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Re: manipulações jornalisticas
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 06 de January de 2006 23:02

não concordo que o instinto seja necessariamente comum a todos os animais da mesma especie.

Tudo o que é involuntário não é passivel de juizo moral.

Re: manipulações jornalisticas
Escrito por: Ovelha Tresmalhada (IP registado)
Data: 07 de January de 2006 01:09

Caros amigos,

A mente humana é a coisa mais complexa, misteriosa e, ao mesmo tempo, fantástica que existe - ou não tivesse sido ela criada por Quem foi!

Por azar (dizem uns), por sorte (dizem outros...) ou porque pura e simplesmente não é concebível outra possibilidade, ela encontra-se “amarrada” ao corpo de uma forma tão próxima, tão íntima, tão essencial que só por abstracção (outra espantosa habilidade da psique...) se podem cindir as duas coisas. Ambas se fundem e interagem reciprocamente num mesmo ser, conferindo a este uma identidade única, inconfundível e para sempre irrepetível.

Sabemos bem, porque o experimentamos, que à mente humana acorrem os pensamentos, os desejos, as fantasias, as intenções, os impulsos os mais variados. Uns são de fonte eminentemente “espiritual”, gerados pela capacidade autónoma criativa, associativa, intelectual e imaginativa do cérebro. Outros são sobretudo fruto da acção de “forças” biológicas, mais ou menos poderosas – o adn, os genes, as hormonas, as proteínas, ou seja lá o que for. Nascem sem prévia determinação da vontade, de um modo instintivo, inconsciente, primário. E podem ou não coincidir com os padrões das leis naturais específicas da espécie animal a que o homem pertence. A natureza está cheia de patologias, como bem sabemos, inúmeras delas de causas ainda desconhecidas.

Embora, num primeiro momento, reconheçamos tais impulsos, de génese eminentemente biológica ou instintiva, de modo apenas sensitivo (por exemplo, a fome, a sede, o medo, a dor, a raiva, o riso, o choro, a inveja, o desejo de vingança, a compaixão, a atracção pelo prazer, o desejo sexual, etc.), eles não deixam de ascender ao plano da consciência. E, uma vez aí, ou decidimos repeli-los (nalguns, os mais essenciais à sobrevivência, isso só se consegue com actos de verdadeiro heroísmo, à custa de enorme sofrimento, tal não é o “império dos sentidos”...) ou lhes damos guarida e plena adesão emocional. Mas, mesmo neste último caso, ainda nos sobram duas possibilidades: ou decidimos realizá-los, imaginando, querendo e preparando os meios para os satisfazer, ou então nem sequer pomos a hipótese de os passar à prática, limitando-nos a “comprazer-nos” com eles nos limites da imaginação. Até aqui, tudo se passa ainda e só no plano da mente.

Que têm estas tiradas de filosofia de pacotilha a ver com a questão da moralidade ou imoralidade de certos comportamentos sexuais? Tudo!

Há dois princípios comuns a qualquer ordenamento normativo, seja ele ético (de fundamento religioso ou meramente humano) ou jurídico. Um é o de que uma conduta humana (no seu sentido mais amplo - pensamentos, desejos, acções e omissões) só é ilícita se houver um preceito (escrito ou não) que assim a considere. O outro estabelece que só é passível de censura quem, tendo praticado um acto objectivamente ilícito, tiver agido de modo livre e voluntário (excluo os casos em que a simples negligência também é censurável) e com consciência da ilicitude do acto.

Deixemos o plano jurídico, onde as questões da ilicitude e da reprovabilidade são mais fáceis de deslindar, e detenhamo-nos no estrito plano da ordem moral, e, mais precisamente, da moral cristã (a qual, todavia, não é rigorosamente igual em tudo, nas diversas confissões).

No universo das múltiplas e diversas formas de manifestação do desejo sexual, o que é que se pode qualificar de objectivamente imoral, por um lado, e em que circunstâncias pode alguém ser passível de censura por uma conduta dessa natureza?

Se um determinado impulso sexual surge ou já existe no íntimo de alguém de uma forma espontânea, inconsciente, não procurada, instintiva, sem prévia determinação da vontade, gerado pela acção de factores que o próprio, por vezes, nem conhece, nem pode, na sua origem, controlar, nunca se poderá falar de conduta objectivamente imoral, seja qual for a espécie desse impulso, desde o mais comum ao mais bizarro, e independentemente de se tratar de pessoa mentalmente sã ou portadora de enfermidade psíquica, ou de se encontrar em estado de plena lucidez ou em estado de adormecimento (por exemplo durante o sono).

Os impulsos sexuais, derivados de meros “automatismos” biológicos, só por si, e independentemente da sua tipologia ou da sua discrepância em relação às leis da Natureza, são moralmente neutros.

Seria absurdo considerar moralmente ilícito o que não passa de puro reflexo involuntariamente despoletado. A Natureza nunca é, nunca pode ser imoral! O que poderá é haver anomalias, disfunções, patologias, fenómenos que colidem com a teleologia normal das leis naturais, mas não imoralidades.

O problema da imoralidade só se poderá colocar num segundo momento, quando o sujeito toma consciência de tais impulsos, passada a fase puramente sensitiva destes – se é que é possível estabelecer uma fronteira nítida entre o que é sensitivo e o que é consciente...

Se os acolher no seu íntimo, se lhes der plena e livre adesão, se desejar pô-los em prática, aí sim, já poderá haver imoralidade se tais impulsos visarem comportamentos considerados ilícitos pelos preceitos morais (“todas as vezes que desejardes intimamente a mulher do próximo...”). E, obviamente, se passar mesmo da intenção à acção, a imoralidade torna-se muito mais patente e seguramente muito mais grave.

Se, ao invés, ciente desses impulsos, e conhecedor da imoralidade dos comportamentos por eles visados, o sujeito os repelir, se a eles não aderir, se não desejar passá-los à prática, nenhuma ilicitude haverá!

Concretizando, em 3 hipóteses:

Alguém sente, instintivamente, atracção sexual por pessoas, sexualmente maduras, do sexo oposto: do ponto de vista do que sabemos ser o padrão das leis da Natureza e suas finalidades, diremos que há perfeita sintonia com a normalidade. Se essa pessoa acolhe, aceita e adere a tal instinto e deseja no seu íntimo satisfazê-lo, ou chega mesmo a concretizá-lo, só há imoralidade se o comportamento desejado ou realizado for, ele próprio, imoral (por exemplo, o adultério, a violação, a prostituição) – 6º e 9º mandamentos.

Alguém, também de modo instintivo, sente-se atraído por pessoas sexualmente maduras, do mesmo sexo: do ponto de vista do que sabemos ser o padrão das leis da Natureza e suas finalidades, há aqui uma clara disfunção, uma inequívoca dissonância em relação ao que é normal. E, de acordo com a doutrina da Igreja Católica, constante, uniforme e recentemente reiterada no Catecismo, e com sólidos fundamentos na Escritura aliás, a dissonância, o “desregramento” existe também em relação à lei divina, de que a lei natural.é o reflexo. E, portanto, se a pessoa acolhe, aceita e adere ao instinto homossexual, desejando no seu íntimo satisfazê-lo, ou chegando mesmo a concretizá-lo, há sempre imoralidade objectiva.

Finalmente, alguém, ainda e sempre de modo instintivo, é portador de qualquer um dos demais impulsos sexuais mais raros (pedofilia, e todas as outras denominadas parafilias): a partir do momento em que o sujeito adere a tais impulsos, os deseja realizar ou os põe mesmo em prática, a objectiva imoralidade é indiscutível.

