CRISTO: ANTI - IGUALITÁRIO
Prezados leitores do fórum, vejam o que acontece quando se defende aquilo que a Igreja ensina: a maioria doscatólicos, quecomungam, se voltam contra os ensinamentos da própria Igreja. E vejam você que somente estou defendendo aquilo que escreveu São Paulo. Mas não foi São Paulo que nos ensinou o que é o amor? Então o mesmo São Paulo nos ensina que a mulher deve ser submissa ao marido. Ocorre que vocês confundem submissão com subviniência.
Respondendo a você, caro amigo Seven, digo-lhe que o papal do homem em um casamento é parecido com o do papa no reinadoda Igreja. Veja João Paulo II: ele convocou o sínodo dos bispos para ouvir o que pensam os bispos do mundo inteiro. Vejam como isto é sábio, mesmo sendo papa, ele não quer definir as coisassozinhos. Quer ouvir. Quer escutar. Quer chegar, na medida do possível, em um consenso. Mas no final, após ouvir a todos, quem define e decide é o papa. Muitos bispos querem a ordenação de mulheres. Ele os ouve, mas não os acata. Aos bispos resta a submissa ou a revolta: ou eles obedecem ao Papa ou saem da Igreja, ainda que dentro dela fisicamente
Assim também é o casamento. Nós, os maridos, como o papa respeitamos e ouvimos humildemente as nossas esposas, que muitas vezes são mais sábias do que nós (como láem casa, que a minha mulher é muito mais inteligente do que eu). Ela me ilumina, me guia e me guarda. Buscamos o consenso, baseados na palavra de amor pregado por São Paulo, em Coríntios 13. Definimos praticamente tudo de comum acordo. Porém, se existe um assunto verdadeiramente importante, e após todo o diálogo possível não se chega a um consenso, e eu acho que tem que ser de um jeito e ela de outro, então eu determino e ela, submissa, acata. É assim. Ponto final.
Com tal freqüência ouvem-se as pessoas deturpar e violentar os Sagrados Evangelhos que, hoje, quase todos crêem que Cristo ensinou e quer a igualdade entre os seres humanos.
Ora, a vida de Nosso Senhor mostra o contrário. Cristo nasceu no povo eleito- o povo judeu - e o preferiu aos demais povos. Logo, Cristo não quis a igualdade dos povos e nem os trata igualmente. Daí que, já no Antigo Testamento Deus disse:
"Bem - aventurado é o meu povo de Egito, e o Assírio é obra de minhas mãos; porém a minha herança é Israel". (Isaias 19, 25).
Deus ama todos os povos infinitamente, mas sua preferência é por Israel. Por essa razão, S. Paulo ensina que Deus dará "tribulação e angústia para a alma de todo o homem que faz o mal, do judeu primeiramente, e depois ao grego". (Romanos 2, 9-10).
Uma passagem dos Evangelhos mostra tal verdade de modo inquestionável. Quando uma mulher cananéia seguia Cristo rogando que lhe curasse a filha possessa, o Mestre sequer respondia. Tendo-lhe os Apóstolos rogado que atendesse a essa mulher, o Divino Mestre ensinou:
"Eu não fui enviado senão às ovelhas que pareceram da casa de Israel" (Mt. 15, 24).
A mulher pagã insistiu e adorando-O clamou:
"Senhor, valei-me".
Nosso Senhor, respondendo, disse:
"Não é bom tomar o pão dos filhos e lançá-lo aos cães" (Mt. 15, 25).
Essa resposta afirma que, para Cristo, os judeus eram filhos, enquanto que os pagãos eram como cães. Como isto deve parecer duro e revoltante para a mentalidade atual! A mulher cananéia porém, não se revoltou e aceitou humildemente a comparação confessando:
"Assim é Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa de seus donos" (Mt. 15, 27).
Então Jesus elogiou a fé daquela pobre mulher e deu-lhe não só a migalha, mas o pão inteiro, curando-lhe a filha. Assim para Cristo os povos não eram iguais.
E em Israel, queria Deus que houvesse igualdade? No povo eleito, havia 12 tribos. Entre elas Deus preferiu a de Judá, prometendo-lhe que dela nasceria a Messias:
"Judá, teus irmãos te louvarão ( ... ) os filhos de teu pai se prostrarão diante de ti ( ... ) O cetro não será tirado de Judá" (Gen. 49, 8-12).
