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Santa Cruz ressuscitou órgão calado há 100 anos
2001-09-15 10:49:53

O velho órgão de tubos da Igreja de Santa Cruz, em Braga, voltou, ontem, a ouvir-se, após 100 anos de silêncio. Foi durante a missa solene que assinalou a inauguração do seu restauro. O organista Isolino Dias até improvisou, depois de ter presenteado os irmãos de Santa Cruz com peças de Bach.


«Continuemos a restaurar estes órgãos», desejou o arcebispo de Braga, D. Jorge Ortiga, ao mostrar-se surpreendido com a pujança melodiosa do «novo» órgão, que, ontem, acompanhou o Grupo Coral de Santa Cruz.
Na homilia, D. Jorge considerou o restauro uma interpelação do mundo à «construção de uma vida diferente. Assim como a música, com os seus sons diferentes, nos conduz à harmonia, também a humanidade deve seguir os caminhos da paz», disse, aludindo ao atentado terrorista ocorrido em Nova Iorque.

Concertos agendados
Um ano foi o tempo que demorou a trazer à vida o órgão setecentista de Santa Cruz. Os trabalhos custaram cerca de 12 mil contos, pagos pela Irmandade. A responsabilidade do restauro coube ao organeiro António Simões.
O provedor da Irmandade de Santa Cruz, Alberto Quintas, promete, agora, proporcionar «grandes concertos» à cidade. O próximo está já marcado para 27 de Outubro, às 21.15 horas, com o organista Rui Paiva. Segue-se outro, agendado para 22 de Novembro.
Com o instrumento recuperado, as missas dominicais em Santa Cruz passam a contar com os sons do velho órgão de tubos para acompanhar o seu Grupo Coral, dirigido por Maria Teresa Couto.
Alberto Martins confessa não saber a razão pela qual o órgão esteve parado tanto tempo. «Foi coisa que a Irmandade deixou escapar», disse.
Fala-se em 100 anos de silêncio, mas o provedor de Santa Cruz admite que tenha sido mais de um século, já que o órgão terá deixado de tocar já em finais do século XIX: «Em todo o caso, posso garantir que nunca funcionou durante o século XX, nem podia funcionar, porque tinha já os seus tubos em completa ruína», acrescentou.
O restauro permitiu colocá-lo, pela primeira vez, na parte central do coro alto da igreja, em vez de encostado à parede lateral daquele espaço do templo, posição que lhe foi atribuída aquando da sua construção, no idos do século XVIII.
Tal facto obrigou a trabalhos de talha suplementares para tapar a parte do móvel que esteve até agora descoberta, o que fez onerar o orçamento da obra, inicialmente prevista para custar dez mil contos.
Considerado um dos mais importantes de Braga, o certo é que a sua história ainda não está, de todo, esclarecida. Não há, por exemplo, certezas sobre o seu construtor.
O investigador australiano W. Jordan atribui a autoria da sua construção a D. Francisco António Solha, um galego que veio para Braga na década de 30 do século XVIII, a convite de Frei Simão Fontanes, organeiro famoso na época, e autor do Órgão da Sé de Ourense.

Autorias incógnitas
Outros investigadores atribuem a construção do órgão de Santa Cruz a Miguel Mosquera, com base num contrato que este organeiro, também galego, terá feito com a Irmandade. Indicam, ainda, o instrumento de tubos foi alterado, em 1760, por Simão Fernandes Coutinho.
Sabe-se que D. Francisco António Solha acabou por se radicar em Braga, onde ter-se-á dedicado a outros trabalhos em igrejas da região. De Miguel Mosquera pode dizer-se que também foi construtor de outros órgãos na diocese de Braga. É-lhe atribuída a autoria do do Santuário de Nossa Senhora de Porto de Ave, Póvoa de Lanhoso.

Fonte JN

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