Mas uma coisa é a imoralidade objectiva. Outra coisa, bem diferente, é a culpabilidade de quem a comete.

Ninguém duvida de que só é passível de censura quem tem capacidade de entender e querer, quem age livre e voluntariamente, e quem tem consciência do carácter ilícito da sua conduta.
Ora, existem múltiplas causas que excluem totalmente a culpa e existem muitas mais que a podem diminuir fortemente.

Só Deus, que nos conhece melhor a nós do que nós próprios, tem o poder para fazer julgamentos justos, servindo-se de uma bitola que não está ao alcance dos limitados juízos humanos - uma infinita misericórdia!

No caso específico da homossexualidade, penso que os ensinamentos da Igreja são totalmente correctos:

1º - a homossexualidade é, objectivamente, uma desordem natural e moral;
2º - o homossexualismo, enquanto ideário exacerbador e promotor dos comportamentos homossexuais ( será que o título do Espesso, que esteve na origem deste tópico, não pode ser considerado um aflorar da mentalidade homossexualista?) é ainda mais reprovável, devendo ser combatido por todos os meios;
3º – o homossexual deve ser aceite, amado, respeitado e não discriminado, na sua dignidade de ser humano igual a qualquer outro, merecendo, do ponto de vista pastoral, o acolhimento, o apoio e o encorajamento no caminho da perfeição que a Igreja tem obrigação de dar a qualquer pessoa, a despeito das suas faltas, mais ou menos graves, mais ou menos censuráveis e sejam elas de que natureza forem; lembremo-nos: os santos pecam sete vezes ao dia, quanto mais nós...

Tanta coisa, afinal, para dizer apenas isto: concordo com o Camilo.


Re: manipulações jornalisticas
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 07 de January de 2006 02:33

"Os impulsos sexuais, derivados de meros “automatismos” biológicos, só por si, e independentemente da sua tipologia ou da sua discrepância em relação às leis da Natureza, são moralmente neutros. "

Os impulsos sexuais humanos não são automatismos biológicos.

Aliás , se forem assim considerados, não se pode considerar que esses automatrismos , quaisquer que sejam, possam ter discrepância em relação às leis da Natureza,- a pura biologia não pode ser contra qualquer lei natural

Emm suma -. se considera que a excitação sexual de um pedófilo pernte uma menina de um mêss - e estou a falar de casos reais - é um mero um automatismo biológico moralmente neutro, não se pode depois considerar que esse automatismo é contra as leis da natureza (um juízo moral) .

Mais ainda se consideram que esse comportamento sexual, é absolutamente igual, em termos de valorização que a heterossexualidade, há aqui uma profunda distorção de valores ( por má fé, ou pura ignorãncia, ou perversão) sobre o sentido da sexualidade humana.

Porém, quem considera que a excitação sexual parafílica é um mero automatismo biológico prederminado e instintivo, independentemente do alvo do desejo (pode ser um bébé, pode ser um cadáver , pode ser uma galinha ou até um sapato) então, teriamos que afirmar que todas as parafilias:

1) São comuns a todos os machos da espécie humana ( ou seja, todos os homesn são pedófilos), Por que um comportamento instintivo não varia dentro da mesma espécie animal.

2) São absolutamente incontroláveis - o acting out é inevitável, porque está biologicamente predeterminado.

3) São moralmente neutras, logo aceitáveis.

4) Nunca deveriam ser sancionadas criminalmente.

5) SE resultam de um determinismo biológico, estão em perfeita consonãncia com as leis da natureza.
Aliás a "natureza" é uma construção cultural

Em suma - acho no mínimo bizarro que considere moralmente neutro o acto de um pedófilo. De facto, é este o tipo de argumento que os pedófilos utilizam para se autojustificar e não sentir sequer culpa pelos seus actos ou exigir mesmo que possam praticar livremente a pedofilia ( Tarta-se d esatisfazer uma necessidae biológica natural)

Mais bizarro ainada é usar este tipo de argumentos defendendo livremente a pedofilia, como algo de moralmente neutro e natural, e ao mesmo tempo, afirmar um juízos de valor sobre a homossexualiddade .

Ou seja, a orientação sexual não seria moralmente neutra, mas apedofilia sim


Quanto ao juízo de valor moral

"a homossexualidade é, objectivamente, uma desordem natural e moral;"

a) Não é uma desordem natural porque existe na antureza em praticamente todas as espécies animais e parece ter uma função biológica específica;

b) Enquanto orientação sexual, não é uma desordem ou uma patologia mas apenas um tipo de orientação sexual.

Por último, quero apenas referir que, enquanto que os comportamentos homossexuais existem normalmente na natureza, em muitas espécies animais, as parafilias são específicas da espécie humana.. De facto, ninguém imagina um pinguim com escatologia telefónica ou um papagaio exibicionista.


Em suma - SEjamos sérios e moralmente congruentes ao debater estes temas.








Re: manipulações jornalisticas
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 07 de January de 2006 03:06

"Um Instinto não varia dentro da mesma espécie animal. "

O comportamento animal é instintivo, predeterminado biológicamente imutável e comum a todos os membros da mesma espécie.

Exemplos:
As tartarugas marinhas quando eclodem dos ovos encaminham-se para o mar. è um típico comportamento instintivo geneticamente padronizado e biológicamente predeterminado. É assim o instinto - Invariável , imutável , comum a todos os elementos da mesma espécie.

Os rituais de acasalamento e as cópulas animais são instintivos - obdecem ao mesmo ritual e padrão imutáveis- è isso o Instinto. Todos copulam da mesma maneira.

Os comportmentos alimentares ou predatóriso saõ instintivos nos animais.Um leão usa tácticas de caça por instinto. . Todos Os leões caçam da mesma maneira. E assim o farão até a sua espécie se extinguir ou sofrer uma mutação genática.

è isso o instinto.(Nenhum leão inventou armas ou usa estratégias diferentes das dos seus ancestrais; nenhum animal cozinha a comida ou usa talheres)

As galinhas chocam os ovos por instinto. Todas as galinhas chocam os ovos da mesma maniera - é esse o automatismo biológico do instinto animal.

Todos os salmões migram para procriar e morrer.Todos.


Re: manipulações jornalisticas
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 07 de January de 2006 11:55

Para os que defendemn a neutralidade moral das parafilias:

[www.correiodamanha.pt]

Re: manipulações jornalisticas
Escrito por: Ovelha Tresmalhada (IP registado)
Data: 07 de January de 2006 22:24

Julgava eu que tinha capacidade para ser claro nas minhas afirmações (independentemente da sua justeza e da bondade da argumentação), mas estava
enganado! Depois de ler os comentários surpreendentes da catolicapraticante sobre o meu texto, vou ter que rever drasticamente a forma como me exprimo!...

Li e reli o que escrevi e (defeito meu) não encontro suporte para a maior parte das conclusões que a cara catolicapraticante tirou acerca do que eu disse.

Cito:

"acho no mínimo bizarro que considere moralmente neutro o acto de um pedófilo. De facto, é este o tipo de argumento que os pedófilos utilizam para se autojustificar e não sentir sequer culpa pelos seus actos ou exigir mesmo que possam praticar livremente a pedofilia ( Tarta-se de satisfazer uma necessidade biológica natural)"

"Mais bizarro ainda é usar este tipo de argumentos defendendo livremente a pedofilia, como algo de moralmente neutro e natural, e ao mesmo tempo, afirmar
um juízos de valor sobre a homossexualidade.
Ou seja, a orientação sexual não seria moralmente neutra, mas apedofilia sim
."