Na tribo de Judá havia muitas famílias mas Deus não as tratou igualmente, pois preferiu entre todas a família de Davi. Quando veio ao mundo, Cristo nasceu num presépio onde havia - diz a tradição - um boi e um burro, cumprindo-se o que profetizara Isaías:
"Conhecerá o boi o seu dono, e o burro conhecerá o presépio de seu Senhor". (Is. 1, 3)
O boi e o burro do presépio representavam respectivamente o judeu e o pagão, pois Cristo veio redimir a ambos. O boi que arava sob a canga representa o judeu que labutava sob a canga da Lei mosaica. O burro que não tem sabedoria simboliza o pagão que não tinha a inteligência das coisas de Deus. Foi por essa razão que Cristo, demonstrando que veio salvar a todos os homens, entrou em Jerusalém montado num burrico que nunca havia sido montado, levando-o até o templo de Jerusalém para significar que queria que os pagãos fossem levados à Religião verdadeira, ao Templo do Senhor.
Cristo fez chamar para o presépio os pastores e os reis, para demonstrar que vinha salvar pequenos e grandes e que governantes e súditos, poderosos e fracos devem coexistir pacificamente na sociedade. Entretanto, Cristo não tratou igualmente os reis e os pastores. A estes chamou antes e por meio de um anjo. Aos reis, chamou posteriormente e por meio de uma estrela. Ora, Cristo chamou os pastores antes porque, sendo judeus, tinham a verdadeira fé. Aos reis, que eram pagãos, Deus enviou apenas um sinal material. Nova desigualdade de tratamento.
E qual é a cidade de Cristo? Ele é Jesus de Nazaré. Mas quis nascer em Belém. A cidade em que mais fez milagres - e que mais favoreceu portanto - foi Cafarnaum. Porém seu primeiro milagre foi em Caná. A cidade na qual quis morrer foi Jerusalém. Mas seu poder Ele pôs em Roma. Seis cidades, seis amores diversos. Assim, Ele mostra que ama a cada um com um amor particular. Não igualmente.
Quando perambulava pelos caminhos da Judéia, Samária e Galiléia Ele ensinava mais aos discípulos que ao povo. Veja:
"A vós é concedido conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhe é concedido". (Mt. 13, 11).
Aos apóstolos Ele ensinava mais do que aos discípulos. Aos próprios apóstolos Ele não tratava igualmente, pois se transfigurou apenas diante de três privilegiados (Mt. 17). O primeiro que quis chamar a si foi André (Jo. 1, 40). Mas o primeiro na autoridade foi Pedro (Mt. 16, 17-19). Porém o Apóstolo mais amado foi João, porque era virgem. Ele confiou a sua bolsa a Judas e não a outro. O único apóstolo que Cristo elogiou foi Natanael (Bartolomeu) dizendo dele
"Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo" (Jo. XX).
Mas o apóstolo por excelência não é nenhum dos doze. É Paulo. Onde está a igualdade? Nos seus ensinamentos Cristo pregou sempre a desigualdade:
"Porque (o reino dos céus) será como um homem... que deu cinco talentos (a um servo), e a outros dois, e a outro um, e a cada um segundo a sua capacidade" (Mt. 25, 14-15).
E mais tarde tal homem, que representa Deus, voltou para cobrar os juros. A parábola apresenta Deus tratando os homens desigualmente, dando mais talentos a uns, e menos a outros. O mesmo Cristo disse:
"A quem muito foi dado, muito será pedido" (Lc. 12, 48).
"Porque ao que tem será dado e ainda mais terá em abundância; mas ao que não tem até o que tem lhe será tirado" (Mt. 13, 12).
A Igreja Católica nos ensina então que há desigualdade nas graças, nas virtudes, nos mistérios e nas culpas, o que produz desigualdade de glória no céu e de castigos no inferno.
PAPEL DAS MULHERES SEGUNDO A BÍBLIA
Agora que entendemos que Deus nos criou desigualmente, e que ele nos trata de forma desigual, fica mais fácil entendermos o porquê da mulher não poder assumir cargos de comando na Igreja. Isto contraria o princípio da desigualdade querido por Cristo e realizado por Deus. A mão não pode ser o pé, nos ensinou São Paulo, e a mulher não pode ser ordenada, porque isto contraria a ordem natural das coisas. E é pecado grave contrariar a vontade de Deus. Cristo escolheu os seus Apóstolos só de entre os homens e a Igreja desde o princípio imitou-O ao escolher só homens para guiar o rebanho (o seu magistério vivo). Assim, a exclusão das mulheres do sacerdócio está em harmonia com o plano de Deus para a sua Igreja.
