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Deus não é fundamento para a violência
2001-09-19 20:27:05

O Patriarca de Lisboa redigiu uma Tomada de Posição face aos acontecimentos dos Estados Unidos da América. “E a luz brilhou nas trevas”, assim se intitula o texto a que a Agência ECCLESIA teve acesso, e onde D. José Policarpo convida os cristãos a “ler os acontecimentos da história humana, captando-lhe as interpretações e exigências para edificação do Reino de Deus”.


Os atentados apanharam a todos de surpresa, “alertando-nos para a injustiça e inutilidade da violência como caminho para encontrar soluções para os problemas da humanidade. Dos nossos corações perturbados tem de brotar um grito decisivo contra a violência”, afirma o Patriarca, que acrescenta a esperança de o país atacado não traduzir o seu direito legitimo de defesa em “manifestações de violência estéril e ineficaz, sacrificando mais vitimas inocentes”.
“É preciso interpretar, sábia e corajosamente, os factos para poder agir sobre as causas, sem deixar de julgar com justiça os culpados”, pode ler-se no texto que lembra a grande oportunidade dos EUA darem “ à história uma lição de grandeza, reagindo de modo a marcar positivamente a humanidade na superação dos seus problemas e conflitos”.
A clivagem entre Ocidente, “marcado pela liberdade democrática e pelo sucesso económico”, e o resto do mundo “marcado pela pobreza e pelo sub-desenvolvimento”, é agora, “mais profunda do que parecia”. Está à vista de todos uma “ampla organização” de “reacção contra sociedade ocidental, que não está isenta de culpas, na tibieza com que enfrenta o drama dos países pobres, nas injustiças praticadas em nome de políticas de sucesso e de lucro...”
O Ocidente tem de mudar de política, acrescenta D. José Policarpo, ou caso contrário “isto é apenas o inicio de uma longa luta, em que a vitória, se para ela houver lugar neste género de conflito, não é certa para ninguém”. As nações “poderosas”, têm de “ser audazes nas propostas, generosas nas soluções, se querem ser protagonistas de uma nova ordem que inevitavelmente surgirá”.
Uma pedra fundamental em todo este processo é “o diálogo inter-religioso”. É preciso “não confundir os criminosos e os extremistas com as centenas de milhões de irmãos que praticam pacificamente a sua fé num Deus único”. A violência que ocorreu nos EUA tem sido relacionada com pessoas e países de religião islâmica, o Patriarca teme que este ambiente comprometa o diálogo inter-religioso e “acentue, em todos os quadrantes, a intolerância cultural e religiosa”.
O texto termina com o desejo de que Deus ilumine os lideres religiosos e chefes políticos islâmicos, para que se “distanciem de interpretações abusivas e violentas do seu livro sagrado”. Deus “não pode ser fundamento para meios violentos, na luta por causas, porventura justas”.


Fonte Ecclesia

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