dá a missão de confirmar os irmãos... Neste momento não possuo uma Bíblia comigo, e tenho o tempo limitado para citar versões on-line, mas basta ver como a Igreja se comporta nos Actos dos Apóstolos, quando Pedro é preso...

Com isto importa também não ficarmos em certos fundamentalismos de alguns católicos que idolatram o papado, como figura ideológica, muitas vezes com conotações pouco cristãs (e esta é, a meu ver, juntamente com os abusos históricos do papado, a fonte destas reacções protestantes). Que eu saiba, pelo menos antes do século IV nunca ninguém usou o versículo em causa para justificar o papado. O que é uma coisa muito interessante, porque isto mostra que, ao contrário do que sugere a Andréia, a Igreja Católica não baseia o papado num versículo fora do seu contexto. Mas aqui interessa-me realçar um outro ponto. Santo Agostinho faz uma leitura curiosa deste mesmo versículo, quando fala da "pedra". Diz ele que a pedra, mais do que ser Pedro, é a FÉ que Pedro exprime nesse momento ("Tu és o Messias de Deus"). Ou seja, é sobre esta FÉ APOSTÓLICA, que tem em Pedro o seu porta-voz, que a Igreja prevalece e as portas do Inferno nada poderão contra ela. Evidentemente que isto nada tira ao papel de Jesus Cristo, porque se parte precisamente da confissão de fé em Jesus como o Messias de Deus. Pedro é Pedro porque confessa que Jesus é o Messias de Deus. Creio que aqui está uma das chaves para aquilo que se vai fazendo a nível ecuménico: católicos e não católicos têm que redescobrir o papel de Pedro na Igreja de hoje, já que esse papel é parte constituinte da Igreja que Jesus fundou. Mas nada disso implica que o papel de Pedro implique, por exemplo, a existência do estado do Vaticano (para exemplificar). Curiosamente, o Papa João Paulo II convidou vários teólogos e historiadores da Igreja a trabalhar neste sentido, o da redescoberta do papel de Pedro, porque "onde está Pedro, aí está a Igreja".

Bom, basta por aqui...

- As "proposições" das Igrejas evangélicas. Para além do seu teor dissimulamente anti-católico (ou nem sequer muito dissimulado), realço um aspecto curioso da quinta proposição: «Ela [a bíblia] é a Palavra de Deus, é a Verdade Revelada [...] e através dela obtemos o conhecimento para se adquirir a Salvação.» (realce meu). Pois é, aqui espreita a verdadeira heresia de muitos protestantes: o gnosticismo. É curioso que considero que a Andréia (juntamente com o Abelardo) faz a apologia da ignorância (lá irei numa outra mensagem), mas toda a sua exposição anda sempre à volta da questão do conhecimento, como se este fosse o caminho da salvação. De resto, esta é uma consequência do clima em que nasceu o protestantismo: o florescimento da modernidade e o seu característico individualismo e racionalismo. Mas, volto à proposição da Andréia, porque discordo aqui em pontos fundamentais. A Bíblia é Palavra de Deus, mas não é "A" Palavra de Deus em sentido exclusivo. Esse título cabe ao Verbo, incarnado em Jesus. A Bíblia não é o Verbo. A verdade é Jesus. Parece uma chinesice, mas não é, porque isto tem enormes consequências. Dizer que a Bíblia é "a" verdade, como a Andréia faz, leva muitas vezes à bibliolatria, que é também uma heresia, porque se olha para o dedo em vez de se olhar para aquilo a que ele aponta. A Bíblia é na sua materialidade, antes de mais, o reflexo da fé de um povo e de uma Igreja e não foi ditada por um anjo a um escritor que estaca a receber o ditado. Foi escrita numa e por uma comunidade concreta (aliás, várias) que viram naquilo que foi escrito o paradigma da sua própria fé, da fé dos Apóstolos. Por isso é que estes textos foram canonizados e outros foram considerados apócrifos. Embora alguns digam que tecnicamente o Cristianismo é também uma religião do livro, vários, eu incluído, rejeitam esse atributo, porque a Bíblia é norma de fé mas é também o fruto da Tradição e como tal deve ser interpretada. Os católicos não lêem a bíblia da mesma forma que os muçulpanos lêem o Corão (o Islão, sim, é claramente a religião do Livro). Se Jesus quisesse que o centro do Cristianismo estivesse "no Livro", escreveria e mandaria escrever. Não consta que o tenha feito. Com isto já podemos ver como divergimos aqui em direcções bem distintas!

