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Os nossos filmes favoritos no plano religioso
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 06 de March de 2005 06:14

Entre os já numerosos tópicos deste fórum vai-se destacando uma espécie de «Colecção Favoritos», que já conta com «links», livros e versículos favoritos.

Sugiro hoje mais um tópico para a «colecção»: «Os nossos filmes favoritos no plano religioso». A ver se me explico:


1. Há, certamente, muitos filmes especificamente religiosos ou de temática expressamente religiosa. Todos nos lembramos do filme «The Passion of the Christ», de Mel Gibson, ou de «Jesus de Nazaré», de Franco Zefirelli. Muitos deles vimo-los na televisão por altura da Páscoa.


2. Mas há outro tipo de filmes cujo tema não é «directamente» religioso, mas filmes onde o religioso ocupa um lugar importante, talvez meio «escondido».

a) De entre estes, há alguns cujo tema religioso é quase óbvio. Vem-me imediatamente ao pensamento «A Festa de Babete», de Gabriel Axel, que é visto por vários comentadores como um filme genuinamente religioso.

b) Há ainda outros filmes onde a temática religiosa está talvez mais «dissimulada», mas não menos presente. Penso, por exemplo, em vários dos filmes de Krzysztof Kieslowski, autor da trilogia «Rouge», «Blanc» e «Bleu» (destaco o «Bleu» e o tema da «impossibilidade» de não amar), ou de «Decálogo».

Aqui se inserem muitos filmes que por vezes são tidos por «profanos». Um exemplo bem recente é a trilogia «O Senhor dos Anéis». Muitos temas religiosos e cristãos estão ali esplendidamente tratados. O filme pode ser visto como uma grande alegoria da vida cristã: uma caminhada solidária (e às vezes solitária) pelo bem, contra o mal. E não foi por acaso que Tolkien escreveu o que escreveu. Além do evidente tema da luta contra o mal, está bem tratado o tema da tentação e o de tantos valores, como o da amizade, do amor, da fidelidade, etc...


3. A minha proposta para este tópico não é tanto a discussão polemizada de certos filmes (já se fez isso para «The Passion» e haverá lugar para outros), mas simplesmente a referência a um ou outro filme, que já vimos há muito ou que vai aparecendo, e uma breve explicação da nossa «leitura»: em que medida vemos ali tratada uma determinada temática religiosa. Poderá ser a indicação de um dos filmes do tipo referido no ponto 1 (filmes explicitamente religiosos) ou no ponto 2 (outros). Por exemplo, o que «esbocei» acima sobre «O Senhor dos Anéis» pode ser o princípio de uma reflexão ou leitura «religiosa» do filme. Mas há muitos mais filmes e muitas mais leituras. Venham as vossas sugestões e «criatividade».


E com o tempo, quem sabe se daqui não poderá sair uma pequena «Cinemateca Religiosa»? Fica lançado o desafio. Luzes, reflexão, teclado! ;-)

Alef

PS.: Um «link» que pode ser útil: «O Guia de Filmes do Vaticano» (creio que o título é enganoso, mas, enfim, não deixa de ser útil).

Re: Os nossos filmes favoritos no plano religioso
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 08 de March de 2005 02:36

A última tentação de Cristo, de Martin Scorcese é o meu preferido!

Re: Os nossos filmes favoritos no plano religioso
Escrito por: Pedro B (IP registado)
Data: 08 de March de 2005 12:44

Então e o "Je vous salut Marie", esqueceste-te deste Catolica Praticante...

Re: Os nossos filmes favoritos no plano religioso
Escrito por: catolicapraticante (IP registado)
Data: 08 de March de 2005 14:01

Estranhos gostos cinéfilos para um tradicionalista católico, ó Pedro!

Ou estará mais uma vez a presumir, sem fundamentos?

Ai esta deformação profissional..

Re: Os nossos filmes favoritos no plano religioso
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 08 de March de 2005 14:31

Ora bem: «Não havia necessidade...».

