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Re: Obscurantismo
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 14 de September de 2006 11:01

Um biologo não cometeria os erros elementares que comete e estaria melhor informado.

Quando tiver tempo e pachorra irei procurar as revistas em que li sobre o genoma "inutil" (os numeros exactos da sience&vie e da scientific american, edição brasileira).

Re: Obscurantismo
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 14 de September de 2006 11:03

Cara Chris:

SE oa ssunto lhe interessa, aqui vão alguns links:

[homeobox.biosci.ki.se]
[www.usbio.net])

E ainda :
[www.livescience.com]

“[www.livescience.com]

[www.geocities.com]
[www.livescience.com]

Jinhos

Re: Obscurantismo
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 14 de September de 2006 11:18

Camilo

O tema de debate não são as habilitações da Católica Praticante.

Citação:
Quando tiver tempo e pachorra irei procurar as revistas em que li sobre o genoma "inutil"

Talvez devesse ter começado por aí e assim, sendo ou não biólogo, teria alguma coisa para dizer sobre o tema em debate.

pontosvista

Re: Obscurantismo
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 14 de September de 2006 11:52

A Chris perguntou quais as habilitações da CP. A CP copiou textos sem referir que eram copiados. Quando se faz isto quem lê pode julgar que quem escreve é um especialista e portanto aquilo que escreve deve ser tido em especial consideração.

Como não copiei nada textualmente não considero particularmente importante procurar as minhas fontes originais. Aliás já disse algo para o debate. Isto não é nenhuma dissertação de doutoramento em que seja necessario citar a fonte de cada afirmação que se faz.

Re: Obscurantismo
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 14 de September de 2006 12:25

O facto de se citar um texto entre aspas, significa, para qualquer pessoa minimamente alfabetizada , que o texto não é do próprio, mas de outro autor (es). Neste caso, o texto em causa pertence á Wikipedia, daí não ter colocado o nome do autor, coisa que habitualmente faço.
Acontece que por vezes num forum os Links dos textos não saem , mesmo quando os colocamos. Foi o que sucedeu.Um lapso muito frquente nas intervenções do camilo.

Aliás a linguagem da wikipedia não é uma linguagem para experts, mas para leigos minimamente inteligentes.
SE usasse neste Forum uma linguagem como especialista ela seria completamente ininteligível para a maior parte das pessoas.

No entanto podemos ter argumentações equilibradas e com alguma fundamentação científica mesmo sem sermos peritos em Biologia. Até porque a Interdisciplinaridade faz parte do conheciemnto científico.

Não nos devemos limitar a mandar "bitaites" generalistas para o ar, sem qualquer fundamentação, referência ou sentido lógico, como fez o camilo a propósito do "genoma inútil", até porque esse não era o tema que provovou a a observação do camilo.

POsto isto, a intervenção do camilo, foi uma intervenção lateral sobre oe tema em questão que em nada contribuiu para o debate.
Por outro lado, o camilo não pode pronunciar-se sobre as minhas habilitações lietrárias, porque não as conhece nem tem competência para as reconhecer.

E porque isso não interessa para nada, porque aqui somos todos iguais, a não ser na paciência e na caridade para com os outros.

Re: Obscurantismo
Escrito por: Epafras (IP registado)
Data: 14 de September de 2006 18:50

Na sequência do debate que temos tido, proponho a leitura desta carta escrita em resposta a um editorial da revista "Science" sobre a hipótese do desenho inteligente. Os sublinhados são meus.
--------------------------------------------------------------------------

Carta de Enézio F. de Almeida Filho (neddy@uol.com.br), coordenador do Núcleo Brasileiro de Design Inteligente, sobre o editorial da revista “Science”, cuja tradução publicamos da edição de segunda-feira última:

Como abordar o editorial enviesado de Leshner? Por que alguns cientistas estão 'aborrecidos' com o "Design Inteligente"? Leshner sabe -- a TDI é a única proposição científica alternativa à Teoria Geral da Evolução (TGE) e a outros eventos no universo.

O aborrecimento deve ser porque subitamente descobriram que apostaram tudo no cavalo errado...

Não existe um crescente movimento para levar o DI às salas de aula nem pressão para ensinar o DI como alternativa científica à evolução nos EUA. O DI já se manifestou contra esta ação política.

Nós incentivamos, sim, o ensino da controvérsia sobre o “fato” da evolução debatida pelos especialistas. Nós propomos o ensino objetivo da ciência, mas Leshner e alguns cientistas são contra!

