Fóruns Paroquias.org
paroquias.org

  A participação no Fórum Paroquias.org está condicionada à aceitação das Regras de Funcionamento.
Inteligência Espiritual
Fóruns Paroquias.org : Geral

 

Ir para tópico de discussão: AnteriorPróximo
Ir para: Lista de fórunsLista de mensagensNovo tópicoPesquisarEntrar
Página actual: 2 de 13
Ser padre hoje
Escrito por: Tilleul (IP registado)
Data: 19 de January de 2006 21:23

Antes de tudo um ola a todos. Tem sido dificil escrever mas tenho participado no forum lendo alguns dos topicos.

A razao que tenho participado menos activamente eh que mudei para a Polonia... dentro em breve farei parte dos consagrados casados... hehehe... mas pronto.

Quanto ao topico, posso-vos dizer que ainda me estou a ambientar mas aqui, um Padre hoje, nao eh a mesma coisa que um Padre hoje em Portugal.

Aqui as vocacoes populam, os seminarios estao cheios, as missas chegam a ter 20 acolitos (na missa de natal estavam 25 mais 2 padres) e digo-vos que a formacao teologica, pelo que eu tenho visto deixa muito a desejar. Mas quando digo que fica muito aquem posso-vos demonstrar dizendo que o discurso continua a ser o velhinho"porque Deus eh todo poderoso" ou o meu favorito "porque senao fosse assim era o caos". Isto para nao falar que se uma homilia nao tiver pelo menos 2 referencias ao inferno e 3 ao pecado capital das relacoes nao sacramentais nao eh homilia que se apresente.

Mas entao o que faz deste pais uma fonte aparentemente inesgotavel de sacerdotes, religiosos e religiosas? Aquilo que o confesseonario (sou super fa do blog) mas que nao completou... o sentido de missao!

Claro que ha centenas de jovens que ainda escolhem o sacerdocio por ser uma vida relativamente facil e a salvo das intemperies sociais mas aqui a Igreja mexe-se para ajudar. Faz concertos de musica, recolhas de alimentos e cobertores em locais que nao so as igrejas, o servico social eh maioritariamente, pelo menos aparentemente, governado e executado pelos consgrados.

Claro que tambem ha as coisas mais terriveis e podres que nos detestamos na Igreja (CP se estivesses aqui davas em louca) tanto mais que o Papa Bento XVI enviou uma repreenda aos Bispos locais de forma a controlarem os comportamentos excessivamente ortodoxos de certos padres.

Mas pronto soh para dizer que acima de tudo compreendo que hoje ser padre, e quer na Polonia ou em Portugal, tem que ser com um sentido de missao... missao nao so ao servico de Deus mas acima de tudo ao servico daqueles que Ele escolheu... os mais fracos e os mais pobres...

Em comunhao

Re: Ser padre hoje
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 20 de January de 2006 02:31

Um padre de passagem por aqui.
Espero que este não seja grosseiramente atacado como aconteceu com outros (não sei se foi com todos mas pelo que li foi pratica corrente aqui).

Adiante.

o texto do cardeal está muito bom.

Quanto aos padres sentirem as suas competencias serem esvaziadas... não me parece que aqui esteja algum problema.

Não os vejo queixarem-se disso mas antes da falta de cristãos disponiveis para lhes esvaziarem algumas das competencias.

Há um problema da falta de "prestigio", da falta de respeito pelo padre. Dantes o padre era uma figura prestigiada, isso atraía muitos jovens ao sacerdocio. No japão aonde a vida religiosa é olhada como muito prestigiosa há um nº de vocações por catolico da superiore aos 1/200 catolicos (pelos menos havia 10 anos atrás quando li isto). Um record a nivel mundial.

O utilitarismo materialista dominante na cultura actual também contribui para que a posição do sacerdote fique enfraquecida, as pessoas querem frequentemente transforma-lo num 2º assistente social.