Foi pena que a catolicapraticante não tivesse dito mais nada sobre por que prefere, entre os filmes, «A Última Tentação de Cristo». Parece que ao Pedro B essa «escolha» não é inocente, e por isso «atira», em tom desafiador, com o «Je vous salue Marie».

«Tiradas» deste género não são o mais positivo para um fórum que queremos mais calmo. Ainda vamos a tempo!

De qualquer forma, aproveito a menção a estes dois filmes para deixar umas linhas.

Espero não escandalizar ninguém, mas creio que destes filmes se fez demasiada tempestade e... publicidade gratuita!

Parece até que nem conhecemos a história das heresias!...

Ora, embora problemático, eu não me escandalizei com o «Je vous salue Marie». E apreciei bastante um aspecto que nunca vi referido: parece-me que, de entre os filmes que vi, é aquele que trata o nu com mais respeito. É verdade que não é um filme para «meninos de coro» e talvez precise de uma introdução teológico-estética, mas não me parecem justificados alguns exageros que seguiram à sua aparição.

Quanto ao filme de Scorcese, «A Última Tentação de Cristo», não o apreciei particularmente enquanto filme. Teologicamente está cheio de problemas, mas algumas dessas questões até merecem a nossa reflexão, pois são elementos-chave da Cristologia. Uma dessas questões é a da autoconsciência de Jesus ou, de outra forma, a questão da sua «reivindicação» de Jesus de ser Filho de Deus (Foi imediata? Foi crescendo? Não existiu?...). Há ali também uma questão explícita da História da Teologia: Bultmann! Há uma cena em que Jesus aparece a S. Paulo e o acusa de ter deturpado aquilo que Jesus realmente tinha dito e feito, ao que Paulo Lhe responde algo como isto (não recordo as palavras exactas): «O que tu disseste e foste não é o mais importante, mas sim aquilo que eu ensino». Ou seja, aqui temos a questão bultmanniana da «separação» entre o Jesus histórico e o Cristo da fé. Bultmann estava tão preocupado com a desmitologização dos relatos evangélicos que relegou para segundo plano o Jesus histórico, realçando quase exclusivamente o Cristo da fé. Não há muito tempo um pastor protestante fazia eco desta mesma forma de «ver», ao dizer no «sermão» do Domingo de Páscoa: «Sim, Jesus morreu, mas está vivo no nosso coração, na nossa memória e na nossa fé». (Quase?) agnosticismo.

Um dos aspectos que me parece mais problemático no filme de Scorsese não é tanto a questão da tentação (acaso Jesus não foi tentado com «toda a espécie de tentação» [cfr. Lc 4:13]?), que me parece bastante pacífica, mas o tipo de personalidade que é apresentada em Jesus; um pobre coitado, atormentado, de quem se poderá ter pena, mas nunca vontade de seguir. Creio não ser muito difícil de perceber que um Jesus Cristo assim não ia a lado nenhum.

Alef



Editado 1 vezes. Última edição em 08/03/2005 14:34 por Alef.

Re: Os nossos filmes favoritos no plano religioso
Escrito por: Pedro B (IP registado)
Data: 08 de March de 2005 15:36

Caríssimos

Claro que a minha intervenção foi uma provocação à nossa amiga Católica Praticante.

Aliás ela já se habituou às minhas provocações e já aprendemos a ter respeito mutuo. Não é assim Católica Praticante?

Aliás em abono da verdade desta vez foi uma provocação/resposta à primeira provocação da Catolica Praticante.

Mas já passou e o tema é interessante. Quando tiver mais tempo venho cá dar a minha opinião. Por enquanto o pouco tempo que posso disponibilizar ao forum (e é muito pouco) vai direitinho para tema do Srº Padre Nuno Serras Pereira que é o tema do momento.

Pedro B

Re: Os nossos filmes favoritos no plano religioso
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 10 de March de 2005 23:01

Caros amigos,

O filme que mais me marcou até hoje, e que mais me fez pensar em Deus foi a Lista de Schindler.

