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Re: A NOVA revolução sexual: ABSTINÊNCIA!
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 08 de February de 2003 04:06


Ana, respondendo à tua caridade com a minha caridade, procurando gerar comunhão... Esta é uma resposta extensa, que deves ler, como todas as outras, mas com particular atenção aos argumentos devido às fontes citadas serem todas do Magistério, em "primeira mão". Talvez devesse ser colocada noutro tópico, algo que farei editando este texto posteriormente.

O sítio que citaste não é propriamente inspirador de autoridade, mas fez citações e observações interessantes que valem a pena criticar (no sentido alargado). Mas já está a ficar velhinho, é de 1997... Com as recentes invectivas a favor do aborto, seria de esperar que mais católicos tomassem posições firmemente pró-vida. Vou referir-me "ferozmente" à informação disponibilizada e ao seu formato... Já que citaste uma página católica, pensei que seria bom afirmar-te de vez qual a doutrina católica neste assunto. De facto, ler este texto provocou em mim uma necessidade de apresentar de forma mais completa a doutrina real da Igreja, e nessa medida... até que me ajudou! :o)

No seu todo, é manifesta a falta de preparação filosófica e teológica dos seus colaboradores e falta de conhecimento preciso da História que a Igreja tem com os contraceptivos. Um aspecto clamoroso é a forma indiscriminada como se apresentam os anticoncepcionais: então, minha gente, a estirilização ainda está ali a fazer o quê?? Só de ler os métodos todos, fico enojado com todos os artifícios usados... Apenas quando se passa pelos naturais é que se sente um toque de sanidade. Está muita gente enganada e confusa, realmente. Espero fazer tudo quanto possa para alertar as consciências com a verdade.

Vamos lá a analizar à lupa, ou seja, à luz da verdade, cada uma das afirmações que se fizeram, sua real conexão com o Magistério e com a Tradição, bem como com o senso comum e o princípio da não-contradição.

A questão fundamental não é a Igreja apresentar o preceito "abertura à vida" e depois haverem razões a favor e contra: as coisas simplesmente não se passam assim!!

Dizem-se coisas bastante verdadeiras, mas esconde-se necessariamente que os contraceptivos são "intrinsecamente maus" (Catecismo 2370), ou seja, são sempre ilícitos. Quer isto dizer que o uso de contraceptivos é um atentado à dignidade e à verdadeira natureza da sexualidade humana, entendida como o ser humano no seu conjunto (não somente a sua biologia, mas tudo o que ele encerra), independente de quaisquer que sejam as motivações do casal, condenando e anulando a própria fisiologia (actua como um veneno antagónico a propósitos verdadeiramente medicinais e como um agente de anulamento da responsabilidade para com uma disposição natural que nos constitui). Portanto, o recurso aos contraceptivos, se for mesmo por aquele "bem maior" (ainda não percebi o que querem dizer com isso: é um bem menor não se mutilar? - mas até essa noção de "bem maior/mal menor" está refutada pela Humanae Vitae, como veremos mais adiante), é sempre pecado, uma maldade.

«Suscitar no coração do homem a conversão e a penitência e oferecer-lhe o dom da reconciliação é a missão conatural da Igreja, (...) uma missão que não se esgota em certas afirmações teóricas e na proposta de um ideal ético não acompanhado de energia operativa, mas que tende a exprimir-se em funções ministeriais precisas em ordem a uma prática concreta da penitência e da reconciliação» (Exortação apostólica Reconciliatio et Paenitentia, n. 23).

Não é que a Igreja ensine que o bem, como uma espécie de moralismo rigorista, seja apenas que o acto matrimonial permaneça aberto à vida: o que se passa é que, como João Paulo II desenvolveu na Exortação Apostólica Familiaris Consortio de 1981 (cf. n. 32), citando a Humanae Vitae, isso parte da «visão integral do homem e da sua vocação, não só natural e terrena, mas também sobrenatural e eterna» que a Igreja conserva, ensinando que a sua doutrina «se funda na conexão inseparável, que Deus quis e que o homem não pode quebrar por sua iniciativa, entre os dois significados do acto conjugal: o significado unitivo e o significado procriativo».

«Quando os cônjuges, mediante o recurso à contracepção, separam estes dois significados que Deus Criador inscreveu no ser do homem e da mulher e no dinamismo da sua comunhão sexual, comportam-se como «árbitros» do plano divino e «manipulam» e aviltam a sexualidade humana, e com ela a própria pessoa e a do cônjuge, alterando desse modo o valor da doação «total». Assim, à linguagem nativa que exprime a recíproca doação total dos cônjuges, a contracepção impõe uma linguagem objectivamente contraditória, a do não doar-se ao outro: deriva daqui, não somente a recusa positiva de abertura à vida, mas também uma falsificação da verdade interior do amor conjugal, chamado a doar-se na totalidade pessoal. (...)

À luz da experiência mesma de tantos casais e dos dados das diversas ciências humanas, a reflexão teológica pode receber e é chamada a aprofundar a diferenca antropológica e ao mesmo tempo moral, que existe entre a contracepção e o recurso aos ritmos temporais: trata-se de uma diferença bastante mais vasta e profunda de quanto habitualmente se possa pensar e que, em última análise, envolve duas concepções da pessoa e da sexualidade humana irredutíveis entre si. A escolha dos ritmos naturais, de facto, comporta a aceitação do ritmo biológico da mulher, e com isto também a aceitação do diálogo, do respeito recíproco, da responsabilidade comum, do domínio de si. Acolher, depois, o tempo e o diálogo significa reconhecer o carácter conjuntamente espiritual e corpóreo da comunhão conjugal, como também viver o amor pessoal na sua exigência de fidelidade. Neste contexto o casal faz a experiência da comunhão conjugal enriquecida daqueles valores de ternura e afectividade, que constituem o segredo profundo da sexualidade humana, mesmo na sua dimensão física. Desta maneira a sexualidade é respeitada e promovida na sua dimensão verdadeira e plenamente humana, não sendo nunca «usada» como um «objecto» que, dissolvendo a unidade pessoal da alma e do corpo, fere a própria criação de Deus na relação mais íntima entre a natureza e a pessoa.»

Além disto, a Igreja não condena a contracepção só desde a Humanae Vitae!! A Igreja condena a contracepção desde os seus primórdios! A contracepção usada pelos antigos consistia em práticas hoje consideradas pouco higiénicas que seriam mais "mágicas" do que eficazes, mas acreditava-se que realmente reduziam a fertilidade. A Igreja afastou-se destas práticas desde sempre, principalmente devido à forma instalada com que eram praticadas entre os pagãos, sendo os resultados já então evidentes. Hoje em dia, assiste-se à propagação desses resultados (promiscuidade sexual, aborto, adultério, desintegração da vida familiar, etc.) a uma escala global, apesar de termos contraceptivos muito mais eficazes. Ao longo dos tempos, a Igreja foi edificando o seu ensinamento moral sobre as práticas que eliminavam a fertilidade do acto conjugal. Resultado: acontece que até 1930 TODAS as Igrejas cristãs condenavam PEREMPTORIAMENTE a contracepção. Nesse ano, a Igreja Anglicana admitiu o recurso aos contraceptivos por motivos sérios. Houve uma contestação geral da parte de todas as Igrejas. No último dia desse mesmo ano, o Papa Pio XI dá-nos a Encíclica Casti Connubii onde se faz a apreciação da beleza do matrimónio, louvando inclusive a relação sexual, e deixa claro que a Igreja não mudará a sua posição: todo o acto matrimonial deve permanecer aberto à transmissão da vida (ver bibliografia na nota n.º 4 da Humanae Vitae).