A formação dos padres. Teologicamente não faço a menor ideia se é boa ou má. Raramente falo com algum e ainda mais raramente falo para aprofundar temas de fé. Ouço alguns nas homilias mas uma homilia de 10 ou 15 minutos dá para perceber se alguem está mal preparado mas não dá para perceber se alguem está bem preparado. De qualquer modo eu sou apenas um autodidacta com uma preparação insuficiente para criticar a qualidade da preparação de um sacerdote minimente bem preparado.

No entanto já vi o plano de estudos de um seminario. E concordo com o confessionario. Nesse plano podiam muito bem ser incluidas algumas cadeiras uteis para a pastoral. Como pedagogia (os que fossem professores de religião e moral deviam fazer um estagio pedagogico), psicologia, sociologia, uso dos meios audiovisuais e informaticos, como organizar grupos, noções basicas de economia e gestão, estudar diversas praticas pastorais que estejam a ser usadas em diferentes locais (um seminarista pode ir praticando em varias paroquias mas serão sempre poucas e estudando podia conhecer, pelo menos teoricamente, muita mais praticas pastorais).

E pronto, hoje já exercitei a minha veia diletante e agora vou dormir.

Re: Ser padre hoje
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 20 de January de 2006 10:32

Só alguns pormenores breves:

a) para agradecer ao confessionário a sua resposta, que me "tranquilizou", e para o incentivar a continuar a participar no forum. Fazem falta padres por aqui. Não para dizer 'como as coisas são'. Mas para participar nas discussões e se abrir aos outros, às dúvidas dos cristãos, aos seus sentimentos e às suas inquietações.

b) para adicionar algo ao que escrevi atrás, de acordo com o que o Camilo diz: sem descurar a formação teológica, também acho que um padre deveria ter formação mais alargada ao nível pedagógico, sociológico e das novas tecnologias. Sim, acho que isso seria muito importante.

c) se no Japão, ou na Europa há tempos atrás, é/era o prestígio inerente ao ser padre que leva/levava ao florescimento das vocações, pergunto-me se essa será uma boa razão para se ser padre. Isto é, se um homem só é Padre por razões de prestígio ou de "segurança" como em muitos casos na Polónia (e em Portugal até ao 25 de Abril, onde ser padre significava poder estudar e/ou não morrer à fome), deve isso ser apontado como bom exemplo de vocação? Estou de acordo: hoje ser padre não dá prestígio (antes pelo contrário) e por isso (mas não só) há poucas vocações. Mas não é preferível assim? Se um homem deixa de querer ser padre porque socialmente isso não é valorizado, não significará que esse homem afinal não tem vocação (não estou a fazer juizo de valor sobre ele)?
Um dos erros de muitos actualmente , julgo eu, é o pensarem que voltando a prestigiar socialmente, aos olhos dos outros, o sacerdócio (mostrando o padre como líder de uma comunidade, como presidente de uma assembleia, como configuração de Cristo na Eucaristia, como 'escolhido', como 'diferente', como 'casta', etc etc etc), o número de vocações irá crescer. Se for assim, eu preferia que não houvesse 'vocações'... é que vai continuar a não haver vocações verdadeiramente cristãs!!!! Uma coisa é um rapaz querer ser padre para seguir a Cristo inteiramente com tudo o que isso implica de serviço, humildade, amor aos outros, proximidade, mesmo que (ou porque) isso implique um corte radical com o que a sociedade pensa que é o melhor e mais prestigioso; outra é um rapaz querer padre de acordo com o prestígio inerente ao munus, ou pelo menos porque o prestígio a ele inerente não constitui obstáculo à sua vocação...

Abraço fraterno

Miguel



Re: Ser padre hoje
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 20 de January de 2006 11:41

Caro Miguel:

Muito de passagem...

