paroquias.org
 

Notícias






EXEMPLO DA IGREJA PORTUGUESA É CASO ÚNICO NA UNIÃO EUROPEIA
2001-08-16 11:56:04

Nunca troquem dinheiro a ninguém. Só no banco". O aviso vem do padre Luís Pereira que, em tom de brincadeira, avisava os paroquianos do conselho de Ourique sobre a chegada da nova moeda única. "Nem o prior está autorizado a trocar escudos por euros", adiantou o pároco, um conselho que nunca é demais repetir perante uma população cujo isolamento tornou "presa fácil" para os burlões.

As vitimas de burlas são mais que muitas e a agressividade uma característica comum. Não se tratam de casos isolados e específicos do Alentejo. Percorrem o país e deixam um rasto de violência. O padre recorda com lamento o caso de um idoso que foi espancado e que veio a falecer poucos dias depois. O medo toma conta destas populações. É pelos seus paroquianos que, Luís Pereira, percorre os montes daquela zona da planície alentejana e colabora com a campanha nacional da divulgação do Euro. Trata-se de um serviço importante que a igreja presta á sociedade portuguesa, sobretudo nos meios onde o isolamento dificulta o acesso à informação. Um serviço que apresentou resultados excelentes e que recebeu elogios de Bruxelas. O certo é que Portugal foi o único país da área do Euro da União Europeia (UE) que pediu a colaboração da Igreja para divulgar através das paróquias informações sobre a nova moeda única.

Sorrisos transformados em elogios

Acolhida no início, em Bruxelas, com "espanto e sorrisos" por parte dos outros parceiros europeus, as reservas transformaram-se depois em elogios quando a comissão apresentou "resultados para além das expectativas", de acordo com Graça Nunes da Silva, assessora do presidente da Comissão Nacional do Euro (CNE). Criada em Maio de 2000 com o objectivo de preparar a sociedade portuguesa para a introdução do Euro em Janeiro de 2002, a CNE, tal como as suas congéneres dos países da União Europeia (UE), estabeleceu parcerias de colaboração com diversas entidades. "Pensámos em pedir a colaboração da Igreja Católica portuguesa devido à implantação que tem no país e o acesso que detém, através dos milhares de párocos, aos sectores mais vulneráveis da sociedade", justificou Graça Silva. Para a CNE, estes sectores mais vulneráveis são sobretudo as pessoas idosas, as pessoas que estão fora do mundo do trabalho, os deficientes, e todas as pessoas com menor acesso à informação pelo seu isolamento ou por problemas de iliteracia ou literacia técnica. "Por ser um país periférico, Portugal tem muitas assimetrias, os níveis de educação das pessoas são muito díspares. A Igreja tem tido um papel fundamental na informação de pessoas que estão isoladas e que confiam bastante no seu pároco", observou a responsável da CNE. A ideia da colaboração com a Igreja Católica foi concretizada com uma reunião entre o presidente da CNE e D. Tomás da Silva Nunes, secretário-geral da Conferência Episcopal Portu-guesa (CEP) em Maio do ano passado e mais tarde os bispos deliberaram que as dioceses iriam disponibilizar-se para participar na campanha. Na sequência deste encontro, padres de diversas paróquias do país solicitaram à CNE material informativo, nomeadamente brochuras, cartazes e outro tipo de apoio para acções de formação sobre o Euro. Graça Silva sublinhou que a colaboração foi intensa a nível nacional, mas que alguns padres se revelaram particularmente dinâmicos, nomeadamente das paróquias de Nisa e Ourique, no Alentejo. D. Tomás da Silva Nunes ressalvou que a Igreja "não se substituiu à comissão" neste processo, mas "apenas transmitiu algumas informações através das paróquias". "Os padres foram uma espécie de veículos de transmissão dessa mensagem no final das missas, através dos boletins paroquiais ou disponibilizando espaços dos centros paroquiais para sessões informativas", precisou, acrescentando que cada diocese teve a autonomia para gerir a sua colaboração com a CNE. Na sua opinião, a ideia foi acolhida pela CEP por se tratar de "um serviço importante que a igreja poderia prestar à sociedade portuguesa, sobretudo nos meios onde há mais dificuldade de acesso à informação e isolamento". D. Tomás considerou ainda esta colaboração entre a igreja e a CNE como uma situação "ímpar" na história da instituição.

Fonte CM

voltar

Enviar a um amigo

Imprimir notícia