Porquê? Foi a pergunta que fiz a mim mesmo. Andei um pouco mais de uma semana a pensar no filme, e perguntar "Porquê?", "Como foi possível?". E não encontrei respostas. Rezei, apenas. Pedi a Deus que iluminasse sempre os homens e as mulheres que não fosse possível nós nos afastarmos d'Ele daquela maneira, e para que nunca fosse possível repetir aquele momento.

Há outra mensagem importante: Oskar Schindler mostra-nos que cada um de nós é suficiente para fazer a diferença. Basta querermos.

Luis

Re: Os nossos filmes favoritos no plano religioso
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 14 de March de 2005 23:38

Por falar em filmes, depois da "Paixão de Cristo", Mel Gibson prepara-se para fazer um filme sobre Fátima.

Luis



Fonte: [www.xt3.com]

Mel Gibson to follow up 'The Passion' with Fatima film

Hollywood A-lister buys the rights to the book ‘Stealing from Angels'

Fittingly, just ten days after the death of Sr Lucia dos Santos, the last survivor to witness the appearances of the Virgin Mary at the Portuguese town of Fatima in 1917, Mel Gibson has bought the rights to the book ‘Stealing from Angels’.

Brian Dullaghan’s novel tells the story of a young Irish man who escapes a dreary life in his hometown only to slip into a life of major crime in New York. Everything changes when he meets Maria and he jumps ship again, this time to Maria’s hometown in Italy. However, blissful happiness does not follow and when the couple are connected to the murder of Pope John Paul and the third secret of Fatima, things really implode.

‘Stealing from Angels’ is a work of fiction that tells the tale of a man who shoulders a huge secret and trusts no one.

The third prophecy

Those familiar with the three prophesies revealed by the Virgin Mary at Fatima will be aware that the first two referred to the two World Wars and the third to the long kept secret that Sr Lucia ultimately revealed that foretold the 1981 attempt on Pope John Paul II’s life.

In 2000, when the Pope visited the shrine at Fatima, Cardinal Soldano, authorised to read a statement on behalf of the pontiff, described the prophecy: "the 'bishop clothed in white' makes his way with great effort toward the cross amid the corpses of those who were martyred. He too falls to the ground, apparently dead, under a burst of gunfire." Pope John Paul II credits the Madonna of Fatima with his survival following the assassination attempt by Turkish right-winger Mehmet Ali Agca in St Peter's Square.

‘Stealing from Angels’ has received rave reviews and is very popular in America, not least, in the same vein as The Da Vinci Code, because people can indulge their desire for church conspiracy theories – especially relating to the Catholic Church.

Mel Gibson’s interest will again stir up the controversy. Gibson is known to practice pre-Vatican II ‘traditional’ Catholicism and much was made amid ‘The Passion’ furore of his father’s Vatican conspiracy theories.

But let’s put this to one side. The film will not hit screens until 2006 and Gibson has proved himself an exceptional actor and director. He has also treated key figures in the Catholic hierarchy with respect and even sought their opinions ahead of the worldwide release of ‘The Passion of The Christ’.

Mel Gibson travelled to Fatima in September of 2003 to show the film to religious institutions. He visited Sr Lucia’s convent in Coimbra and managed to secure an agreement to show ‘The Passion’ to the sisters. Later, Gibson returned to Portugal and made another secret visit to the convent to meet with Sr Lucia.

One thing’s for sure; this film is destined to be a controversial box office blockbuster. But before the conspiracy theories get out of hand, not to mention individual reader interpretations, the author himself has the final say in an interview with The Tribune: “It’s a great story and that is that,” said Dullaghan.

Hollywood holds its breath…

Re: Os nossos filmes favoritos no plano religioso
Escrito por: Susete (IP registado)
Data: 17 de March de 2005 13:49

Confesso que não sou muito de filmes e por isso não posso acrescentar nada de útil neste tóquico... nem vi ainda a obra do Mel, porque como estava grávida na altura, todos disseram para não ver... tenho de arranjar um tempinho para poder ver o filme.

