Deixo-vos a história da formação dos Alcoólicos Anónimos. É um pouco extensa, mas resolvi copiar tudo para aqui, pois é muito raro encontra-la assim.
É uma história muito bonita e que envolve dois homens, que pelo seu esforço conseguiram mudar muita coisa no mundo em que vivemos.
Hoje, baseado nos mesmos princípios, há não só os narcóticos anónimos, mas também grupos de auto-ajuda em muitas dependências, como o tabaco e para pessoas que comem compulsivamente.
Depois deixo-vos os 12 passos. Se cada um tiver a coragem de identificar as suas compulsividades e adições, pode aproveitar a dica e tentar mudar alguma coisa nas suas vidas. A mim ajudou-me a conhecer-me melhor e só depois comecei a compreender a forma como encaro o meu dia-a-dia. Não sou a dicta ao alcoól nem a drogas, mas tenho as minhas adições, entre elas: o telemóvel, a Tv, a net, os amigos e o trabalho. Os 12 passos ajudaram-me a ser menos compulsiva e repetitiva, essas são aliás duas tónicas de comportamentos poucos saudáveis. Isto é: os comportamentos repetidos e compulsivos, prendem-nos num círculo de atitudes pouco saudáveis ex: se eu sei por experiência própria que a acção A tem o efeito B e que esse efeito não me leva a lado nenhum, então porque o faço?
Mas para chegar aqui, temos de nos conhecer a nós próprios muito bem. e saber lidar com as nossas emoções e sentimentos de forma serena.
Boa leitura.Espero que gostem e que vos faça sentido.
Bill e Dr. Bob
Alcoólicos Anónimos iniciou-se em 1935, em Akron, Ohio, com o encontro de Bill W., um corretor da Bolsa de Valores de Nova Iorque, e o Dr. Bob, um cirurgião de Akron. Ambos haviam sido alcoólicos desenganados.
Antes de se conhecerem, Bill e o Dr. Bob tinham tido contacto com o Grupo Oxford, uma sociedade composta, em sua maior parte, por pessoas não alcoólicas, que defendia a aplicação de valores espirituais universais na vida diária.
Naquela época, os Grupos Oxford da América eram dirigidos pelo renomado clérigo episcopal Dr. Samuel Shoemaker. Sob sua influência espiritual, e com a ajuda de seu velho amigo, Ebby T., Bill havia conseguido sua sobriedade e vinha mantendo sua recuperação trabalhando com outros alcoólicos, apesar do fato de que nenhum de seus "candidatos" haver se recuperado. Entretanto, o fato de ser membro do Grupo Oxford não havia oferecido ao Dr. Bob a suficiente ajuda para alcançar a sobriedade.
Quando finalmente o Dr. Bob e Bill se conheceram, o encontro produziu no Dr. Bob um efeito imediato. Desta vez encontrava-se cara a cara com um companheiro alcoólico que havia conseguido deixar de beber.
Bill insistia que o alcoolismo era uma doença da mente, das emoções e do corpo. Esse importantíssimo fato fora-lhe comunicado pelo Dr. William D. Silkworth, do Hospital Towns, de Nova Iorque, instituição em que Bill fora internado várias vezes. Apesar de médico, o Dr. Bob não tivera até aí conhecimento de que o alcoolismo era uma doença, mas acabou por ser convencido pelas ideias contundentes de Bill e logo alcançou sua sobriedade e nunca mais voltou a beber.