"Sejamos sérios e moralmente congruentes ao debater estes temas."

Portanto, segundo a catolicapraticante, eu considero moralmente neutro o acto de um pedófilo, uso argumentos para defender livremente a pedofilia, considero a pedofilia moralmente neutra e a orientação sexual (homossexual) não e, em suma não fui sério nem congruente no debate.

Convenhamos que isto é demais para uma simples Ovelha, ainda que Tresmalhada...

Para desfazer equívocos, resta-me repetir, de uma forma mais clara, e sem reargumentar, o que eu penso:

- é moralmente neutra a mera pulsão instintiva de natureza pedófila ou de qualquer outra natureza (mais rara, anómala ou grotesca como certas parafilias, menos bizarra, mais frequente e mais humana como a homossexualidade) desde que não previamente determinada pela vontade, não "escolhida", surgida de forma espontânea, por acção de factores biológicos ou outros que se desconhecem, eventualmente patológicos;

- se uma tal pulsão, a despeito da sua efectiva realidade, vivamente sentida pelo próprio, não for, todavia, aceite e voluntariamente desejada por quem a "sofre", mas for
intimamente rejeitada, repudiada, dominada e jamais posta em prática - nenhuma imoralidade existe!

- se, ao invés, o sujeito passivo de uma tal pulsão, ao sentir o seu despoletar, a aceitar no seu íntimo, a ela aderir livre e deliberadamente, a desejar pôr em prática e chegar mesmo à sua consumação - aí, sim, em tudo isso, desde o simples desejo e adesão voluntárias até aos actos de consumação livres e voluntários , há imoralidade que pode ser mais ou menos grave consoante os casos!

Não fique, portanto, a cara amiga catolicapraticante com a mínima dúvida de que eu, neste aspecto, tenho opinião igualzinha à sua e se calhar até mais exigente: os simples pensamentos e desejos pedófilos, conscientemente aceites e queridos no íntimo do coração, são inequivocamente censuráveis e repugnantes do ponto de vista moral; e, mesmo no plano jurídico-penal, se é verdade que as simples intenções ou desejos não são punidos, já o são, por exemplo, a mera detenção de material gráfico ou audiovisual pedófilo, por se entender, e bem, que o agente, com esse comportamento, indicia enorme perigosidade de vir a concretizar práticas pedófilas.

Isto de as meras pulsões primárias, não previamente "escolhidas" ou deliberadas, serem, em si mesmas, moralmente neutras (ainda que eventualmente em disfunção com os padrões normais da chamada lei natural própria da espécie animal que o homem também é) parece-me uma asserção intuitiva.

Nunca a estimada catolicapraticante teve "ganas" de apertar o pescoço a alguém, de lhe arrancar a língua, de a atirar por um precipício abaixo? Nunca lhe apeteceu, num impulso primário, num momento de inlucidez, desejar, por exemplo, o enforcamento público e sumário dos pedófilos da Casa Pia ou dos pais do bebé de Viseu? Provavelmente não, mas olhe que a mim e a muito boa ovelha - perdão! - a muito boa gente, apeteceu. Mas daí até se dar guarida a um tal ímpeto primário, até se lhe dar adesão racional e emocial, até se desejar conscientemente fazê-lo ou chegar mesmo a concretizá-lo vai um passo gigantesco.

Para mim, a pedra de toque do comportamento imoral não reside no mero instinto, na simples pulsão ou no apetite que lhe subjazem, sejam eles quais forem. O que é decisivo é o modo como se exerce o livre arbítrio em relação a tais fenómenos. Se, de modo livre, consciente e deliberado, com capacidade de se autodeterminar, alguém dá sequência a essas pulsões, incorrerá em comportamento imoral se elas estiverem em contradição com qualquer preceito moral, objectivamente definido.

Portanto e em suma: em matéria de sexual, como em qualquer outro domínio da vivência humana, o que conta do ponto de vista ético não é o que apetece, é sim o que livremente se deseja, o que livremente se quer e o que livremente se faz.

Se não se entendesse assim, teríamos que concluir que todas as "tentações", fossem elas quais fossem, já seriam, ipso facto, o cometimento do pecado. E, em última análise, teríamos que admitir, absurdamente, que Cristo também pecou, pois foi sucessivamente tentado, por tentações, aliás, muito fortes, e num momento de grande fragilidade humana...

Posso não estar a ser congruente, mas esforcei-me por ser sério. :-)

PS - O link que inseriu para a história horrível do abuso sexual sobre o bebé de Viseu cometido pelo próprio pai, com a dedicatória "Para os que defendem a neutralidade moral das parafilias" pareceu-me infeliz, despropositado e de muito mau gosto. E, como argumento de debate, não me parece sério - com todo o respeito lho digo.

Re: manipulações jornalisticas
Escrito por: tony (IP registado)
Data: 07 de January de 2006 23:01

Parafilia
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Uma parafilia (do grego παρά, para, "fora de", y φιλία, filía, "amor") é um padrão de comportamento sexual no qual a fonte predominante de prazer não se encontra na cópula, mas em alguma outra atividade. As parafilias são consideradas inócuas e, de acordo com algumas teorias psicológicas, são parte integral da psique normal— salvo quando estão dirigidas a um objeto potencialmente perigoso, danoso para o sujeito ou para outros, ou quando impedem o funcionamento sexual normal.
As considerações com respeito ao comportamento considerado parafílico dependem em um grau muito elevado das convenções sociais reinantes em um momento e lugar determinados; certas práticas, como a homossexualidade ou a masturbação foram consideradas parafílicas em seu momento, embora agora sejam consideradas variações normais e aceitáveis do comportamento sexual.
Sendo assim, é impossível elaborar um catálogo definitivo das parafilias; as definições mais usuais listam comportamentos como o sadismo, o masoquismo, o exibicionismo, o voyeurismo ou o fetichismo.

Este artigo é parte da série sobre
Parafilia

Parafilia
Sadismo | Masoquismo
S & M | Bondage
Fetichismo | Voyeurismo
Exibicionismo | Travestismo
Podolatria | Coprofagia
Pregnofilia | Necrofilia | Incesto
Pederastia | Pedofilia | Zoofilia
Apotemnofilia | Coprofilia | Urofilia
Clismafilia | Frotteurismo



Re: manipulações jornalisticas
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 08 de January de 2006 01:07

CP, devo dizer considero o seu modo de argumentação completamente falho de logica e mesmo falho de honestidade.

Espero que não esteja a distorcer as palavras do "Ovelha Tresmalhada" para tentar irrita-lo e afasta-lo do forum.

Posto isto e já que nos estamos a desviar do tema cá vamos nalgumas breves reflexões, espero que não sejam pura perca de tempo como por vezes sinto quando escrevo aqui.

É frequente evocar-se o comportamento dos brutos (dos animais irracionais) como justificação para alguns comportamentos humanos, nomeadamente sobre a homossexualidade. Há aqui uma inversão da ordem de referencias, em lugar de serem os homens, seres racionais e civilizados, a referencia toma-se como referencia o animal que não tem controle sobre os seus instintos.

Mas os animais tambem sofrem das mais variadas taras. Há animais que matam os seus filhos, é frequente nalgumas especies.