Para um relato objetivo do 'julgamento de Scopes', vide "Summer for the Gods: The Scopes Trial and America's Continuing Debate Over Science and Religion" (Nova York: Basic Books, 1997), de Edward J. Larson.

Em artigo anterior, Leshner comentou a atividade do DI no Brasil. Neste editorial, ele reconhece que a 'alternativa científica à evolução' está ganhando dimensões internacionais: na América Latina e na Europa.

Quer dizer, o DI não é coisa apenas de alguns "Hillbillies fundamentalistas" que não sabem o que é ciência...

Os cientistas já foram instados a não submeterem as concepções centrais da evolução ao exame público.

Razão? As evidências vão demonstrar que Darwin está nu e que há algo de podre no reino da Nomenclatura científica no encobrimento disso. Se estão acostumados a isso, então vamos ao debate público.

Inclusive as improbidades científicas da abordagem da TGE nos livros-texto de Biologia do ensino médio, que o MEC se recusa abordar apesar de notificado sobre a situação em 2003.

Realmente as teorias e princípios científicos são rotineiramente submetidos a avaliações e testes sistemáticos.

Todavia, há alguns aspectos teóricos fundamentais que não são passíveis de tal aferição rigorosa: origem da vida.

Se os cientistas são movidos por argumentos e gostam de discutir suas teorias, por que não discuti-las com o público que lhes paga os salários?

Os defensores do DI não procuram apresentar crenças religiosas como ciência. Nossas teses são estritamente científicas porque embasadas na biologia (complexidade irredutível - Behe) e na teoria da informação e probabilidade matemática (informação complexa especificada - Dembski).

Nunca redefinimos o que é e o que não é ciência, ousamos apenas apontar novos horizontes científicos. Impedir, por todos os meios, que o público, especialmente os jovens, fiquem sabendo da falência epistêmica do neodarwinismo, é destiná-los forçosamente a uma situação esdrúxula de ficarem inadequadamente preparados para a vida acadêmica e na sociedade moderna.

O DI promove que os alunos devam aprender na escola para escolherem sensatamente e a distinguir entre provas cientificamente fundamentadas e as alegações pseudocientíficas. Que tal começarmos com as afirmações não fundamentadas do neodarwinismo (especialmente na TGE)?

Há sim diferença importante entre crença e teoria, mas Leshner erra ao afirmar que o DI falha no critério que usa para adquirir status científico.

Para a detecção de sinais de design na natureza nós propomos o 'filtro explanatório' (Dembski) bem como a falseabilidade da complexidade irredutível' (Behe) de sistemas biológicos: se for demonstrado acontecer gradualmente em etapas evolutivas, nós tiramos o DI do debate.

É certo que uma teoria científica não é um “chute” bem dado, muito menos uma crença, mas Leshner erra parcialmente pois nem todas as teorias científicas podem explicar o que pode ser observado nem serem testadas em repetidas observações e experiências:

Como submeter o Big Bang, os buracos negros, a tese do ancestral comum, a explosão Cambriana, a esse estrito crivo epistêmico leshneriano?

Embora “crença” seja palavra quase nunca ouvida na ciência, a defesa da TGE por Leshner demonstra o contrário: acredita-se sim em teorias. Kuhn descreveu muito bem o processo de aceitação e rejeição das teorias.

Um paradigma em crise, afirmou Kuhn, esconde suas anomalias. É somente com a morte da velha geração de cientistas e o surgimento de novos cientistas que as idéias novas são melhor acolhidas.

Nós do DI "cremos" piamente nisso e somos pacientes. Nós aceitamos a capacidade da TDI em explicar fenômenos naturais, e como pode ser testada segundo metodologias científicas.

Os defensores do DI não denigrem a evolução como sendo “apenas uma teoria”. Nós temos muito em comum: acaso + necessidade + design. Leshner comparou a evolução (leia-se TGE) à gravidade como teoria e fato.

Ora, chaves caem no chão ao serem jogadas e a gravidade é a explicação teórica disso. O que é discutível é estender isso à TGE: como uma espécie se transmuta (grandes quantidades de informação genética) numa outra?

Realmente as teorias científicas somente são aceitas após terem sido submetidas à validação por repetidas observações, experiências, e o extensivo exame pelo processo de revisão por pares.

Contudo, nem todos os aspectos da TGE, da gravidade, do Big Bang, da origem da vida, dos buracos negros passam por esse crivo nomológico.

