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Livros no Lugar da Garrafeira
2001-08-05 10:06:13

A casa onde vive o padre Virgílio Oliveira está numa urbanização recente, não muito longe da estação meteorológica. E também aqui, no meio da imensa biblioteca, revela-se a paixão pelos fenómenos do tempo. Os mapas e a colecção do "Anuário Climatológico" estão espalhados pela mesa, arrumados nas prateleiras, misturados com muitos livros.



Há de tudo: enciclopédias de História e Teologia, ensaios de Política e Ciência, obras de divulgação, o "Elogio da Loucura" de Erasmo, o "Dicionário do Estado Novo", a "Lexicoteca", a "Nova Enciclopédia Portuguesa". "Esta já não precisava tanto, mas como custava três contos e pouco por mês, tinha um dinheirinho no banco e comprei."

"Estes é que me cansaram a cabeça", diz. Mostra mais dois armários com tratados de Ética e Filosofia Moral, a "Casus Conscientiae", mais uma Bíblia em hebraico, a "Summa Theologica", de São Tomás de Aquino. Três anos de Filosofia mais quatro de Teologia estão ali sintetizados, a par de obras mais recentes e polémicas como "Os Divorciados e a Igreja" - ainda por ler.

A afirmação não é figura de estilo: "Tive um esgotamento de tanto estudar". A biblioteca, já prometida ao Seminário do Fundão, estende-se para outras divisões da casa. "A minha garrafeira é assim." Abre a porta e, no lugar fresco destinado às garrafas, estão mais livros. Saúde, ciência, fotografia, clássicos, política, religião.

Livros, pretextos para conversas e análise política. Pega nos "Países, Povos e Continentes", abre na Jugoslávia e Albânia. "Só o Tito é que conseguiu manter aquilo; impôs-se ao Estaline e disse-lhe: 'Somos comunistas, mas à nossa maneira'."

Sobre a África lusófona, acha que "a independência foi precipitada de mais". Confessa que teve "grande admiração por Salazar", que "trabalhou pelo país". Mas o ditador "esteve tempo de mais, não acompanhou a evolução; a solução não era ir para Angola rapidamente e em força, era virem para cá estudar os melhores dos angolanos e Portugal podia ter ficado com trocas favorecidas".


Fonte Público

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