Ao contrario do que supoem normalmente as pessoas muitos animais têm cultura, o comportamento das especies varia de comunidade para comunidade. Por exemplo há animais que usam ferramentas, talheres.
Algumas comunidades de primatas lavam os alimentos, outros priamtas da mesma especie não os lavam. O incesto é muito mais frequente que a homossexualidade entre os animais.

E já agora a necrofilia é frequente entre os patos (não sei se será ou não noutras especies).Será então que devemos deixar de considerar a necrofilia uma parafilia por ela ser frequente nalgumas especies animais?


Re: manipulações jornalisticas
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 08 de January de 2006 02:16

[Esta mensagem foi já escrita ontem, antes de outras mensagens que vão um pouco na mesma linha, mas mantém-se pertinente.]

Cara catolicapraticante:

1. Já te disse, pelo menos uma vez, que dispenso elogios envenenados. Não sou «o expert em moralidade» e não estou dependente desse teu «elogio» (cfr. o teu «como») para te responder. A bem da verdade, aqui há mais veneno que elogio.


2. A tua pergunta inicial, como a tua formulação anterior, encerra problemas vários.

Um dos aspectos que me levantou logo algumas «reservas» foi a tua justaposição de uma série de termos de valor muito diferente, como se estivessem ao mesmo nível. Escreves: «O facto de um comportamento/sentimento/emoção/impulso ser involuntário ou instintivo não o torna neutro do ponto de vista moral». Ora bem: de modo nenhum se pode colocar ao mesmo nível, por exemplo, um comportamento e um sentimento (note-se que estamos no plano da discussão moral, portanto tratamos de comportamentos e sentimentos humanos). Nos seres humanos, no plano da moralidade, o comportamento implica normalmente algum exercício da liberdade, ao contrário do sentimento. [Excluo, portanto expressões «por extensão» como «comportamento do bebé», etc.] Ou seja, enquanto o comportamento humano é, em princípio, objecto de uma avaliação moral, o sentimento não o é. O sentimento é estritamente amoral. O que se passa é que muitas vezes se tende a chamar sentimento àquilo que já não é um mero sentimento.

Esta «mistura» de âmbitos (frequentíssima nas tuas mensagens) é um dos aspectos que me levou a reagir à tua mensagem.


3. No que diz respeito agora à tua primeira questão, se «é moralmente equivalente um desejo/impulso sexual pedófilo, zoófilo ou sádico e a orientação heterossexual», nota que os teus termos já condicionam a resposta. Enquanto for mero impulso, não existe aí exercício da liberdade, elemento fundamental para a avaliação moral. Nota também que ao falares de «impulso» incides a questão primariamente sobre o sujeito («subjectum») que subjaz a determinados comportamentos ou actos. Ora, isto corresponde a um dos aspectos da avaliação moral, ligada à chamada moralidade subjectiva (subjectivo=do sujeito). A esse nível, é passível de aprovação ou reprovação apenas aquilo onde entra a liberdade humana.

Outro âmbito é o da avaliação objectiva de determinados actos (mas não de sentimentos nem de impulsos!). Objectivamente, um acto pedófilo é sempre mau, mesmo que o sujeito de tal acto aja sem liberdade.

[Portanto, na hora da avaliação moral, há que ter em conta aquilo que avaliamos: o sujeito? O acto?]

Outro âmbito ainda é o da avaliação jurídico-penal, que não se mede exactamente por critérios de moralidade, embora se procure que não ande longe deles. Mas são âmbitos diferentes o moral e o jurídico-penal.

[Daqui se deveria tirar uma ilação e corrigir um erro muito frequente neste fórum, no qual incorres várias vezes, catolicapraticante, mas não és a única: o de invocar o aspecto jurídico-penal para justificar a moralidade de uma determinada acção e vice-versa... Isso está patente sobretudo nas discussões referentes ao aborto e seus «correlatos». Enquanto não se conhecerem bem os rudimentos das questões éticas, pouco mais se faz que andar a «jogar» à casuística e à desconversação. Um problema de bases e de disciplina.]


4. Entrando no campo das distinções dizes: «E não falo legitimidade moral mas da possibilidade abstracta de se poder fazer um juízo moral sobre estes conceitos que são qualitativa/substancialmente diferentes». Creio que te referes ao referente dos conceitos e não aos conceitos propriamente ditos, já que destes não se fazem juízos morais. Bom, na medida em que simplesmente forem impulsos, onde não entra, portanto, a liberdade humana, não são avaliáveis moralmente, sejam esses impulsos parafílicos ou outros. O que é avaliável moralmente são os actos humanos onde entra a liberdade humana. Portanto, antes de etiquetar isto ou aquilo de moralmente aceitável ou reprovável, é preciso estabelecer o âmbito em que nos colocamos.

O que se passa é que misturas diversos âmbitos, de tratamento moral muito diferente. É o fatal «salto de planos» que já denunciei aqui muitas vezes. Aponto um exemplo concreto a seguir.


5. Com efeito perguntas: «É moralmente igual ser heterossexual e ser pedófilo?, desde que não exista acting out?». Aqui surgem-me também muitas questões, a começar pela terminologia… Será que aqui incluis em «heterossexual» e em «pedófilo» apenas uma determinada tendência, sem o tal «acting out»? Ao falarmos em «pedófilo» não temos já em mente um depredador com vítimas? A uma pessoa que sente atracção sexual por crianças mas que nunca caiu em tal tentação chamar-lhe-emos pedófilo? Ou será que num dos termos incluis algo mais que uma mera «tendência»? Tendo em conta a conotação habitual dada às duas palavras, será que se pode colocar exactamente no mesmo plano heterossexual e pedófilo?

Perante esta dificuldade «terminológica», proponho um brevíssimo exercício linguístico para tentar expor um ponto de vista. Tendo em conta que habitualmente chamamos propriamente pedófilo àquele que provoca vítimas, chamemos por agora «*pedófilo» àquele que sente atracção sexual por crianças mas que nunca provocou nenhuma vítima (escrevi «pedófilo» antecedido de asterisco, como se faz em Linguística para palavras ou fragmentos que se supõem terem existido, por exemplo em Indo-Europeu). Para a palavra heterossexual não existe esse problema de rotular imediatamente o referente como criminoso ou moralmente reprovável, mas estendamos o mesmo exercício para todo o heterossexual que nunca manteve qualquer relacionamento sexual. Chamemos-lhe então «*heterossexual».

Com este mero exercício estamos diante de duas pessoas com determinadas características não escolhidas por elas, mas das quais não houve consequências «práticas». Perguntemos então: «é moralmente igual ser *heterossexual e ser *pedófilo?». A este nível, eu direi que não são situações avaliáveis moralmente, na medida em que em qualquer dos casos o «ser» não depende de uma escolha (liberdade) e na medida em que não houve exercício da liberdade a partir da sua condição. É verdade que reconhecemos na «ordenação» de um e outro uma enorme diferença. Talvez aceites que no caso do *pedófilo há «tendências (...) objectivamente desordenadas». Esta é uma expressão que os documentos da Igreja usam muitas vezes referindo-se às pessoas homossexuais. Fim de exercício.

Dêmos agora outro passo, para ver outro nível: se o «ser» heterossexual ou «ser» pedófilo se refere aos actos «consequentes», então teremos que avaliar segundo as fontes de moralidade: o acto propriamente dito, a intencionalidade, as circunstâncias. Aqui entramos em algo que pode ser muito complicado. No caso do heterossexual, nem todos os actos heterossexuais, pelo facto de o serem, são aceitáveis moralmente. No caso do pedófilo, todos os actos são objectivamente maus, sendo mais complicada a avaliação subjectiva.