«4. A Igreja ensinou sempre a malícia intrínseca da contracepção, isto é, de todo o acto conjugal tornado, intencionalmente, infecundo. Deve reter-se este ensinamento como uma doutrina definitiva e irreformável. A contracepção opõe-se gravemente à castidade matrimonial, é contrária ao bem da transmissão da vida (aspecto procriativo do matrimónio), e à doação recíproca dos cônjuges (aspecto unitivo do matrimónio), lesa o verdadeiro amor e nega a função soberana de Deus na transmissão da vida humana.» (Vademecum para os confessores sobre alguns temas de moral relacionados com a vida conjugal, Vademecum para os confessores, 2.4, 1997)

Acho curioso o recurso à "consciência individual". Devido às circunstâncias particulares, seria a consciência do indivíduo a justificar-se a si mesma, quando a Igreja não lho permitiria - mas ainda se faz crer que a Igreja é neutra nesse processo! Este argumento é tão infundado... Deixa-me expô-lo de uma forma geral, particularizando depois para o caso em questão.

Quando se segue a "nossa consciência", serve-se um deus menor, o deus da consciência, um ídolo. Julgamo-nos a nós próprios como sendo capazes de discernir completamente aquilo que é certo e errado, em todas e cada uma das partes. Não é isto que a Igreja ensina. A Igreja respeita a liberdade de consciência, pela qual a pessoa livremente é capaz de reconhecer a verdade, mas não outorga à própria liberdade uma legitimidade e igualdade independentes de qualquer julgamento. Ora, este julgamento depende da existência de um Justo, que a julgue. Para um ateu (ou qualquer um que se afaste do perfeito amor e adoração a Deus), tal autoridade não existe, a verdade não existe, de modo que toda e qualquer posição tem o mesmo valor, ou seja, muito para quem a tem, nada para quem a ouve. Por isso, "ninguém me diz o que hei-de fazer". Entre os católicos não é assim.

Disse-nos o último Concílio Ecuménico, na Gaudium et spes:

«16. No fundo da própria consciência, o homem descobre uma lei que não se impôs a si mesmo, mas à qual deve obedecer; essa voz, que sempre o está a chamar ao amor do bem e fuga do mal, soa no momento oportuno, na intimidade do seu coração: faz isto, evita aquilo. O homem tem no coração uma lei escrita pelo próprio Deus; a sua dignidade está em obedecer-lhe e por ela é que será julgado (cf. Rm 2,14-16). A consciência é o centro mais secreto e o santuário do homem, no qual se encontra a sós com Deus, cuja voz se faz ouvir na intimidade do seu ser. Graças à consciência, revela-se de modo admirável aquela lei que se realiza no amor de Deus e do próximo (cf. Mt 22,37-40; Gl 5,24). Pela fidelidade à voz da consciência, os cristãos estão unidos aos demais homens, no dever de buscar a verdade e de nela resolver tantos problemas morais que surgem na vida individual e social. Quanto mais, portanto, prevalecer a recta consciência, tanto mais as pessoas e os grupos estarão longe da arbitrariedade cega e procurarão conformar-se com as normas objectivas da moralidade. Não raro, porém, acontece que a consciência erra, por ignorância invencível, sem por isso perder a própria dignidade. Outro tanto não se pode dizer quando o homem se descuida de procurar a verdade e o bem e quando a consciência se vai progressivamente cegando, com o hábito do pecado.»

E no Catecismo encontramos como resumo sobre esta base moral intrínseca ao ser humano, a lei moral natural, o seguinte:

1978 - «A lei natural é uma participação na sabedoria e bondade de Deus pelo homem, formado à imagem do seu Criador. Ela exprime a dignidade da pessoa humana e constitui a base dos seus direitos e deveres fundamentais.»

1979 - «A lei natural é imutável, permanece através da história. As regras que a traduzem permanecem substancialmente válidas. É a base necessária para a fixação das regras morais e da lei civil.»

O Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (entre outras incumbências cardinalícias), no seu livro "Questões sobre a Igreja" (Ed. Paulistas, 1992), expõe o seguinte (falando sobre John Henry Newman e Tomás Moro) àcerca da natureza da consciência moral:

«A consciência não significa (...) que o sujeito é o critério decisivo face às pretensões da autoridade, num mundo em que a verdade está assente e se aguenta por um compromisso entre as exigências do sujeito e as exigências da ordem social. Ela significa antes a presença perceptível e imperiosa da voz da verdade no interior do próprio sujeito; a consciência é a superação da mera subjectividade no encontro entre a interioridade do homem e a verdade que provém de Deus. (...)
Direi, por isso: quando falamos de um homem de consciência, entendemos alguém dotado destas disposições interiores. Um homem de consciênca é alguém que nunca compra, a troco da renúncia à verdade, a tranquilidade, o bem-estar, o sucesso, a consideração social e a aprovação da parte da opinião pública dominante. (...) [A] consciência não [pode ser] de modo nenhum expressão de uma teimosia subjectiva ou de um heroísmo obstinado. (...) [À semelhança deles, somos chamados a colocarmo-nos] no número daqueles mártires angustiados, que só depois de hesitações e muitas perguntas se obrigaram a si mesmos a obedecer à consciência: a obedecer àquela verdade que deve estar mais alto do que qualquer instância social e do que qualquer forma de gosto pessoal. Evidenciam-se deste modo dois critérios para discernir a presença de um autêntica voz da consciência: ela não coincide com os próprios desejos e com os gostos próprios; ela não se identifica com o que é socialmente mais vantajoso, com o consenso do grupo ou com as exigências do poder político ou social.»

Isto é o que a Igreja ensina, no Catecismo:

2035 - «O grau supremo na participação da autoridade de Cristo está garantido pelo carisma da "infalibilidade". Esta «é tão ampla quanto o depósito da Revelação divina»; e estende-se também a todos os elementos de doutrina, mesmo moral, sem os quais as verdades salvíficas da fé não podem ser guardadas, expostas e observadas.»

Portanto, da mesma forma em que dizemos que seguimos a nossa consciência em relação à contracepção, também a seguimos em relação àquilo que pensamos sobre Deus (aí, desculpa que te diga, bates tudo quanto já tenho visto, pela forma intransigente como o defendes), sobre o aborto, sobre a Eucaristia, sobre a Ressurreição, sobre a Salvação, etc.. Como "todos os elementos de doutrina, mesmo moral" fazem parte do carisma infalível da Igreja, há que nos considerarmos em falta sempre que não lhe correspondermos com o assentimento filial a que somos chamados por Deus.

Caso contrário, em vez de dizermos à nossa consciência "deixa cá ver o que diz a Igreja", dizemos-lhe "o que é eu me digo sobre isto"? A dada altura, temos de nos perguntar em que é que acreditamos: se somos católicos ou se vamos inventando a nossa fé à medida que vamos pensando nisso. É que esta última posição não tem nada, mas nada, de "católica". O relativismo é caminho vedado a um católico, por sua livre decisão, ao assumir-se católico, de tomar a Igreja como Mãe e Mestra, sendo que tudo o que nos é difícil perceber não impede que nos sintamos impelidos a agir segundo o que a Igreja ensina, como assentimento filial de alguém que sabemos só querer o melhor para nós. Há que admitir que não estamos a lidar com doutrinas meramente humanas, como todas as outras fora da Igreja.

Admitimos então, que o esclarecimento completo da consciência através do estudo e da reflexão ponderada, a oração intensa e o testemunho da autoridade do Magistério nos orientam necessariamente para que a nossa consciência, em verdade, não consiga encontrar razões sérias para não corresponder ao que Deus e a Igreja esperam de si. Ainda na situação absolutamente excepcional de se verem forçados a recorrer aos contraceptivos, os casais não deixarão de reconhecer que estão a pecar, assumindo a necessidade da reconciliação.