- A "morte vicária". A história do "tricot" é "deliciosa". Só mostra o ridículo a que nos podemos dar quando fazemos Deus à nossa imagem e semlhança. Nisto a talibana acertou em cheio e eu ponho a questão que é bem pertinente: mas então não estaremos diante de um Pai birrento e sanguinário, tão estranho que precisa de ver morrer alguém para se satisfazer? Ainda que seja o próprio filho? E chamamos a isto amor?! Andréia, uma coisa é admitir que há aqui algo a que ao chegamos; outra, bem diferente, é que nos ponhamos a dar explicações tolas que caem na idolatria de fazermos Deus à nossa imagem e semelhança... Ainda mais a sério: temos aqui um problema teológico tremendo e temos que admitir que não temos uma resposta definitiva. Sabemos, sim, que a teoria da satisfação (que é basicamente a tua) é insuficiente e cai em contradições enormes. Há outras tentativas, mas todas insuficientes. Sobre este assunto, parece-me que (mais uma vez) François Varillon, que já aqui citei muitas vezes, tem um pequeno artigo bastante interessante sobre o assunto. Creio que faz parte do livro "Joie de croire, joie de vivre" (um dos primeiros capítulos, se não me engano). No ano passado saiu um bom artigo sobre o assunto na Zeitschrift für katholische Theologie, da autoria de Harald Schöndorf: "Warum musste Jesus leiden?" (Por que razão morreu Jesus?). Há dias saiu um resumo deste artigo nas Selecciones de teología. Vale a pena ver.

- A propósito do "Corpo/Carne" de Cristo. Para não nos desviarmos demasiado do assunto deste tópico do fórum ("Sobre esta pedra"), não me alongarei muito, mas gostaria de chamar a atenção da Andréia de duas coisas: a primeira é que quando os católicos (e não só) dizem que no pão consagrado está o Corpo de Cristo, não se referem a fibras e tecidos (parece que é isso que significas com a expressão "carne literal"). Muitos protestantes atiram-se contra a doutrina da transubstanciação, sem perceber o essencial (que muitos católicos também parecem desconhecer): o Corpo significa a PRESENÇA real de Cristo, o Corpo ressuscitado! E isto daria muito pano para mangas, como já me deu noutro lado. A segunda coisa a notar é que as palavras de Jesus sobre o comer o seu corpo não são palavras menores. Vale a pena relembrar o escândalo que Jesus causou com o discurso do Pão da Vida (veja-se o evangelho de João), ao ponto de muitos abandonarem Jesus. "Como são duras essas palavras". E Jesus não volta atrás, porque está diante de algo inegociável. Pede atitude e decisão: "Também vós quereis ir?" O que a Andréia disse sobre a comunhão como elemento vital da comunidade é verdade, mas não se reduz a isso. É curioso que alguns protestantes se reconciliam com a Igreja Católica precisamente começando por aqui: "Isto é o Meu Corpo", "Isto é o Meu sangue"... Mas, ontem como hoje, para muitos "duras são estas palavras"... Como custa a perceber que restrições mentais levem milhões de cristãos a ficar privados de algo tão importante para a sua vida de fé!...

- A ÁGUA MORNA. Andréia, como é possível tamanha tolice sobre o "morno"? Que fontes são as tuas? (Serão de água gelada? É que eu quase enregelei ao ler tal explicação!) E que tal se lesses um bom Comentário bíblico, como o New Jerome Biblical Commentary? Ou o Harper's ou outro qualquer, minimamente sério?!


Finalmente, uma nota ao Abelardo:

[Para quem não sabe, o Abelardo conhece o Luís e o Alef (eu próprio) de um outro fórum, presentemente em decomposição. Para abreviar, a relação forense entre o Abelardo e os outros interlocutores foi sempre muito conflituosa. Isto explica que mal tenha chegado a este fórum tenha começado a distribuir alfinetadas, constantes "(in)directas aos "católicos falsamente praticantes", como se vê no texto que escreveu acima: Choca-me, sim, e muitíssimo, os chamados "católicos-não-praticantes", e, sobretudo, os que se dizem falsamente "católicos-praticantes" (em "part-time"), não acreditarem de todo, ou só relativa/parcialmente, em alguns Dogmas, ou, pior ainda, em distorcê-los, contrariá-los, espezinhá-los, a seu bel-prazer..., segundo a sua falta de Fé e, mais grave ainda, de acordo com o seu racionalismo, oportunismo, hipocrisia, comodismo, egoísmo, soberba, hedonismo, etc.!...]

Abelardo: é difícil escolher as palavras para te escrever e tenho feito algum esforço por ignorar os teus constantes "tiros em ricochete". Peço-te, uma vez mais: deixa de usar qualificativos sobre a vida cristã das outras pessoas. Não julgues a qualidade da vida cristã das pessoas por aquilo que elas escrevem. O contínuo proclamar de que preferes um bom protestante a um mau católico e todo esse chorrilho de adjectivos sem nexo ("tíbios" e outros que tais) só mostra parte da faceta menos simpática de ti. Consegues muito melhor. Até breve.

Alef

Re: Sobre esta Pedra ...
Escrito por: Andréia (IP registado)
Data: 20 de October de 2003 13:11

João,

""Era necessário sua morte, seu sangue derramado." Para quê?"

Estás a caçoar de mim, claro! Citei inúmeros versículos mostrando para quê era necessário a morte de Cristo. Será que os leu? Ou os ignorou como sendo figurativos?



