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Áté que ponto é Cristão doar órgãos?
Escrito por: Giovana (IP registado)
Data: 18 de March de 2009 01:20

SALVE MARIA!

Gostaria de saber a opinião de vcs sobre o assunto "Doação de órgãos"!

Sei que os órgãos devem ser retirados nas quatro primeiras horas do óbito, ou

logo que detectada a morte cerebral; sei que mesmo estando morta a pessoa é

submetida a anestesia geral. Enfim, infelizmente, sabendo de todo nosso sistema

saúde, sabendo da desumanização dentro dos centros médicos, sabendo da falta de

fé de todo este pessoal e devido a isto, a falta de amor a vida e a falta de

esperança em Deus, que tudo pode! Gostaria de saber o que vcs pensam sobre o

assunto.


Giovana.

PAX DOMINI.



Editado 1 vezes. Última edição em 18/03/2009 01:29 por Giovana.

Re: Áté que ponto é Cristão doar órgãos?
Escrito por: David_ (IP registado)
Data: 18 de March de 2009 01:49

Paz do Senhor a todos


A essa pergunta, se é cristão doar órgãos, podíamos responder com uma outra pergunta...

QUem, daqueles que é contra a doação de órgão, não doaria um dos rins, ou um dos pulmões a seu filho, ou mãe, ou pai, e assim, os deixaria morrer?


Acredito que, se é lícito para um, é lícito para um outro que não seja da familia...

Em Cristo

David

_________________________________________________________________________________
"Em ti me alegrarei e saltarei de prazer; cantarei louvores ao teu nome, ó Altíssimo." Salmo 9:2

Re: Áté que ponto é Cristão doar órgãos?
Escrito por: Giovana (IP registado)
Data: 18 de March de 2009 02:14

Desde que vi na televisão a aflição daquele pai (não sei se alguém viu ou se

lembra), que autorizou desligar os suportes (máquinas) que mantinham vivo seu

filho em coma com constatação de morte cerebral e depois ao saber que para ser

retirado os órgãos foi ministrado anestesia geral no garoto, ele caiu em

desespero ao pensar "Se meu filho estava morto para que anestesia?" Então ele

começou a questionar as pessoas que também foram consideradas mortas e de

repente voltaram a viver... Eu mesma conheço uma mulher que quando tinha 16

anos sofreu um acidente e foi tida por morta por 5 horas, e permaneceu na

gaveta do necrotério por exatemente 3 horas e ao ser retirada seu tio que estava

lá para reconhecer seu corpo percebeu um leve movimento no dedão dos pé dela...

ela estava viva e tem mais estava grávida de dois meses. Tudo isto eu penso e

questiono a doação de órgãos.

Agora rins a gente pode doar em vida, medula também,aí tudo bem...

Confesso não ter uma opinião formada com convicção em caso de óbito por morte

cerebral e alguns outros casos...



Editado 1 vezes. Última edição em 18/03/2009 02:20 por Giovana.

Re: Áté que ponto é Cristão doar órgãos?
Escrito por: Giovana (IP registado)
Data: 18 de March de 2009 02:28

E onde ela ficou era o necrotério mesmo, e a sorte dela era que isto ocorreu a

uns 35 anos atrás, porque se fosse hoje com certeza ela já tinha passado pela

biópsia e seus órgãos já teriam sido doados...

E o que a gente vê na TV, médicos operando o que o paciente não tem para ser

operado, erros absurdos em Centros Médicos bem conceituados...

Minha cunhada é médica e convivo com vários médicos e pessoas ligadas a

medicina e quando não são ateus, são espíritas então ou pensam que morrendo

acaba toda dor, ou pensam que mesmos se eles errarem no diagnóstico a

pessoa "reecarnará". E ainda temos aqueles que nunca deveriam ter entrado para

medicina, que são carniceiros irresponsáveis, ou mercenários. Claro que não posso e nem vou generalizar, óbvio que temos

grandes médicos e homens de Deus ou mesmo aqueles que sem fé agem corretamente

mediante a formação moral que tiveram... mas não podemos deixar de ver que estes

são minoria, infelizmente.



Editado 1 vezes. Última edição em 18/03/2009 02:31 por Giovana.

