Foi com muito agrado que descobri este site e este fórum do paroquias.org. Parece-me ser um bom espaço informativo sobre a Fé Cristã e as participações nos fóruns parecem-me equilibradas e com qualidade.
Fui nascido e criado católico mas progressivamente fui perdendo a minha religiosidade com a chegada da adolescência e o amadurecer do meu profundo espírito crítico (que ainda mantenho!) que me fez rejeitar a Igreja e consequentemente a religião.
Mantive-me culturalmente cristão, algo que é comum a todos nós portugueses, mas o facto é que o cristianismo não fazia parte da minha vida, apesar de até ter frequentado um grupo de escoteiros (da AEP - não católicos) sediado numa paróquia, durante uns quatro anos, e de manter interesse no fenómeno religioso e nas grandes questões da existência.
Mais recentemente, desde há um ano para cá, senti um grande impulso interior para a redescoberta da Fé e, após uns meses de estudo e informação impulsionados por um interesse prévio, abracei o Islão. Na verdade, sentia-me realizado e praticava a religião duma maneira como nunca tinha praticado ou vivido alguma anteriormente. Rezava as cinco orações diárias, abstia-me da carne de porco e do álcool, lia o Corão e outros escritos muçulmanos e frequentava a mesquita amiúde. No recente mês de Outubro, jejuei durante o Ramadão. A minha família foi bastante tolerante para comigo e deixou-me em paz com a minha crença, embora achassem estranho pois sempre fui pouco ou nada religioso.
Recentemente, tudo mudou. À medida que lia, me informava e trocava ideias com outros muçulmanos (pessoas que vivem o Islão) menos entusiasmado me sentia e mais dúvidas me assaltavam a razão. Tentei fazer compromissos com a crença mas, cada vez mais, isso tornava-se insustentável. Sempre achei que ou «se é ou não se é cristão», ou «ou se é ou não se é muçulmano», isto é, acho que a Fé deve ser coerente o suficiente para justificar como e porque se a pratica. Isso falhou comigo e com o Islão por várias pequenas coisas que se tornaram uma grande coisa. Finalmente, após pedir várias vezes a Deus para que me orientasse no caminho certo e recorrer ao meu juízo e razão, simplesmente fiz o que achava certo e abandonei o Islão.
Contudo, sinto que voltei à estaca zero. Melhor, não voltei à estaca zero pois sinto que a religiosidade veio para ficar e esta passagem pelo Islão serviu para que aprendesse e crescesse enquanto experiência de vida.
Correntemente, quero dar uma oportunidade ao Cristianismo para (re)entrar na minha vida. Há coisas que já esqueci ou que não sei, há coisas com que continuo a não concordar na Igreja, mas acho que a mensagem de Cristo ultrapassa todas estas pequenas coisas, não?
Estou a pensar um dia destes em ir à igreja, repôr o meu colar com a cruz de madeira ao pescoço, recordar o Pai Nosso, começar a ler e a reler sobre a religião e redescobrir o cristianismo que acredito ainda haver em mim.
Entretanto, espero poder participar cá no Fórum, discutir pontos de vista e (re)aprender a Fé!
Um bem-hajam a todos, irmãos e irmãs!

«Amai-vos uns aos outros como eu vos amei a vós»

Caro João, bem vindo a este fórum.

Antes de mais, permite-me que partilhe contigo as minhas ideias: eu acho que mais importante que ser cristão ou muçulmano, é que uma pessoa siga a sua consciência. O problema é que a realidade não é linear, é muito complexa, e é difícil encontrar a melhor forma de ser justo e de cumprir os desígnios de Deus (o que se traduz em fazer o que em última instância é melhor para os outros e também para nós).

Concordo quando dizes que ou se é cristão/muçulmano ou não. Mas antes de mais, és humano, e é nisso que tens de investir: em ser o mais humano possível. Imagino que deve ser confuso procurar a Deus nas várias religiões, mas há um espaço onde de certeza o encontras: na tua consciência. Aparentemente, esta impele-te a descobrir mais e mais a Deus. Pede-lhe ajuda na oração e segue o teu coração.

De resto, nota que mesmo dentro de cada Igreja há diversidade. Nem todos temos a mesma forma de amar a Deus e nenhum de nós pode dizer que verdadeiramente O conhece. Tentamos, mas é tudo. De resto, todos falhamos, todos traímos aquilo em que acreditamos por vezes. Não é isso que nos faz menos cristãos ou menos muçulmanos ou menos humanos. A coerência está em ter a humildade de reconhecer que também erramos e voltar a tentar, não em nunca errar. Isso é para nós impossível. Nisso suponho que todos temos de aprender a perdoar aos outros mas também a nós mesmos, e a confiar no perdão Dele.

De resto, não estou a dizer nada que não saibas já. Boa sorte na tua procura. Começas muito bem: «Amai-vos uns aos outros como eu vos amei a vós».

Bem Vindo! Contigo traz outro amigo também:)))

Obrigado pelas boas vindas. Vou tentar ir aparecendo por cá. Abraço

«Amai-vos uns aos outros como eu vos amei a vós»

Há sempre um contexto cultural para a revelação de Deus. Se um cristão tomar consciência de que o seu Deus é o Deus de Jesus Cristo, surge uma aproximação natural à postura dos muçulmanos. Jesus Cristo pode unir a Humanidade inteira se nos aproximarmos dele sem cargas ideológicas, tal como Ele, que nada escreveu, pois que punha a vida acima de toda a tagarelice. A questão que nos separa do islamismo pode ser a ponderação que fazemos da presença de Deus na História. Em certa medida não somos mera criação, mas podemos ser também parte de uma geração. Jesus Cristo é geração, segundo o Credo e dá-nos a medida da presença de Deus na História Humana: Amor e Perdão sem limites.