A propósito do relativismo moral e da verdade como sendo a própria técnica, legitimando o homem a ser imagem daquilo que quer e não d'Aquele de que a é, Deus, o Cardeal Joseph Ratzinger diz, ainda na obra citada:

«A renúncia em admitir a possibilidade de o homem reconhecer a verdade, conduz, em primeiro lugar, a um uso puramente formalista das palavras e dos conceitos. Por sua vez, a perda dos conteúdos traz um mero formalismo de juízos(...). (...)
Atingimos assim o ponto verdadeiramente escaldante: quando os conteúdos já não contam, quando há o predomínio de uma mera praxologia, a técnica passa a ser o critério supremo. Mas isto significa que o poder se torna a categoria que domina todas as coisas, seja ele revolucionário ou reaccionário. Esta é precisamente a forma perversa da semelhança com Deus, de que fala o relato do pecado original: o caminho da mera capacidade técnica, o caminho do puro poder é contrafacção de um ídolo e não realização da semelhança com Deus. O específico do homem enquanto homem consiste na sua interrogação, não sobre o «poder», mas sobre o «dever», na sua abertura à voz da verdade e das suas exigências. (...) [E]ste é também o sentido mais profundo do testemunho de todos os mártires: atestam a capacidade de verdade do homem como limite de todo o poder e garantia da semelhança divina. É precisamente neste sentido que os mártires são as grandes testemunhas da consciência, da capacidade concedida ao homem de perceber, além do poder, também o dever e, portanto, de abrir o caminho ao progresso, à verdadeira ascensão.»

Os mártires cristãos são as testemunhas da verdade: manifestam com a sua fidelidade incondicional a veracidade e plenitude daquilo em que acreditam. Devemos em verdade afirmar que o objectivo da vida em Cristo é a santidade plena. Mas, perguntar-se-á, como é que isto nos será possível?

O Papa João XXIII, na Encíclica Mater et Magistra, expôs o seguinte, acerca da generalidade dos problemas que nos afectam:

«188. Além disso, Deus, na sua bondade e sabedoria, espalhou pela natureza recursos inesgotáveis e deu aos homens inteligência e génio capazes de inventar os instrumentos aptos para com eles se poderem encontrar os bens necessários à vida. Por isso, a solução fundamental do problema não deve procurar-se em expedientes que ofendem a ordem moral estabelecida por Deus e atacam os próprios mananciais da vida humana, mas num renovado esforço científico e técnico, por parte do homem, no sentido de aperfeiçoar e estender cada vez mais o seu domínio sobre a natureza. Os progressos já realizados pelas ciências e técnicas abrem, nesta direção, horizontes ilimitados.

192. Temos de proclamar solenemente que a vida humana deve ser transmitida por meio da família, fundada no matrimónio uno e indissolúvel, elevado para os cristãos à dignidade de sacramento. A transmissão da vida humana foi confiada pela natureza a um acto pessoal e consciente, sujeito, como tal, às leis sapientíssimas de Deus: leis invioláveis e imutáveis, que é preciso acatar e observar. Por isso, não se podem usar aqui meios, nem seguir métodos, que serão lícitos quando se tratar da transmissão da vida nas plantas e nos animais.

198. A providência de Deus concede ao género humano meios suficientes para resolver dignamente os múltiplos e delicados problemas da transmissão da vida; mas estes problemas podem tornar-se difíceis ou até insolúveis porque os homens, desencaminhados na inteligência ou pervertidos na vontade, se valem desses meios contra a razão, isto é, para fins que não correspondem à sua própria natureza social nem aos planos da Providência.

214. Portanto, qualquer que seja o progresso técnico e económico, não haverá no mundo justiça nem paz, enquanto os homens não tornarem a sentir a dignidade de criaturas e de filhos de Deus, primeira e última razão de ser de toda a criação. O homem, separado de Deus, torna-se desumano consigo mesmo e com os seus semelhantes, porque as relações bem ordenadas entre homens pressupõem relações bem ordenadas da consciência pessoal com Deus, fonte de verdade, de justiça e de amor.

219. Deste princípio básico, que defende a dignidade sagrada da pessoa, o magistério da Igreja, com a colaboração de sacerdotes e leigos competentes, formulou, especialmente neste último século, uma doutrina social. Esta indica com clareza o caminho seguro que leva ao restabelecimento das relações de convivência social segundo critérios universais correspondentes à natureza, aos diversos âmbitos de ordem temporal, e às características da sociedade contemporânea, e precisamente por isto, aceitáveis por todos.

260. Trata-se da doutrina da Igreja católica e apostólica, mãe e mestra de todas as gentes, cuja luz ilumina e abrasa; cuja voz, ao ensinar cheia de sabedoria celestial, pertence a todos os tempos; cuja virtude oferece sempre remédios eficazes, susceptíveis de trazerem solução para as crescentes necessidades dos homens, para as angústias e aflições desta vida. A esta voz, une-se, em perfeita harmonia, a voz antiquíssima do Salmista, que sem descanso conforta e alenta as nossas almas: "Vou ouvir o que Iahweh Deus diz, porque ele fala de paz ao seu povo e seus fiéis, para que não voltem à insensatez. Sua salvação está próxima dos que o temem, e a Glória habitará em nossa terra. Amor e Verdade se encontram, Justiça e Paz se abraçam; da terra germinará a Verdade, e a Justiça se inclinará do céu. O próprio Iahweh dará a felicidade, e a nossa terra dará seu fruto. A Justiça caminhará à sua frente e com seus passos traçará um caminho (Sl 84(85),9-14).»

Como se cita tanto o 50 da Gaudium et spes, deixa-me cá acrescentar algumas linhas desse mesmo número:

«No seu modo de proceder, tenham os esposos consciência de que não podem agir arbitráriamente, mas que sempre se devem guiar pela consciência, que se deve conformar com a lei divina, e ser dóceis ao magistério da Igreja, que autenticamente a interpreta à luz do Evangelho. Essa lei divina manifesta a plena significação do amor conjugal, protege-o e estimula-o para a sua perfeição autenticamente humana. Assim, os esposos cristãos, confiados na divina Providência e cultivando o espírito de sacrifício (1 Cor 7,5), dão glória ao Criador e caminham para a perfeição em Cristo quando se desempenham do seu dever de procriar com responsabilidade generosa, humana e cristã.»

Hás-de indicar-me também na Bíblia onde é que se fala no recurso da "obediência à consciência"... Não, fala-se sempre em obedecer a Deus, à sua Palavra, à Igreja, e isso não quer dizer na "obediência" que preferencialmente "damos" ao padre nem mesmo à Conferência Episcopal mais liberal que se encontrar, pois é a Tradição Sagrada da Igreja que conta e não alíneas "excepcionais". Afinal de contas, para quem o faz, é o sexo que fala mais alto e "quero lá saber do que a Igreja tem a dizer"... Daqui nascem todas as reivindicações, nada santas, que os leigos fazem à Igreja. Daqui parte toda a dissensão actual ocorrida principalmente após a Humanae Vitae, cujos ensinamentos continuam a ser adulterados para, aparentemente, não querer atrapalhar os fiéis.

Cita-se os episcopados "alemão, austríaco, canadiano, inglês, japonês e americano": não me quero referir à profunda secularização que se regista nesses países e que exigiria desses episcopados tais pronunciamentos contingentes. Aliás, o facto de serem países desenvolvidos com generalizadas políticas abortistas também é suspeito... Mas a ambiguidade e contingência, bem como o propósito excepcional desses pronunciamentos ficam mais esclarecidos quando, «[e]m "Human Life in Our Day" ("A vida humana em nosso tempo"), os bispos dos Estados Unidos descreveram a encíclica [Familiaris Consortio] de João Paulo II como "uma defesa da vida e do amor, uma defesa que desafia o espírito dominante dos tempos" (n. 27). Os bispos prosseguem, afirmando: "Ela apresenta sem ambiguidade, sem dúvida ou hesitação, a doutrina autêntica da Igreja em relação ao mal objectivo desta contracepção que fecha o acto matrimonial à transmissão da vida, tornando-o deliberadamente infrutífero" (n. 28).» (in OVERBERG, Kenneth R., "Consciência em Conflito", Ed. Paulus, 1999)

Além disso, vê-se patente naqueles anteriores pronunciamentos a falta de fundamento que se verifica no recurso à "consciência individual" como a única saída possível depois de a Igreja, na Humanae Vitae se ter pronunciado desta forma:

«14. Em conformidade com estes pontos essenciais da visão humana e cristã do matrimónio, devemos, uma vez mais, declarar que é absolutamente de excluir, como via legítima para a regulação dos nascimentos, a interrupção directa do processo generativo já iniciado, e, sobretudo, o aborto querido directamente e procurado, mesmo por razões terapêuticas.