Voltando um pouco atrás, note-se que onde não entra a liberdade não há mérito nem demérito; não há virtude nem vício. Tanto quanto se sabe da pedofilia, trata-se, segundo os cânones de hoje, de uma doença, e, ao que parece, sem cura. Sendo uma doença, a liberdade da pessoa que comete tais actos poderá estar bastante «embotada»... Não é por acaso que alguns pedófilos pedem a castração química... Por outro lado, os actos de um pedófilo são depredadores, que atentam contra a liberdade e dignidade da vítima. Objectivamente os actos pedófilos são maus, mesmo que o pedófilo possa ser considerado inimputável ou tenha agido sem liberdade. Mais uma vez: esta complexidade leva a termos que ser muito cautelosos na hora de usarmos etiquetas, estabelecendo muito bem o âmbito em que nos colocamos.


6. Perguntas ainda: «Tudo o que é involuntário é amoral?» Respondo: em princípio sim, mas são admissíveis outras considerações. Três breves ideias:

Em primeiro lugar, aqui pode ser útil recorrer à clássica distinção entre «actos do homem» e «actos humanos». Por exemplo, os movimentos que ocorrem durante a digestão ou os actos praticados durante o sono são actos do homem, mas não são actos humanos, porque aí não entra o exercício da liberdade.

Em segundo lugar, note-se que escrevi «são admissíveis outras considerações». Refiro-me imediatamente a certos casos de omissão ou de «incúria» (chamemos-lhe assim, pois aqui há elementos que mereceriam ulterior reflexão). Há casos em que a pessoa praticou um determinado acto involuntariamente e, portanto, não pode ser avaliada moralmente por este determinado acto, mas pode ser responsável por aquilo que o desencadeou. Por exemplo, se uma pessoa matou alguém porque estava completamente bêbada, praticou o acto sem liberdade ou com uma «liberdade embotada», mas pode ser responsável por se ter embriagado. Na avaliação destes casos, poderemos ver divergências entre o âmbito moral e o jurídico-penal. Um «homicídio involuntário» poderá ser sancionado criminalmente com pena de prisão, mesmo que a pessoa que incorreu nisso não tenha culpa subjectiva. Se algo é inteiramente involuntário, em princípio não pode ser julgado moralmente do ponto de vista subjectivo, mesmo que o acto praticado seja objectivamente mau. .

Em terceiro lugar, sublinhando um aspecto do parágrafo anterior, o «involuntário» tem de ser visto a importante noção de responsabilidade. Se um guarda nocturno se deixa adormecer e graças a isso roubam uma casa, certamente a desatenção e consequente roubo foram involuntárias para o infeliz guarda, mas não deixa de ser responsável moralmente pela sua desatenção, já que estava obrigado a estar atento, a pôr determinados meios (estar acordado, atento).

De qualquer forma, creio que não era a questão da responsabilidade que tinhas em vista, mas simplesmente a questão dos tais impulsos. Aqui estamos num âmbito diferente. Se os impulsos não dependem da liberdade da pessoa (isso normalmente faz parte do ser impulso), mesmo quando são parafílicos, enquanto impulsos são moralmente neutros. Mas ao impulso segue-se o que se faz com ele. Aí entra a liberdade humana, embora com diferentes graus de liberdade. É nesse âmbito que entra a avaliação moral. Um necrófilo que seja apanhado em flagrante delito não se reduziu a um impulso. A seguir ao impulso houve uma «resposta colaboradora» que levou essa pessoa a tomar a decisão de praticar determinado acto.

Repita-se: só é avaliável moralmente aquilo onde entra o exercício da liberdade.


7. Dizes depois que «O camilo parece estar muito baralhado e confundir pecado com juízo moral». Não entendo muito bem esta frase. Talvez possas explicar melhor o que queres dizer com isso, explicando o que entendes por cada um dos termos e mostrando onde e como é que o Camilo confunde tais termos. Com citações.


8. Por último, referes-te aos instintos. Não vou entrar por aí, por várias razões. Parece-me um bom exemplo de um mau termo, de que se usa e abusa, sem se ter clara a sua determinação e -- mais importante -- que tipo de antropologia se está a desenhar ao defender uma posição ou outra. Porque é isso que mais importa na discussão ética ou moral: a antropologia subjacente. Mas podemos perfeitamente discutir as grandes questões prescindindo desse obscuro termo, centrando a questão no essencial: o grau de autonomia, e/ou liberdade com que determinado acto é praticado.

Alef

PS.: Como tens aqui muito material de leitura e reflexão, proponho que tomes o todo o tempo necessário e só então apresentes uma resposta, com princípio, meio e fim. Porque estas questões precisam de reflexão e tempo e não se tratam com «bocas», nem com aquilo que ditam os primeiros «impulsos»...

Re: manipulações jornalisticas
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 08 de January de 2006 02:20

Ovelha Tresmalhada:

Uma palavra de boas-vindas e apreço pelas tuas mensagens, bastante claras e correctas. E votos de boa estadia por cá!

Alef

Re: manipulações jornalisticas
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 08 de January de 2006 11:48

Alef:

Há muitas incongruências graves no teu discurso de expert Moral.

Confundes e misturas várias categorias de conceitos, nomeadamente:


A) A noção emoção e sentimento, duas categorias, Psicologicamente diferentes, pelo não é verdade que os sentimentos ou mesmo as fantasias sexuais não sejam passíveis de controlo e auto-responsabilidade.

B) A diferença entre avaliação da culpa concreta de um indivíduo com determinados comportamentos/sentimentos, impulsos parafílicos e o juízo moral em abstracto, que se possa sobre esses comportamentos/sentimentos impulsos.

Afirmar que a excitação/fantasia sexual de um adulto heterossexual , por uma bébè de um mês é algo de moralmente neutro parece-me monstruoso. (E Isto é um juízo moral) E é isto que tu, o Camilo, e a OT afirmam quando declaram a vossa incapacidade para fazer um juízo moral sobre este comportamento concreto ( resultante de um impulso) , que seria moralmente neutro, logo não passível de qualquer juízo de valor moral.

Ora, ao contrário de vocês, eu faço um juízo moral sobre esta fantasia de um pedófilo[/b], independentemente da culpa ou censurabilidade de quem o pratica, que terá de ser avaliada em concreto.

Já agora - se eu faço um juízo moral, negativo sobre este impulso involuntário, é porque é possível fazê-lo.[/i

Aliás, este discurso moral que defende a neutralidade moral e desculpabiliza os impulsos dos pedófilos é precisamente o que eles utilizam para se autojustificar.



c) A confusão permanente entre [i]orientação sexual
e parafilias.

Que não é ingénua mas de má fé, ou seja, resulta de um discurso sistemático de quem tenta sub-repticiamente misturar conceitos substancialmente diferentes com a finalidade única de apresentar os homossexuais como pervertidos.

Num próximo post , e mais uma vez , embora inutilmente, exporei as diferenças entre os dois conceitos.


Re: manipulações jornalisticas
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 08 de January de 2006 12:47

Cara catolicapraticante:

A. Os teus textos tornam-se às vezes desesperantes e parecem denotar uma grande maldade ou, pelo menos, um desprezo pelo mais elementar respeito pela verdade. Não serás tu capaz de te cingir àquilo que as outras pessoas escrevem, sem deturpares como bem te interessa? Já notaste que o teu potencial destrutivo passa essencialmente por deturpares as posições dos teus interlocutores, levando muitos a deixarem de participar?