Ambos começaram a trabalhar imediatamente com os alcoólicos internados no Hospital Municipal de Akron. Como consequência de seus esforços, logo um paciente alcançou sua sobriedade. Apesar de ainda não existir o nome Alcoólicos Anónimos, esses três homens constituíram o núcleo do primeiro Grupo de A.A. No Outono de 1935, o segundo Grupo foi tomando forma gradualmente em Nova Iorque. O terceiro Grupo iniciou-se em Cleveland, em 1939. Havia-se gasto mais de quatro anos para conseguir 100 alcoólicos sóbrios, nos três Grupos iniciais
Em princípio de 1939, a Irmandade publicou seu livro de texto básico, Alcoólicos Anónimos. Nesse livro, escrito por Bill, expunha-se a filosofia e os métodos de A.A., a essência dos quais se encontram agora nos bem conhecidos Doze Passos de recuperação. A partir daí, A.A. desenvolveu-se rapidamente
Também em 1939, o Cleveland Plain Dealer publicou uma série de artigos sobre Alcoólicos Anónimos, seguida por alguns editoriais muito favoráveis. O Grupo de Cleveland, composto por uns 20 membros, logo se viu inundado por incontáveis pedidos de ajuda. Os alcoólicos que chegavam, logo após algumas semanas de sobriedade, eram encarregados de trabalhar com os novos casos. Com isso, deu-se ao movimento uma nova orientação e os resultados foram fantásticos. Passados poucos meses, o número de membros de Cleveland havia crescido para 500. Pela primeira vez havia evidência de que a sobriedade poderia multiplicar-se, em massa
Enquanto isso, o Dr. Bob e Bill haviam estabelecido em Nova Iorque, em 1939, uma Junta de Custódios para ocupar-se da administração geral da Irmandade recém-nascida. Alguns amigos de John Rockefeller, Jr. integravam esse conselho, junto com alguns membros de A.A. Deu-se à Junta o nome de Fundação Alcoólica. No entanto, todas as tentativas de se conseguir grandes quantias de dinheiro fracassaram porque o Sr. Rockfeller havia chegado à conclusão prudente de que grandes somas poderiam atrapalhar a nascente Irmandade. Apesar disso, a Fundação conseguiu abrir um pequeno escritório em Nova Iorque, para responder aos pedidos de ajuda e de informações e para distribuir o livro de A.A., um empreendimento, diga-se de passagem, que havia sido financiado principalmente pelos membros de A.A
O livro e o novo escritório logo se revelaram de grande utilidade. No Outono de 1939, a revista Liberty publicou um artigo sobre Alcoólicos Anónimos e, como consequência, logo chegaram ao escritório cerca de 800 urgentes pedidos de ajuda. Em 1940, o Sr. Rockfeller organizou um jantar, para dar divulgação à A.A., ao qual convidou muitos de seus eminentes amigos nova-iorquinos. Esse acontecimento suscitou outra onda de pedidos. Cada pedido era respondido com uma carta pessoal e um pequeno folheto. Além disso, fazia-se menção ao livro Alcoólicos Anónimos e logo começou-se a distribuir numerosos exemplares do livro. Ao final do ano, A.A. já tinha 2.000 membros
Apareceu então, em Março de 1941, no Saturday Evening Post, um excelente artigo sobre Alcoólicos Anónimos e a reacção foi tremenda. No final daquele ano o número de membros subira a 6.000 e o número de Grupos multiplicara-se proporcionalmente. A Irmandade crescia a passos gigantescos por todas as partes dos EUA/Canadá
Em 1950, havia no mundo inteiro perto de 100 mil alcoólicos em recuperação. Por mais impressionante que tenha sido esse desenvolvimento, a década de 1940 a 1950 foi de grande incerteza. A questão crucial era se todos aqueles alcoólicos volúveis poderiam viver e trabalhar juntos em seus Grupos. Poderiam manter-se unidos e funcionar com eficácia? Esta pergunta ainda pairava sem resposta. Manter correspondência com milhares de Grupos relativamente a seus problemas particulares chegou a ser um dos principais trabalhos do escritório de Nova Iorque
Não obstante, no início de 1946, já era possível tirar algumas conclusões bem razoáveis sobre as atitudes, costumes e funções que se ajustariam melhor aos objectivos de A.A. Esses princípios, que haviam surgido a partir das árduas experiências dos Grupos, foram codificadas por Bill, sendo hoje conhecidos pelo nome de As Doze Tradições de Alcoólicos Anónimos. Em 1950, o caos dos anos anteriores quase havia desaparecido. Havia-se conseguido enunciar e por em prática, com êxito, uma fórmula segura para a unidade e o funcionamento de A.A
Durante essa frenética década, o Dr. Bob dedicava seus esforços ao assunto da hospitalização dos alcoólicos e à tarefa de incutir-lhes os princípios de A.A. Os alcoólicos chegavam em grande número a Akron para obter cuidados médicos no Hospital Saint Thomas, uma instituição administrada pela Igreja Católica. O Dr. Bob se integrou ao corpo médico desse hospital e ele e a irmã Ignatia, também do pessoal do hospital, prestaram cuidados médicos e indicaram o programa a cerca de 5.000 alcoólicos internados. Após a morte do Dr. Bob, em