Re: Áté que ponto é Cristão doar órgãos?
Escrito por: paroled'amore (IP registado)
Data: 20 de March de 2009 21:17

paz de JESUS e amor de maria a tds

cara amica giovanna
sobre este tema, que na minha opinião bastante complexo, o cristão pode sim doar orgãos, vejamos o que diz o santo padre papa bento xvI, num congresso em roma:
"A doação de órgãos é uma peculiar forma de testemunho da caridade. Para uma correta concepção da vida, é determinante entrar na lógica da gratuidade", recordou o Papa Bento XVI, nesta sexta-feira, 7, ao receber os participantes do Congresso Internacional sobre a doação de órgãos, promovido pela Pontifícia Academia para a Vida.

"Existe de fato uma responsabilidade do amor e da caridade, que empenha a fazer da própria vida um dom para os outros, se uma pessoa quer verdadeiramente realizar a si mesma. Como o Senhor Jesus nos ensinou, só quem dá a própria vida a pode salvar".

Bento XVI reconheceu com apreço "os grandes progressos" realizados no campo da medicina, que têm permitido uma vida cada vez mais digna para cada pessoa que sofre. "Os transplantes de tecidos e órgão representam uma grande conquista da ciência médica e são, sem dúvida, um sinal de esperança para tantas pessoas que se encontram em situações clínicas graves, por vezes extremas".

É, porém, "dramaticamente prático" o problema da disponibilidade de órgãos vitais que se possam transplantar. Existe uma longa lista de espera para tantos doentes cujas únicas possibilidade de sobrevivência estão ligadas às reduzidas ofertas que não correspondem às necessidades concretas.

Princípios éticos

Para que o multiplicar-se dos pedidos de transplantes não acabe por subverter os princípios éticos que hão-de estar na base dos mesmos, impõe-se refletir sobre esta conquista da ciência. Como se desejou fazer com este Congresso. O Papa adverte que "o corpo (mesmo de um cadáver) nunca poderá ser considerado um mero objeto". É preciso evitar que, também neste campo, venha a prevalecer a lógica do mercado.

"O corpo de cada pessoa, juntamente com o espírito que é dado a cada um, constitui uma unidade inseparável em que está impressa a imagem do próprio Deus. Prescindir desta dimensão conduz a perspectivas incapazes de captar a totalidade do mistério presente em cada um. É portanto necessário que se ponha em primeiro plano o respeito pela dignidade da pessoa e a tutela da sua identidade pessoal".

Bento XVI advertiu contra "eventuais lógicas de compra-venda dos órgãos", assim como contra a "adoção de critérios discriminatórios ou utilitaristas", totalmente em contraste com "o significado subjacente ao dom", ao ponto de dever ser considerados atos moralmente ilícitos.

Dignidade da pessoa

"Os abusos nos transplantes e o seu tráfico, que muitas vezes afetam pessoas inocentes como as crianças, devem encontrar as comunidades científica e médica prontamente unidas no recusá-las como práticas inaceitáveis. Há que as condenar, sem hesitação, como abomináveis".

"Há que reafirmar o mesmo princípio ético, acrescentou o Papa, quando se pretende chegar à criação e destruição de embriões humanos destinados a fins terapêuticos. A simples idéia de considerar o embrião como "material terapêutico" contradiz as bases culturais, civis e éticas sobre as quais se apóia a dignidade da pessoa".
Recordado também que só se podem usar os órgãos vitais a partir de um cadáver, que mantém uma dignidade própria que deve ser respeitada sempre. Daqui a importância de dispor de critérios seguros de verificação da morte e de proceder sempre com precaução.

"Para tal é útil incrementar a investigação e a reflexão interdisciplinar de tal modo que a própria opinião pública seja colocada perante a mais transparente verdade sobre as implicações antropológicas, sociais, éticas e jurídicas da prática do transplante".

Ao concluir, Bento XVI reafirmou a necessidade de "incrementar a cultura do dom e da gratuidade". "A via mestra a seguir, enquanto a ciência não chegar a outras eventuais formas novas e mais aperfeiçoadas de terapia deverá ser a formação e difusão de uma cultura da solidariedade que abra a todos e não exclua ninguém".

"Será necessário desfazer preconceitos e mal-entendidos, dissipar desconfianças e medos, para as substituir com certezas e garantias de modo a permitir o crescimento em todos de uma consciência cada vez mais difusa do grande dom da vida".


fiquem com DEUS

se DIO è per noi,chi sara contro noi

Re: Áté que ponto é Cristão doar órgãos?
Escrito por: Giovana (IP registado)
Data: 20 de March de 2009 23:56

Salve Maria!