Abraços,
Susete

Re: Os nossos filmes favoritos no plano religioso
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 22 de June de 2005 03:32

A palavra, de Carl Dreyer

Assim como outros do mesmo autor, nomeadamente A Paixão de Joana d'Arc.

Ben-Hur

a missão

A Festa de Babete de Gabriel Axel

Do céu caiu uma estrela de Frank Capra, aliás outros filmes deste realizador também são interessantes

A vida é bela - roberto Begnini e outros de roberto begnini

... acho que os D. Camilos não contam... (riso)

A paixão de Cristo de mel gibson

O principe do Egipto (sobre Moises)

Há vários com o conto de Dickens, o Natal do Sr. Scrogge

O pianista de Roman Polanski

Alguns do chaplin, como aquele do menino, não me lembro o nome, temos modernos e outros.

Musica no coração

A bela e o monstro

My fair lady (sim eu tenho um fraco por musicais)

Gandhi (é um bocado chato mas é interessante)

anne frank

Rei dos rei, dos tempos do mudo

O homem elefante The Elephant Man de David Lynch

depois lembro-me de mais, se lembrar

Re: Os nossos filmes favoritos no plano religioso
Escrito por: JMA (IP registado)
Data: 22 de June de 2005 14:28

Ora essa, porque é que os filmes de D. Camilo não contam???

João (JMA)

Re: Os nossos filmes favoritos no plano religioso
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 05 de July de 2005 03:44

Acabei de comprar uma colecção de 21 DVDs de uma serie sobre a Biblia.
Parecem-me bastante bons.
Legendados em portugues dobrados em espanhol.

[www.rbacoleccionables.com]

Foi galardoada com um premio Emmy à melhor série.

Re: Os nossos filmes favoritos no plano religioso
Escrito por: Luis Gonzaga (IP registado)
Data: 05 de July de 2005 23:59

Caro Camilo,

Os DVD's que referes parecem-me ser bons. Todavia, têm um "senão": dobrados em espanhol, correm o risco de parecer uma telenovela Mexicana :-)

Por acaso não sabes se existe a versão original em inglês? Tentei procurar no Amazon por "The Bible Collection", mas só aparecem sete títulos.

Um abraço,
Luis

Re: Os nossos filmes favoritos no plano religioso
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 06 de July de 2005 03:19

Ignoro completamente. Sei que o hábito de ouvir os filmes em inglês é tanto que têm passado filmes nos cinemas que originariamente eram falados em alemão e mandarim mas são dobrados em inglês e legendados em português.

O hábito é uma segunda natureza.

Re: Os nossos filmes favoritos no plano religioso
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 25 de September de 2005 22:19

Uma reflexão que vale a pena ler...

Alef


Citação:
A sétima arte no sétimo céu

1. No passado dia 20, as Edições Firmamento e o Centro Nacional de Cultura, com um título encantatório - A Sétima Arte no Sétimo Céu - foi lançado um livro muito especial, organizado por Suzana Bastos Mateus e Paulo Mendes Pinto. Apresentados pelo dr. Guilherme d"Oliveira Martins, presidente do CNC, explicaram como surgiu e como foi realizada esta obra, que já na capa é um céu para os olhos.

Segundo os organizadores, "nas tradições helénicas e médio orientais que viam o universo organizado por níveis de proximidade à divindade criadora de quem tudo tinha partido, e para quem tudo regressaria, o sétimo céu era o mais divino dos patamares a que se poderia aspirar". Advertem, no entanto, que este livro não pretende oferecer aos leitores encontros tão sublimes.

O "sétimo céu" é, aqui, simplesmente e apenas, sinónimo de "religião". Mas o sentido de perfeição que tem o número "sete", em muitos mitos e textos teológicos antigos, aplica-se bem à sétima arte.