Alef,

Mostre-me as outras passagens que tornam Pedro alicerce da Igreja. Disse que existe, então mostre-me, e não fique pendurado nesta, ok?!?!

Você diz gosta de dizer que as pessoas não são humildes, porém, é em você que não consigo ver humildade! Você fala, realmente, coisas muito tolas, meu caro! E o pior, se dizendo o dono da verdade, porém sem fundamento nenhum. Sinto dizer. EstudE mais um pouco. Estás ainda um pouco fraquinho. Não se retenha a um único comentarista. Não confie em ninguém tão cegamente! Afinal, são todos homens. Estude sobre o contexto da época. É muito importante.
" O Morno" é um assunto importantíssemo, se queres saber. É uma exortação a um mandamento de Cristo MUITO IMPORTANTE. O mandamento que Ele nos deu ao subir ao céu. "Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo" Mt 28:19. Tão importante que os servos inúteis, que não fizerem o que Ele mandou, irão para o inferno. Não banstando portanto, crer, mais cumprir os mandamentos de Cristo. Crer, o diabo também crê... tanto que estremesse.

" E lançai o servo inútil nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes" Mt 25:30

"Mas queres saber, ó homem insensato, que a fé sem as obras é inútil?" Tg 2:20

Re: Sobre esta Pedra ...
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 20 de October de 2003 13:51

Andréia:

Tenho muito gosto em continuar a conversa, mas primeiro responde à minha mensagem e às questões aí colocadas. A todas.

Alef

PS.: "Adorei" (como agora se diz) a tua citação de Tiago 2:20. Havemos de cá voltar...

Re: Sobre esta Pedra ...
Escrito por: Andréia (IP registado)
Data: 20 de October de 2003 15:10

Alef,

As suas perguntas sobre a Pedra já estão respondidas no dia 03/10/03 15:45. Leia novamente.

Quanto a carne e a hostia.... bem, o que parece é que os católicos acham que é a própria carne de Cristo. São canibais.... e pecam bebendo sangue, coisa que Deus falou que nunca fizéssemos....

"Estatuto perpétuo, pelas vossas gerações, em todas as vossas habitações, será isto: nenhuma gordura NEM SANGUE algum comereis" Lv 3:17

Os católicos não creem que é só a presença de Cristo, mas creem que é a própria carne e sangue de Cristo. Isso é uma heresia, pois Deus nunca iria mandar fazer algo que antes, disse que não fizéssemos. Mas como Ele mesmo disse: "fazei isso em memória de mim". Isso sim é a presença, lembraça, ritual de vida.

Re: Sobre esta Pedra ...
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 20 de October de 2003 23:40

Andréia, não me tenhas por tolo, por favor. Eu não fiz perguntas sobre a Pedra, como dizes, mas sobre o papel do ministério petrino na Igreja. A tua mensagem de 3 de Outubro não responde às minhas questões. Ou, caso penses que responde, então realmente temos um problema básico de comunicação. Se eu pergunto sobre A e me responde com B...

Pois, Andréia, tu que lês a Bíblia literalmente agora encalhas na tua própria armadilha. Afinal, a Bíblia não é para ser lida à letra. Convido-te a ler comigo este trecho de João (Jo 6:54-ss):
Citação:
... e o pão que Eu hei-de dar é a minha carne, pela vida do mundo.» Então, os judeus, exaltados, puseram-se a discutir entre si, dizendo: «Como pode Ele dar-nos a sua carne a comer?!» Disse-lhes Jesus: «Em verdade, em verdade vos digo: se não comerdes mesmo a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós. Quem realmente come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna e Eu hei-de ressuscitá-lo no último dia, porque a minha carne é uma verdadeira comida e o meu sangue, uma verdadeira bebida. Quem realmente come a minha carne e bebe o meu sangue fica a morar em mim e Eu nele. [...] Depois de o ouvirem, muitos dos seus discípulos disseram: «Que palavras insuportáveis! Quem pode entender isto?» 61Mas Jesus, sabendo no seu íntimo que os seus discípulos murmuravam a respeito disto, disse-lhes:
«Isto escandaliza-vos? [...] A partir daí, muitos dos seus discípulos voltaram para trás e já não andavam com Ele. Então, Jesus disse aos Doze: «Também vós quereis ir embora?» Respondeu-lhe Simão Pedro: «A quem iremos nós, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna!»

Pois bem, vejamos, então. Será que Jesus estava aqui a usar uma mera metáfora, como quando disse "Eu sou o Bom Pastor" ou "Eu sou a Porta"? Mas se assim fosse, como se explicaria que muitos dos discípulos O abandonassem por serem duras aquelas palavras? E como poderia falar Jesus de "beber sangue" se estava proibido pelo Antigo Testamento? Ah, é verdade, Jesus também violou o sábado, segundo os fariseus...