Obrigada pela colocação.

Porém, confesso ainda ter minhas ressalvas não em relação a virtude de

"se doar"

ao próximo, mas sim ressalvas quanto a todo critério utilizado nesta "definição"

de morte cerebral; e também na índole e nos interesses que infelizmente mapeam

o tema "doação de órgãos".... mas vc disse bem, aí é que devemos dizer "Se Deus

é por nós quem será contra nós"

Pax Domini.

Re: Áté que ponto é Cristão doar órgãos?
Escrito por: paroled'amore (IP registado)
Data: 22 de March de 2009 16:37

Citação:
Giovana
Salve Maria!
mas vc disse bem, aí é que devemos dizer "Se Deus

é por nós quem será contra nós"

Pax Domini.

ciao amigos paz de JESUS e o amor de maria todos
vejo que sabe italiano giovana, amiga, este tema nos da uma vasta discussão, no meu punto de vista, doar é orgãos é muito valido e também perigoso, como voce mesma escreve a cima sobre clinicas que podem desligar aparelhos, para aproveitar orgãos, ai cai no caso da eutanasia, outro crime contra a vida, na doação de orgãos, acho ser valido, voce faz sua parte, os que não fizerem ai se acertarão com o JESUS.
a igreja defende a vida desde sua concepção até a morte, morte natural, nao forçada, por isso, vejo nesse doutores e clinicas que assassinam muitos para obter orgãos, como assassinos, recentemente vimos o caso de ELUANA na italia, varios amigos italianos da ordem francescana em parma, me mandaram emails dizendo estarem aterrorizados com tal assassinato, do qual nem berlusconi se esforçou para imnpedir, ele como premier poderia ter evitado isso, as causas desta eutanasia foram bastante significativas os anos dela em aparelhos, mas se estava vivendo oras, porque mata-la?e mataram, a igreja em roma, investigou o caso, e realmente devido ao desligamento dos aparelhos ela se desidratou e e sem refeião veio a morrer, ou seja, assassinaram ela.
estes como disse o portavoce do vaticano, se entenderam com JESUS.
deixemos de lado este problema que JESUS os julgem.
paz do SENHOR a tds

se DIO è per noi,chi sara contro noi

Re: Áté que ponto é Cristão doar órgãos?
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 22 de March de 2009 17:22

Por favor
desligar máquinas quando a pessoa está clinicamente morta nada tem de assassinato.
É natural que apenas se desligue após retirarem alguns órgãos cuja qualidade depende imenso de uma oxigenação contínua.
Não confundam esta situação com a eutanásia.

Sobre a anestesia nunca tinha ouvido falar, como tal gostaria que um médico viesse aqui esclarecer. Vou também tentar saber do porquê, caso isso seja real. De qualquer das maneiras não deve ser por medo que o morto acorde a meio.

Relembro que em Portugal todos somos potenciais doadores. Quem não quiser doar os seus órgãos terá de, em vida, declarar essa objecção passando a constar no Registo Nacional de não Dadores (RENNDA).

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.

Re: Áté que ponto é Cristão doar órgãos?
Escrito por: Giovana (IP registado)
Data: 22 de March de 2009 17:36

SALVE MARIA!

Eu ouvi da boca de vários médicos que para chegarem a conclusão de que uma

pessoa está verdadeiramente com morte cerebral é muito difícil, por não se

tratar de uma ciência exata!

Meus receios nãosão em relação aos que agem de forma correta ou com Deus, ou com

a moral e a ética... e sim em relação a esta onda de desvalorização da vida em

si... bem, "se uma pessoa está no leito de morte vamos acelerar este processo

para que outras vidas sejam salvas"... não concordo com isto de forma alguma e

é contra isto que falo.


PAX DOMINI.
Giovana.



Editado 1 vezes. Última edição em 22/03/2009 17:41 por Giovana.

Re: Áté que ponto é Cristão doar órgãos?
Escrito por: Giovana (IP registado)
Data: 22 de March de 2009 17:43

Salve Maria!

Paroled'amore, por favor entre neste tópico e deixe sua opinião... gostaria de

saber:


[www.paroquias.org]

Obrigada.

Giovana.

Re: Áté que ponto é Cristão doar órgãos?
Escrito por: Lena (IP registado)
Data: 22 de March de 2009 17:49

Não é uma ciência exacta?!?
Por favor, podias explicar o que queres dizer?