Ao contrário do afirmado, o DI satisfaz os 'procedimentos científicos' do modelo dedutivo-nomológico de explicação científica dos fenômenos:

A) A explicação oferecida pode ser feita em forma de um argumento dedutivo; B) Contém pelo menos uma lei geral (lei da pequena probabilidade), e ela é exigida para a derivação da coisa a ser explicada (neste caso, a natureza da causa do evento em questão); C) Tem conteúdo empírico porque depende da observação do evento e de fatos empíricos relevantes para determinar a probabilidade objetiva de sua ocorrência; D) As frases constituindo a explicação são verdadeiras (até onde sabemos), porque em princípio elas levam em consideração todos os fatores relevantes disponíveis antes do evento que se está tentando explicar.


A TDI também passa no escrutínio de mais 2 modelos teóricos: os modelos causal-estatístico e pragmático (Bas van Fraassen, Princeton University).

O DI também afirma: a ciência não pode responder a todas as questões e os 'insights' científicos se limitam ao mundo natural. Não identificamos o designer justamente por não ser uma questão científica.

Nós contestamos que os processos (leis) naturais, aleatórios e não guiados sejam responsáveis pela evolução (TGE) e outros eventos no universo. Elas são questões científicas discutidas intramuros.

O DI se propõe a responder isso cientificamente.

A Nomenclatura científica quer manter sim o DI fora do âmbito científico. Prova disso? As teses científicas do DI são sempre descaracterizadas como concepções religiosas.

A questão hoje em dia, não é se as especulações darwinistas contrariam os relatos de criação religiosos, mas se as evidências apóiam a Darwin ou não. Isso só pode ser feito nas aulas de ciência.

Leshner et al tentam blindar a TGE de quaisquer críticas ou a consideração de teoria rival. Não existe theoria perennis em ciência inclusive o DI.

Concordamos com Leshner: o que é ensinado nas aulas de ciência deve se limitar à ciência.

Não redefinimos a ciência, mas nos opomos à doutrinação atualmente praticada nas salas de aulas quanto à origem e evolução da vida sem amplo debate e crítica dessas teorias. Isso sim não tem nada de educativo.

Nós do DI também entendemos ser dever da comunidade científica zelar pela integridade dos trabalhos científicos, do uso responsável da ciência, e como é apresentada ao público.

Entendemos claramente o que é ciência (somos mais de 400 cientistas), distinguimos lucidamente entre sistemas científicos e sistemas de crenças (inclusive o materialismo filosófico) que se travestem de ciência nos ambientes dedicados à ciência.

Alguém já disse: as revoluções científicas passam por três fases:

(1) Os cientistas ignoram a nova idéia; (2) Depois os cientistas passam a ridicularizar a idéia (alguns até se valem de ataques ad hominem aos proponentes) e (3) Finalmente, os cientistas aceitam a idéia (e alguns fingem que o fizeram desde o começo).

O DI se encontra na fase 2, mas Leshner et al não vão poder se inserir na fase 3.

Fonte: Jornal da Ciência

Re: Obscurantismo
Escrito por: Epafras (IP registado)
Data: 14 de September de 2006 19:22

Já agora um excelente artigo do mesmo autor A Teoria do Design Inteligente não é criacionismo

Epafras

Re: Obscurantismo
Escrito por: pontosvista (IP registado)
Data: 14 de September de 2006 19:53

Epafras

Citação:
Os defensores do DI não procuram apresentar crenças religiosas como ciência. Nossas teses são estritamente científicas porque embasadas na biologia (complexidade irredutível - Behe) e na teoria da informação e probabilidade matemática (informação complexa especificada - Dembski).
Para a detecção de sinais de design na natureza nós propomos o 'filtro explanatório' (Dembski) bem como a falseabilidade da complexidade irredutível' (Behe) de sistemas biológicos: se for demonstrado acontecer gradualmente em etapas evolutivas, nós tiramos o DI do debate.

Quando se lê isto parece que os defensores foram buscar as teorias de cientistas respeitados que dão estatuto científico às suas teses. Infelizmente tudo isto são nomes pomposos para as teorias criadas apenas para defender o design inteligente, sem que consigam ser sequer levadas a sério pela comunidade científica. Dei uma vista de olhos à "informação complexa especificada" (ICE). Não encontrei um único artigo sobre o assunto numa revista de teoria da informação ou de probabilidade matemática. O autor tem um artigo numa revista de matemática mas não é sobre o ICE.