Eles sabem que "a busca do religioso é hoje uma aventura pulverizada por campos de oferta muito variados em que se juntam tradições, teologias, ritos e pertenças significativamente diversas. Exactamente como em muitos dos filmes que vemos nas nossas salas de cinema: o aparente exotismo que alia bruxaria, superstição, espiritismo às religiões históricas não é um fenómeno apenas da tela. A pesquisa religiosa de quem busca um local de acolhimento passa também por estes locais de não fronteira, por estes locais onde as barreiras das definições desapareceram e tudo está em tudo".

O cinema que toca o religioso torna-se, por um lado, uma quase cine-religião, uma tele-religião, mas não é a mesma coisa que "ir à missa", não é, necessariamente, uma participação no que aparece na tela. Embora os organizadores marquem bem as suas posições sobre cinema religioso, o que os motivou não foi reunir pessoas para discutir teorias sobre esse tema, mas para escrever livremente sobre um filme religioso da sua escolha. O resultado é magnífico. No entanto, porque a seara é imensa, ficaram por abordar filmes extraordinários, matéria mais que suficiente para um desejado segundo volume.

2. Diz-se que o cinema é um negócio em dificuldades. Não se julgue, porém, que o cinema religioso é uma espécie em extinção. Segundo muitos observadores, o século XXI vive uma verdadeira efervescência religiosa. Desencantamento do mundo, insegurança permanente, busca de sentido, preocupações espirituais, afirmações identitárias - por vezes extremistas - fizeram do chamado "retorno do religioso" ou da sua recomposição uma evidência mundial. Nos EUA, a popularidade da religião e da espiritualidade, estimulando o Círculo de Cinema Espiritual - um clube que promove e distribui filmes dessa natureza - já terá surpreendido Hollywood.

Apesar de todas as aparências em contrário, devido à reacção de algumas autoridades religiosas perante alguns filmes, religião e cinema acompanharam-se desde os começos deste, nos finais do século XIX. Essa história - no tocante à Igreja católica - já está escrita. (1) Em relação a Portugal, Luís de Pina deixou indicações preciosas. (2)

Aliás, no cristianismo católico, vencida a querela das imagens, em 787, no Concílio de Niceia II, os iconoclastas foram derrotados e, ao serem vencidos, como diz com alguma ironia Régis Debray, abriu-se o caminho para Hollywood, para um Deus multimédia. (3)

Como símbolo do diálogo entre a Igreja e o cinema, a Filmoteca Vaticana tem agora uma renovada sala de projecções. Nela, o Papa João Paulo II assistiu a filmes junto dos próprios realizadores. No acto de inauguração, foram apresentados alguns filmes conservados nessa filmoteca, decisivos para história do cinema: o primeiro, refere-se a Leão XIII nos Jardins Vaticanos (1896), uma breve sequência na qual se vê o idoso pontífice, abençoando a câmara e manifestando o seu apreço pelas potencialidades da linguagem cinematográfica. Outro filme projectado - que se julgava perdido - foi o Inferno (1910), inspirado na Divina Comédia, de Dante Alighieri. Por último, foi projectado o Olhar de Michelangelo, uma curta-metragem sobre Moisés, na presença do seu autor, o italiano Antonioni, de 92 anos, que recebeu em 1995 um Óscar.

Pela primeira vez na história é publicada uma obra que recolhe toda a rica filmografia relativa à figura de Jesus. O Dicionário do Cinema Cristológico, da autoria de mons. Dario Edoardo Viganò foi publicado, em Roma (2005), pela Editora da Universidade Pontifícia Lateranense. Para o autor, é possível reconstituir a história do cinema a partir das obras cinematográficas sobre Jesus. O cinema nasceu, oficialmente, em 1895 e, dois anos mais tarde, já a Sociedade Lumière produzia uma obra sobre a vida de Cristo com especial incidência na Paixão, Vues Représentant la Vie et Passion de Jésus Christ.