Já agora, outra coisa: "fazer memória" na bíblia não é um mero recordar, mas um acto de actualização. O "fazei isto em meória de mim" não é apenas um teatrinho anual, mas é algo que tem a ver com a função da palavra (este É o meu corpo), em hebraico "dabar", que é sempre actuante, efectiva, que faz o que pronuncia.

Nota bem a solenidade com que João coloca (e prepara) o discurso do Pão da Vida. Com um "sinal", o único milagre que é referido por todos os evangelistas! Seria apenas para mais um truque de magia?

O grande problema, curiosamente, é mais uma vez o próprio literalismo. É que "carne" (aqui na acepção de "corpo") na Bíblia e na liturgia da Igreja não carne da que se encontra no talho (=açougue), como certamente muitos literalistas protestantes são levados a pensar. Nenhum católico crê numa coisa dessas. Crêem, sim, que ali está o corpo de Jesus ressuscitado, uma presença que não é uma mera convenção, mas real. O que é curioso para os literalistas protestantes é que como não pode ser carne de açougue, deitam fora algo que é central no Cristianismo, a Eucaristia, o centro de toda a vida cristã!

Pois, e a propósito de canibalismo, é curioso que os primeiros cristãos foram precisamente perseguidos e acusados, entre outras coisas, de ritos de canibalismo. Curioso, né?

Bom, desafio-te a dar uma leitura credível (alegadamente alternativa) para o texto de João e que me mostres em que é que a presença eucarística é uma heresia. Estou com muita curiosidade...

Já agora, para poupar uma futura mensagem a chamar a atenção para a falta de rigor nas palavras, comento desde já a tua última frase: «Os católicos não creem que é só a presença de Cristo, mas creem que é a própria carne e sangue de Cristo.» Ora bem, aqui mostras aquilo a que me referi no parágrafo anterior. À luz da teologia católica, a tua frase é um "non sense", porque fazes uma distinção ilegítima: é que o corpo significa precisamente a presença real. O corpo é o que nos individua, sendo que o corpo de Cristo é já um corpo glorioso, que rompe os limites do espaço e do tempo. Se Jesus pôde ressuscitar, atravessar paredes e portas fechadas, não pode fazer-Se presente sacramentalmente através de um gesto que Ele próprio instituiu? E será canibalismo repetir um gesto que Jesus chamou de "comer a sua carne e beber o seu sangue"?

Andréia, eu acho que deverias tentar corrigir o próprio Jesus Cristo, porque parece que Ele é que disse grandes barbaridades e heresias, violando constantemente leis de "estatuto perpétuo"...

Alef

Re: Sobre esta Pedra ...
Escrito por: Andréia (IP registado)
Data: 21 de October de 2003 13:23

Caro Alef,

Em primeiro lugar, eu respondi sua pergunta sim senhor, em se tratando de Pedro como Pedra, agora se tens outro versículo que apoie o alicerce de Pedro na Igreja, sem se referir é claro ao chamado de pastor que Jesus diz: "pastoreie minhas ovelhas", por favor mostre-me. Sobre isso já comentei. Houve outros cachamados de pastores em Atos, na Igreja Primitiva.

Agora vamos falar da carne e o sangue...

Para começar, Jesus não pecou, portanto não Deixou De Cumprir o Mandamento do Sábado. O que aconteceu foi que Ele mostrou o exagero dos fariseius em relação ao Sábado. Eles estavam idolatrando esse dia, como se as pessoas tivessem sido feitas para o Sábado e não ao contrário. Ele curou no sábado, comeu no sábado, e não há nada que impessa que pessoas façam isso nos mandamentos de Deus, mas apenas nos mandamentos dos fariseus.

Portanto, Jesus também não mandaria ninguém beber sangue, já que era proibido pela Lei de Moisés. Ele cumpriu a Lei, e não manda que deixemos de cumpri-la. A Graça veio para aperfeiçoar a Lei, não ao contrário.
Não foi só nessa mensagem que algumas pessoas não entendiam o que Jesus dizia. Houve o mesmo escândalo quando Jesus disse que seria necessário NASCER DE NOVO. Perguntavam: "como é possível nascer de novo?" Jesus dizia: Jo 3:3 " Em verdade, em verdade te digo que se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus"


O SANGUE DE CRISTO SIGNIFICA O PACTO, A NOVA ALIANÇA:
"pois isto é o MEU SANGUE, O SANGUE DO PACTO, o qual é derramado por muitos para REMISSÃO DOS PECADOS. Mt 26:28

Semelhantemente, depois da ceia, tomou o cálice, dizendo: ESTE CÁLICE É O NOVO PACTO EM MEU SANGUE, que é derramado por vós. Lc 22:20

É ESSE PACTO QUE DÁ A VIDA, POIS SOMENTE ATRAVÉS DO SANGUE DERRAMADO HA REMISSÃO DOS PECADOS::
"Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, NÃO TEREIS VIDA em vós mesmos. Jo 6:53

De nós mesmos não podemos nos salvar. Mas não é bebendo sangue que nos salvaremos, mas "bebendo" do sangue de Cristo, derramado na cruz, ou seja, aceitando seu sacrifício vicário, para a remissão de nossos pecados.