Obrigada

Quem eu conheci e admirava já cá não anda, pelos vistos morreu. Em breve serei eu. Melhor assim.

Re: Áté que ponto é Cristão doar órgãos?
Escrito por: Giovana (IP registado)
Data: 23 de March de 2009 00:45

Salve Maria!

Olá Lena, antes desejo expressar que até certo ponto admiro como vc defende

suas opiniões, sempre de forma muito clara e direta, digo isto mesmo muitas

vezes não concordando com elas, rs.

Quando digo não ser ciência exata, quero falar que cada ser humano é único e

por isto reage a tratamentos de formas diferentes, por isto demora-se um tempo

considerável para se aceitar certa terapia, ou determinado medicamento (drogas)

no mercado e por isto existem as contra-indicações, e reações adversas etc,foi

um exemplo. Existem casos casos em que foram constatado morte e na verdade a

pessoa estava viva e voltou depois de algum tempo e em muitos casos tempo além

de 4 hs, as quais são toleradas para a doação de órgãos. Decidir por retirar

os suportes, ou seja, as máquinas que mantem uma pessoa viva ou não é algo

muito delicado e sério... e devido a tudo que já foi escrito acima, eu não

sinto confiança para dizer com toda verdade que sou à favor de doação de órgãos

nestes casos, entende?

Fique com Deus e uma ótima semana.

PAX DOMINI.

Giovana.

Re: Áté que ponto é Cristão doar órgãos?
Escrito por: Giovana (IP registado)
Data: 23 de March de 2009 01:03

www.biodireito-medicina.com.br
***
O Estado Atual do Biodireito,
Maria Helena Diniz

de acordo com o novo Código Civil,
São Paulo, Saraiva, 2002, 2a. ed.
Páginas 275-280
***
Determinação da morte encefálica
para fins de transplante de órgãos e a questão da vida residual

1. "há uma grande preocupação na determinação do momento exato da morte encefálica, pois, como diz Vega Diaz (376): "um segundo pode ser a unidade de tempo que faça de um sujeito vivo um cadáver, mas também pode fazer de uma morte um homicídio".

2. "Como admitir que alguém seja morto para poupar a vida de outrem? Estará o doador realmente sem vida? Quando se produz a morte encefálica de uma pessoa? Para sua comprovação bastaria a realização de exames complementares que demonstrem a parada da atividade bioelétrica encefálica?"

3. "Impossível será dispensar a evidência da morte encefálica, pois, se ela for mera aparência, o transplante poderá dar origem a um homicídio culposo (377)."

4. "o problema da determinação da morte encefálica ainda assim persiste, porque esses critérios, na verdade, são prognósticos e não diagnósticos, e, além disso, o teste da apnéia constitui um grande risco para o paciente-doador, pois poderá comprometer irreversivelmente a circulação de sangue ao cérebro, induzindo a morte, quando deveria tão-somente diagnosticá-Ia."

5. Por que isso ocorre? O teste de apnéia, em que se desliga o respirador por 10 minutos, mesmo com medidas que tentam, mas não conseguem, completamente, prevenir a ocorrência da falta de oxigênio durante o teste, pode determinar a morte do paciente por efeitos deletérios referentes à falta de suprimento sangüíneo cerebral. Além disso, há casos de recuperação total de pessoas tidas como mortas, de acordo com os atuais critérios de diagnósticos de morte encefálica, através da aplicação do tratamento por hipotermia, que consiste na redução da temperatura do corpo humano de 37°C para 33°C ou 34°C, durante 12 a 24 horas, para normalizar a pressão no interior do crânio, impedindo que sua elevação faça cessar a circulação cerebral, reduzindo também o edema cerebral, que é um dos principais fatores da elevação da pressão cerebral, e paralisando as reações químicas que levam as células nervosas à morte. Vítimas de traumatismos cranianos graves e paradas cardíacas prolongadas (30 a 47 minutos de duração) tiveram suas funções neurológicas recuperadas, ou quase completamente recuperadas, com o emprego da terapia hipotérmica. A utilizaçãoda hipotermia pode salvar mais de 70% de pessoas tidas como mortas, segundo os atuais critérios de diagnóstico de morte encefálica. Logo o não uso dessa terapêutica, quando a alternativa oferecida é o teste da apnéia para beneficiar possíveis receptores de órgãos e tecidos, configuraria crime de omissão de socorro (382).