A tua terceira alínea leva-me a levantar uma questão interessante: a das motivações! Salvo casos raros, tenho a impressão que tanto para o sacerdócio, como para a vida religiosa ou para o matrimónio as motivações não são nunca 100% «puras», isto é, para lá das boas intenções há muito de «homem velho». Contudo, a vida pode trazer e traz boas oportunidades de «purificação» das motivações. Assim, acredito que uma pessoa se encante pelo casamento inicialmente simplesmente pelo «encanto físico» de uma outra pessoa, como um rapaz se veja atraído pelo sacerdócio pela gratificação que sente ao liderar os jovens da sua paróquia e vê no sacerdócio um modo de consolidar essa liderança e gratificação. Em qualquer dos casos pode haver, juntamente com boas intenções, algo «não confessado», que por si mesmo não segura a vocação, seja ela ao matrimónio ou ao sacerdócio, mas poderá e deverá ser «purificada». Em qualquer dos casos não se pode dizer taxativamente que «não tinha vocação»... Sim, é necessário ter atenção às motivações, mas não esquecer que elas podem ser purificadas.

Talvez fosse bom não identificar sem mais uma intenção não purificada com falta de vocação.

Não me parece que as motivações dos próprios Apóstolos fossem as mais puras no início da vida pública de Jesus... E mesmo no final... «Senhor, é agora que vais restaurar o Reino de Israel?» ;-)

Veja-se o final do Evangelho de S. João: «Simão, filho de João, tu amas-me?». Aqui se vai ao fundo das motivações... E muito mais. Muito pano para mangas, mas estou com pouco tempo...

O que é necessário, isso, sim, é que um padre tenha já purificado ou revisto tais intenções menos «puras» (no sentido de rectas). O tempo de seminário deve servir para isso, daí a importância de uma sólida formação espiritual (não apenas teológica). Porque se, na hora de ser ordenado, o movem apenas as tais motivações, não deveria ser ordenado.

Alef

Re: Ser padre hoje
Escrito por: rmcf (IP registado)
Data: 20 de January de 2006 11:50

De acordo. Absolutamente de acordo. Eu não me expliquei bem: estava a reagir agora ao que o Camilo dizia - em traços gerais, que não haveria hoje mais vocações porque o sacerdócio não é prestigiado. A minha resposta era: não tem de ser mais prestigiado se isso for razão ou se for necessário para atrair jovens ao sacerdócio. Claro que ninguém é "puro" nas suas intenções, nem antes nem muitas vezes depois...

Pareceu-me, se calhar enganei-me, que o Camilo dizia que se o sacerdócio voltasse a ser entendido de forma prestigiante, haveria mais sacerdotes (e há uma tendência para entender isso: o padre como líder, presidente, com o "cabeção", como o escolhido, etc etc). Ora, a minha reacção era a este entendimento. Não se deve prestigiar socialmente o sacerdócio restaurando um qualquer antigo lugar na sociedade para com isso atrair rapazes... É que, nesse caso, não serão atraídos pelas melhores razões. Claro que depois poderiamos 'purificá-los' no seminário... ok... se os próprios seminários não procurassem incutir nos seminaristas essa convicção da sua 'diferença' como eleitos, escolhidos, pastores, líderes, etc etc...

Mas estou absolutamente de acordo contigo

Abraço fraterno

Miguel

Re: Ser padre hoje
Escrito por: Susete (IP registado)
Data: 20 de January de 2006 21:21

Bento XVI pede padres corajosos

.
Bento XVI defendeu esta manhã no Vaticano que o mundo tem necessidade de “sacerdotes preparados e corajosos”, para quem a única preocupação seja “testemunhar eficazmente o Evangelho no meio dos homens do nosso tempo”.
O Papa falava numa audiência concedida à comunidade do Almo Collegio Capranica, onde os jovens se preparam para o sacerdócio, acompanhada pelo Cardeal Camillo Ruini, vigário papal para a Diocese de Roma.
“Para responder aos desafios da sociedade moderna, há necessidade de sacerdotes preparados e corajosos, que, sem ambições nem temores, mas convictos da verdade evangélica, se preocupem acima de tudo com o anúncio de Cristo”, disse.
Bento XVI referiu ainda que os novos padres “devem estar prontos a debruçar-se sobre os sofrimentos humanos, fazendo experimentar o conforto do amor de Deus e o calor da família eclesial a todos, especialmente aos pobres e aos que estão em dificuldade”. Para isso, apontou, são necessárias “maturidade humana” e uma “adesão diligente à verdade revelada”.
Aos futuros sacerdotes, o Papa exigiu “um sério compromisso na santificação pessoal e no exercício da virtude, especialmente da humildade e da caridade, alimentando a comunhão com os vários componentes do povo de Deus”.