É de excluir de igual modo, como o Magistério da Igreja repetidamente declarou, a esterilização directa, quer perpétua quer temporária, tanto do homem como da mulher.

É, ainda, de excluir toda a acção que, ou em previsão do acto conjugal, ou durante a sua realização, ou também durante o desenvolvimento das suas consequências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar impossível a procriação.

Não se podem invocar, como razões válidas, para a justificação dos actos conjugais tornados intencionalmente infecundos, o mal menor, ou o facto de que tais actos constituiriam um todo com os actos fecundos, que foram realizados ou que depois se sucederam, e que, portanto, compartilhariam da única e idêntica bondade moral dos mesmos. Na verdade, se é lícito, algumas vezes, tolerar o mal menor para evitar um mal maior, ou para promover um bem superior, nunca é lícito, nem sequer por razões gravíssimas, fazer o mal, para que daí provenha o bem; isto é, ter como objecto de um acto positivo da vontade aquilo que é intrinsecamente desordenado e, portanto, indigno da pessoa humana, mesmo se for praticado com intenção de salvaguardar ou promover bens individuais, familiares, ou sociais. É um erro, por conseguinte, pensar que um acto conjugal, tornado voluntariamente infecundo, e por isso intrinsecamente desonesto, possa ser coonestado pelo conjunto de uma vida conjugal fecunda.»

Sendo assim, não faz sentido colocar tanto ênfase nas excepções, que, ao ocorrerem, devem ser tratadas pontual e localmente com os padres e os serviços diocesanos de pastoral familiar e de defesa da vida. Não se justifica de modo nenhum uma tão grande afirmação de "liberdade de consciência". Porque não se vai antes ler a Encíclica Veritatis Splendor, de João Paulo II, para encontrar as razões pelas quais se deve responder filialmente a tudo quanto a Igreja propõe? Deveria ser este o caminho apontado para um recto esclarecimento da consciência, que de contrário seria abandonada à inevitabilidade de solucionar da forma mais "prática", individualista e imediata uma situação que se toma, insconciente e ignorantemente, como moralmente irrelevante e arbitrária. Por vezes até justificada pela positiva por noções abstractas e já contrariadas pela Igreja como a do "bem maior/mal menor"...

O único caso legítimo que se levanta em todos os argumentos colocados é o da incapacidade séria de usar os métodos naturais, tendo também sérias limitações para ter um outro filho. Ora bem, tudo isto é pessoal. Para já, porque o discernimento sobre se há condições ou não para ter um outro filho é complicado, tendo em conta a eugenia que aí se forma. Depois, porque o estado de saúde do casal pode seriamente comprometer o uso dos métodos. Em tudo isto há a necessidade de que a decisão do casal seja acompanhada particularmente pela Igreja, a quem o casal recorre quando verifica estar em falta para com o plano divino que lhe é proposto.

Resta ressalvar que a estirilidade, não querida nem procurada pelo casal, não constitui uma "excepção" a estes casos. Dizer isso é, mais uma vez, consequência de uma falta de preparação filosófica a lidar com assuntos de teologia moral. Como diz ainda o mesmo ponto da Gaudium et spes citado anteriormente:

«No entanto, o matrimónio não foi instituído só em ordem à procriação da prole. A própria natureza da aliança indissolúvel entre as pessoas e o bem da prole exigem que o mútuo amor dos esposos se exprima convenientemente, aumente e chegue à maturidade. E por isso, mesmo que faltem os filhos, tantas vezes ardentemente desejados, o matrimónio conserva o seu valor e indissolubilidade, como comunidade e comunhão de toda a vida.»

E ainda da Humanae Vitae:

«11. Estes actos, com os quais os esposos se unem em casta intimidade e através dos quais se transmite a vida humana, são, como recordou o recente Concílio, "honestos e dignos" (Gaudium et spes, n. 49); e não deixam de ser legítimos se, por causas independentes da vontade dos cônjuges, se prevê que vão ser infecundos, pois que permanecem destinados a exprimir e a consolidar a sua união. De facto, como o atesta a experiência, não se segue sempre uma nova vida a cada um dos actos conjugais. Deus dispôs com sabedoria leis e ritmos naturais de fecundidade, que já por si mesmos distanciam o suceder-se dos nascimentos. Mas, chamando a atenção dos homens para a observância das normas da lei natural, interpretada pela sua doutrina constante, a Igreja ensina que qualquer acto matrimonial deve permanecer aberto à transmissão da vida.»

Continuando a Gaudium et spes, diz definitivamente:

«51. O Concílio não ignora que os esposos, na sua vontade de conduzir harmònicamente a própria vida conjugal, encontram frequentes dificuldades em certas circunstâncias da vida actual; (...) a Igreja recorda que não pode haver verdadeira incompatibilidade entre as leis divinas que regem a transmissão da vida e o desenvolvimento do autêntico amor conjugal. (...) [O]s mesmos actos específicos da vida conjugal, realizados segundo a autêntica dignidade humana, devem ser objecto de grande respeito. Quando se trata, portanto, de conciliar o amor conjugal com a transmissão responsável da vida, a moralidade do comportamento não depende apenas da sinceridade da intenção e da apreciação dos motivos; deve também determinar-se por critérios objectivos, tomados da natureza da pessoa e dos seus actos; critérios que respeitem, num contexto de autêntico amor, o sentido da mútua doação e da procriação humana. Tudo isto só é possível se se cultivar sinceramente a virtude da castidade conjugal. Segundo estes princípios, não é lícito aos filhos da Igreja adoptar, na regulação dos nascimentos, caminhos que o magistério, explicitando a lei divina, reprova» [cf. bibliografia na nota n.º 14 - estes ensinamentos foram reestabelecidos precisamente na Humanae Vitae, numa altura em que certas mentalidades dissidentes, que já esperavam uma revogação desta doutrina moral, se revoltaram totalmente contra a autoridade da própria Igreja].

E ainda se faz, como sempre, um apelo a que se investigue e se domine correctamente as leis da natureza:

«52. (...) Os cientistas, particularmente os especialistas nas ciências biológicas, médicas, sociais e psicológicas, podem prestar um grande serviço para bem do matrimónio e da família se, juntando os seus esforços, procurarem esclarecer mais profundamente as condições que favorecem a honesta regulação da procriação humana.»

E para conclusão, da Humanae Vitae:

"16. Contra estes ensinamentos da Igreja, sobre a moral conjugal, objecta-se hoje, como já fizemos notar mais acima (n. 3), que é prerrogativa da inteligência humana dominar as energias proporcionadas pela natureza irracional e orientá-las para um fim conforme com o bem do homem. Ora, sendo assim, perguntam-se alguns, se actualmente não será talvez razoável em muitas circunstâncias recorrer à regulação artificial dos nascimentos, uma vez que, com isso, se obtém a harmonia e a tranquilidade da família e melhores condições para a educação dos filhos já nascidos. A este quesito é necessário responder com clareza: a Igreja é a primeira a elogiar e a recomendar a intervenção da inteligência, numa obra que tão de perto associa a criatura racional com o seu Criador; mas, afirma também que isso se deve fazer respeitando sempre a ordem estabelecida por Deus.

