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Padre não quer rezar missa no capela-mor
2001-10-18 12:57:27

A recuperação da igreja do Mosteiro de Pombeiro, em Felgueiras, está quase concluída. Foram dois anos de grande obras e de muita paciência para o padre da freguesia, uma vez que nunca se deixou de rezar missa no templo, apesar dos taipais instalados.

E, quando tudo parecia regressar à normalidade, eis que o pároco se vê a braços com outro problema: o Instituto Português de Património Arquitectónico (IPPAR) quer que a liturgia seja, novamente, rezada no altar-mor.
"Desde 1965, aquando da reforma litúrgica do Concílio do Vaticano II (1962-65), que o sacerdote celebra a missa frente à assembleia e fora do altar-mor. Se é para voltar para trás no tempo, as missas terão de ser em Latim e o padre estará de costas voltadas para o povo. Pessoalmente, estou contra o apelo do IPPAR. Fica-se muito longe dos fiéis", afirmou o padre Bernardino.

Decisão dia 22
No próximo dia 22, uma reunião entre o IPPAR e a Diocese do Porto ditará a sentença. "Tenho esperança que a celebração se mantenha no mesmo local, com um novo estrado e um altar mais digno. Vamos ver o que diz a Diocese", sublinha o padre.
A maioria dos paroquianos desconhece as intenções do IPPAR, mas, segundo o sacerdote, os seus colaboradores mais próximos estão contra. Uma posição que a maioria também terá e poderá, até, levar alguns a procurar outras igrejas, como aconteceu durante as obras de recuperação do templo. "O espaço era exíguo para as cerca de 400 pessoas que vêm a cada missa. Muitos foram para Felgueiras e para paróquias vizinhas", recorda.

Reboco polémico
Não é a primeira vez que o IPPAR encontra entraves à recuperação daquela igreja, com o objectivo de devolver ao templo beneditino o seu estilo original - um exemplar da arquitectura religiosa, românica e setecentista.
Há cerca de ano e meio, alguns paroquianos insurgiram-se contra a recuperação do reboco, tapando o granito das paredes. Na altura, até se chegou a formar um movimento espontâneo. O problema acabou por ser ultrapassado com umas fotografias, enviadas ao instituto por um particular. "O povo ficou convencido com as imagens e, para nós, as fotografias acabaram por ter uma dupla função. Ajudaram-nos a reconstituir peças e a colocá-las segundo a sua ordem original, designadamente, alguns capitéis", garantiu a arquitecta do IPPAR, Isabel Sereno.
Nesta primeira grande intervenção foi, ainda, recuperada a ala da sacristia e todo o piso superior onde se encontra a capela e a livraria. As antigas celas dos monges que, posteriormente, serviram de casa paroquial, também já foram recuperadas. Actualmente, têm servido de salas de catequese, mas, futuramente, o IPPAR quer libertá-las, transferindo toda a actividade da paróquia para uma casa agrícola, dentro da cerca.

Contra mudança
Aquela intenção também não é bem vista pelo padre Bernardino. "Não sou a favor da mudança. Gostaria que as antigas celas mantivessem um lugar para o pároco viver. Isto porque, em caso de vir outro padre para a freguesia, não há qualquer residência para o acolher". Refira-se que o actual pároco é vicentino e, como tal, vive em comunidade, num lar para padres, em Santa Quitéria. " E se o próximo não for vicentino? Onde vai ficar?», questiona o sacerdote.
No projecto do IPPAR, aquelas salas fariam parte do circuito de visitas, bem como a livraria, uma vez que todo o recheio desapareceu.
Depois da recuperação total do mosteiro, prevista para 2006, o IPPAR gostaria que Pombeiro se transforma-se no Centro do Românico do Vale do Sousa e que, dentro do imóvel, funcionasse um centro interpretativo.

Fonte JN

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