IN: Ecclesia

Re: Ser padre hoje
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 20 de January de 2006 21:46

"O utilitarismo materialista dominante na cultura actual também contribui para que a posição do sacerdote fique enfraquecida, as pessoas querem frequentemente transforma-lo num 2º assistente social.
"


Creio que o sacerdote não é prestigiado principalmente porque a espiritualidade não é prestigiada, o aperfeiçoamento pessoal, o facto de alguem procurar ser bom (o que implica e é consequencia de seguir a Jesus Cristo por amor a Deus e ao próximo) não é algo que seja prestigiante. É mais prestigiado aquele que produz algo material, aquele que tem e não aquele que é.

No Japão devido à influencia budista o monge, aquele que procura a perfeição, é admirado. Esse caminho é considerado muito louvavel, algo bom. Aqui para muitos o padre é um quase um inutil, um parasita.

Quantos jovens se voluntarizam para pertencer a um grupo que é abusivamente associado a pedofilos, a inuteis parasitas. O padre e a Igreja muitas vezes só são toleradas pelo seu trabalho de assistente social, mesmo como psicologo alternativo é desprezado.

A vocação também surge como um caminho, rarissimos jovens terão a fortaleza de fé necessaria para ir contra a maré de deturpações, mal-dizer e uma mentalidade hedonista e materialista.

A falta de fé faz com que a missão de propagar a fé seja considerada inutil.

O individualismo exarcebado que pode mesmo ser observado mesmo entre cristãos que procuram sozinhos construir um fé e uma religião ao seu agrado, mesmo quando se baseiam na sistematicamente na Biblia, faz também com que o sacerdocio pareça ao pensamento uma inutilidade.

Em ambientes em que a transcendencia, a fé em Cristo e a espiritualidade são consideradas importantes, aonde o individualismo, o hedonismo e o materialismo, enfim o ateismo pratico não dominam tanto as mentalidades (e creio que dominam mesmo a mentalidade a maioria dos catolicos praticantes) nesses ambientes o sacerdocio é considerado util, é prestigiante e as vocações surgem com muito mais naturalidade.

Re: Ser padre hoje
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 20 de January de 2006 21:54

Parabéns ao Forum, pelas intervenções de todos.

Quem dera que estas reflexões fossem lidas/debatidas pelas estruturas eclesiais responsáveis pela formação de Padres.

(Uma saudação muito especial ao Tilleul. Parabéns!! Desejo-te o melhor… E quanto à polónia, sei bem do que falas, pois tenho amigos polacos… ;)) A Polónia è um exemplo do tipo de Igreja que nunca quereria aqui em Portugal… ( Muito menos tipo de Estado ou a forma de organização política ou a situação económica/social iguais à desse país… Porque está tudo interligado.. um certo tipo de religiosidade, um longas décadas sob uma ditadura, uma democracia muito incipiente, a pobreza… ….deixa a polónia entrar para a CE, deixa que haja mais democracia, mais desenvolvimento económico e mudanças na organização social e verás como as pessoas começam a achar estranha uma teologia do inferno e do mafarrico

E já agora, também me parece que as vocações motivadas essencialmente por causas económicas ou motivações sociais não são verdadeiramente vocações, ainda que muitas ...

E não concordo com o Alef quando defende que é aceitável a escolha do sacerdócio por causas económicas ou por prestígio social , desculpando-se com o facto de também “para o matrimónio as motivações não são nunca 100% «puras” e que posteriormente pode haver uma caminhada…

Ora isso não faz aceitável ou socialmente relevante e desejável os casamentos por interesse, por dinheiro ou por estatuto social. ( Já não falo das questões morais subjacentes ) Aliás, segundo a Igreja um casamento assim realizado é provavelmente nulo. Pelo que acho estranho que se tenha um discurso mais tolerante ou menos exigente perante a escolha opcional vocacional do Sacerdócio….