Se, portanto, existem motivos sérios para distanciar os nascimentos, que derivem ou das condições físicas ou psicológicas dos cônjuges, ou de circunstâncias exteriores, a Igreja ensina que então é lícito ter em conta os ritmos naturais imanentes às funções geradoras, para usar do matrimónio só nos períodos infecundos e, deste modo, regular a natalidade, sem ofender os princípios morais que acabamos de recordar.

A Igreja é coerente consigo própria, quando assim considera lícito o recurso aos períodos infecundos, ao mesmo tempo que condena sempre como ilícito o uso dos meios directamente contrários à fecundação, mesmo que tal uso seja inspirado em razões que podem aparecer honestas e sérias. Na realidade, entre os dois casos existe uma diferença essencial: no primeiro, os cônjuges usufruem legitimamente de uma disposição natural; enquanto que no segundo, eles impedem o desenvolvimento dos processos naturais. É verdade que em ambos os casos os cônjuges estão de acordo na vontade positiva de evitar a prole, por razões plausíveis, procurando ter a segurança de que ela não virá; mas, é verdade também que, somente no primeiro caso eles sabem renunciar ao uso do matrimónio nos períodos fecundos, quando, por motivos justos, a procriação não é desejável, dele usando depois nos períodos agenésicos, como manifestação de afecto e como salvaguarda da fidelidade mútua.

Procedendo assim, eles dão prova de amor verdadeira e integralmente honesto.

18. É de prever que estes ensinamentos não serão, talvez, acolhidos por todos facilmente: são muitas as vozes, amplificadas pelos meios modernos de propaganda, que estão em contraste com a da Igreja. A bem dizer a verdade, esta não se surpreende de ser, à semelhança do seu divino fundador, "objecto de contradição" (cf. Lc 2,34); mas, nem por isso ela deixa de proclamar, com humilde firmeza, a lei moral toda, tanto a natural como a evangélica.

A Igreja não foi a autora dessa lei e não pode portanto ser árbitra da mesma; mas, somente depositária e intérprete, sem nunca poder declarar lícito aquilo que o não é, pela sua íntima e imutável oposição ao verdadeiro bem comum do homem.

Ao defender a moral conjugal na sua integridade, a Igreja sabe que está contribuindo para a instauração de uma civilização verdadeiramente humana; ela compromete o homem para que este não abdique da própria responsabilidade, para submeter-se aos meios da técnica; mais, ela defende com isso a dignidade dos cônjuges. Fiel aos ensinamentos e ao exemplo do Salvador, ela mostra-se amiga sincera e desinteressada dos homens, aos quais quer ajudar, agora já, no seu itinerário terrestre, "a participarem como filhos na vida do Deus vivo, Pai de todos os homens".

20. A doutrina da Igreja sobre a regulação dos nascimentos, que promulga a lei divina, parecerá, aos olhos de muitos, de difícil, ou mesmo de impossível actuação. Certamente que, como todas as realidades grandiosas e benéficas, ela exige um empenho sério e muitos esforços, individuais, familiares e sociais. Mais ainda: ela não seria de facto viável sem o auxílio de Deus, que apoia e corrobora a boa vontade dos homens. Mas, para quem reflectir bem, não poderá deixar de aparecer como evidente que tais esforços são nobilitantes para o homem e benéficos para a comunidade humana.

21. Uma prática honesta da regulação da natalidade exige, acima de tudo, que os esposos adquiram sólidas convicções acerca dos valores da vida e da família e que tendam a alcançar um perfeito domínio de si mesmos. O domínio do instinto, mediante a razão e a vontade livre, impõe, indubitavelmente, uma ascese, para que as manifestações afectivas da vida conjugal sejam conformes com a ordem recta e, em particular, concretiza-se essa ascese na observância da continência periódica. Mas, esta disciplina, própria da pureza dos esposos, longe de ser nociva ao amor conjugal, confere-lhe pelo contrário um valor humano bem mais elevado. Requer um esforço contínuo, mas, graças ao seu benéfico influxo, os cônjuges desenvolvem integralmente a sua personalidade, enriquecendo-se de valores espirituais: ela acarreta à vida familiar frutos de serenidade e de paz e facilita a solução de outros problemas; favorece as atenções dos cônjuges, um para com o outro, ajuda-os a extirpar o egoísmo, inimigo do verdadeiro amor e enraíza-os no seu sentido de responsabilidade no cumprimento de seus deveres. Além disso, os pais adquirem com ela a capacidade de uma influência mais profunda e eficaz para educarem os filhos; as crianças e a juventude crescem numa estima exacta dos valores humanos e num desenvolvimento sereno e harmónico das suas faculdades espirituais e sensitivas."


Posto isto, o que é que vemos, objectivamente, a ser praticado? Quantos entre os católicos que realmente têm condições para procriar usam contraceptivos indiscriminadamente, além de estarem realmente aptos a usar os métodos naturais? É a subversão completa do ensino da Igreja, camuflado de "legítima excepção"!! É uma desgraça, esta situação. Uma excepção representa sempre, pela própria natureza do termo, a mais baixa proporção, o resíduo que confirma a regra. Mas o que é que vemos como regra? Pílula, DIU, preservativo e estirilização!! Não há que nos enganarmos a nós próprios nem andar a mentir sobre isto: os resultados são óbvios.

Acabemos com as previsões de Paulo VI na mesma Humanae Vitae, e perguntem-se honestamente se Sua Santidade não teria razão quando enunciou o seguinte, há 35 anos atrás:

«17. Os homens rectos poderão convencer-se ainda mais da fundamentação da doutrina da Igreja neste campo, se quiserem reflectir nas consequências dos métodos da regulação artificial da natalidade. Considerem, antes de mais, o caminho amplo e fácil que tais métodos abririam à infidelidade conjugal e à degradação da moralidade. Não é preciso ter muita experiência para conhecer a fraqueza humana e para compreender que os homens - os jovens especialmente, tão vulneráveis neste ponto - precisam de estímulo para serem féis à lei moral e não se lhes deve proporcionar qualquer meio fácil para eles eludirem a sua observância. É ainda de recear que o homem, habituando-se ao uso das práticas anticoncepcionais, acabe por perder o respeito pela mulher e, sem se preocupar mais com o equilíbrio físico e psicológico dela, chegue a considerá-la como simples instrumento de prazer egoísta e não mais como a sua companheira, respeitada e amada.

Pense-se ainda seriamente na arma perigosa que se viria a pôr nas mãos de autoridades públicas, pouco preocupadas com exigências morais. Quem poderia reprovar a um governo o facto de ele aplicar à solução dos problemas da colectividade aquilo que viesse a ser reconhecido como lícito aos cônjuges para a solução de um problema familiar? Quem impediria os governantes de favorecerem e até mesmo de imporem às suas populações, se o julgassem necessário, o método de contracepção que eles reputassem mais eficaz? Deste modo, os homens, querendo evitar dificuldades individuais, familiares, ou sociais, que se verificam na observância da lei divina, acabariam por deixar à mercê da intervenção das autoridades públicas o sector mais pessoal e mais reservado da intimidade conjugal.

Portanto, se não se quer expor ao arbítrio dos homens a missão de gerar a vida, devem-se reconhecer necessariamente limites intransponíveis no domínio do homem sobre o próprio corpo e as suas funções; limites que a nenhum homem, seja ele simples cidadão privado, ou investido de autoridade, é lícito ultrapassar. E esses mesmos limites não podem ser determinados senão pelo respeito devido à integridade do organismo humano e das suas funções naturais, segundo os princípios acima recordados e segundo a reta inteligência do "princípio de totalidade", ilustrado pelo nosso predecessor Pio XII.»