Mesmo levando as suas teorias a sério, ele deveria chegar a resultados menos pomposos. Poderia descobrir um paradoxo, em que se esperava um resultado e se encontrava outro. Em ciência isto não quer imediatamente dizer que a causa do paradoxo é aquela que gostaríamos de ver. Suponha que se descobria que a complexidade do Universo era maior do que aquela que seria estimada como possível desde o Big Bang. Isso poderia querer dizer que não levámos em conta a complexidade do mundo subatómico. Não implica imediatamente que teria sido necessário um criador inteligente. Ao contrário do que o autor do artigo pretende fazer crer, não se trata de uma teoria a ser atacada mas sim a ser completamente ignorada pelos circuitos sérios da ciência e, mesmo que dali venha a sair alguma coisa de útil, ainda vai levar décadas a dar qualquer fruto.

Convém recordar que como estas teorias há constantemente muitas outras a disputar a atenção dos circuitos sérios. E também aqui há uma selecção natural. Neste caso há apenas uma prova evidente de design inteligente: teorias que teriam sido eliminadas pela evolução natural da ciência estão a ser artificialmente promovidas a concorrerem com teorias muitíssimo mais sólidas. Mas isto é o que pode acontecer, sobretudo quando se diz:
Citação:
Se os cientistas são movidos por argumentos e gostam de discutir suas teorias, por que não discuti-las com o público que lhes paga os salários?
No fundo será que ciência passa a ser aquilo que os financiadores querem? Na antiga URSS também havia "investigação" cujos resultados eram definidos ideológica e politicamente. E afinal num país democrático podem sempre acontecer coisas como:
Indiana bill sets the value of pi to 3

E, no fundo, estava-se a ser fiel à Bíblia:
Citação:
Hiram fundiu também um mar de bronze, que media dez côvados de diâmetro e tinha forma circular; a sua altura era de cinco côvados; a sua circunferência media-se com fio de trinta côvados. (1 Rs 7, 23)

Parece que com o DI, com mais pompa, vamos por caminhos semelhantes.

pontosvista

Re: Obscurantismo
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 14 de September de 2006 20:22

Para ler:


"Parece-me interessante lembrar alguma coisa da história, porque este debate renasceu recentemente, quando parecia encerrado.
Há abundante literatura sobre as reacções biblio-baseadas contra a "Origem das espécies". Lembram-se da célebre caricatura de Darwin macaco? No entanto, na sabedora Inglaterra, tudo isto se desvaneceu em pouco tempo, em época de valorização do enorme progresso científico do final do século XIX. Mesmo nos EUA, território de algumas aberrações tradicionalistas, casos como do julgamento de Scopes foram uma excepção pitorescamente trágico-cómica.

Durante muitos anos, muitos católicos nunca tiveram qualquer dificuldade em conciliar a sua fé, a nível intelectualmente superior, com a sua aceitação da ciência, na base de que as narrativas religiosas são uma revelação divina simbólica e adaptada à mentalidade dos crentes da época. Esta atitude, mais ou menos conscientemente assumida, parece-me ser a generalizada entre os crentes de todas as religiões que aceitam um Deus criador.

Porquê então o ressurgimento espectacular do criacionismo? Não sou sociólogo, mas fui construindo algumas ideias sobre o irracionalismo e o fundamentalismo em época de perplexidade civilizacional.

Isto levar-me-ia longe, porque tem aspectos muito multifacetados, que vão até mesmo ao pós-modernismo. Creio que isto tem hoje consequências inimagináveis.

Num mundo que vive hoje aterrorizado, na polarização maniqueísta em que um dos pólos é o fundamentalismo islâmico, não me satisfazem as abordagens políticas e económicas a este problema. Há qualquer coisa de mais profundo que não consigo apreender e que vai muito para além do fundamentalismo do outro.

O criacionismo não gera terrorista suicidas nem 11 de Setembro, mas, como atitude humana, lá tem os mesmos germes, com evidente ressalva do exagero.

Mais perigoso, em termos intelectuais, é o irracionalismo disfarçado, a jogar com o mais são do adversário, isto é, a racionalidade e a abertura intelectual.

Refiro-me ao "intelligent design". Habilidosamente, não põe em causa a evidência científica, mas altera-lhe a lógica racional.

Uma teoria científica não lida com causas (no sentido filosófico, não no sentido físico do causa-efeito). O "big bang" é uma teoria que explica a origem do nosso universo e que até em nada impede que possa ter havido outro nosso universo anterior, que possa voltar a haver outro, que até haja outros que não conhecemos. O que é essencial numa teoria destas é que não se pergunta "quem fez o big bang?" Se a religião ou o "intelligent design" quiserem dizer que foi Deus e muita gente acreditar, muito bem, mas não tem a ver com a ciência. Por isto, não sendo eu um positivista radical, não digo que seja obrigatória a coerência entre uma posição científica e uma posição religiosas (embora eu não a tenha). Separo é as águas.