Permitam que realce a intervenção do luís Gonzaga

“[quote]Quantos padres têm capacidade para orientar e dinamizar os grupos bíblicos da sua Paróquia? Se falarmos de espiritualidade, fico com a sensação que para a maioria dos padres (sobretudo os novos) é que a espiritualidade se resume ao terço e a meia dúzia de novenas. E quantos dos padres que conhecemos vivem uma paz de espírito contagiante daquelas que só a sua simples presença se sente que algo mais está presente?[/quote]“

O que o Luís refere ( e eu concordo integralmente com o texto dele) tem a ver com as expectativas que nós os leigos temos da Missão de Padre.
È um serviço prestado á comunidade e como tal deve ser entendido, pelos próprios e pelos outros. padre como líder, presidente, com o "cabeção", como o escolhido, etc etcNão s epode am Se a missão dos pads é dar a conhecer a a amar.


Esta dimensão da espiritualidade profunda, construída serenamente, reflexo de um relação íntima com Ele, precisa de espaço, interioridade, toque ( tal como no amor humano) , precisa de uma vivência que tem forçosamente de ser sedimentada por conhecimento teológico bem fundamentado.

Como escreveu o Miguel, é de facto assustadora, a recusa da teologia por parte de padrs : não há reflexão séria sobre o Evangelho que não seja teológica; é a teologia bíblica que, antes de mais, permite hoje ultrapassar leituras meramente literalistas do Evangelho...

Se ser Padre não é apenas exercer um conjunto de tarefas burocráticas, administrativas, caritativas, de apoio moral (tipo ouvir desabafos) ou financeiras, dar-se bem como a comissão de festas, então espera-se que os Padres não se limitem á burocracia do ofício e pouco mais.

Basicamente, para mim, a missão essencial dos padres e dos consagrados é dar a conhecer Deus, permitir aos outros uma maior proximidade com Deus.

Ora Não se pode amar O que não se conhece e o Amor, se for inteiro, apela a uma maior sede de conhecimento

Esta exigência de conhecimento teológico è o cerne da Missão de um padre.

Pelo que é para mim inconcebível que um padre não procure, com toda seriedade ter um conhecimento profundo que não ser reduza a receitas mecânicas de rituais, ou , mais grave ainda a ideologias mascaradas de doutrina.

E aqui tem toda a pertinência a observação do alef .

Uma “pastoral” desligada do conhecimento teológico , desligada de profundidade espiritual pode “aguentar-se durante um certo tempo ( normalmente á custa das características de personalidade do padre X, porque é simpático, porque é jovem, porque toca bem viola, ou é um bom comunicador ou gosta de andar na net), etc, mas, mais tarde ou mais cedo esboroa-se porque lhe falta tal coluna vertebral, a solidez


Repito:

"[quote]...quantos dos padres que conhecemos vivem uma paz de espírito contagiante daquelas que só a sua simples presença se sente que algo mais está presente?[/quote]“[/quote]

Alguns, muito poucos. E mais uma vez, quanto mais profunda é a esta vivência consagrada, menor a rigidez doutrinária ( muitas vezes fruto da mais pura ignorãncia teológica) , maior a capacidade de acolhimento do outro e emnos importante se torna a discussão do estatuto social e a questão subjacente - a sede de poder...

Obrigada Miguel.

Re: Ser padre hoje
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 20 de January de 2006 22:38

Cara catolicapraticante:

Uma brevíssima nota à tua interpelação. Eu não falei em motivos económicos, mas em motivações, dando às motivações um referente que não é sempre muito consciente.

É evidente que se alguém tem consciência de que quer ser padre para «fazer carreira», «ter prestígio social» ou «ter uma vida tranquila», etc., está a falhar no essencial. Se os motivos fossem puramente económicos, estaríamos provavelmente numa qualquer espécie de «simonia» premeditada. Certamente tal ordenação seria nula.

Mas aquilo a que me referia dizia respeito a mecanismos que nem sempre são claros para o próprio e por isso terá de crescer no discernimento. Por isso falei do «homem velho». E da necessidade de formação espiritual, além da teológica.