Divórcios (casamentos falseados devido à falta de fidelidade/castidade), pedofilias, clonagem, soa-vos familiar? Sem comentários...

Mas fiquei curioso: será que reparaste que o método MAIS eficaz de todos os citados por esse estudo (tirando a loucura auto-mutiladora da estirilização), é precisamente um natural (MAO/Sinto-térmico)?? Em que é que ficas, afinal? Reconheces finalmente que estavas REDONDAMENTE enganada na tua consideração de que os métodos naturais seriam "ineficazes" e que até "promoveriam o aborto"?

Sobram ainda alguns argumentos ao católico que insista no uso da contracepção? Se alguém pensar que sim, gostaria de os ouvir.

João

Re: A NOVA revolução sexual: ABSTINÊNCIA!
Escrito por: ana (IP registado)
Data: 13 de February de 2003 17:33

Um bom argumento:

morrer devido a gravidez.

Re: A NOVA revolução sexual: ABSTINÊNCIA!
Escrito por: ana (IP registado)
Data: 13 de February de 2003 18:32

Doutrina católica sobre fidelidade favorece epidemia, afirma teóloga

Tese de mestrado indica que ensinamentos ignoram a realidade vivida pelas mulheres

Vidal Cavalcante/AE
Painel na Av. Paulista, patrocinado por católicos, contraria Vaticano

ROLDÃO ARRUDA

A maneira pela qual a Igreja trata de temas como família e fidelidade pode estar contribuindo para a difusão da aids entre mulheres.
Essa é a idéia central de uma tese de mestrado que acaba de ser aprovada, com elogios, no Departamento de Ciências da Religião, da PUC de São Paulo.

De acordo com sua autora, a teóloga e filósofa Yury Puello Orozco, os doutrinadores católicos continuam insistindo num modelo de relação conjugal romântico, distante da realidade. Também idealizam a família como um lugar sagrado, harmonioso, ignorando o que de fato ocorre na maioria dos lares.

Os ensinamentos religiosos, segundo Yury, têm maior acolhida entre as mulheres. Por isso, muitas nem imaginam a hipótese de dialogar com seus companheiros a respeito de infidelidade ou uso de preservativos. Acabam sendo infectadas no ambiente familiar.

A base do estudo são entrevistas com mulheres católicas infectadas, feitas em ambulatórios médicos. Uma delas, identificada como Débora, de 39 anos, disse: "Na frente do altar, quando fiz as promessas, de amá-lo, respeitá-lo, levei muito a sério e sempre respeitei, mesmo nas piores fases da vida.

Achei que ele faria o mesmo."

Outra entrevistada, Raquel, de 26 anos, observou: "Quando o padre fala sobre fidelidade, as mulheres põem na cabeça: olha, tem de ser fiel. Mas, os homens, não." Por outro lado, a teóloga verificou que, quando descobrem a doença, as mulheres encontram conforto principalmente na fé religiosa.

Noemi, outra infectada, de 28 anos, disse: "A religião faz bem, a gente tem de se pegar em Deus."

Na opinião da teóloga, a Igreja precisa adequar seu discurso à realidade.

"Não se trata de questionar os valores, mas ficar mais atenta àquilo que está acontecendo nas famílias."

Yury faz parte do grupo Católicas pelo Direito de Decidir, que defende abertamente o uso de preservativos. Em São Paulo, a entidade celebra o Dia Mundial de Luta contra a aids com a divulgação, em dois painéis eletrônicos, da seguinte: "Use camisinha sem culpa."


Contra - A campanha do grupo de mulheres contraria as orientações da Igreja. Ontem, no Vaticano, o arcebispo Javier Barragan, presidente do Conselho Pontifício para os Trabalhadores na Saúde, voltou a condenar o uso da camisinha.

Re: A NOVA revolução sexual: ABSTINÊNCIA!
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 14 de February de 2003 15:16


Cara Ana, essa não serve de justificação para a contracepção, mas para o aborto. Só se sabe que vai realmente morrer devido a gravidez quando já se entrou nela: antes só se pode "suspeitar", e mesmo já dentro da gravidez, nunca se tem a certeza.

Mas de qualquer forma, isso não o justifica...! Isso não deixa de considerar os contraceptivos como algo mau.

Quanto à citação que fazes, verifica-se a forma confusa, estúpida e maldosa com que se encara a doutrina da Igreja. Vejamos...

Diz-se que a Igreja, ensinando a vivência romântica da sexualidade (na realidade é muito mais do que isso: é a verdade sobre o amor que nos plenifica) se afasta da "realidade". Mas o que se quer dizer com isso? Que a Igreja se deve conformar com o que as mentalidades hodiernas "podem" dar? A Igreja deve sujeitar-se aos abusos que as mulheres continuam a sofrer dentro de casa, não podendo sequer dialogar com os maridos sobre, por exemplo, a hipótese, mais favorável para elas, de utilização de métodos naturais de planeamento familiar?

Este tipo de conversa é uma parvoíce sem ponta por onde se lhe pegue. Falamos de infidelidade por parte dos maridos e a solução apresentada é o preservativo?? FAÇAM O FAVOR DE PENSAR UM BOCADINHO!! O que resolve a questão é a fidelidade e castidade conjugal, é isso que deve ser promovido.

"Católicas pelo Direito de Decidir" - pelo aborto também, certamente.

João

Re: A NOVA revolução sexual: ABSTINÊNCIA!
Escrito por: tripeiro (IP registado)
Data: 14 de February de 2003 19:03

"Só se sabe que vai realmente morrer devido a gravidez quando já se entrou nela: antes só se pode "suspeitar", e mesmo já dentro da gravidez, nunca se tem a certeza."


Errado. Pode-se ter a cxerteza que não se quer engravidar porque se corre risco de vida.


Estás a defender o aborto terapêutico e a dizer que é amis lícito e aceitável do qu a contracepção?

Bem digo eu que és próaborto... porque não te assumes?


ana

Re: A NOVA revolução sexual: ABSTINÊNCIA!
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 20 de February de 2003 09:47


Ana, se o que queres dizer é que os contraceptivos se justificam devido a risco grave se acontecer a gravidez, isso não se coloca com os métodos modernos de planeamento familiar natural, que são tão ou mais eficazes que os contraceptivos. Logo, não existe qualquer relação directa entre dizer não aos contraceptivos (e desenvolver uma educação integral da sexualidade) e o aumento do aborto. De facto, todos os estudos demonstram que é o aumento do uso de contraceptivos que aumenta a necessidade do embotamento das consciências para o "desenrascanço" da legalização do aborto...

A não ser que digas que precisamos de contraceptivos para os meninos (e muitos "graúdos" imaturos) que queiram ter sexo fora do casamento... O que seria dizer também que precisaríamos de aborto para quando os contraceptivos falham, pois não haveria estrutura para ficar com a criança...

As contínuas confusões que fazes e a forma como baralhas as coisas dá testemunho de uma consciência bastante incerta e duvidosa...

João

Re: A NOVA revolução sexual: ABSTINÊNCIA!
Escrito por: ana paula (IP registado)
Data: 20 de February de 2003 15:05



Aquilo a que chamas métodos modernos têm mais de cinquenta anos. Alguns têm milénios.
Os métodos ditos naturasi estão "absolutamente contraindicados" quando se deseja em absoluto evitar uma gravidez, nomeadamente por riscode voda da mãe. E estão em absoluto contraindicados por causa da sua baixa fiabilidade.

Quanto ás tuas considerações proabortistas, nada mais há a Acrescentar. mas devias ser mais coerente e afirmares que é preferível um aborto terapêutico do que uma contracepção eficaz.

As contínuas confusões que fazes e a forma como baralhas as coisas dá testemunho de uma consciência bastante incerta e duvidosa...



ana

Re: A NOVA revolução sexual: ABSTINÊNCIA!
Escrito por: ana paula (IP registado)
Data: 20 de February de 2003 16:43

"Logo, não existe qualquer relação directa entre dizer não aos contraceptivos ( desenvolver uma educação integral da sexualidade) e o aumento do aborto".

