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Dioceses apostam na formação dos noivos
2009-07-18 10:05:36

Quem dirige cursos de preparação matrimonial aconselha: quando se casa passa-se para o lado de lá da ponte, e é preciso cortar com o passado, dinamitando-a. A aposta é na formação de casais .

Custódio Matos Costa repete a história a todos os noivos que passam pelo curso de preparação para o matrimónio (CPM). "O casamento é como a passagem de uma ponte. Quando se passa para o outro lado, é preciso dinamitar a ponte. Se um dos dois deixa a ponte de pé, alguma coisa vai correr mal." O conselho é de quem já prepara noivos há muitos anos, está casado há várias décadas, mas também tem a experiência do outro lado. Além de estar na equipa que coordena os CPM, Custódio Matos Costa é juiz do tribunal eclesiástico de Viseu onde são apreciados os casos de nulidade. Enquanto foi juiz de tribunal civil, também analisou muitos divórcios.

O CMP é exigido pela Igreja como preparação dos noivos, embora nem todas as paróquias disponham desta formação, que varia muito de diocese para diocese. Há paróquias onde são dirigidos por padres, outras por casais, e muitas onde a preparação se esgota nos dez minutos de conversa do sacerdote com o casal. Há CPM que duram uma tarde, outros vários fins-de-semana, uns são mais práticos, outros teóricos.

Do que fizeram em Maio, Paulo e Marisa, 28 e 30 anos, retiraram a mensagem da ponte, bem como ensinamentos sobre a forma como a Igreja encara a sexualidade ou a união duradoura. No auge da paixão, visível nos olhares embevecidos que trocam a toda a hora, parece-lhes difícil imaginar que algo não corra bem. Mas, mesmo assim, já praticam alguns truques para minimizar os riscos. "Falamos com frequência dos defeitos um do outro, para que, ao reconhecê-los, os consigamos aceitar. Não temos a ilusão nem intenção de nos mudarmos. Eu sou teimoso, nunca fingi não o ser. Ela já sabe", diz Paulo, médico, superdespachado. No início, acrescenta, entre risos, Marisa, enfermeira, "não víamos defeitos nenhuns, agora já vamos encontrando um ou outro". Outro exercício para contrariar a timidez de Marisa e a tendência para nem sempre dizer o que pensa, é a pergunta constante de Paulo: "Em que estás a pensar?"

O casamento está marcado para Outubro, no Dia de São Francisco de Assis, pois foi na Igreja dos Terceiros, em Viseu, que o namoro deu os primeiros passos. A simplicidade dos franciscanos é também modelo para este casal de prática religiosa regular e grande espiritualidade. O matrimónio é visto como um compromisso perante a sociedade, "mas, acima de tudo, aos olhos de Deus", diz Paulo. Para sempre? "Antes achava que para sempre era muito. Agora acho pouco!"

Vítor e Ana, casados de fresco, também frequentaram as quatro sessões de CPM em Viseu. Aí falaram-lhes da vida a dois, do sacramento, dos filhos e sua educação, da mudança na rotina operada pelo casamento e do amor ao longo da vida. "Puseram-nos a pensar porque íamos casar", explica Vítor, que frequentou o seminário durante vários anos mas não chegou a fazer os votos de irmão missionário.

"Ele queria ir para padre, mas juro que a culpa não foi minha", apressa-se a acrescentar Ana, arquitecta, soltando uma gargalhada. O namoro começou num mundo mais virtual, por mensagens e conversas de telemóvel. Mas acabou por saltar com fervor para a vida real. Casar pela Igreja, dizem, "é viver em comunhão com os valores da fé e dar testemunho na comunidade". Para isso, é preciso praticar o diálogo, sublinham, "pois não pode haver problema que não seja discutido entre o casal. Nem se pode deixar para amanhã o que deve ser discutido hoje".

Fonte DN

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