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Re: Idade Média: luz ou trevas?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 19 de November de 2002 16:55


"Delirante", não, Ana, se quiseres fazer o favor de entender a minha última mensagem como uma sátira...

Realmente, a Inquisição tirou-nos das "trevas", apesar de todos os pecados cometidos por falta de clareza no processo, falta de desenvolvimento das ciências criminais, corrupção por parte dos advogadores e acusadores (como aconteceu com S. Joana d'Arc), etc.. Na teoria funcionaria bem, mas na prática, foi-se corrompendo. Era demasiado avançado para a época: um modelo que, afinal, copiamos hoje! Mas, e os julgamentos de hoje, com todos os meios de avaliação da prova que temos ao nosso dispôr? Continuam a haver absolutamente demasiadas injustiças para que nos possamos arrogar como exemplo para qualquer outra época da História.

Não nos esqueçamos também de que no início a Inquisição era apenas uma "inquisição" acerca da formação catequética de cada indivíduo, para a avaliar por forma a lhe ser enviado um pregador, na sua maior parte dominicanos e franciscanos, e o instruir na fé, numa época em que ninguém sabia ler, senão os religiosos e nobres. Depois, com os séculos, até boa parte dos religiosos se deixou levar pela riqueza, culminando isso no Renascimento, e em que a instrução do povo foi deixada para trás...

Surpreendente, isso sim, é a Igreja ter permanecido firme que nem uma rocha e em nada ter adulterado a própria fé, mas apenas a maculou com o pecado de quem não praticou o que dizia, e dizendo-o cada vez menos, para mais poder pecar. Mas enfim, não disse Jesus o mesmo aos doutores da lei e aos fariseus, e no entanto instruiu-nos para acreditar no que eles diziam, mas a considerar terrivelmente hipócrita a sua atitude? (cf. Mateus 23,2-3) Aqueles que detinham a cátedra de Moisés, substituída por Ele pela cátedra de Pedro? (cf. Mateus 16,17-19) Passou-se o mesmo, como se passa ainda hoje em cada coração que ainda não se converteu inteiramente, por não se converter continuamente, a Jesus Cristo. Surpreendentemente ainda, o poder Deus é suficiente para manter uma Igreja de gente tão pecadora, sem nunca os abandonar! E graças a Ele por isso! :o) É inteiramente pelo seu poder que a Igreja é infalível.

Quanto à Revolução Francesa, esse sim, um período da História que a cultura secular acolheu como heróico mas que foi, na verdade, terrível. Não só pelas mentiras anti-eclesiásticas que se desenvolveram e nas quais se acreditam até hoje, mas também pela temível violência e desrespeito pela vida humana que veiculou. E foi este o tempo da "Declaração Universal dos Direitos Humanos", que pretendeu substituir o Cristianismo pelo Humanismo!

João

Re: Idade Média: luz ou trevas?
Escrito por: João Oliveira (IP registado)
Data: 19 de November de 2002 19:20


Queria ainda deixar aqui mais material para discernimento. Trata-se de uma série de conferências realizadas há cerca de um ano atrás, cá no nosso país. Vejamos então os relatos da altura, que são inteiramente actuais.