Apenas um estudo que demostra o contrário... E precisamente no Brasil...


"Determinantes do aborto provocado entre mulheres admitidas em hospitais em localidade da região Nordeste do Brasil*
Determinants of iduced abortion among poor women admitted to hospitals in locality of the region northeast Brazil

Walter Fonseca, Chizuru Misago, Luciano L. Correia, João A. M. Parente, Francisco Chagas Oliveira

Departamento de Saúde Comunitária, Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, CE - Brasil (W.F., L.L.C.); Maternal and Child Epidemiology Unit. London School of Higiene and Tropical Medicine, UK (C.M.); Hospital Geral César Cals. Fortaleza, CE - Brasil (J.A.M.P.); Maternidade Escola Assis Chateaubriand da Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, CE - Brasil (F.C.O.)






RESUMO

Com o objetivo de identificar os determinantes do aborto provocado entre mulheres admitidas por complicações decorrentes dos abortos, nos hospitais-maternidades públicos em Fortaleza, CE (Brasil) foram entrevistadas 4.359 pacientes entre 1o de outubro de 1992 e 30 de setembro de 1993. Os dados foram coletados através de questionário estruturado. São apresentados os determinantes dos abortos provocados em 2.084 (48%) mulheres classificadas como tendo induzido aborto. Dois terços (66%) das mulheres relataram a indução do aborto com o uso isolado do Cytotec(R) (misoprostol) ou associado a outro meio abortivo.


Os resultados indicam que, na população estudada, a indução do aborto é prática comum entre jovens, solteiras (ou que vivem sem um parceiro estável), de baixa paridade, com escolaridade incipiente e não-usuárias de métodos contraceptivos.

A maioria (61,1%) não usava qualquer método contraceptivo na época da concepção. Somente uma reduzida proporção (5,3%) de mulheres solteiras, ou sem um parceiro estável, referiu o uso de preservativos.

As razões citadas mais freqüentemente para o não uso de algum método anticonceptivo foram o "descuido" (18,3%), "não esperava ter relações sexuais" (18,3%), "pensava não haver risco de engravidar (13,8%), e "medo de efeitos colaterais" (22,2%). A indisponibilidade de métodos contraceptivos foi mencionado por apenas 8% das mulheres. Um amplo estudo no Nordeste do Brasil constatou que 35,7% das mulheres em idade reprodutiva usavam métodos anticonceptivos modernos, sendo o mais prevalente (68,9%) a laqueadura tubária. A maioria das mulheres esterilizadas tinha idade entre 25 e 44 anos (81,4%) e três ou mais crianças vivas (77,7%)2.
Assim, é esperado que uma elevada proporção de mulheres com idade superior a 25 anos e com alta paridade não esteja incluída na população do presente estudo.

A maioria das mulheres não empregava qualquer método de planejamento familiar durante o mês da concepção, sendo que destas 40,5% não esperavam ter relações sexuais ou receavam efeitos adversos dos métodos anticonceptivos. Assim, o preservativo poderia ser um método de uso bastante apropriado nesses casos, como também naqueles em que as mulheres não têm parceiros estáveis. Adicionalmente à prevenção da gravidez indesejada, o uso do preservativo poderia contribuir para a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, incluindo a AIDS.

Em conclusão, os resultados indicam que, na população estudada, a auto-administração de drogas com efeitos abortivos (principalmente o misoprostol) desempenha uma importante função no término da gravidez. A maioria das mulheres que busca cuidados hospitalares por complicações de aborto provocado tende a ser jovem, sem um parceiro estável, de baixa paridade, com escolaridade incipiente e não-usuária habitual de métodos contraceptivos. Relatos de abortos provocados prévios entre os casos de aborto estudados não foram incomuns. Estes achados apóiam a hipótese de que a prática de indução do aborto é utilizada por mulheres brasileiras pobres como uma forma de controlar sua fertilidade. A falta de conhecimento e/ou dificuldade na obtenção dos métodos de planejamento familiar, associados à ampla disponibilidade de uma droga abortiva pode ser uma das prováveis explicações para esta tendência.

Estudos mais detalhados seriam necessários para esclarecer como a prática repetida de abortos provocados afeta a saúde das mulheres. Particularmente importantes seriam estudos qualitativos sobre conhecimentos relacionados a percepções e conceitos culturais do aborto, e às razões por que a população feminina pobre fracassa na adoção dos métodos modernos de planejamento familiar.
Recomenda-se a realização de estudos que investiguem os conhecimentos relacionados a percepções, conceitos culturais do aborto, e às razões por que mulheres pobres fracassam na adoção de métodos de planejamento familiar.




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. BAYLEY, E.P. et al. A hospital study of illegal abortion in Bolívia. PAHO Bull., 11:27-41, 1988.

2. BEMFAM. Pesquisa sobre a Saúde Familiar no Nordeste do Brasil - 1991. Rio de Janeiro, Sociedade Civil Bem-Estar Familiar no Brasil, 1992.

3. COELHO, H.L.L. et al. Selling abortifacient over the counter in pharmacies in Fortaleza, Brazil. Lancet, 338:247, 1991.

4. COELHO, H.L.L. et al. Misoprostol and illegal abortion in Fortaleza, Brazil. Lancet, 341:1261-63, 1993.

5. COSTA, S. & VESSEY, M.P. Misoprostol and illegal abortion in Rio de Janeiro, Brazil. Lancet, 341:1258-61, 1993.

6. DOWNIE, W.W. Misuse of misoprostol. Lancet, 338:247, 1991.

7. FONSECA, W. et al. Congenital malformation of the scalp and cranium after failed first trimester abortion attempt with misoprostol. Clin. Dysmorph., 2:76-80, 1993.

8. FORTNEY, J.A. The use of hospital resources to treat incomplete abortions: examples from Latin America. Publ. Health Rep., 96:574-9, 1981.

9. GONZALES, C.H. et al. Limb deficiency with or without Mobius sequence in seven Brazilian children associated with misoprostol use in the first trimester of pregnancy. Am. J. Med. Genetics, 47:59-64, 1993.

10. MISAGO, C. et al. Características médicas do aborto provocado entre mulheres admitidas em hospitais de Fortaleza. Rev. Matern. Assis Chateaubriand, 2:9-12, 1995.

11. SCHOR, N. Investigação sobre ocorrência de aborto em pacientes de hospital de um centro urbano do Estado de São Paulo, Brasil. Rev. Saúde Pública, 24:144-51, 1990.
[ Medline ] [ Lilacs ] [ Adolec ]

12. SINGH, S. & WULF, D. Estimating abortions levels in Brazil, Colombia and Peru, using hospitals admissions and fertility survey data. Int. Fam. Plan. Persp., 17(1):8-13, 1991.



*Projeto financiado pelo Programa Especial de Pesquisas em Desenvolvimento e Treinamento em Reprodução Humana da Organização Mundial de Saúde (HRP/WHO) e pela Overseas Development Administration (Grã-Bretanha).

Correspondência para / Correspondence to:
Walter Fonseca
Departamento de Saúde Comunitária da Universidade Federal do Ceará
Rua Barbosa de Freitas, 650 - sala 402 - 60170-020 - Fortaleza, CE, Brasil.







Revista de Saúde Pública
ISSN 0034-8910 versão impressa

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Como citar este artigo


Resumo


SILVA, Cristiane Gonçalves Meireles da. O significado de fidelidade e as estratégias para prevenção da Aids entre homens casados. Rev. Saúde Pública, ago. 2002, vol.36, no.4, supl, p.40-49. ISSN 0034-8910.