Re: Sobre esta Pedra +++ Instituição da Sagrada Eucaristia...
Escrito por: Abraão (IP registado)
Data: 22 de October de 2003 16:18


A ÚLTIMA CEIA E A EUCARISTIA É...


O Poder de Jesus, nem sempre era imediatamente visível. Por não ser imediatamente visível, não quer isso dizer que não fosse real e verdadeiro, simplesmente, nos Seus desígnios, o tempo e a Fé deveriam actuar, para se vir então a confirmar de facto o Seu Poder.

De todos os feitos e milagres de Jesus, o maior até a actualidade, sinal também do Seu imenso amor pela humanidade e por cada um de nós, foi sem dúvida a instituição da Eucaristia.

A Eucaristia é o Sacramento instituído por Jesus Cristo na Última Ceia, pelo qual Ele permanece, realmente entre nós, em corpo e sangue. A sua presença na Eucaristia é tão real como quando Ele viveu na Sua época na Galileia, Palestina e por todas as terras por onde passou. Ali, na Eucaristia Ele está presente em Corpo, Sangue, Alma e Divindade, só lhe faltando a Sua Glória, pois que com essa, não seria possível ao homem se colocar diante dEle.

Esta realidade profunda, que é objecto da Fé, pode no entanto ser facilitada pelo aprofundamento do nosso ser.

Se raciocinarmos um pouco, veremos que esta Maravilha da Eucaristia, de facto não é tão misteriosa e inacreditável como à primeira vista nos pode parecer, não deixando no entanto de ser o maior dos Milagres que Jesus fez e continua a fazer quotidianamente na Terra.

Sabemos que o homem é constituído por espírito, corpo e alma. O espírito vem habitar o corpo. O espírito e o corpo ligam-se através da alma, o sopro de vida de Deus e conjunto dos sentidos e capacidades da criatura. O corpo é constituído por matéria. Esta matéria, é na mais crua das análises, nada mais nada menos, aquilo que nós comemos diariamente. Nada existe no nosso corpo, que nós não tenhamos ingerido e respirado no passado, ou seja, o pão, a carne ou a fruta e a água que hoje comemos e bebemos. Deste corpo, que é o nosso, há parte que são tão corpo como qualquer outra, tais como as unhas, os cabelos, os ossos, os dentes, e que dada a sua inércia e aparente falta de vida, são tão corpo como qualquer outra parte. Temos de ter consciência, que o nosso corpo está sempre em permanente mutação, sendo o que é hoje, já não é o que era ontem nem o que vai ser amanhã. No entanto, continua a ser o nosso corpo. Esta noção de que o espírito habita um corpo, que não é mais do que um conjunto de compostos físicos e químicos, uns mais pequenos, outros maiores, uns com uma forma e outros com outra, uns bonito outros feios, uns novos outros velhos, uns inteiros outros faltando-lhes órgãos e partes importantes, uns mexendo outros paralisados, uns com mais produtos do que outros, uns doentes e outros sãos, diferentes dimensões e diferentes pesos, o espírito em todos habita. Se compararmos as dimensões do corpo humano e as de um pão, com a imensidão da matéria que constitui o universo, a diferença de proporções pode-se dizer que é igual, aliás, há pães maiores do que bebés recém nascidos. Quanto ao movimento de um corpo, sabemos que descendo na escala dimensional da matéria, não vamos encontrar razões para estabelecer distinção entre a efectiva ocupação de um espírito na matéria, consoante um corpo tenha ou não movimento, ou seja mais ou menos mexido do que outro. Não há matéria em movimento ou matéria estática, o que há é diferentes sistemas relacionais referidos aos quais pode ou não haver movimento, porque em movimento de facto está toda a matéria. E não podemos dizer que o espírito só está na parte do corpo que mexe e não está na que não mexe, porque só de pensar nisso seria uma aberração. O espírito está em todo o corpo enquanto corpo e enquanto a vontade de Deus, independentemente do movimento do todo ou das partes, e não está mais numa do que em outra parte. O espírito é pois capaz de habitar na maior das diversidades de matéria, seja ela pouca, seja ela pequena, seja ela com uma composição determinada ou qualquer outra, seja leve ou pesada. O espírito está por conseguinte onde Deus quer que esteja, ou fora da matéria, ou habitando numa pequena porção de matéria.

Tudo isto, para afirmar que na realidade, o espírito é independente da matéria, e pode estar presente em qualquer porção de matéria seja ela qual for, seja quais forem as suas dimensões, seja qual for o seu estado de movimento, seja qual for a sua forma ou idade, seja qual for a sua composição. Por Vontade de Deus, um espírito pode estar em qualquer porção de matéria.

Foi Vontade de Deus que Jesus permanecesse na Terra através da Eucaristia. A Este fenómeno ou acontecimento de Jesus estar presente na Eucaristia, de Jesus transformar a espécie do pão na Sua carne, é dado o nome de transubstanciação.

