Não vou comentar por falta de tempo todas as expressões de desejo, argoladas e meias verdades que foram ditas mas apenas esta frase pelo seu grau de caricato. Diz a católica praticante
Citação:Quanto à origem das diversas espécies - nomeadamente a humana - é um facto científico que resultam dum processo evolutivo e não de "geração espontânea",com ou sem o sopro divino.
Ora, quem contempla a noção de que um ser vivo pode surgir espontaneamente de matéria inerte é a teoria evolucionista. Apenas cinco anos depois de Darwin ter publicado
A origem das espécies, Louis Pasteur, demonstrou que a vida provém da vida. Pastuer afirmou:
Citação:Nunca a doutrina da geração espontânea se recuperará do golpe mortal desta simples experiência. Não há circunstância conhecida na qual possa afirmar-se que os seres microscópicos vieram ao mundo sem gérmenes, sem pais semelhantes a eles mesmos.
Para os evolucionistas nisto o genial francês, infinitamente superior a Darwin como cientista se equivocou e hoje em dia uma teoria que supõe geração espontânea (na origem) é geralmente aceite.
Caro pontos de vista
Citação:No ponto 12) pretende introduzir uma explicação: alguém inteligente criou cada espécie. Seres extraterrestres muito evoluídos? Que tipo de inteligência terão esses seres? Como se terão desenvolvido? Estarão a actuar hoje em dia? Se a vida na Terra é tão complexa que nos leva a supor um desenho inteligente muito mais complexa é a inteligência que criou essa vida: logo teve que ser concebida por um desenho inteligente de alguém ainda mais inteligente, e por aí fora.
Se concordarmos no ponto de vista realista, creio que podemos admitir que se algo existe hoje, é porque algo sempre existiu, do contrário deveríamos admitir a geração espontânea.
Para os cristãos (e teístas em geral) o que sempre existiu é Deus, e pelo contrário o universo físico teve um princípio.
Se esta discussão tivesse lugar antes de meados do século XX, a resposta acerca do que é eterno (Deus ou o universo) seria sobretudo uma questão de fé.
Não obstante, actualmente a ciência admite que o universo teve um começo, ou seja, que não é eterno. E se não é eterno, teve que ser causado por algo ou alguém que o fosse.
Com respeito à questão do desenho (a que não é preciso aderir para não ser evolucionista pois existem várias outras boas razões ciêntificas para não o ser, como também não implica ter que acreditar em Deus aceitar a teoria do desenho) suponho que as seguintes observações serão de interesse:
A IRREDUZÍVEL COMPLEXIDADE DA VIDA
Num artigo publicado na revista Science há mais de três décadas, Michael Polianyi chamava a atenção sobre a
similitude formal entre a complexidade das máquinas feitas pelo homem e os processos vitais. Em ambos os casos, existem uma diversidade de partes que interactuam entre si.
"A estrutura das máquinas e o seu funcionamento são assim formadas pelo homem, ainda que os seus materiais e as forças que as operam obedeçam às leis da natureza inanimada. Ao construir uma máquina e provê-la com energia, aproveitamos as leis da natureza que trabalham no seu material e na energia que a impulsiona e as fazemos servir o nosso propósito... Assim, a máquina em conjunto funciona sob o controle de dois princípios diferentes. O superior é o princípio do desenho da máquina, e este aproveita ao inferior, que consiste nos processos físicoquímicos nos quais se baseia a máquina."
(Polanyi,
M. Life´s irreducible structure. Science 160: 1308-1312, 1968; página 1308).
São precisamente os
limites que a máquina impõe à forma em que nela podem operar as leis naturais o que a faz útil. Igualmente, as leis naturais não suspendem as suas operações nos sistemas biológicos, porém existe neles um princípio superior de organização que aproveita estas leis. Assim, a existência dos ácidos nucleicos sem dúvida obedece a leis químicas, porém neles se encontra um
vasto conteúdo de informação cuidadosamente especificada que não poderia existir só pela operação das leis químicas.
