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Governo Angolano e Partidos da Oposição Indignados por Ataque da UNITA a Comboio
2001-08-15 20:46:41

A UNITA de Jonas Savimbi foi condenada de forma dura e unânime pelo conjunto das forças políticas, sociais e religiosas angolanas, na sequência do ataque perpetrado na sexta-feira contra um comboio de passageiros na localidade de Nzenza do Itombe, a pouco mais de 100 quilómetros de Luanda. Isto numa altura em que o número de vítimas mortais terá ultrapassado as 150, além de igual numero de feridos.


O Presidente José Eduardo dos Santos juntou a sua voz ao clamor dos protestos, com a promessa de tudo fazer "para devolver ao país tempos de paz, como condição fundamental para proporcionar aos angolanos um amanhã mais próspero".

Eduardo dos Santos questiona as intenções de paz da UNITA que têm vindo a público através de comunicados da organização de Jonas Savimbi, a traduzir na sua apreciação o mero propósito de "tentar ludibriar a opinião pública nacional e internacional".

Para o MPLA, o mais recente ataque dos homens de Savimbi demonstra "uma crónica incapacidade dos rebeldes em responder às acções e iniciativas políticas do Governo que visam a instauração da paz definitiva e duradoura no país, no quadro do Protocolo de Lusaca".

A UNITA Renovada de Eugénio Manuvakola acusa Savimbi e os seus seguidores de pretenderem apenas desencorajar os angolanos empenhados na edificação da democracia multipartidária. O recentemente criado Amplo Movimento de Cidadãos (AMC), que tem como secretário executivo o jornalista William Tonet, foi particularmente vigoroso na condenação da UNITA, ao considerar o ataque de Zenza do Itombe "um crime execrável".

"O AMC junta-se às forças que lutam pela garantia da vida do homem angolano e apela à direcção da UNITA para que se retracte publicamente perante as vítimas civis inocentes e a Nação em geral", escreveu Tonet.

[Segundo a Reuters, citando um comunicado da UNITA datado de ontem, as forças do Galo Negro voltaram a atacar na zona de Luvemba, a norte do Bailundo (Huambo). O comunicado da UNITA refere que no ataque, levado a cabo no domingo, morreram 15 soldados governamentais e que, numa outra operação levada a cabo pelas tropas do movimento de Jonas Savimbi no Andulo (Bié), foram mortos outros 14 elementos das Forças Armadas Angolanas.]

Bispos querem "cessar-fogo bilateral"
Os bispos católicos de Angola anunciaram na segunda-feira o envio de uma carta ao líder da Unita, Jonas Savimbi, com as suas preocupações sobre o prolongar da guerra.

O ataque levado a cabo sexta-feira pela guerrilha da UNITA contra um comboio misto de passageiros e carga veio conferir uma maior visibilidade a esta iniciativa da Igreja Católica.

"A ser verdade aquilo que oiço dizer e que li, se realmente foram tantas a vítimas só me apetece chorar", disse ao PÚBLICO o bispo do Uíge e presidente do Movimento Pro-Pace, D. Francisco da Matta Mourisca. O bispo confirmou a intenção da Igreja de fazer chegar a missiva a Jonas Savimbi, ao mesmo que reafirmava a necessidade de os dois beligerantes trabalharem rapidamente no sentido de um cessar-fogo bilateral e simultâneo.

"Penso que temos que acabar com esta guerra que está a ser causa de lágrimas, causa de sofrimento indizível, e neste contexto posso adiantar que [hoje] será divulgado um documento dos bispos de Angola e dos bispos da África Austral a fazer um apelo ao fim desta guerra, que continua a ser um escândalo não só em África, mas em todo o mundo."

O Presidente do Movimento Pro-Pace acha que o governo terá de reconsiderar a sua posição: "O cessar-fogo tem de ser bilateral e simultâneo. De outra maneira não é cessar-fogo. Calarem-se as armas de um lado e ouvirem-se do outro não é cessar-fogo." A Igreja, segundo reafirmou D. Francisco da Matta Mourisca, está disposta a ajudar os beligerantes a iniciar conversações de paz.

A carta dos bispos é a segunda resposta à missiva que lhes havia sido endereçada por Jonas Savimbi há alguns meses, solicitando à Igreja Católica uma participação mais activa nos esforços de aproximação entre os dois beligerantes.

Fonte Público

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