Esta transubstanciação é possível por Vontade de Deus e é dado este poder aos seus representantes na Terra, os sacerdotes. Esta instituição de poderes foi feita na Última Ceia por Jesus ao seus Apóstolos.

S. Lucas 22,19

19 E tomando um pão, havendo dado graças, partiu-o e deu-o a eles, dizendo: Isto é o Meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de Mim.



Estes Apóstolos, por cadeia de transmissão de poderes, para os bispos e destes para os sacerdotes, tudo através da hierarquia de poderes absolutos concedidos e estabelecidos por Jesus Cristo a Pedro, e através de Pedro a toda a Sua Igreja.

S. Mateus 16,18-19

18 Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela.

19 Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; o que ligares, pois, na terra será ligado nos céus, e o que desligares na terra será desligado nos céus.



Esta espantosa prova de Amor dada por Jesus à humanidade e cada homem, este fabuloso e espantoso milagre perpetrado ao longo dos séculos, em que um Deus quer permanecer vivo e realmente presente entre o Seu Povo, é mantido para que as almas aí encontrem alimento e não pereçam.

É ali na Eucaristia que se pode consumar a união entre nós pobres criaturas e o nosso Deus. Quantas vezes não temos nós tido ou esboçado o desejo de nos encontrarmos com uma ou outra personalidade importantes do nosso planeta, por considerarmos que ela em alguma medida são superiores ou interessantes, ou com elas pudermos aprender algo, ou por simples desejo de com elas comunicarmos? Pois então, tomemos consciência de que todas estas personalidades que tanto admiramos, todas somadas não se podem sequer comparar a um cabelo de Jesus. Ele é o Rei dos reis, Deus Filho todo poderoso, o mais belo dos filhos do homem, o mais Santo, o mais puro, o mais humilde, o mais inteligente, o mais capaz. E é com este Deus feito homem, que nos podemos encontrar, através do Sacramento da Eucaristia, se estivermos em conformidade com as prescrições da Sua Igreja. Ali podemos falar com Ele, estar com Ele, nos alimentarmos dEle.

S. João 6, 53-59

53 Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: Se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos.

54 Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.

55 Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida.

56 Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele.

57 Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim.

58 Este é o pão que desceu do céu; não é como o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram; quem comer este viverá para sempre.

59 Estas coisas falou Jesus quando ensinava na sinagoga em Cafarnaum.


Re: Sobre esta Pedra ...
Escrito por: taliban (IP registado)
Data: 22 de October de 2003 17:09

AHHHHHHHHHH! Vocês então são mesmo canibais a sério.....
Que fiilme de terror?

Re: Sobre esta Pedra ...
Escrito por: Andréia (IP registado)
Data: 22 de October de 2003 18:53

Isso dá mesmo no que falar... vamos lá.... Além das referências que já citei, que contradizem que Cristo mandou beber sangue... vejamos outros pontos importantes.
Veremos todo o contexto da páscoa, ou ceia:

O termo "páscoa" deriva da palavra hebraica "pesah", que significa passar por cima, pular além da marca ou passar sobre. Quando Deus ordenou ao anjo destruidor que eliminasse todo primogênito na terra do Egito, a casa que tivesse o sinal do sangue do cordeiro não seria visitada pela morte (Êxodo 12.1-36).

Os judeus passaram então a celebrar a Páscoa comemorando a saída do Egito, a passagem para a liberdade. A partir de Jesus, essa celebração foi substituída pela Ceia do Senhor, com o pão e o vinho, em Sua memória. Não mais para relembrarmos a saída do Egito, mas para estarmos sempre nos lembrando da liberdade que nEle há, da Sua morte e ressurreição.

"Paulo, servo de Cristo Jesus, chamado para ser apóstolo", assim descreve como Jesus instituiu a Ceia do Senhor, por ocasião da Páscoa:

"Pois eu RECEBI DO SENHOR O QUE TAMBÉM VOS ENSINEI: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão, e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo que é entregue por vós; fazei isto em memória de mim. Semelhantemente, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é a NOVA ALIANÇA DO MEU SANGUE; fazei isto todas as vezes que beberdes, em memória de mim. Pois todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice, ANUNCIAIS A MORTE DO SENHOR, até que ele venha" (1 Coríntios 11.23-26).

Deduz-se que um milagre é operado todas as vezes em que um sacerdote católico ministra a Eucaristia, mais precisamente no exato momento em que ele declara "isto é o meu corpo". Todavia, algumas dificuldades se apresentam quando examinamos as Escrituras. Vejamos:

Jesus também comeu do pão e bebeu do vinho: "Ide, preparai-nos a páscoa, para que a COMAMOS" (Lucas 22.8); "Onde está o aposento em que comerei a páscoa com os meus discípulos?" (v.11); "Desejei muito comer convosco esta páscoa, antes do meu sofrimento"(v.15). O contexto nos leva ao entendimento de que antes e depois de elevar o pão e o vinho, e de haver dado graças, Jesus participou da ceia com seus discípulos, comendo do pão e bebendo do vinho.