6. Conclusão da Autora: Prudente seria então acatar para fins de transplantes apenas a teoria da morte encefálica total, segundo a qual o óbito só ocorre em caso de morte do tronco encefálico, onde se encontram os centros nervosos superiores, que sustentam a respiração e a circulação sangüínea (383), caracterizando-se pela ausência de atividade encefálica comprovada por exames laboratoriais, como eletroencefalograma, carótido-angiografia ecodoppler ou mapeamento cerebral, e desde que configurados todos os critérios clínicos e complementares exigidos pela Resolução CFM n. 1.480/97, SEM A REALIZAÇÃO DO PERIGOSO TESTE DA APNÉIA (grifos nossos) , mediante comprovação de médicos especializados e ponderados. Todavia, entendemos que seria preciso repensar o conceito de morte encefálica e os testes e exames para diagnosticá-Ia. Seriam necessários, pensamos, uma nova estipulação legal sobre o assunto, devidamente complementada pelo Conselho, e um novo conceito científico, mais rigoroso e seguro, de morte, para fins de transplante.
*****

"A noção comum de morte tem sido a ocorrência de parada cardíaca prolongada e a ausência de respiração, ou seja, a cessação total e permanente das funções vitais, mas, para efeito de transplante, tem a lei considerado a morte encefálica, mesmo que os demais órgãos estejam em pleno funcionamento, ainda que ativados por drogas (374).


Assim sendo, não se aguarda a parada cardiorrespiratória e a conseqüente autólise dos órgãos, bastando a ocorrência de dano encefálico de natureza irreversível que impeça a manutenção das funções vitais, devendo empregar-se os recursos de terapia intensiva para garantir a perfusão dos demais órgãos durante um período que possibilite sua utilização em transfusão (375). Para salvar uma vida será preciso atuar imediatamente sobre o cadáver-doador e manter seus órgãos em funcionamento até sua retirada para o transplante. Só as cómeas poderão ser retiradas após a parada cardíaca.



Como os transplantes de certos órgãos requerem seu uso em questão de minutos, há uma grande preocupação na determinação do momento exato da morte encefálica, pois, como diz Vega Diaz (376): "um segundo pode ser a unidade de tempo que faça de um sujeito vivo um cadáver, mas também pode fazer de uma morte um homicídio".



Como fazer um transplante sem precipitar a morte do doador? Para a equipe médica que vai diagnosticá-Ia o drama moral é forte, pois um erro poderá custar a vida do paciente se sua morte for declarada precipitadamente. Como admitir que alguém seja morto para poupar a vida de outrem? Estará o doador realmente sem vida? Quando se produz a morte encefálica de uma pessoa? Para sua comprovação bastaria a realização de exames complementares que demonstrem a parada da atividade bioelétrica encefálica?


Impossível será dispensar a evidência da morte encefálica, pois, se ela for mera aparência, o transplante poderá dar origem a um homicídio culposo (377). Deveras, poderá haver erro de diagnóstico, como o ocorrido com J ason Arthur Rae, que, dado como morto ao sofrer, em 14 de julho de 1973, uma grave lesão cerebral numa piscina, nos Estados Unidos, tendo sua mãe anuído no transplante de seus rins e fígado, respondeu aos estímulos de dor quando os médicos se preparavam para a operação, recobrando a respiração em 45 minutos depois (378).



Como se vê não é tarefa fácil diagnosticar a morte encefálica ou neurológica, que vem a ser a abolição total e definitiva das atividades do encéfalo, de que dependem, fundamentalmente, todas as demais funções orgânicas. Com a morte das células do sistema nervoso central, das funções vitais, a única que pode permanecer é o batimento cardíaco, porque o coração tem um sistema de controle independente daquele. Será imprescindível sua constatação, mediante critérios científico-técnicos rigorosos, por médicos especializados e do mais elevado sentido ético (379).



Muitos médicos recorrem ao eletroencefalograma plano, ou seja, à ocorrência do silêncio ou da não-subsistência de impulsos elétricos nesse grande centro nervoso superior, pois, em assim sendo, toda atividade biológica que registre o resto do organismo importaria somente em subsistência de vida puramente celular, já que o indivíduo estaria desintegrado definitivamente como pessoa. Mas o eletroencefalograma plano deverá perdurar por um lapso de tempo apreciável, porque se têm comprovado casos de indivíduos que o acusaram e, não obstante isso, recuperaram sua consciência horas mais tarde.