O problema é que o artifício do "intelligent design", coisa para gente culta e cientificamente informada, conduz ao fortalecimento da brutalidade intelectual, dando aos irredutíveis fundamentalistas um lustre de inteligência.

Deus criou a Terra, o Sol e a Lua, as estrelas, etc., não sei em quantos dias, não tenho pachorra para ir agora ver na Bíblia.

É claro que, se fosse assim, o Sol nunca teria atraído a Terra, as estrelas já teriam desaparecido pelo fundo do universo visto como uma banheira com ralo, Deus teria criado estrelas e não essas coisas minúsculas que fazem parte de galáxias.
Mas nada disto preocupa os criacionistas. Aqui, têm de se render à evidência da física. Se não, não andariam de avião e arriscavam-se a afogar-se se não aprendessem a nadar.

Ainda por cima, são ignorantes, nunca compreenderam a relatividade, nem sequer sabem o que é a expansão do universo ou a radiação residual.

É por isto que preferi começar por falar no criacionismo físico, hoje obscuro (até se ver), o do universo"

João Vasconcelos Costa
[aguiarconraria.blogsome.com]

Re: Obscurantismo
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 14 de September de 2006 20:31

"Deus, Jeová, pessoa terrível de péssimo feitio, decidiu um dilúvio. Encomendou a Noé a conservação das espécies (evolução das espécies? Salvo seja). Noé fez o melhor que podia, a rechear a arca animalesca. Tenho grande admiração por este ambientalista “avant la lettre”, mas, coitado, esqueceu-se de milhares de insectos, de bichos esquisitos que ainda aparecem hoje, como um recente bovino ignoto do Vietname. Também de coisas estranhas de que Jeová não lhe tinha prevenido, como os triliões de trilobites, as bactérias termófilas das caldeiras da minha terra e até o vírus da Sida.

Tudo coisas que, evidentemente, Jeová tinha criado, num só dia, uns tempos antes, há cerca de cinco mil anos. É óbvio, portanto, que a narrativa do dilúvio é perfeitamente inaceitável. Se for real, então Jeová teve depois um segundo momento de criação. Qualquer das coisas mostraria erros da Bíblia. Então, porque é que não será também errada a narrativa da criação?

Claro que isto não é questão de fé, mas de infantilidade. Ninguém imagina uma pessoa normal a acreditar, isto é ter fé, em que o seu ente divino o protegerá de uma queda do décimo andar e, por isto, não tenta a experiência.

É assim que, como compensação mais atraente para os não infantis, surge o “intelligent design”. Aliás não é coisa nova, é antiga posição filosófica de muitos cientistas cristãos. Note-se que o “intelligent design”, a meu ver, não recusa o evolucionismo, mas sim os seus mecanismos naturais.

Em última análise, até me parece que a nova teoria é contraditória com o criacionismo puro e duro.

Ao considerar que o universo é demasiadamente complexo para ser compatível com “acasos”, está também a dizer que essa complexidade é incompatível com um acto único de criação.

Escrevi “acasos”, entre aspas, porque, quanto ao evolucionismo (na sua versão aceite consensualmente, a darwiniana, não a desacreditada lamarckiana), a evolução só se baseia em acasos, e mesmo assim não obrigatoriamente, no que respeita ao aparecimento de variações. Que elas produzam novas espécies já implica um mecanismo, o da selecção natural.

Os detractores mais informados do darwinismo usam como argumento dados científicos não explicados pelo darwinismo. Não é intelectualmente honesto. O que refuta uma teoria não é a não explicação integral mas sim a contradição com dados objectivos.

No caso do darwinismo, ele até nem explicava, inicialmente, o mecanismo da emergência da variação e da diversidade. Foram precisos muitos anos para se conhecerem as mutações.

Entretanto, os dados corroborantes da teoria foram-se acumulando esmagadoramente. Neste momento, até já tem uma base molecular sólida, com a comparação de sequências génicas. É certo que ainda há muito por explicar, como, por exemplo, as sempre faladas crises, em que, fora do ritmo da evolução, se concentram temporalmente numerosos aparecimentos ou extinções de espécies. Também coisas tão simples como a frequente falta de evidência de uma vantagem selectiva. Obviamente, a explicação científica das causas e mecanismos de “buracos” no evolucionismo (e até já há hipóteses) poderá, eventualmente, refutar o darwinismo, mas isso é muito diferente de ele ser refutado por ainda não haver esse conhecimento científico.