«"Pierre Duhem: um génio incómodo" e "O Cristianismo e a revolução científica na Europa" foram os temas apresentados por Stanley Jaki em 21 e 23 de Novembro passado [2001], na Faculdade de Ciências de Lisboa [para além de "Fátima: a razão perante os sinais de Deus", no Seminário de Santarém]. Estas palestras integram-se no ciclo de Encontros Ciência & Cultura, promovidos pelo Centro Cultural de Lisboa Pedro Hispano.
Stanley Jaki, é um sacerdote católico [húngaro] da ordem beneditina, pertencente à Academia Pontifícia das Ciências, doutorado em Teologia e Física, e nos últimos trinta anos especializou-se em História e Filosofia das Ciências. Em 1980 recebeu o Prémio Lecomte du Nouy e em 1987 o Prémio Templeton.
Pierre Duhem deixou uma vasta obra científica no domínio da história da ciência, mecânica teórica e filosofia da física. Quando morreu, em 14 de Setembro de 1916, com 56 anos de idade, estava a corrigir as provas do seu quinto volume "Le Système du Monde", obra em 10 volumes que abriu novas perspectivas na origem da ciência moderna, totalmente revolucionárias, porque ninguém suspeitava até então, que estas origens remontavam à idade média. Quando Duhem iniciou a sua investigação sobre a literatura científica de meados do séc. XVI, deparou-se com livros que eram reimpressões de manuscritos medievais. Nessa altura, Duhem encontrou várias referências a Jordanus, que, para seu grande espanto, se tratava de Jordanus Nemorarius, um académico da Sorbonne de 1320. Duhem ficou estupefacto. Tinha sido educado em acreditar, tal como toda a gente, que a ciência tinha começado com Copérnico, ou mesmo com Galileu. Ele percebeu que esta descoberta demolia o lugar comum de que a preocupação medieval com a teologia impedia o homem de se interessar pela ciência e de ter uma mente precisa. Por isso se tornou um génio incómodo.
No segundo Encontro Stanley Jaki esclareceu: "Quando, duas gerações depois de Newton, os líderes do Iluminismo francês codificaram as linhas principais da história intelectual europeia, não sentiram vergonha alguma acerca do que faziam. Ninguém, nessa altura, teria desafiado a sua tese principal de que, para as ciências naturais nascerem, a revelação sobrenatural, isto é, a fé Cristã teria que ser retirada da mente dos homens. Ninguém suspeitava que os factos da história científica contradiziam redondamente esta afirmação, e que exactamente o oposto é que era verdade. Para que as ciências naturais pudessem nascer, na sua forma exacta, que é a Física, era necessária uma faísca, a doutrina da criação a partir do nada e no tempo, mas numa forma Cristã, de modo que a tão importante 1.ª lei de Newton pudesse ser antecipada."
Na sua permanência em Portugal tornou-se evidente o entusiasmo de Stanley Jaki. Demonstrou uma vida dedicada à procura da verdade, ao reconhecimento dos factos, ao amor a Cristo e à Igreja. Este sacerdote apelou à consciência dos Católicos, fazendo referência à grande coragem dos portugueses na luta e na expansão da civilização cristã, sublinhou a importância determinante de Fátima nos acontecimentos do século XX.
Esta foi mais uma iniciativa do Centro Cultural de Lisboa Pedro Hispano que pretendeu apresentar a ciência como uma dimensão que contribui para que o homem tome consciência da realidade segundo a totalidade dos factores. Tomar consciência da realidade segundo a totalidade dos factores abre à intuição do infinito, ao reconhecimento da Presença que responde ao desejo do homem de ser Homem.»

Isabel Alçada Cardoso

in "Voz da Verdade", n.º 3552, 9 de Dezembro 2001.


Aproveito para deixar aqui também a descrição dos próprios Encontros:

- Pierre Duhem: um génio incómodo. [21 Novembro 2001]

Stanley Jaki é autor da mais reputada biografia de Pierre Duhem, que os especialistas consideram ser um dos mais notáveis historiadores de Ciência de todos os tempos. Autor de "Le Système du Monde", obra ainda hoje incontornável na historiografia científica, Pierre Duhem foi e continua a ser um génio incómodo.

- Fátima: a razão perante os sinais de Deus. [22 Novembro 2001]

Stanley Jaki investigou os testemunhos dos milagres de Fátima e ficou fascinado com os factos que ocorreram. A investigação de toda esta matéria foi coligida num livro publicado em língua inglesa.

- O Cristianismo e a revolução científica na Europa. [23 Novembro 2001]

A revolução científica foi um fenómeno exclusivamente Europeu. Porquê? Stanley Jaki argumenta que é impossível responder a esta questão sem ser à luz da matriz cristã europeia.


João

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