"Suponha-se que a estrutura real de uma molécula de DNA fora devida ao facto de que as ligações entre as suas bases fossem muito mais fortes do que seriam para qualquer outra distribuição de bases; então tal molécula de DNA não teria conteúdo informativo ... Podemos notar que tal é realmente o caso de uma molécula comum. Já que a sua estrutura ordenada é devida a um máximo de estabilidade, correspondente a um mínimo de energia potencial, o seu ordenamento carece da capacidade de funcionar como um código... À luz da actual teoria da evolução, a estrutura codificada do DNA deve ser assumida como tendo surgido por uma sequência de variações ao azar estabelecida por selecção natural. Porém este aspecto evolutivo é irrelevante aqui; qualquer que seja a origem de uma configuração de DNA, ela pode funcionar como código
somente se a sua ordem não é devida às forças da energia potencial... Vimos que a fisiologia interpreta o organismo como uma complexa rede de mecanismos, e que um organismo é -como uma máquina- um sistema sob controle dual. A sua estrutura é a de uma condição de contorno que aproveita as substâncias fisicoquímicas do organismo, ao serviço das funções fisiológicas ... E posso acrescentar que o DNA é tal classe de sistema, já que todo sistema que leva informação está debaixo de controle dual, pois todo o sistema desta classe restringe e ordena, ao serviço do transporte da sua informação, recursos extensos de particulares que de outro modo seriam abandonados ao azar, e portanto actua como uma condição de contorno"
(Polianyi, l.c., página 1309).
Precisamente, a investigação bioquímica achou, uma e outra vez, sistemas cujas complexidade intrínseca e interdependência entre as suas partes desafia todo o intento de imaginá-los como o produto de uma evolução gradual a partir de sistemas mais simples.
A força deste argumento foi percebida por George C. Williams, um dos originadores da teoria de selecção de genes popularizada por Richard Dawkins no seu livro O gene egoísta. Não obstante, Williams posteriormente declarou:
"Os biólogos evolucionistas não se deram conta de que trabalham com dois domínios mais ou menos incomensuráveis: o da informação e o da matéria ... Estes dois domínios nunca podem reunir-se de modo algum por o que habitualmente se implica por ‘reducionismo’ ... O gene é um bloco de informação, não um objecto. O padrão de pares de bases numa molécula de DNA especÍfica o gene. Porém a molécula de DNA é o meio, não a mensagem. Manter esta distinção entre o meio e a mensagem é absolutamente indispensável para pensar com clareza acerca da evolucão... Em biologia, quando você fala de coisas como genes, genotipos e grupos de genes, está falando acerca de informação, não de uma realidade física objetiva."
(Entrevista em John Brockman,
Ed. The Third Culture: Beyond the Scientific Revolution. Simon & Schuster, New York, 1995, p. 42-43).
Quatro exemplos de sistemas complexos
Poderia-se abundar em exemplos, porém nos limateremos a citar alguns dos mais óbvios. A propósito do desenvolvimento de orgãos complexos, menciono a extraordinária complexidade da
fotossensibilidade, ou propriedade de certas células de responder à luz. Dito processo envolve uma cadeia de reacções catalizadas enzimaticamente, variações em concentrações de intermediários, mudanças de permiabilidade iónica nas membranas, libertação de mensageiros químicos e processos de recuperação.
Um segundo exemplo o constitui o mecanismo de
transporte intracelular de proteínas. Uma vez que uma proteína é produzida, deve ser colocada no sítio correcto da célula. Este direccionamento exige um complexo sistema de membranas, passos intermédios, enzimas e cofactores, a maioria dos quais são imprescindíveis, de modo que o processo falha se falta ou está alterado um deles.
Outro exemplo o constitui o mecanismo de hemostasia, ou detenção da hemorragia de uma ferida, através da
coagulação do sangue. Trata-se de uma cascata de reacções que envolvem precursores de enzimas, enzimas e cofactores. A falta ou alteração de um só deles ocasiona, por exemplo, a hemofilia. Outros defeitos podem ocasionar o transtorno oposto, uma excessiva coagulabilidade do sangue, de graves consequências. Em consequência, a coagulação deve ser precisamente regulada tanto para que o sangue coagule quando isso é favorável ao organismo, como para que não coagule quando isso é prejudicial.