B. Reafirmo:

1.º Sentimento (palavra que vem de «sentir») não é exactamente o mesmo que emoção, mas é estritamente amoral. Ficou claro que falo de «sentimento» no sentido mais radical e não em certos sentidos comuns que nada têm a ver com o sentimento. O sentimento é, nesta acepção radical, uma informação que eu recebo do modo como as coisas me afectam. Enquanto mero sentimento, aí não entra o exercício da liberdade. Ponto final.

De qualquer forma, a questão não se resume a um mero esgrimir conceitos (isto é, não é um mero problema de terminologia), porque expliquei o que entendo por sentimento, defini o âmbito. Isso será suficiente para perceber que:

a) aí não existe exercício de liberdade;
b) não se confunde com qualquer outra coisa como as fantasias sexuais, nas quais entra o exercício de uma liberdade.

- Como pode algo onde não entra o exercício da liberdade ser avaliável moralmente?

- No plano religioso, serão as tentações o mesmo que pecado?


2.º De modo nenhum meto na mesma categoria sentimentos e fantasias sexuais, como faz crer o teu infeliz e maligno texto. Enquanto nos primeiros não há responsabilidade (enquanto mero sentimento), no segundo há colaboração activa de uma liberdade, logo moralmente avaliável.


3.º Há uma diferença enorme entre um impulso ou sentimento (moralmente neutro) e um qualquer acto que se lhe siga, mesmo que se chame «comportamento» e esse acto ou conjunto de actos.


C. Das duas, uma: ou não sabes interpretar um texto simples e claro, ou ages de má-fé e nenhuma das duas «razões» me parece razoável em ti. Deturpas completamente tudo quanto foi dito nesse monstruoso parágrafo que passo a citar:
Citação:
«Afirmar que a excitação/fantasia sexual de um adulto heterossexual , por uma bébè de um mês é algo de moralmente neutro parece-me monstruoso. (E Isto é um juízo moral) E é isto que tu, o Camilo, e a OT afirmam quando declaram a vossa incapacidade para fazer um juízo moral sobre este comportamento concreto (resultante de um impulso) , que seria moralmente neutro, logo não passível de qualquer juízo de valor moral».
Quem afirmou tal coisa, aqui sublinhada? Cara catolicapraticante: monstruosa e ignóbil é a deturpação que fazes ao que escrevi. Mais: é repugnante.
Definitivamente, exorto-te a ler mais (e com mais atenção) e escrever menos, melhor e mais responsavelmente. Assim não dá.

Alef

Re: manipulações jornalisticas
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 08 de January de 2006 13:12

Eu pessoalmente acho repugnante que alguém , ainda por acima armado em expert moral, considere
moralmente neutros e
não passíveis de um juízo moral,

os impulsos de um pedófio em abusar sexualmente de crianças.

Foi precisamente isto que tu escreveste.

"Se os impulsos não dependem da liberdade da pessoa (isso normalmente faz parte do ser impulso), mesmo quando são parafílicos, enquanto impulsos são moralmente neutros".

Confrontei-te com um exemplo concreto destes impulsos - a excitação sexual (provavelmente com erecção) de um homem adulto pedófilo, face a uma bebé de um mês, mesmo sem acting out .

Para ti é algo de moralmente neutro, para mim não.

SE existe monstruosidade, será na tua neutralidade postiça.




Ah, e volto arepetir, aoa contrário doq ue te julgas, os sentimesntos implicam construção pessoal, em termos psicológicos.Não saõ moralemnte neutros, como eventualemnte as emoções

Re: manipulações jornalisticas
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 08 de January de 2006 13:18

Retornando ao exemplo em concreto ( porque é sempre bem exemplificarmos do que estramos a falar, em vez de teorizarmos sem sentido), ao contrário de vocês, eu faço um juízo moral negativo sobre o impulso de um pedófilo[/b], independentemente da culpa ou censurabilidade de quem o pratica, que terá de ser avaliada em concreto.

Aliás, este discurso moral que defende a neutralidade moral dos impulsos dos pedófilos é precisamente o que eles utilizam para se autojustificar.

Algusn até afirmam que estão afzer bem ás criancinhas ou que elas os provocam sexualmente, precisamente porque têm uma distorção cognitiva sobre as suas motivações e impulsos, ah, moralemente neutros, claro



Re: manipulações jornalisticas
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 08 de January de 2006 16:40

Algumas proposições:

1. Os sentimentos, em sentido próprio e radical, não dependem da vontade daquele que os tem, não dependem do exercício de uma liberdade. Pertencem a um domínio pré-moral (talvez esta designação seja preferível a «amoral», embora aqui possamos usar ambas indistintamente). Não são bons nem maus moralmente, são o que são.

[Nota: Caso contrário, haverá sentimentos bons e maus, haverá sentimentos aceitáveis e sentimentos a ser censurados ou reprimidos. Defendes isso?]



2. Ninguém pode ser julgado moral ou judicialmente por um sentimento (enquanto mero sentimento) ou por um impulso (enquanto mero impulso).

[Nota: Isso não autoriza a tua deturpadora frase, quando dizes que eu considero «não passíveis de um juízo moral os impulsos de um pedófilo em abusar sexualmente de crianças» (sublinhado meu). Há aqui um salto altamente falacioso na preposição «em». O pedófilo que está «em» tal situação há muito que passou do simples impulso. De novo: não mistures alhos com bugalhos.]



3. Um pedófilo não é julgado por ter um «sentimento pedófilo» ou por ter um «impulso pedófilo», mas por ter actuado de uma determinada forma.

[Nota: aqui fica também à vista a falaciosidade das tuas mensagens contra as opiniões do Camilo, da Ovelha Tresmalhada e minhas. Nenhum dos citados mostra confundir um impulso com um acto, ao contrário do que insiste a caricatura que irresponsavelmente pintas.]



4. Um pedófilo que cometeu um acto pedófilo, para lá do seu impulso sexual em relação a crianças, passou do mero impulso; passou do nível pré-moral ao nível moral, o dos actos, cometendo um acto objectivamente mau, pelo qual é responsável. Já fui bem claro quanto a isso em mensagens anteriores. Não é o impulso ou o sentimento o que está primariamente em causa, mas sim um acto, com vítima(s).

[Nota: Mencionas, cito,
«a excitação sexual (provavelmente com erecção) de um homem adulto pedófilo, 
face a um bebé de um mês».
Ora bem, aqui haveria que ver o que se entende por «excitação sexual», que pode ter vários significados. Eu coloco a questão do impulso num «ponto prévio» (não necessariamente mensurável cronologicamente, mas formalmente anterior) a que poderemos chamar de «suscitação», um conceito talvez mais preciso, no sentido de uma espécie de exórdio accional que modifica o «tom vital» em que um dado sujeito se encontrava. A excitação remete já para um processo «em andamento». O facto de haver erecção nada adianta à questão da avaliação moral, na medida em que poderá ser completamente involuntária. Se um pedófilo busca ou provoca uma excitação, aí, sim, há um acto volitivo, que já entra no âmbito da moralidade. Mas não foi este o âmbito em que eu falei de «amoralidade», ou, agora, de «pré-moralidade».]