Quanto ao resto, de um modo geral, estamos de acordo no essencial.

Alef

Re: Ser padre hoje
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 20 de January de 2006 23:12

Acho que estão a dar demasiado relevo ao saber, ao conhecimento. O saber é importante mas muito mais importante é amar. O bom cristão não é aquele que sabe muito, aquele que é capaz de analisar com profundidade as diferentes posições teologicas, que saber debater as questões filosoficas e teologicas com erudição e refinamento.

Ser bom cristão, e por maior razão ser bom padre, não é saber muito mas sim amar muito. Afinal de contas consta que São João Maria Vianney, o Santo Cura de Ars estava longe de ser uma águia em teologia.

Mas é preciso de tudo, alguns que saibam muito e outros que podem não saber tanto. Conheci missionarios que não me pareciam muito bem preparados (mas como posso eu dizer isto se eles certamente sabiam muito mais que eu?) mas que a lidar com jovens, n trabalho de animação missionaria e vocacional eram muito melhores que outros que todos reconheciam serem muito mais eruditos.

Quantos Apóstolos eram doutores da lei? Jesus não escolheu os que mais sabiam mas sim aqueles que mais amavam.

Nem sequer escolheu pessoas de vida moral exemplar aos olhos do povo. Mateus era um detestado cobrador de impostos. Mas escolheu aqueles que mais amavam e o amor purificou-os, os amor tornou-os mais sábios que os doutores da lei.

Re: Ser padre hoje
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 21 de January de 2006 20:14

Eu conheço um padre Brasileiro que dá muitos erros no escrever, foi uma vocação tardia. Agora se ama não sei, presumo que sim.
Há padres que não estão preparados? Alguns nunca se preparam, nem que morram de velhos.

Agora temos cá um padre que sabe fazer uma homilia. A comunidade queria um padre novo, cá tem um padre novo, um padre com charme, este não vai ficar sempre numa igreja, presumo que suba alto. Um padre como o Luis, O Zé e o Alef gostam.

Luis, este padre servia para ti:)

Re: Ser padre hoje
Escrito por: Confessionário (IP registado)
Data: 21 de January de 2006 21:57

Subscrevo o que disse o Camilo. Mais que isso: sinto-o...


E a Ana Falou dum padre novo, com charme, que sabe fazer homilias, que vai subir alto... (Fiquei a pensar se não seria eu!!! Mas enfim, não devo ser! :) hehe!!)... e surgiu-me uma pergunta, a propósito do que disse o camilo: Como ama ele?

Confessionário

Re: Ser padre hoje
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 21 de January de 2006 23:55

Confessionário

Mas eu ainda não sou surda:)

As velhinhas, têm a sua graça. Também está aqui uma velhinha que caiu em graça ao padre. Chega junto do padre e diz-lhe; ó seu garoto tens uma boquinha tão linda:)) agora é preciso saber se ela também é surda...ehheheh

Ah...a velhinha é Açoriana, por isso o chama garoto:)

Verdade; Agora temos cá um padre!!!

Re: Ser padre hoje
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 22 de January de 2006 22:12

Tem piada... essa é precisamente uma das frases do Filme O crime do padre Amaro... (dita com um tom lúbrico por uma velha beata.

E quanto á questão de subir alto, faz-me lembrar um certo tipo de carreirismo profissional de alguns padres que esquecem as palavras de Jesus...

Subir alto é fazer-se o mais pequeno de todos e estar ao serviço de todos...

E quem não tiver esta concepção humilde do significado da missão de vida de ser padre, bispo, cardeal and so on , de certeza que não é fiel á sua missão.

Não concordo com a ingénua afirmação de que ".... ser bom padre, não é saber muito mas sim amar muito"....

Não se pode amar O que não se conhece.

Re: Ser padre hoje
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 22 de January de 2006 23:31

Não me parece que o conhecimento de Deus se adquira somente após o aturado estudo dos escritos das elucubrações dos teologos.