Foi por tal razão que no Congresso Internacional de Transplante de Órgãos, celebrado em Madri, preferiu-se falar em "silêncio bioelétrico cerebral que se mantenha por 24 horas" (380). Mesmo assim, como se poderia admitir a morte encefálica se na intoxicação barbitúrica pode haver uma atividade elétrica silenciosa e persistente durante horas ou dias, depois do que o paciente se restabelece? Bastaria para o diagnóstico de morte encefálica uma atividade do cérebro silenciosa e persistente captada pelo eletroencefalógrafo? Seria suficiente uma avaliação da cessação de atividade cerebral ou a observação do traçado isoelétrico do cérebro para se concluir pelo estado de morte?



Em 1980, nos Estados Unidos, o "Ato de Determinação Uniforme da Morte" (381) entendeu que estaria morto quem sofresse parada irreversível das funções respiratória e circulatória ou de todas as do cérebro. O Comitê da Escola de Medicina de Harvard determinou, por sua vez, que no conceito de morte encefálica deverão existir os seguintes sinais: inconsciência total e falta de resposta a estímulos externos, ausência de respiração e reflexos e eletroencefalograma plano. Outros estudiosos acrescentam, ainda, a queda de tensão arterial, hipotonia muscular etc.



Como se pode ver o traçado isoelétrico silencioso e persistente não é suficiente para o diagnóstico da morte encefálica, porque pode ser transitório, por isso a Resolução n. 1.480/97 do nosso Conselho Federal de Medicina, ao declarar que a parada total e irreversível das funções encefálicas equivale à morte, conforme já estabelecido pela comunidade científica mundial, aponta os seguintes critérios para sua configuração:


a) clínicos: coma aperceptivo com arreatividade inespecífica, dolorosa e vegetativa, de causa definida, ausência de reflexo corneano, oculoencefálico, oculovestibular e vômito e positividade do teste de apnéia, excluindo desses critérios os casos de intoxicação metabólica, por droga ou hipotermia; e


b) complementares: ausência das atividades bioelétrica ou metabólica cerebrais ou da perfusão encefálica.


Salienta ainda a Resolução CFM n. 1.480/97 que a parada total e irreversível das funções encefálicas será constatada por meio da observação desses critérios registrados em protocolo devidamente aprovado pela Comissão de Ética da Instituição Hospitalar.



Todavia, o problema da determinação da morte encefálica ainda assim persiste, porque esses critérios, na verdade, são prognósticos e não diagnósticos, e, além disso, o teste da apnéia constitui um grande risco para o paciente-doador, pois poderá comprometer irreversivelmente a circulação de sangue ao cérebro, induzindo a morte, quando deveria tão-somente diagnosticá-Ia. Por que isso ocorre? O teste de apnéia, em que se desliga o respirador por 10 minutos, mesmo com medidas que tentam, mas não conseguem, completamente, prevenir a ocorrência da falta de oxigênio durante o teste, pode determinar a morte do paciente por efeitos deletérios referentes à falta de suprimento sangüíneo cerebral. Além disso, há casos de recuperação total de pessoas tidas como mortas, de acordo com os atuais critérios de diagnósticos de morte encefálica, através da aplicação do tratamento por hipotermia, que consiste na redução da temperatura do corpo humano de 37°C para 33°C ou 34°C, durante 12 a 24 horas, para normalizar a pressão no interior do crânio, impedindo que sua elevação faça cessar a circulação cerebral, reduzindo também o edema cerebral, que é um dos principais fatores da elevação da pressão cerebral, e paralisando as reações químicas que levam as células nervosas à morte. Vítimas de traumatismos cranianos graves e paradas cardíacas prolongadas (30 a 47 minutos de duração) tiveram suas funções neurológicas recuperadas, ou quase completamente recuperadas, com o emprego da terapia hipotérmica. A utilizaçãoda hipotermia pode salvar mais de 70% de pessoas tidas como mortas, segundo os atuais critérios de diagnóstico de morte encefálica.
Logo o não uso dessa terapêutica, quando a alternativa oferecida é o teste da apnéia para beneficiar possíveis receptores de órgãos e tecidos, configuraria crime de omissão de socorro (382).



