paroquias.org
 

Notícias






Capela sem imagens originais
2001-10-15 09:52:20

Não há um único exemplar original de uma imagem no interior da capela de Nossa Senhora de Ao Pé da Cruz, situada no cimo da serra do Pereiro, em Sernancelhe. Foram todos roubados em sucessivos assaltos.

O padre e arcipreste Cândido de Azevedo, para não ver o templo despojado de figuras, foi obrigado a mandar fazer cópias das imagens através de fotografias.
Há 10 anos, o sacerdote pagou quase 400 contos a um escultor, pelo trabalho de reprodução da imagem principal: uma "pietá" de Nossa Senhora, construída no XVII, que a Polícia Judiciária (PJ), na altura, chegou a considerar uma das duas mais valiosas jamais roubadas em Portugal.
A imagem não voltou a aparecer, nem as outras cinco que desaparecem nos quatro ou cinco assaltos de que há registo, o último dos quais há menos de uma semana, e que visou, desta vez, apenas a caixa de esmolas do templo, "porque os gatunos já sabem que as imagens que lá estão colocadas, são cópias e não originais", lembra Cândido de Azevedo.
O arcipreste diz que a Igreja não tem capacidade financeira para poder comprar, colocar e sustentar um alarme nesta e nas outras capelas e igrejas do concelho de Sernancelhe. O padre admite que, por causa disso, os ladrões aproveitam-se.
A ausência de qualquer sistema de alarme nos templos do concelho já fez com que vários fossem assaltados. O sacerdote lembra-se de roubos na igreja matriz de Sernancelhe, onde desapareceu uma imagem, também do século XVII, que nem sequer estava ao culto; na capela de S. Miguel, que ficou sem duas figuras; na de Nossa Senhora das Necessidades (uma imagem); e na destruição de um nicho, onde foi levada uma imagem rara de Nossa Senhora da Carrasca.
"E isto sem falar já nos assaltos feitos há mais tempo e que resultaram no desaparecimento de inúmeras imagens. Lembro-me de roubos na igreja de Vila da Ponte, na capela de A-de-Barros, na matriz de Sernancelhe", recorda o arcipreste.

À espera do museu diocesano
"Não temos uma solução milagrosa para o problema dos assaltos às igrejas da Diocese de Lamego, mas acho que com a construção do museu diocesano, pelo menos as peças mais valiosas poderão ficar a salvo", diz o vigário geral da diocese, Eduardo Russo, que considera que instalar sistemas de alarme "não resulta, porque eles (os ladrões) encontram sempre maneira de os desactivar".
Comentando a estratégia do bispo de Viseu, que sugeriu aos párocos que levassem as imagens para um local seguro da diocese, o vigário geral de Lamego diz: "A ideia é boa e é equilibrada, mas estou seguro que as populações não deixariam que as imagens fossem retiradas das suas igrejas, para serem levadas para um outro local. A experiência diz-me que o povo não compreenderia. Ao contrário, acho que no caso do futuro museu diocesano de Lamego, a situação é bem diferente e teria outro acolhimento por parte da comunidade".

Fonte JN

voltar

Enviar a um amigo

Imprimir notícia