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Para o Islão os profetas terminaram em Maomé (Muhammad). Para o cristão o espírito da professia continua. Um profeta, no seu estilo exagerado, tem como missão dizer ao mundo que é preciso conversão, e muitas vezes exagera dizendo que está tudo mal.
Por exemplo:
[ [www.padremariodemacieira.com.sapo.pt] ]



Editado 2 vezes. Última edição em 01/02/2006 15:16 por Albino O M Soares.

Na verdade, para ser mais correcto, no Islão o último Mensageiro (Rasul) é Maomé ou Muhammad, isto é, o Mensageiro é aquele que traz a Escritura de Deus (como Moisés), mas é admitida a existência posterior de outros profetas (Nabi), aqueles que advertem para Deus, até ao fim dos tempos.

Creio, que para um Cristão, o importante é que Deus fez-se Homem através de Cristo e que viveu, e comeu, e bebeu, e comungou, e riu, e ensinou e comungou no meio de nós. Pela minha experiência (falível, claro), enquanto no Islão o crente está demasiado preso ao «legalismo» em que se tornou a religião, no Cristianismo o crente celebra o Reino de Deus também nesta vida e o incondicional amor de Cristo por todos nós.

A celebração da Eucaristia em cada missa é uma constante renovação da Aliança e da Fé em Deus, pelo exemplo e sacrifício de Jesus. É assim que compreendo e sinto a Fé.

Hoje, pude assistir à primeira missa desde que (re)abracei o Cristianismo e senti-me como que voltasse a casa.

«Amai-vos uns aos outros como eu vos amei a vós»

Bem vindo, irmão.

Olá João!!!

Em primeiro lugar, bem-vindo!!!! (Sei que já vou um bocadinho tarde, mas mais vale tarde que nunca, certo?).

Gostei imenso do teu post inicial, até porque me identifiquei bastante. Também num momento tive problemas de em fazer compromissos, acumulando uma série de pequenas coisas; também me afastei do Cristianismo e acabei por me reaproximar, de uma forma diferente da inicial.

Acima de tudo acho que há uma coisa fundamental que me fez reaproximar do cristianismo (a ti também, suponho...) que é exactamente aquilo que escreves no final das tuas participações «Amai-vos uns aos outros como eu vos amei a vós». Posso estar enganada, não sou, nem pretendo ser especialista em nada destas coisas, mas esta é a minha ideia do que é o cristianismo, tudo o resto são extensões, construções, formas de reforçar, etc. A definição está, acho eu, aqui: Deus é Amor e nós só podemos corresponder a esse amor, amando. Não resisto a citar uma frase extraodinária do irmão Roger nos seus últimos apontamentos que formam a Carta por Acabar, para o ano 2006:"«Deus é amor.» Basta compreendermos estas três palavras para podermos ir longe, muito longe" ([www.taize.fr])

Eu acho, e mais uma vez é possível que esteja redondamente enganada, que é nesta definição de Deus que reside toda a novidade do Cristianismo, novidade tão grande e tão transcendente à realidade humana que nos é difícil aceitá-la. Durante toda a Idade Média (e se calhar ainda hoje, um bocadinho), a tendência foi para dar uma definição de Deus como aquele que tudo pode, que tudo domina, um Deus omnipotente, à maneira humana. Eu própria o imaginei assim durante anos... Mas não há nos evangelhos a construção dessa imagem, de forma nenhuma... A força de Deus não é senão aquela que reside na fraqueza que é amar infinitamente. Essa é a grande novidade do Deus dos Cristãos, essa é novidade que, penso eu, tantas vezes nos custa a aceitar. Porque precisamos de um Deus forte, poderoso, porque essa é a nossa imagem de poder, essa é a nossa imagem de hierarquia. Mas Cristo inverte completamente a nossa imagem de hierarquia e de poder, muda tudo, baralha tudo, "tira-nos o tapete" e propõe que depois da desconstrução consigamos ver as coisas de maneira diferente.

'Basta compreender que Deus é amor para podermos ir muito longe', "muito longe" ainda não sei, mas consegui dar alguns passos sobre esta realidade....

Mais uma vez bem-vindo!

Um abraço

Rute

Oi, João .
Decubra o Cristo , sua pessoa , ganhe intimidade com Ele.
Compreenda o sentido da Missão Dele e da sua missão como Batizado.
Peça a Crisma ( confirme seu Batismo ) assim que compreender e sentir o Cristo e
abra seu coração sem medo e Deixe-o fazer morada nele.
Peça á Ele para lhe ensinar a amar um pouquinho como Ele ama./
Chore ao meditar na Paixão aos pés da cruz....Exulte na Páscoa , após conseguir seus objetivos na quaresma.
E nunca se esquece que Sem Cristo nada somos .

Paz e Bem
chris

Na Igreja encontrará muito joio plantado pelo inimigo (eu proprio sinto que já fui joio muitas vezes) mas também muito trigo.
O mal costuma ser mais barulhento, mais barulho faz uma arvore a cair que uma floresta a crescer, mas não significa que domine.

De qualquer modo não seguimos alguem que seja apenas um homem mas sim o Verbo de Deus, Jesus Cristo.

O cristianismo não é legalista como o islão (e o antigo judaismo), não é conhecimento como as religiões orientais, mas sim seguir a Jesus, procurar crescer na caridade fraterna (eu ía dizer no Amor mas é uma palavra muito adulterada nos dias que correm).