Parece-nos que, ante a gravidade da questão, não se poderia mesmo admitir a teoria da morte cerebral superior, que sustenta que as funções críticas que definem o ser humano seriam as nervosas superiores, como a consciência psicológica, a memória etc., que usam como instrumentos os hemisférios cerebrais. Com o desaparecimento dessas funções, a pessoa ficaria em estado vegetativo persistente (EVP) , seria um morto, ainda que seu coração continuasse a bater e seu pulmão respirasse sem o auxílio de aparelho. Já houve casos de pacientes em estado vegetativo persistente que viveram mais de 30 anos, outros que se recuperaram depois de um longo tempo em estado vegetativo, e alguns até mesmo chegaram a lembrar de conversas dos médicos enquanto estavam inconscientes. Prudente seria então acatar para fins de transplantes apenas a teoria da morte encefálica total, segundo a qual o óbito só ocorre em caso de morte do tronco encefálico, onde se encontram os centros nervosos superiores, que sustentam a respiração e a circulação sangüínea (383), caracterizando-se pela ausência de atividade encefálica comprovada por exames laboratoriais, como eletroencefalograma, carótido-angiografia ecodoppler ou mapeamento cerebral, e desde que configurados todos os critérios clínicos e complementares exigidos pela Resolução CFM n. 1.480/97, SEM A REALIZAÇÃO DO PERIGOSO TESTE DA APNÉIA (grifos nossos) , mediante comprovação de médicos especializados e ponderados. Todavia, entendemos que seria preciso repensar o conceito de morte encefálica e os testes e exames para diagnosticá-Ia. Seriam necessários, pensamos, uma nova estipulação legal sobre o assunto, devidamente complementada pelo Conselho, e um novo conceito científico, mais rigoroso e seguro, de morte, para fins de transplante.

Bibliografia citada:


373. Sobre a retirada post mortem de órgãos e tecidos é o que dispõem: a Lei n. 9.434/97, arts. 32,42, §§ 12 a 32,72, parágrafo único, e 82, o Decreto n. 2.268/97, arts. 16, §§ 12 a 62, 17, parágrafo único, 18 e 19, §§ 12 a 42,21 e 33, e o Código Penal, art. 211.


374. Álvaro Villaça Azevedo, Lei de transplantes e doação presumida de órgãos e tecidos, Jornal do Advogado, 212: 13; José Todoli, Ética dos transplantes, cit., p. 36. Em 1968, em Genebra, representantes da OMS e da UNESCO apresentaram os seguintes critérios para determinação da morte: parada de toda resposta ao meio ambiente; abolição completa dos reflexos e perda do tônus muscular; suspensão da respiração espontânea; queda brusca da pressão arterial com a retirada dos meios para mantê-Ia elevada; traçado eletroencefalográfico totalmente linear, obtido com garantias técnicas definidas. Esclareceram, ainda, que esses critérios não são válidos para crianças, para pacientes com hipotermia ou em intoxicações agudas de qualquer espécie. Consulte: Genival Veloso de França, Direito médico, cit., p. 410 1; José Raul Torres Kirmser, Responsabilidad, cit., p. 137-9.


375. Regina Ribeiro Parizi e Nei Moreira da Silva, Transplantes, in Iniciação
à bioética, cit., p. 164.

376. Vega Diaz, Blanco y Negro, Madrid, 20-1-1968.


377. Paulo José da Costa Jr., O transplante de coração em face do direito
penal brasileiro, RT, 389:309.


378. Antônio Chaves, Direito à vida e ao próprio corpo. cit., p. 229-30.


379. José Adriano Marrey Neto, Transplantes de órgãos - nova disciplina, RT,681:437.



380. Eduardo Nóvoa Monreal, Los problemas jurídico-sociales dei trasplante de corazón, in Problemas actuales de Ias ciencias penales y Ia filosofía dei derecho, Buenos Aires, Pannedillo, 1970, apud Antônio Chaves, Direito à vida e ao próprio corpo, cit., p. 230.