Dito tudo isto, pergunto-me se faz sentido prático o combate ao criacionismo. No plano estritamente intelectual, pode parecer coisa ridícula e perda de tempo. Na prática não é. Quando muitas crianças são obrigadas a aprender no mesmo plano ambas as coisas, criacionismo e evolucionismo, para sua grande confusão, está a atentar-se contra o seu direito à educação e ao conhecimento. Pior ainda quando se proíbe o ensino do evolucionismo.

E está-se a alimentar um fundamentalismo, com riscos tão nefastos como o de outros fundamentalismos que o primeiro quer combater. Estão bons uns para os outros.

É verdade que o fundamentalismo cristão não atira bombas, directamente, mas fá-las explodir no cérebro de muita gente."

João Vasconcelos Costa

( Sublinhados meus)

Re: Obscurantismo
Escrito por: Epafras (IP registado)
Data: 15 de September de 2006 00:19

Termino aqui o debate depois deste texto miserável e insultuoso colocado pela catolicapraticante. Fica por provar o grau de ignorância e de fundamentalismo cristão de todos os cientistas que consideram o evolucionismo deficiente para explicar a origem e a diversidade da vida, porém fica demonstrado o grau de insolência dos seus opositores.

Epafras

Re: Obscurantismo
Escrito por: Albino O M Soares (IP registado)
Data: 15 de September de 2006 07:49

De facto é difícil saber se o que existiu primeiro foi o ovo ou a galinha

*=?.0

Re: Obscurantismo
Escrito por: dimensao7 (IP registado)
Data: 15 de September de 2006 08:01

Ao chegar a este ponto comecei aqui a pensar se os que defendem o evolucionismo mas têm um background religioso, (e penso que todos os que aqui o têm feito estão incluidos) estarão formalmente tão afastados do creacionismo como isso.

Eu por exemplo acredito em Deus como criador de todas as coisas “visíveis e invisíveis” como se professa no Credo. Acredito que o espírito de Deus impregna e molda a trama universal e que a Vida resulta do sopro deste Espírito no barro da matéria. Estarei ao afirmar isto tão longe dos fundamentos de um príncipio creacionista do Cosmos e da Vida? Não me parece. Então o que nos distingue?

Primeiro porque, como já aqui foi afirmado, não tenho necessidade de ao afirmá-lo fazer tábua rasa de qualquer princípio científico. Aliás fazê-lo, ao contrário do que possa parecer, não reforça a fé mas diminui-a.

Como já aqui foi afirmado, Ciência e Fé são caminhos diferentes mas isto não quer dizer que sejam caminhos disjuntos. Quer a Ciência quer a Fé procuram a Verdade essa Verdade última que é Alfa e Ómega que está no âmago de tudo e que é o sentido de tudo. Pelo menos essa é a utopia de base. Se essa Verdade existe e se Ciência e Fé são discursos sobre essa Verdade, embora partindo de perspectivas e usando métodos diferentes, temos de esperar que à medida que o conhecimento em ambas as áreas avança, que estes discursos se aproximem. Por isso quando os partidários mais fanáticos de um dos campos tentam denegrir ou negar o outro radicalizando o discurso, estão de facto a enfraquecer o seu lado.

Por exemplo: um dos grandes “plat de resistence” da ciência moderna é a tentativa de unificação da Relatividade Geral com a Mecânica Quântica. Um dos tais que, na sua ingenuidade, o tal António Saraiva que eu citei no meu primeiro post diz já ter metido na cova de um dente. Ora esta procura só encontrou razão de ser quando após se terem aproximado os discursos destas duas teorias que tão bem explicam as coisas uma no macro outra no micro cosmos se chegou à conclusão que o resultado não era um discurso mais abrangente da realidade mas uma série de nonsenses. Perante estes factos a conclusão tirada não foi cada um dizer: “A minha teoria é melhor que a tua”, mas sim dizer que as duas teorias são incompletas, logo é preciso subir de nível e arranjar algo mais abrangente.

Pode a Fé inserir-se na racionalidade e o que acontece a esta quando enquadra a experiência da Fé? Esta é uma pergunta clássica que ainda faz sentir o peso da sua importância na actualidade (como este fórum demonstra). O facto é que uma parte da razão pela qual sinto orgulho em ser cristão deriva de confessar uma fé que durante 2000 anos foi submetida de muitos modos à crítica da racionalidade. Contribuíram mais para a preservação do cristianismo como religião viva e actual todos os não crentes com as suas dúvidas e os seus ataques muitas vezes corrosivos, que toda a inquisição com o seu espírito de protecção absoluta às “verdades de fé”. Aliás, o facto de o mesmo se não ter passado noutros horizontes religiosos da humanidade é uma das razões para muitas das dificuldades do diálogo interculturas da actualidade.