1950, a irmã Ignatia seguiu trabalhando no Hospital da Caridade, em Cleveland, onde contava com a ajuda dos Grupos de A.A. locais e onde outros 10.000 alcoólicos internados encontraram Alcoólicos Anónimos pela primeira vez. Esse trabalho foi um grande exemplo de boa vontade, que permitiu comprovar que A.A. cooperava eficazmente com a medicina e a religião
Naquele ano, Alcoólicos Anónimos realizou em Cleveland sua primeira Convenção Internacional. Nessa Convenção o Dr. Bob fez seu último ato perante a Irmandade e, em sua fala de despedida, se deteve na necessidade de se manter simples o programa de A.A. Junto com os outros participantes, ele viu os Delegados aprovarem entusiasmados As Doze Tradições de A.A., para uso permanente da Irmandade em todo o mundo. Faleceu em 16 de Novembro de 1950
No ano seguinte, ocorreu outro acontecimento muito significativo. As actividades do escritório de Nova York haviam sido grandemente ampliadas e passaram a incluir trabalhos de relações públicas, conselhos aos novos Grupos, serviços em hospitais, nas prisões, junto aos Internacionalistas e Solitários e cooperação com outras agências no campo do alcoolismo. O escritório também publicou livros e folhetos "padrão" de A.A. e supervisionava a tradução dessas publicações para outros idiomas. Nossa revista internacional, A.A. Grapevine, já tinha uma grande circulação. Essas actividades, e outras mais, se tornaram indispensáveis para A.A. em sua totalidade
Não obstante, esses serviços vitais estavam ainda em mãos de uma isolada Junta de Custódios, cujo único vínculo com a Irmandade havia sido Bill e o Dr. Bob. Como os co-fundadores haviam previsto alguns anos atrás, era imperativo vincular os Custódios dos Serviços Mundiais de A.A. (hoje a Junta de Serviços Gerais de A.A.) à Irmandade a qual serviam. Para isso, convocou-se uma reunião de Delegados de todos os estados e províncias dos EUA/Canadá. Assim constituído, esse organismo de serviços mundiais se reuniu pela primeira vez em 1951. Apesar de certa apreensão suscitada pela proposta, a assembleia teve grande êxito. Pela primeira vez, os Custódios, anteriormente isolados, eram directamente responsáveis perante A.A. na sua totalidade. Havia-se criado a Conferência de Serviços Gerais de A.A. e dessa maneira assegurado o funcionamento global de A.A. para o futuro
A segunda Convenção Internacional teve lugar em Saint Louis, em 1955, comemorando os 20 anos da Irmandade. Naquela época, a Conferência de Serviços Gerais já havia demonstrado seu real valor. Nessa ocasião, em nome de todos os pioneiros de A.A., Bill transferiu à Conferência e a seus Custódios a futura vigilância e protecção de A.A. Nesse momento a Irmandade tomou posse daquilo que era seu: Alcoólicos Anónimos atingiu sua maioridade
Se não fosse pela ajuda dos amigos de A.A. nos seus primeiros dias, é provável que Alcoólicos Anónimos nunca tivesse existido. E se não contasse com a multidão de amigos que, desde então, têm contribuído com seu tempo e sua energia - especialmente nossos amigos da medicina, da religião e dos meios de comunicações - A.A. nunca poderia ter crescido e prosperado. A Irmandade expressa sua perene gratidão pela amistosa ajuda
No dia 24 de Janeiro de 1971, Bill faleceu de pneumonia em Miami Beach, Flórida, onde - havia sete meses - pronunciara diante da Convenção Internacional do 35º aniversário suas últimas palavras aos companheiros de A.A.: "Deus os bendiga, a vocês e a Alcoólicos Anónimos, para sempre."
Desde então A.A. se tornou uma Irmandade mundial, demonstrando que a maneira de viver de A.A. hoje pode superar quase todas as barreiras de raça, de credo e de idioma. A Reunião de Serviço Mundial, realizada pela primeira vez em 1969, vem ocorrendo a cada dois anos desde 1972, alternando sua sede entre Nova Iorque e uma cidade de outro pais. Os Delegados à RSM reuniram-se em Londres (Inglaterra); Helsinki (Finlândia); San Juan del Rio (México); Guatemala (Guatemala); Munique (Alemanha) e Cartagena (Colômbia).
As reuniões dos AA e NA terminam com abraço fraternal em forma de roda, de modo a que todos se possam abraçar e uma oração, tirada da bíblia. Infelizmente não me recordo a referência bíblica. Chama-se Oração da Serenidade:
Citação:“Concedei-me senhor a serenidade para aceitar as coisas que eu não posso modificar, coragem para modificar as que posso e sabedoria para distinguir umas das outras”.