A dificuldade está em que Jesus teria engolido a si próprio. Outro embaraço é quanto à presença dupla do corpo de Cristo, se admitida a interpretação literal: Jesus estava presente, presidindo a mesa, e estaria segurando o seu próprio corpo em suas mãos, quando disse "Isto é o meu corpo".

Nos MILAGRES operados pelo Senhor Jesus sempre houve MUDANÇA REAL DOS ELEMENTOS envolvidos. Exemplo da água que realmente se transformou em vinho (João 2.9); da multiplicação dos pães (Mateus 14.15-20); dos leprosos que realmente ficaram limpos (Lucas 17.11-14); da figueira que realmente secou (Mateus 21.19), e de tantos outros casos. No caso do pão e do vinho não aconteceu a mesma coisa. Os apóstolos não contemplaram dois corpos de Jesus. Da mesma forma não há transformação visível quando o sacerdote ministra a Ceia, eis que o pão e o vinho continuam sendo pão e vinho, com sabor, cheiro, cor, forma e peso característicos.

DEUS NÃO ENTRA EM NÓS PELA INGESTÃO DO PÃO. A Bíblia diz que AQUELES QUE CRÊEM EM JESUS POSUIEM O ESPÍRITO: "Não sabeis vós que sois santuário de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?" (1 Coríntios 3.16). A Ceia do Senhor – Comunhão ou Eucaristia - não é meio de salvação. Dela participam os salvos, os santos, os convertidos, ou seja, os que crêem em Jesus Cristo, confessaram o Seu nome, e O aceitaram como Senhor e Salvador. Estes já possuem o Espírito. (João 1.12; 3.16,18; Romanos 10.9; Atos 3.19; 16.31).

A justificação não decorre do participar ou não da Ceia. Quem dela participa é a Igreja, os crentes em Jesus, os que JÁ SE ACHAM JUSTIFICADOS, lavados e remidos no sangue purificador. "Pois todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, e são justificados gratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus. Concluímos, pois, que o homem é justificado pela fé, sem as obras da lei" (Romanos 3.23,24,28).

A finalidade da Ceia é esclarecida pelo próprio Jesus: a) anunciar a Sua morte, seu sacrifício pelos pecadores, até a Sua vinda (1 Coríntios 11.26); b) para recordação ou em memória dele, "fazei isto em memória de mim" (Lucas 22.19). Assim explica 1 Coríntios 11.24-25: "Em memória de mim – A repetição é impressionante e nos dá a razão escriturística para a observância da Ceia do Senhor.



Sobre o "poder dado aos sacerdotes da Igreja", tenho o que falar também.

No Antigo Testamento, vemos que nós precisávamos de um sumo-sacerdote, que entrava dentro do "santo dos santos" para interceder pelo povo, logo após o sacrifício, feito também pelos sacerdotes. Somente assim o povo poderia ter algum tipo de comunhão com Deus. Mas agora é diferente:. Agora temos um sumo sacerdote para sempre:

"mas este, porque permanece para sempre, tem o seu sacerdócio perpétuo" Hb 7:24

Somente Ele pode interceder junto ao Pai: "Temos um advogado junto ao Pai", "Tudo que pedirdes ao Pai, em Meu nome, recebereis". "jesus é o único mediador entre nós e Deus"

Agora não precisamos mais dos "sacerdotes" para chegar a Deus, pois Ele nos transformou em sacerdotes:

"vós também, quais pedras vivas, sois edificados como casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, aceitáveis a Deus por Jesus Cristo" 1 Pe 2:5

"Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as grandezas daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz" 1Pe 1:9

Quando Jesus morreu, o véu do templo se rasgou, ou seja, o impedimento que existia para que nós pudéssemos estar na presença de Deus foi quebrado por Cristo:

"E eis que o véu do santuário se rasgou em dois, de alto a baixo; a terra tremeu, as pedras se fenderam" Mt 27:51

O caminho está livre para nós, sacerdotes (leia Hb 9 e 10). Não precisamso de mais sacerdotes para chegar a Deus. Jesus é o último.

"PELO CAMINHO que ele nos inaugurou, CAMINHO NOVO E VIVO, através do véu, isto é, da sua carne" HB 10:20

Portanto, Jesus deu poder aos Apóstolos para serem sacerdotes, ASSIM COMO DEU A TODOS OS QUE CRÊEM EM CRISTO JESUS. Ele lhes entregou o Espírito Santo, a autoridade sobre os espíritos imundos, sobre enfermidades. Quando Ele diz que "todo o que perdoares os pecados serão perdoados, e o que retiveres serão retidos, não se interpreta que devemos lhe confessar os pecados, mas revela que todo aquele que não perdoa um irmão, retem o perdão de Deus a esse irmão. Certamente essa pessoa também não será perdoada de seus pecados, visto que somente seremos perdoados, quando também perdoarmos: "...Perdoa as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido..."