Mas o recíproco também se verifica: a fé também alarga o horizonte da realidade sobre a qual a razão humana é chamada a reagir. Por exemplo, para o cristão, Jesus Cristo é uma realidade incontornável e no entanto não é uma realidade verificável.

Concordo com Epafras quando diz que há determinados discursos muito racionalistas que são contrários à fé ou que pelo menos levam a tirar conclusões e princípios que são indignos de qualquer cristão ou simples humanista que se preze. Embora também pense que há discursos ditos de fé que são de uma total irracionalidade o que me leva a questionar a fé de quem os faz.

O que Epafras não vê é que esses discursos são fundamentalismo científico que resultam, como aliás outros fundamentalismos, de uma leitura literal e extrapolação abusiva para outras realidades diversas daquelas a que o modelo se aplicou inicialmente. Não se pode tomar o objecto pela sua utilização. Lá porque alguém usa um martelo para matar outro não podemos dizer que o martelo é um instrumento de morte e destruição que deve ser imediatamente banido do uso quotidiano e que todo aquele que tem um martelo na mão é um assassino. Como já afirmei, os cientistas mesmo os mais brilhantes não deixam de ser pessoas com os seus defeitos. Defeitos que, muitas vezes, os levam também a afinarem a razão pela força das convicções em vez de ser a força razão a afinar as suas crenças.

E porque Epafras não vê? Não vê porque não pode ver. Quem usa um discurso literalista tende a valorizar e acreditar em quem também usa o mesmo tipo de discurso. Ou no mínimo não tem muita força moral para os atacar nesse aspecto que constitui o cerne da questão.

Outro dos aspectos que também me divide dos creacionistas é que eu não tenho necessidade de chamar as minhas convicções de teorias. Aliás esse é um aspecto deveras intrigante. Porque foram chamar de teoria o que, como já foi demonstrado pelo pontosdevista em palavras e textos, não o é nem nunca poderia ser. Porquê atrair para si mais criticas quando podiam escapar chamando-lhe de pressuposto teológico ou princípio de fé? Porquê usar o discurso científico, quando podiam ficar mais confortavelmente instalados no discurso teológico? Principalmente quando se critica tanto a própria ciência.

Quanto a mim isto resulta dos objectivos a atingir: Impor o ensino do creacionismo nas escolas. Como se pode pretender ensinar ideias religiosas numa sociedade que retirou e impede todo o simbolismo religioso nas salas de aula? Disfarçando essas ideias de ciência por muitos que sejam os sapos que se tenham de engolir. No fundo é uma tentativa de tomada de poder. E não é nova. Quantos foram os ditadores que tomaram o poder disfarçando de democráticos os seus ideais totalitários?

Está-me pois cá a parecer que o que move os evolucionistas religiosos contra creacionistas é mais do que o aceitarem ou não aceitarem certos factos científicos ou uma certa e determinada leitura da Bíblia. É porque no seu âmago pressentem que esta é uma luta entre Racionalidade e Irracionalidade. Entre Verdade e Poder.

Mais ainda, ao admitirmos a racionalidade como fruto da capacidade de pensar o próprio ser e a própria existência, admitimo-la como dinamismo fundador da dignidade humana. E assim, de facto, esta é uma luta pela dignidade do Homem.

Homem que continua a procurar o seu sentido último. Doa a quem doer.

Re: Obscurantismo
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 15 de September de 2006 08:50

Epafras:

Lamento que tenha abandonado o "debate", quero dizer , a "pregação".

É que tinha algumas perguntas simples para colocar .
Já que afirmou falsamente que o "criacionismo" é uma teoria científica alternativa á teoria da Evolução, seria útul saber as" respostas científicas" para as seguintes questões:

1 ) Como e quando ( data aproximada) surgiu a espécie humana?

2) Como explica a extinção das espécies?

3) Como explica o aparecimento em fases temporalmnte diferentes de várias
espécies? Qual o mecanismo que determinou esse processo Ou todas as espécies surgiram ao mesmo tempo?


Dimensão 7:

Obrigada pelo texto. É precisamente nesses pontos que faz sentido a reflexão.

