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Fiéis celebram Senhora da Luz em Carnide
2001-10-01 17:00:17

Teresa Figueiredo tem 58 anos e desde que teve um problema nos olhos, há cinco anos, que vem de Belém, onde reside, até ao santuário de Nossa Senhora da Luz, em Carnide, para acompanhar a procissão anual que ali se realiza.


"Vivi muitas dificuldades, ao longo da vida, mas a fé sempre me ajudou a superá-las", diz ao JN, enquanto espera pelo começo do cortejo. "Penso sinceramente que foi a Nossa Senhora que me deu a luz que ainda hoje me permite ver, e todos os anos venho agradecer-lhe. Perante os problemas que hoje afligem o mundo, temos que nos agarrar àquilo em que acreditamos", afirma.
Tal como Teresa Figueiredo, milhares de crentes juntaram-se ontem na procissão da Senhora da Luz. Por volta das 15 horas, eram já muitas as pessoas que se aglomeravam no pátio exterior do santuário, enquanto, no interior da igreja, decorria a missa em honra da santa.
Uma hora depois, começou a procissão. Na frente seguiam os bombeiros locais, transportando uma imagem de Nossa Senhora, depois o padre, seguido da banda filarmónica de Vila Franca do Rosário. Os crentes vinham em último lugar, lado a lado com os escuteiros da paróquia.
Uma carrinha acompanhava o desfile, debitando cânticos católicos através de um altifalante, que as pessoas do desfile acompanhavam. Tal aglomeração de gente era aproveitada pelos comerciantes, que anunciavam, em alta voz, a venda de velas, que muitos crentes faziam questão de levar.

Negócios da devoção
"É o primeiro ano que vendo velas. Antes, tinha uma tenda com brinquedos, na feira da Luz. Mas isto é como o Chalana dizia: temos que ir a todas!", exclama um dos vendedores, enquanto faz uma pequena pausa no trabalho.
A confusão apanhou algumas pessoas desprevenidas, designadamente visitantes da feira da Luz que não tinham conhecimento da procissão e condutores aflitos com o caos no trânsito. "Há cerca de oito anos que aqui venho e gosto muito. Cresci na província, e este é um dos poucos sítios, dentro da Lisboa, onde ainda consigo viver um ambiente tipicamente rural", congratula-se Fátima Barreto, que acompanha, com uma vela, a procissão.
A tradição da procissão da Senhora da Luz remonta ao século XV, quando o local era abrigo de grandiosas romarias, às quais se agregaram arraiais - ainda hoje se mantém ali a Feira da Luz durante todo o mês de Setembro.
Em 1464 foi contruída uma ermida, da qual se conservam apenas o pórtico manuelino e azulejaria hispano-árabe, integrados no recinto da "fonte milagrosa". Perante o progressivo aumento de romeiros àquele local de devoção, optou-se por construír, em 1575, o santuário de Nossa Senhora da Luz. As obras prolongaram-se por trinta anos.
O terramoto de 1755 arruinou a maior parte do templo, resistindo apenas a capela-mor e o arco do cruzeiro. A parte arruinada nunca mais foi recuperada.


Fonte JN

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