Um quarto exemplo o constitui o
sistema imunitário, com a sua capacidade de produzir anticorpos contra substâncias estranhas (antígenes) com a consequente destruição, através de outra cascata enzimática chamada complemento, das células estranhas ao organismo. De novo, é essencial que o organismo possua mecanismos de defesa contra as infecções, porém ao mesmo tempo é vital que tais mecanismos não reajam contra as próprias células do hóspede.
Estes últimos dois sistemas, da coagulação e do complemento se caracterizam portanto, além de sua complexidade, pela
necessidade de uma estreita regulação que impeça a sua activação em condições inapropiadas. Tanto a activação do mecanismo da coagulação como a de mecanismos imunológicos são imprescindíveis para conservar a vida, porém podem pô-la em perigo se não são cuidadosamente regulados.
Chamativamente, não existem explicações adequadas, no marco neodarwinista, sobre a aparição destes sistemas; a sua existência não pode desde logo negar-se, porém o modo em que chegaram a existir não está em absoluto claro. Como sublinha Michael Behe:
"A impotência da teoria darwinista para dar conta das bases moleculares da vida é evidente não só das análises deste livro, mas também da ausência completa, na literatura científica professional, de
quaisquer modelos detalhados pelos quais poderam ter-se produzido sistemas bioquímicos complexos... Ante a enorme complexidade que a moderna bioquímica descobriu na célula, a comunidade científica está paralizada. Ninguém na Universidade de Harvard, ninguém nos Institutos Nacionais de Saúde, nenhum membro da Academia de Ciências, nenhum ganhador do prémio Nobel - ninguém em absoluto pode dar um relato detalhado de como o cílio [complexo orgão motor], ou a visão, ou a coagulação do sangue, ou qualquer processo bioquímico complexo pode ter-se desenvolvido ao modo darwiniano. Porém estamos aqui. As plantas e os animais estão aqui. Os sistemas complexos estão aqui. Todas estas coisas chegaram aqui de alguma maneira; se não ao modo darwiniano, como?" (Behe MJ. Darwin's Black Box. The biochemical challenge to evolution New York, The Free Press, 1996; página 187).
Desenho sem desenhador?
O argumento do desenho, de larga data, foi apresentado em tempos modernos por William Paley na sua
Teologia Natural e foi ridicularizado por décadas pelos partidários do dogma evolutivo. Quiçá o mais conhecido intento seja o de Richard Dawkins no seu
O relojoeiro cego. Este cientista britânico explica que pode considerar-se um ateu intelectualmente satisfeito graças a Darwin e define a biologia como o estudo de coisas complicadas que dão a impressão, ou melhor criam a ilusão, de ter sido criadas com um propósito.
"O problema do biólogo é o problema da complexidade. O biólogo trata de explicar o funcionamento, e o início da existência, de coisas complexas em termos de coisas mais simles...
A selecção natural é o relojoeiro cego, cego porque não pode ver o que há por diante, não planeja as consequências, não tem propósito em vista. No entanto, os resultados vivos da selecção natural nos impressionam avassaladoramente com a aparência de desenho e planificação"
(Richard Dawkins,
The Blind Watchmaker, 3rd Ed. W.W. Norton, New York, 1996, página 15,21)
Paley defendia a noção de desenho sobre a base da presumida
perfeição da criação, e os seus adversários foram capazes de assinalar muitas imperfeições, verdadeiras ou supostas. No entanto,
a noção de desenho não traz implícita a ideia de perfeição. Podemos perceber desenho quando num sistema ou objecto se detecta uma disposição deliberada, significativa e inteligente de suas partes. Uma tosca ferramenta neolítica é considerada prova de desenho inteligente em arqueologia. Além disso deve sublinhar-se que
a ideia de desenho inteligente não contradiz de modo algum a operação das leis naturais, nem nos diz nada directamente sobre a identidade do desenhador.
A detecção de desenho inteligente é
usada continuamente pelos arqueólogos para a detecção de restos de actividade humana. Mais ainda, se projectos como o da "detecção de inteligência extraterrestre" (SETI) detecta-se
uma mensagem (informação) proveniente do espaço exterior, por mais simples que esta fosse, isso seria considerado
evidência em favor da existência de inteligência extraterrestre. De igual modo, é difícil evitar a conclusão de que a detecção de desenho inteligente nos sistemas biológicos implica que, conforme a nossa experiência,
a ideia de um desenhador está longe de ser absurda, ainda que não soubessemos nada acerca da sua identidade. De facto, fora da biologia tal como esta é entendida pelos neodarwinistas, a existência de um verdadeiro desenho não explicável pela simples operação de forças físicas é considerada
evidência irrefutável da existência de um desenhador inteligente.