5. A possível desculpa ou autojustificação por parte de um pedófilo, argumentando com a «neutralidade moral dos impulsos pedófilos» não colhe, porque não julgamos impulsos nem sentimentos, mas sim actos, isto é, o que se faz com esses impulsos ou sentimentos. Podemos partir do suposto que todo a pessoa que roubou teve antes um impulso para se apoderar do alheio, mas não julgamos o impulso, mas sim o acto de roubar. Também não julgamos todas as pessoas que tiveram algumas vez o impulso de se apoderar do alheio. Da mesma forma, não julgamos um impulso sexual, qualquer que ele seja, enquanto mero impulso, mas sim um determinado acto sexual.

[É claro que, no contexto das fontes de moralidade, a limitada liberdade de um pedófilo poderá ser um elemento importante no âmbito da moralidade subjectiva, da mesma forma que no campo jurídico-penal o juiz pode considerar como atenuante o facto de a pedofilia ser considerada uma doença incurável na qual o depredador actua com uma liberdade muito condicionada. Mas esta é uma questão «ulterior», que a) não retira a maldade ao acto nem b) modifica o estatuto do mero impulso ou do sentimento enquanto meramente «sentido».]



6. De modo nenhum a minha exposição «exonera» os pedófilos das suas responsabilidades. Simplesmente coloca o problema onde ele deve ser colocado e enquadra-se numa antropologia muito mais sadia que essa que preconiza que há sentimentos bons e sentimentos maus, impulsos bons e impulsos maus, sentimentos que devem ser aceites e sentimentos que devem ser reprimidos… Não, o que defendo é que os sentimentos são o que são, pertencem a um âmbito pré-moral, não sendo bons nem maus em si mesmos. O que é bom ou mal é o que se faz com eles. É aí que entra a liberdade, logo a possível avaliação moral.



7. No sentido mais radical, «sentimento» vem de «sentir» e não é nenhuma construção. No caso de ser uma construção, teremos (teríamos) que averiguar quais os elementos dessa construção. Poderíamos eventualmente mudar de terminologia, mas não de «gramática», já que há algo no ser humano que diz respeito ao modo como «sente» as coisas, sejam elas quais forem (que não se reduz à sensação, que é apenas um «momento» do «sentir»). Ora, esse modo como «sente» as coisas não tem ainda «elaboração», aí ainda não entrou a liberdade humana; é uma realidade pré-moral.

[Adenda: com esta noção de sentimento não me vinculo a nenhuma escola psicológica, mas simplesmente me atenho a algum do trabalho que tem sido feito a nível filosófico-antropológico, em importantes autores da época moderna e contemporânea. De resto, diga-se de passagem, o sentimento é uma categoria que esteve bastante arredada do pensamento filosófico durante muitos séculos, mas tem vindo a ganhar renovado interesse, concretamente para a questão moral. Lembro que nem sempre a psicologia é o melhor interlocutor para tratar a questão do «sentir» e do «sentimento», porque parte de (pre)supostos que não é capaz de criticar.]



8. E uma importante e urgente nota pessoal, cara catolicapraticante: já por várias vezes me chamaste depreciativamente «expert» em moralidade, coisa que já rejeitei, pela manifesta má intenção com que o termo é usado e porque nem com boa intenção aceitaria tal epíteto. A forma como o tens feito e repetido é uma reiterada ofensa pessoal, que agradeço que emendes imediatamente.

Será bem-vinda uma resposta global, que mencione todos estes pontos, com princípio, meio e fim, e sem gralhas. As gralhas manifestam precipitação, excessiva improvisação. Nestes temas tão sérios é necessário todo o contrário: ponderação, correcção, clareza, lealdade, respeito.

Alef

Re: manipulações jornalisticas
Escrito por: Ovelha Tresmalhada (IP registado)
Data: 08 de January de 2006 19:23

Caro Alef,

Agradeço as tuas palavras simpáticas.

Descobri este fórum há muito pouco tempo e, qual ovelha tresmalhada farta de tosar no restolho de tantos caminhos labirínticos do ciberespaço, parece que estou a encontrar aqui pasto da mais alta qualidade. Mesmo aquela ervazita mais amarga a que, por vezes, se tem que deitar o dente, tem a enorme utilidade de por à prova os nossos próprios gostos, consolidando-os ou questionando-os (o que, só por si, já é enriquecedor) e reforça, por contraste, a delícia com que se saboreiam as boas iguarias...

Já li por aqui muita coisa e tudo me tem sido últil. Espero poder dar algum contributo, partilhando algumas das minhas ideias e vivências, e, sobretudo, muitas das minhas dúvidas e inquietações, próprias de alguém que tem uma Fé que não chega nem à milésima fracção do pequeno grão de mostarda com que Cristo invectivou os seus discípulos, mas que se revê muito naquela proclamação, tão singela, tão humana, mas tão sensata do Apóstolo Pedro quando disse "a quem havemos de seguir se só tu tens palavras de Vida Eterna?"

Felicito e saúdo todos os membros do fórum sem excepção, desde a aguerrida, generosa, determinada e por vezes "dura de roer" catolicapraticante até ao "pré-excomungado" Avlis (:-) e passando por todos os demais, cujos nomes seria ocioso referir.

Quanto ao debate em curso, nada mais tenho a acrescentar: subscrevo tudo o que o Alef disse, salientando o rigor da sua argumentação, a sua precisão conceptual e a clareza e propriedade do seu discurso.





Editado 1 vezes. Última edição em 08/01/2006 19:24 por Ovelha Tresmalhada.

Re: manipulações jornalisticas
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 08 de January de 2006 23:48

Uma das grandes dificuldades deste tipo de discussões é que os que argumentam não têm o mesmo tipo de conhecimentos científicos pelo que muitas vezes utilizam linguagens e terminologias com conceitos substancialmente diferentes.

A Falta de rigor de conceitos (por máfé, ou pura ignorância ou até alguma perversidade) conduz muitas vezes argumentações e contra- argumentações um pouco inúteis.


1) Um bom exemplo é a noção de sentimento, versus emoção.

O Alef, por exemplo, confunde claramente estes dois conceitos.

Porém, a Emoção é diferente do sentimento, em termos de experiência psicológica.
As emoções (medo, terror, agressão) caracterizam-se por uma resposta biofisiológica intensa e pouco filtrada por mecanismos cognitivos.
A emoção é imediata, é o tal automatismo biológico ( quase sempre relacionado com a sobrevivência) que pode ser despoletado por um estímulo ou mecanismos externo ( ou interno) e se manifesta por um conjunto de complexas alterações bioquímicas, fisiológicas e hormonais quase imediatas.

Estas alterações caracterizam – por serem – intensas, imediatas e breves, ou seja, muito curtas no tempo.

AS emoções ( Por exemplo, a tristeza súbita a dor intensa, a raiva, o embaraço) são conhecidas de todos nós seres humanos e têm origem no sistema límbico numa parte do nosso cérebro que partilhamos em comum com os répteis.
( O cérebro humano é uma boa prova da validade da teoria da evolução)

Em exemplo simples – se atravessares a rua na passadeira e de repente quase fores atropelado, tens uma emoção incontrolável de medo e terror com manifestações fisiológicas, comportamentais e cognitivas muito específicas.

O coração a disparar, (taquicardia) o suor frio ( a sudorese intensa) a alteração das pupilas, são mecanismos biofisiológicos incontroláveis, os tais automatismos biológicos não controlados pela consciência. O substrato para uma emoção é um conjunto de disposições neurais num certo número de regiões cerebrais localizadas maioritariamente nos núcleos subcorticais do tronco cerebral, hipotálamo, prosencéfalo basal e amígdala.