OBJETIVOS: Descrever as representações sobre fidelidade e os usos do preservativo por homens casados e sugerir estratégias de redução de risco e prevenção da Aids. MÉTODOS: Dez homens casados, moradores de Americanópolis, bairro da periferia do Município de São Paulo, foram entrevistados, a partir de um roteiro semi-estruturado. Foram contatados por "bola de neve" a partir do informante chave (preferencial) identificado em pesquisa preliminar com mulheres casadas. As entrevistas foram analisadas segundo o enfoque da construção cultural da masculinidade e das representações sociais. RESULTADOS: Observou-se que o grupo estudado tinha um entendimento de que a fidelidade tornava natural para o gênero masculino não ter a esposa como única parceira sexual. Entendiam fidelidade como o respeito à parceira e o conseqüente uso da camisinha nas relações extraconjugais, que estão associadas ao risco de infecção, e que as relações sexuais com a esposa não eram perigosas porque estavam baseadas no amor e no companheirismo. Nelas, o uso do preservativo era bem-vindo apenas quando o objetivo era a contracepção, especialmente quando outro método não podia ser utilizado. CONCLUSÕES: Os homens estudados tiveram uma percepção bastante limitada da sua vulnerabilidade para Aids. Incentivar que aconteçam as relações sexuais extraconjugais com o uso do preservativo permite levar em conta as definições culturais para masculinidade. Propõe-se uma estratégia mais aceitável de redução do risco para esse grupo (e suas esposas) a curto prazo, sem deixar de pensar numa mudança mais estrutural nas relações de gênero. A camisinha deve ser estimulada também entre homens casados como forma de contracepção, associada à fidelidade e proteção da família.

Palavras-chave: Homens; Conhecimentos, atitudes e prática; Preservativos; Síndrome de imunodeficiência adquirida [prevenção]; Casamento; Comportamento sexual; Vulnerabilidade; Heterossexualidade; Fidelidade; Masculinidade; Gênero.


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Cadernos de Saúde Pública
ISSN 0102-311X versão impressa


Como citar este artigo


Resumo


ALMEIDA, Carla Cristina Lima de. Risco e saúde reprodutiva: a percepção dos homens de camadas populares. Cad. Saúde Pública, mayo/jun. 2002, vol.18, no.3, p.797-805. ISSN 0102-311X.

Os estudos desenvolvidos na saúde reprodutiva discutem, entre outras coisas, as lacunas existentes nos modelos tradicionais de pesquisa, os quais negligenciam aspectos sócio-culturais e também ético-filosóficos. Estes aspectos atravessam a definição de temas essenciais à pesquisa em saúde reprodutiva, tais como: sexualidade, reprodução e gênero. A busca da articulação entre as duas disciplinas (Ciências Sociais e Saúde Pública) ajuda a pensar como as pessoas e os grupos sociais delimitam e percebem os riscos que enfrentam. Neste estudo, analisamos a percepção de risco em saúde reprodutiva de um grupo de homens de camadas populares do Rio de Janeiro, entrevistados no âmbito de uma pesquisa sobre contracepção. Visamos identificar as situações e os contextos em que o problema emerge e o conteúdo atribuído ao mesmo. A partir desses depoimentos, é possível concluir que existe uma hierarquia de riscos entre os entrevistados, a qual é modificada dependendo de valores culturais, contextos relacionais, institucionais e sociais.

Palavras-chave: Saúde Reprodutiva; Risco; Gênero; Saúde do Adulto.


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Re: A NOVA revolução sexual: ABSTINÊNCIA!
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 10 de October de 2006 19:25

Este tópico tem estado adormecido... há mais de 3 anos, mas pode ser útil revisitá-lo, porque nele se podem respigar muitos elementos para a recente discussão sobre a Igreja e contracepção.

Alef

Re: A NOVA revolução sexual: ABSTINÊNCIA!
Escrito por: Manuel Leal (IP registado)
Data: 23 de October de 2006 12:59

Há alguém aqui no fórum que não seja padre ou freira mas ainda assim abstinente?
Alguém que nao tenha um vínculo directo com a Igreja mas que pratique a abstinência de forma consciente e ponderada - nao quero dizer que os outros não o façam.

Gostava de os ouvir.

Manuel

Re: A NOVA revolução sexual: ABSTINÊNCIA!
Escrito por: Rita* (IP registado)
Data: 23 de October de 2006 13:21

As pessoas do fórum iam contar a vida privada deles? lolol

Mas há muito boa gente no mundo...ontem fui tomar café com 2 senhoras, uma amiga minha e outra que é casada, o marido desta teve um AVC e encontra-se muito mal já há vários anos. Esta senhora, era só cuidar do marido e pouco saie. Porém a minha amiga, está a tentar tira-la de casa...
Achas que esta senhora, não faz abstinência? Uma senhora de 47 anos e conheço mais uma senhora portuguesa como esta! Tenho a certeza que estas senhoras fazem abstinência.

Re: A NOVA revolução sexual: ABSTINÊNCIA!
Escrito por: Manuel Leal (IP registado)
Data: 23 de October de 2006 14:58

Certo.
Mas isso é uma abstinência forçada e não uma opção consciente. Não ter sexo simplesmente porque não se quer é diferente de abdicar do sexo porque não se pode - motivos de saúde, neste caso.

Alguém que é abstinente porque quer pode mesmo orgulhar-se disso. Nesse caso não há por que escondê-lo. Ou há?

Manuel

Re: A NOVA revolução sexual: ABSTINÊNCIA!
Escrito por: Rita* (IP registado)
Data: 23 de October de 2006 17:00

Os Jovens por exemplo, devem sentir-se orgulhosos!

Re: A NOVA revolução sexual: ABSTINÊNCIA!
Escrito por: Diogo Taveira (IP registado)
Data: 23 de October de 2006 21:47

Rita, posso contrariar-te?
Muita malta da minha idade já anda aí nas curvas da vida. E mais, mesmo que não pratiquem o dito acto, estão muitas vezes perto, tanto em pensamentos como e actos.

Abraçando-vos em Cristo,

Diogo, A.M.D.G.

Re: A NOVA revolução sexual: ABSTINÊNCIA!
Escrito por: Rita* (IP registado)
Data: 23 de October de 2006 21:58

Diogo

Eu não falei nos jovens que andam lá fora...eu falei nos jovens que andam no fórum:)

Re: A NOVA revolução sexual: ABSTINÊNCIA!
Escrito por: Manuel Leal (IP registado)
Data: 24 de October de 2006 01:16

Jovens deliberadamente abstinentes do Forum, digam de vossa justiça.

Re: A NOVA revolução sexual: ABSTINÊNCIA!
Escrito por: Rita* (IP registado)
Data: 24 de October de 2006 01:30

Um Manuel curioso? Ai, ai:)

Re: A NOVA revolução sexual: ABSTINÊNCIA!
Escrito por: Tilleul (IP registado)
Data: 24 de October de 2006 07:44

Ser solteiro não pode ser considerado abstinência.

Em comunhão

Em comunhão

Re: A NOVA revolução sexual: ABSTINÊNCIA!
Escrito por: Rui B (IP registado)
Data: 24 de October de 2006 13:02

A malta hoje considera que o sexo é uma necessidade da pessoa humana (assim como comer ou beber água), porque afinal somos animais. Como tal, fazer sexo é um direito que ninguém que não pode ser negado a ninguém. Muito menos por pessoas do clero.

Estas ideias fazem-me confusão. Sexo é como muitos outros prazeres da vida, se não quisermos não os consumimos. Somos animais, é certo, mas temos cabeça para pensar e força de vontade para não nos deixarmos vencer pelos nossos instintos animais.

Re: A NOVA revolução sexual: ABSTINÊNCIA!
Escrito por: Rita* (IP registado)
Data: 24 de October de 2006 13:58

Manuel

Gostas das respostas dos jovens? Eu gostei!:)

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