"e a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados.Tg 5:15 (QUEM ESTÁ PERDOANDO É DEUS, NÃO O APÓSTOLO...)

"Antes sede bondosos uns para com os outros, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo. ( se retiveres... serão retidos) Ef 4:32

"suportando-vos e perdoando-vos uns aos outros, se alguém tiver queixa contra outro; assim como o Senhor vos perdoou, assim fazei vós também" Cl 3:13

E assim seja.

Re: Sobre esta Pedra ...
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 22 de October de 2003 21:19

Andréia:

Que lindo arrazoado... Só tem um probleminha: completamente deturpado!

Como não tenho tempo (e paciência) para mais, vamos a um parágrafo que escreveste:
Citação:
Jesus também comeu do pão e bebeu do vinho: "Ide, preparai-nos a páscoa, para que a COMAMOS" (Lucas 22.8); "Onde está o aposento em que comerei a páscoa com os meus discípulos?" (v.11); "Desejei muito comer convosco esta páscoa, antes do meu sofrimento"(v.15). O contexto nos leva ao entendimento de que antes e depois de elevar o pão e o vinho, e de haver dado graças, Jesus participou da ceia com seus discípulos, comendo do pão e bebendo do vinho.»
Andréia, francamente: onde se diz que Jesus comeu do pão consagrado? Não é o texto explícito em dizer que o gesto foi feito depois de terem comido a Páscoa, que consistia em cordeiro e ervas amargas? Não é Jesus explícito em dizer: "tomai", "comei", "bebei"? Será que não é evidente que quando Jesus diz que deseja ardentemente comer aquela Páscoa se refere ao banquete messiânico, de longa tradição no Antigo Testamento?

Enfim...

Depois, vem mais uma hilariedade... Que os católicos preconizam a teoria do milagre para falar da Eucaristia... Que interessante... Eu que sou católico e até li umas tantas coisas de teologia, nunca ouvi falar de milagre para descrever teologicamente o que se passa na Eucaristia. Mas a Andréia é que vem dizer, certamente citando, o que os católicos pensam sobre o assunto... Mas -- note-se a volta serpentina -- para depois dizer que não pode haver milagre, porque Jesus quando fez milagres transformava os alimentos em coisas completamente diferentes. E dá um exemplo... Eu acrescento outro: na multiplicação do pães houve também croissants e os peixes devem ter-se mudado em raias, camarão, truta e outras coisas afins... Bom, mais a sério: mas o que se pressupõe na alegada atribuição da teoria do milagre? Que o pão, para ser corpo de Cristo, tinha que se transformar visivelmente... Ora, como isso não acontece, a teoria do milagre está errada. Mas quem inventou tal teoria? Pois, quem escreveu tão linda mensagem. Pergunto então à Andréia: como quereria a Andréia que se desse tal transformação? Certamente já notou que escrevi que a presença de Cristo é a presença do Seu corpo ressuscitado. Se a Andréia puder vê-l'O, vá a uma missa católica, que Ele está lá. Se não O vir, não culpe a doutrina, mas os seus olhos, que não vêem o Corpo ressuscitado de Cristo...

Meu Deus, como isto vai...

Tudo isto, mais uma vez, tem sempre a mesma raiz: tu lês a Bíblia como se ela fosse desenquadrada de uma comunidade, ignorando que as comunidades onde a Bíblia nasceu celebravam a Eucaristia e que deram origem à teologia já muito elaborada (e simultaneamente simples) de João. Há por isso um erro básico de hermenêutica, e quando se falha nas bases (esquecer o contexto do texto) tudo é possível.

Alef

PS: 1. Jesus não diz para beber sangue, mas para beber o Seu sangue.
2. O sacerdócio de Jesus Cristo é definitivo, mas pelo baptismo somos todos incorporados em Cristo, pelo que todos somos sacerdotes, profetas e reis. O sacerdócio ministerial dos padres católicos não é "mais um", mas é o daqueles que presidem à Eucaristia, que naquele momento representam simultaneamente a comunidade (por isso a comunidade não precisa de dizer tudo) e o próprio Jesus diante da comunidade. O seu sacerdócio de presbíteros vem pela imposição das mãos, como faziam os Apóstolos e passou de geração em geração (tema já debatido noutro tópico, o da sucessão apostólica). Repito algo que é importante para perceber o ponto de vista católico: a nossa fé, antes de ser bíblica "stricto sensu", é apostólica. Isto significa que se o Novo Testamento não tivesse sido escrito, a nossa fé continuaria a ser a mesma, a mesma dos Apóstolos e isso foi transmitido pela Tradição, o que deu origem, afinal, à Bíblia! Ora, um elemento fundamentalíssimo da Tradição é a oração da Igreja, que tem como "centro fulcral" a Eucaristia. Os católicos consideram que é a Eucaristia que faz a Igreja. Sem Eucaristia não há Igreja. Por essa razão é que nem todas a comunidades cristãs protestantes são consideradas igrejas.

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