Já existem ensaios de teologia da arte, da literatura, "teologias literárias", mas não encontrei muitos textos de teologia fecundados pelo cinema como René Ludmann propunha em 1956. 4)

3. Referi-me, apenas, às relações entre catolicismo e cinema. Hoje, o antigo Prémio OCIC (Organização Católica Internacional de Cinema) foi substituído pelo Prémio Ecuménico. Se o ecumenismo já entrou no cinema, o belo livro projectado e organizado por Suzana Bastos Mateus e Paulo Mendes Pinto é, de facto, a sétima arte no sétimo céu de todas as religiões.

1) Cf. Catholicisme, tomo 2, col. 1126-1133 e reactualização.
2) O cinema e a cultura católica em Portugal, in Laikos, n° 3-4, 1984, pp. 471-479; cf. tb. Dicionário da História Religiosa de Portugal, Círculo de Leitores, pp. 185-187.
3) Régis Debray, Deus Um Itinerário, Porto, Ambar, 2002, p.239-243.
4) Cinéma, Foi et Morale, Paris, Cerf, 1956

Frei Bento Domingues, O.P.

Re: Os nossos filmes favoritos no plano religioso
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 04 de November de 2005 01:16

um site com algumas sugestões interessantes:

[www.adherents.com]

Re: Os nossos filmes favoritos no plano religioso
Escrito por: camilo (IP registado)
Data: 04 de November de 2005 01:49

[zenit.org]

A bondade, eixo da Semana de Cinema Espiritual de Barcelona
Fala seu diretor, o padre Peio Sánchez

BARCELONA, segunda-feira, 10 de outubro de 2005 (ZENIT.org).- Barcelona acolherá, de 7 a 13 de novembro, a Semana de Cinema Espiritual, na qual o eixo central será «a bondade».

Além de assistiu aos filmes, haverá comentários e o primeiro deles será realizado pelo bispo auxiliar de Barcelona, Dom Joan Carrera, a propósito de «Um filme falado», de Manoel d’Oliveira.

As sessões acontecerão no cinema Lluisos de Horta. No total são oito filmes com comentário entre os que destacam «Rojo», de Krzysztof Kieslowski, assim como «Hotel Ruanda», de Terry George.

Nesta entrevista concedida a Zenit, o sacerdote Peio Sánchez, professor de teologia sistemática e diretor da Semana, alenta a Igreja a fortalecer a obra daqueles diretores de cinema que têm um fundo espiritual.

--Que critério seguiram para escolher os filmes desta semana do cinema espiritual?

--Pe. Sánchez: A Semana é organizada anualmente sob um tema de referência. Nesta edição elegemos «Os ícones da bondade». Trata-se de recolher um grupo de filmes que nos apresenta o bem feito vida nas pessoas, e de compreender em que medida seu testemunho converte-se em uma transparência de Deus.

--Reuniram-se a Delegação de Meios de Comunicação do Arcebispado, professores de teologia e outras disciplinas, educadores, aficionados de cinema, membros de associações culturais e representantes de empresas para promover esta iniciativa. Tem inclusive o apoio do governo catalão. É a primeira vez que se consegue esta sinergia, ou no ano passado já foi assim?

--Pe. Sánchez: A primeira edição foi um êxito de público e de trabalho conjunto que nos deu experiência para esta segunda edição. O cinema é, sem dúvida, um território propício para o diálogo e o encontro com a cultura. Também o cinema espetáculo foi eclipsando um olhar mais contemplativo e reflexivo que um tipo de público está desejoso de recuperar.

Os crentes tampouco estão acostumados demais a ver o cinema com olhos de fé. Nesta direção queremos oferecer um serviço que, unindo a palavra e a imagem, chegue tanto ao público geral como a um numeroso grupo de jovens.

--Os grandes diretores espanhóis de cinema caberiam nestas jornadas de cinema espiritual?