381. Guidelines for the determination of death, lAMA, 246:2184-6, 1981.

382. É a lição do neurologista Cícero Galli Coimbra, Morte encefálica e transplante de órgãos, Catolicismo, 582:28-9. Vide José Mitchell, Definição de morte cerebral vai mudar, Jornal do Brasil, 16-2-2000, p. 12. Já houve caso de pessoa tida como morta que, ao se recuperar, reconheceu enfermeira que lhe removera as próteses dentárias enquanto estava em coma profundo (Shankar Vedantam, Quase morte, objeto de estudo científico, O Estado de S. Paulo, 25 dez. 2001, p. A8). E, além disso, há clínica de criogenia, na cidade de Scottsdale, no Arizona (EUA), que domina técnica de ressurreição pelo congelamento, comprometendo-se a manter o corpo por 200 anos a partir do óbito, observa Ivan Padilha, De volta para o futuro, Época, 29 abro 2002, p. 66.

383. Jaime Espinosa, Questões de bioética, cit., p. 49-50.
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Re: Áté que ponto é Cristão doar órgãos?
Escrito por: Giovana (IP registado)
Data: 23 de March de 2009 01:06

E para terminar de expor meus pensamentos e se vc tiver paciência entre neste link:

[noticias.terra.com.br]

Re: Áté que ponto é Cristão doar órgãos?
Escrito por: Matheus (IP registado)
Data: 16 de April de 2009 16:58

A Graça e a Paz do Senhor Jesus.

Existe um ponto fundamental que já foi exposto acima: Detectar que realmente houve "morte". Temos que ter o cuidado de não cometer um homicídio;
Mas no caso de doar um órgão em vida, como um rim, por exemplo, podemos doar e continuar vivos; Neste caso, não vejo nenhum problema.
Não conheço nenhuma passagem bíblica que faça referência a este tema, mas vou pesquisar. Se encontrar algo relevante, postarei mais tarde.

Matheus

Re: Áté que ponto é Cristão doar órgãos?
Escrito por: s7v7n (IP registado)
Data: 16 de April de 2009 18:01

Podem levar todos os meus orgãos quando morrer. Não me interessam mais. Se puder salvar vidas, melhor!

"Ama e faz o que quiseres" - Santo Agostinho

Re: Áté que ponto é Cristão doar órgãos?
Escrito por: Giovana (IP registado)
Data: 21 de April de 2009 19:22

Os meus não poderão levá-los pois tive hepatite A, e isto confesso me dá uma

certa tranquilidade de poder morrer em paz... ou seja, sem ser forçada a morrer!

Re: Áté que ponto é Cristão doar órgãos?
Escrito por: Alpha (IP registado)
Data: 22 de April de 2009 09:18

Olá Giovana,

Citação:
Giovana
Os meus não poderão levá-los pois tive hepatite A, e isto confesso me dá uma certa tranquilidade de poder morrer em paz... ou seja, sem ser forçada a morrer!

Também se morreres de velhice podes morrer em paz, ninguém vai querer os teus órgãos.

Cumprimentos

Alpha

Re: Áté que ponto é Cristão doar órgãos?
Escrito por: Giovana (IP registado)
Data: 24 de April de 2009 06:09

Salve Maria!

Nosso tempo de vida cabe a Deus, mas tanto uma como outra situação.... sou muito

franca em me sentir aliviada!

Sinto, mas não acredito nesta "filantropia" que a mídia dá tanta ênfase! E só

de estar com a mídia em peso à favor já fico desconfiada....

Nada contra doação de órgãos, mas isto com muitas condições a serem revistas e

estudas, o que eu postei acima por exemplo (lá em cima da página).


PAX DOMINI.

Re: Áté que ponto é Cristão doar órgãos?
Escrito por: rachel moura (IP registado)
Data: 09 de June de 2009 04:27

Giovana,

Primeiro: Nao acho q a maioria dos médicos sao imprudentes, negligentes ou fazem parte de uma teoria da conspiração para retirar os orgaos de pessoas ainda vivas e vendê-los para outras pesssoas...isso é a minoria!

A questão que vc levanta é relevante: como realmente saber se a pessoa está viva ou se está morta? Duvida essa que acredito que estamos (enquantos seres pensantes) tentando resolver com o desenvolvimento da medicina.

Nao acho q porque temos dúvidas sobre isso, devemos ficar parados e nao doar órgaos. Pq se for assim, eu tbm tenho dúvida se vou chegar salva no transito maluco do Rio de Janeiro, entao eu nao dirijo o carro? Estamos nesse mundo para viver e morrer e espero q se minha vida for em abundancia (assim com Jesus disse q veio para q todos tenham vida e vida em abundancia) que essa abundancia perpasse e nao se finde juntamente com a minha morte, mas se perpetue através dos meus órgaos.

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