É a selecção natural um fiasco?
A crítica precedente sobre a validade da selecção natural como mecanismo da evolução não implica de modo algum negar a realidade da selecção natural; mas sublinha que é
altamente improvável que tal mecanismo possa ser responsável pela diversidade de espécies.
A selecção natural parece ser um importante mecanismo na
microevolução. Um exemplo famoso é o das populações da chamada borboleta do abedul(
Biston betularia). Este insecto é normalmente de côr clara, ainda que ocasionalmente surgem, por mutação, exemplares escuros. Antigamente tais exemplares escuros eram eliminados rapidamente pelos predadores, pois a sua cõr os fazia muito visíveis sobre o tronco das árvores. Quando a revolução industrial em Inglaterra fez que as árvores se escurecessem pela fuligem, a população de
Biston se fez predominantemente escura. Em tempos recentes, as medidas ecológicas clarificaram os troncos, e os insectos claros voltaram a predominar.
É importante observar 1) que havia borboletas claras e escuras durante
todo o período, e até hoje e 2) que o predomínio de uns exemplares ou outros
não envolve o surgimento de uma nova espécie. Apesar disso, muitos pensam que estes mecanismos selectivos são similares aos envolvidos na especiação. Contudo,
o que é certo numa escala não necessariamente o é em outra. Por exemplo, a temperaturas de muitos milhares de graus, como as existentes no interior das estrelas, produzem-se reacções termonucleares. Os fenómenos de combustão também elevam a temperatura. Contudo, não se podem produzir reacções termonucleares com um fogareiro ou um forno de padaria.
A escala é muito diferente. O facto de que a selecção natural modifique o equilíbrio de populações, por exemplo, de bactérias resistentes a um antibiótico, não implica que possa transformar umas espécies em outras, nem muito menos que seja o mecanismo responsável da fantástica diversidade dos seres vivos.
De facto, ainda que não o digam nos seus tratamentos do tema dirigidos à opinião pública, a comunidade científica evolucionista é dolorosamente consciente destes problemas.
"Passou aproximadamente meio século desde que se formulou a síntese neodarwiniana. Realizou-se muita investigação dentro do paradigma que ela define. Contudo, os éxitos da teoria se limitam às
minúcias da evolução, como mudanças adaptativas na côr das borboletas; ao passo que tem notavelmente pouco que dizer sobre as perguntas que nos interessam mais, como por exemplo, de como chegou a haver borboletas em primeiro lugar" (Ho, M.-W.; Saunders,
P. Beyond Neo-Darwinism - An epigenetic approach to evolution. Journal of Theoretical Biology 78: 589, 1979).
Os artrópodos, invertebrados de patas articuladas que incluem crustáceos, quelicerados, miriápodos e insectos, constituem mais de metade de todas as espécies conhecidas. Contudo,
"...para lá desta rudimentar taxonomia, há pouco acordo sobre como se relacionam os artrópodos, existentes e extintos ... Permanece a pergunta evolucionista central: Como, em termos tanto de padrão como de processo, chegou a existir a incomparável diversidade e persistência dos artrópodos? ... Os estudos de morfologia e embriologia comparativas somente polarizaram ainda mais o debate... por agora, os dados moleculares são muito escassos, e a diversificação demasiado rápida e antiga como para permitir a reconstrução de filogenias não ambíguas... Mesmo se a filogenia historicamente correcta pudesse ser decifrada..., só teriamos a metade de uma resposta à pergunta evolucionista central. Permaneceria o desafio de reconciliar o padrão filogenético com o processo evolutivo."
(Grosberg, R.K.: Out on a limb:
Arthropod origins. Science 250: 632-633, 1990; ver também Lemarchand, F.
Les premiers insectes. La Recherche 296: 85, Mar. 1997).
Editado 1 vezes. Última edição em 11/09/2006 17:38 por Epafras.