--Pe. Sánchez: Certamente a cultura espanhola não está preocupada com as questões espirituais. No cinema há importantes exceções, atualmente mais ligadas ao documentário que a ficção como Victor Erice, José Luis Guerín ou mais recentemente Mercedes Alvarez.

No território da ficção temos Rafael Gordon e, mais distantes, mas com inclinações, Isabel Coixet ou Gracia Querejeta. Contudo, também temos muito cinema que se faz nas Escolas de Cinema nesta chave e não chega a estrear.

Talvez a Igreja deveria animar mais este tipo de cinema e convidar os crentes a que apóiem estes diretores que começam com esta inquietude.

--Por que cinema espiritual e não cinema religioso? Onde está a diferença?

--Pe. Sánchez: O termo «cinema espiritual» foi acunhado no Festival Tertio Millenio que se organiza em Roma. Este termo é mais amplo que cinema religioso, que seria o que por temática, protagonistas ou ambientes estivesse ligado principalmente ao religioso.

Contudo, o cinema espiritual amplia sua perspectiva a todos aqueles filmes que desde histórias autenticamente humanas nos abrem ao Mistério e nos situam em chave espiritual.

--Vai convidar seu bispo a seguir o ciclo?

--Pe. Sánchez: Claro, acompanhou a preparação e participará. O bispo auxiliar Joan Carrera apresentará uma meditação em torno «Um filme falado», de Manoel d’Oliveira, sobre as raízes culturais e espirituais da Europa e o futuro ante o desafio do diálogo de civilizações.

Re: Os nossos filmes favoritos no plano religioso
Escrito por: (IP registado)
Data: 04 de November de 2005 14:19

Eu vi recentemente uma adaptação cinematográfica do Quo Vadis. Era um filme antigo, mas bom. Aliás, qualquer adaptação desse livro ao cinema arriscava-se a ser boa...

Re: Os nossos filmes favoritos no plano religioso
Escrito por: Miguel D (IP registado)
Data: 04 de November de 2005 20:21

Eu concordo com o Luis. O filme que mais mexeu comigo a nível religioso ( e a todos os niveis também) foi a Lista de Shindler. Monstruoso! a todos os níveis. Por outro lado gostei da Ultima tentação de Cristo e Jesus Cristo Superstar. Não pelos filmes em si, mas mais pelo lado diferente da história que apresentam...

Eu vi o filme do Mel Gibson... tenho o dvd, mas confesso-vos não é o meu filme favorito nem de perto, nem de longe... Só tem uma coisa boa... é bom para praticar linguas mortas como o latim e o aramaico...

Posso pedir-te um favor Alef...? Podes dar-me alguma referencia bibliografica para o tema do Bultmann...? Ao tempo que procuro mas não tenho tido sucesso.

UM abraço fraterno

Miguel Dias

Re: Os nossos filmes favoritos no plano religioso
Escrito por: Alef (IP registado)
Data: 06 de November de 2005 13:11

Caro Miguel:

Quase todas as referências bibliográficas que tenho -- e são bastantes -- estão em inglês. Envio-tas dentro de momentos, por e-mail, juntamente com um bom capítulo sobre Bultmann, retirado de um bom livro: David Ford (ed.), The Modern Theologians. An Introduction to Christian Theology in the Twentieth Century. Um bom «retrato de família» dos teólogos de maior relevo do século XX, em «apenas» 772 páginas.

Nota: Refiro-me à segunda edição, que é a que possuo. Saiu recentemente a terceira edição, reformulada e ampliada, mas num dos índices publicados online não vejo qualquer capítulo reservado a Bultmann. Se não estiver, é pena.

Para quem quiser um artigo simples que «situe» Bultmann e isto não pareça algo estranho, aqui fica uma sugestão: «Estado actual de la investigación histórica sobre Jesús». Se alguém quiser debater este tema, sugiro-lhe que abra um tópico novo, para que neste tratemos apenas de filmes.

Alef


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