Re: Obscurantismo
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 15 de September de 2006 09:04

Nota "Os cientistas que consideram o evolucionismo deficiente para explicar a origem e a diversidade da vida" deveriam formular teorias científicas alternativas.Até agora, ainda não vi nenhuma.

O que caracteriza a ciência é a aceitação da sua mutabilidade. Ao contrário do dogma religioso (deus criou tudo e está tudo dito), ainda que travestido de "ciência" e escondido trás dum "inteligente desenho"(??)

Re: Obscurantismo
Escrito por: Ovelha Tresmalhada (IP registado)
Data: 15 de September de 2006 16:42

Deus criou tudo a partir do nada. Esta é uma das asserções em que se baseia a Fé dos crentes.

Sobre o modo como se deu o acto da criação apenas podemos afirmar que as coisas foram trazidas à existência a partir do nada (evidência lógica cujo paradoxo só a Fé pode resolver) e que não apareceram todas ao mesmo tempo, de uma só vez, numa forma estável e definitiva (evidência empírica).

Quanto ao mais, se os processos evolutivos e a própria subsistência da realidade foram e continuam a ser, sob a aparente autonomia das leis naturais, misteriosamente impulsionados e conduzidos, em permanência, por Deus ("O meu Pai continua a realizar obras até agora" - Jo, 5-17), ou se, pelo contrário, a evolução e as suas leis e mecanismos foram todos inscritos e "programados" por Deus logo nas primícias da realidade, embrião de todo o devir, nos primórdios do universo ("e ao 7º dia descansou" - Gn 2-2), não o sabemos.

Acreditar num Deus criador e senhor de tudo quanto existe, rejeitar a Sua existência ou admitir a probabilidade de uma coisa ou de outra são atitudes filosóficas não susceptíveis de contradizer quaisquer enunciados científicos sérios, nem de por estes serem contraditadas.

Assim, nenhum crente, com o mínimo de lucidez, poderá ficar abalado se se comprovar que o homem, do ponto de vista estritamente biológico, não passa de um longo e complexo "produto" da evolução de um específico ramo dos símios, estes, por sua vez, derivados de outros ramos de outras espécies, em sucessiva cadeia até aos primeiros protozoários ou às primeiras poeiras cósmicas. O essencial para um crente - e isso a ciência jamais o poderá confirmar ou desmentir! - é que
foi Deus quem fez brotar do nada todas as coisas e foi Ele quem fez do Homem a sua criatura terrena eleita, infundindo-lhe a capacidade de conhecer e de amar, e animando-o com um espírito imortal destinado à plena felicidade, num mundo, num estado ou numa dimensão que nada têm a ver com o universo onde se situa temporariamente a sua casa.

Os criacionistas que querem transpor para o plano científico a demonstração da existência de um Deus Criador (como se se tratasse de demonstrar o modo e
a razão por que os corpos caem), quer os que se esforçam, toscamente, por encontrar bases científicas para a infantil e alegórica descrição bíblica da criação, quer os que, de modo mais sofisticado, pretendem que a existência de um Deus criador (o designer inteligente) é igualmente um postulado científico, fundado na constatação de que os seres não evoluiram ao acaso, mas de acordo com um projecto prévia e conscientemente delineado, incorrem no mesmo erro daqueles evolucionistas que sustentam, sem rebuço, que a teoria científica da evolução implica inexoravelmente a inexistência de Deus e a sua nula intervenção no aparecimento do homem.

Todos sabemos que o homem, através da ciência, não conseguirá nunca comprovar a existência ou a inexistência de Deus. Ao Como, ao Porquê e ao Para Quê último (ou primeiro) de todas as coisas não se chega pelo simples manuseio das ferramentas da investigação científica, feitas que são do próprio mistério que pretendem desvendar. Do mesmo modo que não é possível, como dizia alguém, sair de um poço puxando pelos próprios cabelos.

São de temer, sobretudo quando alcandorados no poder, tanto o obscurantismo dos crentes que, para defender Deus, na presunção que detêm a verdade absoluta, negam as descobertas científicas incontroversamente estabelecidas há muito e até a própria realidade histórica, como o dos não crentes que, de um modo sobranceiro e arrogante, para negar Deus, têm como verdades científicas o que não passa de simples especulações probabilísticas.

O pior inimigo da ciência é a soberba - e é esse também, curiosamente, o primeiro pecado capital para os crentes.

Re: Obscurantismo
Escrito por: Rita* (IP registado)
Data: 15 de September de 2006 20:59

Ó Ovelha já há muito que não te via:) já tinha saudades:)))

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