Quanto aos sentimentos, para que um organismos vivo sinta um sentimento, é necessário acrescentar o processo de consciência aos processos da emoção.

Ou seja, os sentimentos, são processos psicológicos complexos, biofisiológica e qualitativamente diferentes das emoções.
Em primeiro lugar porque , enquanto experiência psicológica não são súbitos e curtos, como as emoções, em segundo lugar porque podem ser construídos mediante filtros cognitivos comportamentais. Disto de outra forma, o sentimento constrói o pensamento e o pensamento constrói o sentimento.

Passamos então para um outro nível – e em vez da euforia intensa ou do terror intenso ou do susto ( emoções) podemos falar por exemplo de amor , de um sentimento.

Esta construção/ mediação cognitiva que fabrica os sentimentos pode resultar de uma componente volitiva que integra a personalidade humana.

POR isso há sentimentos bons e maus, ( amor/ódio) há sentimentos aceitáveis e sentimentos eficazes e saudáveis e sentimentos desajustados, há sentimentos que sõ construídos construídos porque resultam dos mecanisnos da consciência de si.

Neste sentido os sentimentos não são moralmente neutros nem são completamente involuntários.

Re: manipulações jornalisticas
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 09 de January de 2006 00:34

Trocando a palavra emoção por sentimento todos os argumentos do Alef são inteiramente válidos.

Já os seus parecem-me perigosas aberrações sem qualquer fundamento.

Na sua linha de raciocinio se amanhã os psiquiatras voltarem a considerar a homossexualidade uma parafilia, como já ocorreu durante bastante tempo, estes passariam a ser moralmente reprovaveis pelo simples facto de serem homossexuais.

Um ex-toxicodependente sente frequentemente o desejo da droga. É obviamente um ser moralmente reprovavel pelo simples facto de sentir esse desejo. Suponhamos que temos um ex-toxicodependente que sente esse desejo porque em criança alguem o viciou na droga. Obviamente esse desejo desse ex-toxicodependente torna-o um ser moralmente reprovavel.

O desejo sexual é coordenado pelo hipotalamo. O hipotalamo coordena além do desejo sexual outras funções muito pecaminosas, a tensão arterial, a sensação de fome... enfim, é algo de que podemos ser realmente considerados culpaveis.

Re: manipulações jornalisticas
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 09 de January de 2006 00:54

2 - Um outro nível de avaliação que surge muito baralhada pelo alef é a ideia de que o desejo sexual, ou a atracção sexual ou os mecanismos de excitação sexual são simples resposta fisiológicas automáticas, sem qualquer mediação cognitiva ou afectiva em termos de sentimentos.

Ou seja os impulsos sexuais (considerados como resposta emocional básica) seriam algo completamente alheio à consciência, ao sentimento, ao filtro da cognição e da volição.

Ora esta concepção da sexualidade humana, sobretudo do desejo sexual , da excitação sexual e do impulso para praticar um acto sexual, como um mero automatismo biológico instintivo é bastante redutora e desumananizada.

E não corresponde aos conhecimentos científicos hoje disponíveis sobre os complexos mecanismos da Sexualidade Humana.

Nesse caso, todas a respostas sexuais humanas seriam moralmente neutras, desde que não envolvessem acting out, ou seja, interacção externa com um outro organismo/coisa.

Não falo apenas em interacção com outro ser humano porque o Alef claramente admitiu a neutralidade moral da atracção sexual por animais, objectos ou cadáveres, como é o caso da zoofilia, necrofilia ou fetichismo

Mais grave ainda é quando o Alef defende a neutralidade moral de impulsos sexuais que têm como objecto o sexo com crianças ou a violência contra outros seres humanos, desde que esses impulsos não venham a ser concretizados.

E isto é realmente Grave.

3) A confusão entre a dimensão jurídica e moral, é também permanente.

" Ninguém pode ser julgado moral ou judicialmente por um sentimento (enquanto mero sentimento) ou por um impulso (enquanto mero impulso)."

Na medida em que, como já demonstrei um sentimento resulta da mediação de processos ao nível da consciência ( dimensão volitiva e cognitiva) claramente, os sentimentos podem, em abstracto , ser alvo de juízo de valor Moral.

Porém não pode ser alvo de censura ou avaliação do ponto de vista jurídico ou criminal.

Porque, para que exista julgamento, do ponto de vista jurídico, é necessário que tenha havido um comportamento/acto , e que esse comportamento tenha tido como consequência directa a ofensa a um bem jurídico essencial tutelado pelo direito.


Ou seja, é necessário, não apenas um acto humano, ( que até pode ser involuntário) mas que esse acto humano tenha tido como consequência directa e causal a lesão da integridade física, da vida ou do património de outra pessoa, por exemplo.

Esta distinção entre o plano jurídico e o plano moral é particularmente relevante neste debate.

Porque é possível um julgamento moral onde não estão preenchidos os requisitos de um julgamento de um ponto de vista jurídico-penal.

E isto é particularmente relevante nas situações de parafilias/impulsos parafílicos.

"Um pedófilo não é julgado por ter um «sentimento pedófilo» ou por ter um «impulso pedófilo», mas por ter actuado de uma determinada forma."

Se te referes à questão estritamente jurídica, totalmente de acordo.

Mas, mais uma vez (e é triste ter se estar a repetir-me) o Alef confunde a avaliação jurídica, a questão concreta da culpabilidade e responsabilidade jurídico-penal que resulta de quem comete um determinado acto, com a questão prévia que é a da avaliação ética e moral desse mesmo acto em abstracto, mesmo que NUNCA venha a ser concretizado.

Mais uma vez, vou simplificar o discursos ob a forma de um exemplo

Citação:
António rumina longamente o projecto de assassinar Bernardo movido por um sentimento de ódio. Rumina, fantasia, sente prazer pessoal e excitação nesse processo
António nunca chega a assassinar bernardo, por motivos vários - pode até ser que não tenha oportunidade. Obviamente que António nunca poderá ser julgado por um sentimento de ódio ou por um impulso de agressão face a Bernardo

Mas isso faz desse sentimento ou desse impulso de agressão, algo de moralmente neutro, nem bom, nem mau, que não pode em abstracto ser alvo de um juízo de valor?


O mesmo raciocínio se pode fazer relativamente aos impulsos e fantasias pedófilas ou parafílicas, mesmo sem acting out.
Uma coisa é o juízo de valor sobre esses impulsos, outra coisa substancialemnte diferente é a culpa ou a censurabilidade de quem os pratica.

4) "Ora bem, aqui haveria que ver o que se entende por «excitação sexual», que pode ter vários significados. Ora bem, aqui haveria que ver o que se entende por «excitação sexual», que pode ter vários significados"

Fiquei de sobremaneira curiosa com esta frase. Excitação sexual tem aqui um único significado – uma fase do ciclo de resposta sexual humana.
___
Editado por Alef, a pedido da catolicapraticante: Retirei parágrafo (apartado) repetido.



Editado 1 vezes. Última edição em 09/01/2006 01:15 por Alef.

Re: manipulações jornalisticas
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 09 de January de 2006 01:02

Ovelha Tresmalhada:
Obrigada pela tua participação e pelo nívelo das tuas argumentações. Obrigada pela elevação das tuas intervenções, ainda que possamos discordar em alguns aspectos.

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