Por isso Jesus disse:

"Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos"

Aquilo que é preciso conhecer de Deus, Jesus Cristo, da fé cristã para amar perfeitamente a Deus não é nada de extraordinariamente dificil de conseguir.

Por isso Jesus escolheu os seus Apóstolos entre pescadores, publicanos, enfim entre gente simples porque os simples confiam mais em Deus e presumem menos da sua erudição.

É preciso algum conhecimento mas não é preciso uma erudição excepcional. O cardeal no artigo original explicou bem a razão da necessidade de existirem padres com boa preparação teologica e filosofica. Mas nem todos precisam de ter uma preparação de nivel excepcional, o principal não é serem eruditos mas amarem muito, não existe uma relação linear entre o conhecimento erudito e o amor a Deus.

Aliás nada me garante que o principal meio de conhecimento de Deus seja pela erudição conseguida através dos escritos dos teologos.

Também aqui a leitura da autobiografia de Santa Teresa do Menino Jesus explica melhor do que eu aquilo que eu tento dizer.

E saber, erudição, não significa compreender profundamente o signficado do sentido teologico. Dizia-me uma irmã que só aos 20 anos compreendeu algumas das parabolas de Jesus. E que ela era das que tinha já feito exames sobre elas e tirado 19 valores. Tinha tirado 19 valores mas não tinha verdadeiramente compreendido o significado delas. O sentido profundo só é dado pelo Espirito Santo por isso os iletrados Apóstolos percebiam mais que os maiores doutores da lei. E amavam muitissimo mais.

Re: Ser padre hoje
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 23 de January de 2006 00:52

Claro que ser bom padre será o que ama, não o sábio.
O sábio, é sábio like you:)

Re: Ser padre hoje
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 23 de January de 2006 01:11

Acho bizarra este defesa da ignorãncia - será a ignorãncia teológica ou a limitação intelectual um requisito da capacidade de amar???


E quando falam da capacidade de amar dos padres referem-se a quê, concretamente?

Re: Ser padre hoje
Escrito por: Ana (IP registado)
Data: 23 de January de 2006 01:18

Amar o próximo, amar os paroquianos! Amar o doente, o triste, o pobre.
Ser bom para todos. Que achas?

Re: Ser padre hoje
Escrito por: Confessionário (IP registado)
Data: 23 de January de 2006 14:07

A Católicapraticante afirmou: "Não concordo com a ingénua afirmação de que ".... ser bom padre, não é saber muito mas sim amar muito".... Não se pode amar O que não se conhece."

Amiga, deste a resposta a ti própria: Não se ama o que não se conhece. Significa isto que quem ama, ama porque conhece. Logo, é bom salientar e repetir que o bom padre é aquele que mais ama... e não aquele que apenas conhece!
Mas disto não tenho a menor dúvida, e é isso que esperam de mim os que me rodeiam. É certo que é necessário saber como ajudar (e isso implica estar a par, saber, reflectir...), mas o que mais esperam de um padre é que ele ame como Jesus amou e como Ele pede que toda a gente ame. Esse é o maior testemuinho de fé que qualquer cristão pode dar: AMAR....

Re: Ser padre hoje
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 23 de January de 2006 16:22

Ninguem defendeu a limitação intelectual nem a ignorancia.
Mas também não me parece que o cristianismo seja uma religião tão rebuscada que só eruditos dedicados anos a fio ao estudo sejam capazes de conhecer devidamente a Deus e ama-lo devidamente.


Há um religião assim, o budismo.

Mas o cristianismo é uma religião bastante simples, conhecer a Deus e ama-lo devidamente foi possivel para um jovem de Nazaré melhor que para qualquer teologo.

Página actual: 2 de 13


Desculpe, apenas utilizadores registados podem escrever mensagens neste fórum.
Por favor, introduza a sua identificação no Fórum aqui.
Se ainda não se registou, visite a página de Registo.

Nota: As participações do Fórum de Discussão são da exclusiva responsabilidade dos seus autores, pelo que o Paroquias.org não se responsabiliza pelo seu conteúdo, nem por este estar ou não de acordo com a Doutrina e Tradição da Igreja Católica.