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Bispo culpa restantes bispos pelo atraso da Igreja
2008-11-11 00:05:56

Polémica. A Igreja está "pejada de pagãos ou cristãos incoerentes" e a culpa é dos bispos que continuam clericalistas e individualistas, sem levar a sério a formação dos fiéis. A crítica é de D. António Marcelino, bispo resignatário de Aveiro. Os bispos reúnem-se hoje em Fátima, com a polémica no ar.

Os bispos portugueses reúnem-se a partir de hoje, em Fátima, até dia 13, na habitual Assembleia-Plenário do Outono, sendo que desta vez a "apimentar" o encontro está um artigo do bispo resignatário de Aveiro, publicado recentemente na agência Ecclesia, em que culpa os seus colegas prelados pelo atraso da Igreja em Portugal, considerando-a longe dos desafios lançados pelo Concílio Vaticano II.

D. António Marcelino ataca os seus colegas bispos, acusando-os de permanecerem clericalistas e individualistas. "Enquanto houver algum predomínio do clericalismo, aos diversos níveis, e do individualismo pastoral, que parece satisfazer cada um na autonomia do seu território, não será possível abrir caminhos novos", defende. Em seu entender, "a autonomia das dioceses, com as suas tradições, caminhada própria e perfil humano e social diferentes, tem dificultado sempre iniciativas comuns necessárias em ordem a uma desejada e urgente renovação".

Neste sentido, o ex-vice-presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), no mandato de D. José Policarpo, numa crítica acutilante e sem precedentes, culpa os seus colegas diocesanos pela ignorância catequética em que são mantidos os católicos, frisando que nem a CEP tem levado o assunto a sério. "Os bons propósitos de uma iniciação cristã programada de que se foi falando em diversas instâncias não foram longe e não se viu reflexão nesse sentido, nem a nível de CEP e seus serviços nem a nível da quase maioria das dioceses", escreveu.

Em consequência, o panorama, na perspectiva de D. António Marcelino, é o seguinte: "Uma Igreja, com grupos maioritários válidos e apostólicos, mas pejada de pagãos ou de cristãos incoerentes. Que vão perdurando, e não diminuindo, por uma sacramentalização sem evangelização ou catequese."

O prelado resignatário de Aveiro acusa os demais bispos de olharem só para os seus próprios umbigos, sem se centrarem no essencial. "Muitos planos pastorais aparecem mais voltados para os problemas internos da Igreja, por importantes que estes sejam, que para o seu dever como servidora do mundo que tem e ouvir para melhor dialogar." Acusando os colegas de clericalistas, sublinha: "A muitos leigos bem preparados pede--se-lhes o que muitos outros podem fazer e não um contributo de reflexão e planificação para que têm saber e competência."

Para D. António Marcelino, a Igreja precisa da renovação pedida por Bento VI quando da visita ad limina dos bispos a Roma, dando razão às críticas do Papa. "A Igreja do Vaticano II não pode ser mais uma Igreja de cristandade, na qual a tradicional vertente clerical substitua ou impeça a integração dos leigos na vida e na missão concreta da Igreja."

Por LICÍNIO LIMA, MANUEL CORREIA-JORNAL DE NOTICIAS

Fonte DN

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