O modo de agir de Cristo não fora ditado por motivos sociológicos ou culturais próprios do seu tempo. A verdadeira razão é que Cristo, ao dar à Igreja a Sua fundamental constituição, a sua antropologia teológica, depois sempre seguida pela Tradição da mesma Igreja, assim o estabeleceu. Chamando só homens como seus apóstolos, Cristo agiu de maneira totalmente livre e soberana. Fez isto com a mesma liberdade com que, em todo o seu comportamento, pôs em destaque a dignidade e a vocação da mulher.
De fato, os Evangelhos e os Atos dos Apóstolos atestam que este chamamento foi feito segundo o eterno desígnio de Deus: Cristo escolheu os que Ele quis (cf Mc 3,13-14; Jo 15,16) e fê-lo em união com o Pai, «pelo Espírito Santo» (At 1,2), depois de passar a noite em oração (cf Lc 6,12). Portanto, na admissão ao sacerdócio ministerial, a Igreja sempre reconheceu como norma perene o modo de agir do seu Senhor na escolha dos doze homens que Ele colocou como fundamento da sua Igreja (cf Ap 21,14). Eles, na verdade, não receberam apenas uma função, que poderia depois ser exercida por qualquer membro da Igreja, mas foram especial e intimamente associados à missão do próprio Verbo encarnado (cf Mt 10,1.7-8; 28,16-20; Mc 3,13-16; 16,14-15). O mesmo fizeram os Apóstolos, quando escolheram os seus colaboradores que lhes sucederiam no ministério. Nessas escolhas, estavam incluídos também aqueles que, ao longo da história da Igreja, haveriam de prosseguir a missão dos Apóstolos de representar Cristo Senhor e Redentor.
Finalizando, João Paulo II escreveu que o fato de Maria Santíssima, Mãe de Deus e Mãe da Igreja, não ter recebido a missão própria dos Apóstolos nem o sacerdócio ministerial, mostra claramente que a não admissão das mulheres à ordenação sacerdotal não pode significar uma menor dignidade nem uma discriminação a seu respeito, mas a observância fiel de uma disposição que se deve atribuir à sabedoria do Senhor do universo.
A presença e o papel da mulher na vida e na missão da Igreja, mesmo não estando ligados ao sacerdócio ministerial, permanecem, no entanto, absolutamente necessários e insubstituíveis. A Santa Madre Igreja incentiva que as mulheres cristãs tomem plena consciência da grandeza da sua missão. O seu papel é de capital importância nos dias de hoje, tanto para o renovamento e humanização da sociedade, quanto para a redescoberta, entre os fiéis, da verdadeira face da Igreja.
Os Livros do Novo Testamento e toda a história da Igreja mostram amplamente a presença na Igreja de mulheres, verdadeiras discípulas e testemunhas de Cristo na família e na profissão civil, para além da total consagração ao serviço de Deus e do Evangelho. A Igreja, defendendo a dignidade da mulher e a sua vocação, expressa honra e gratidão por aquelas que - fiéis ao Evangelho – (até mesmo as partes que talvez as desagradem) em todo o tempo participaram na missão apostólica de todo o Povo de Deus. Tratam-se de santas mártires, de virgens, de mães de famílias que, corajosamente, deram e dão testemunho da sua fé , educando os próprios filhos no espírito do Evangelho, transmitindo a mesma fé e a tradição da Igreja (II Tess 2, 15).
Por outro lado, é a santidade dos fiéis que Cristo deseja de fato. Assim, o único carisma superior a que se pode e deve aspirar é a caridade (cf 1 Cor 12-13). Os maiores no Reino dos céus não são os ministros, mas os santos.
Vocês me dirão que hoje ninguém acredita em tudo o que escrevi, apenas repetindo aquilo que a Igreja sempre ensinou.
Respondo-lhes: que pena. E pergunto: que lei se respeita, hoje? Mas a palavra de Deus não muda. Ainda que um anjo nos apresente um evangelho diferente do que nos foi apresentado, seja anátema. Anatema sit!
In corde Iesu et Mariae. Semper!
Sandro Pelegrineti de Pontes
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