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Padre da União Não Promete Milagres
2001-08-03 20:31:35

Na cidade, não se fala de outra coisa. Uns riem-se e ironizam, outros
acreditam que o padre David Barreirinhas, anunciado há pouco tempo como o
novo reforço da União Desportiva de Leiria, fará uns milagres para ajudar a
campanha futebolística do clube. A medida é inovadora numa equipa de futebol
e, na última semana, os "media" de todo o país não têm dado descanso ao
vigário paroquial dos Marrazes, freguesia limítrofe de Leiria. Os ecos da
insólita "contratação" já chegaram a Espanha.


David Barreirinhas avisa que da sua parte "não vai haver milagres", esses,
só "os jogadores poderão fazê-los". "E espero que esta época, façam muitos,
para dar alegrias aos sócios e simpatizantes"
Os resultados vão depender da equipa de futebol, diz, e vaticina: "Se a
equipa jogar como no domingo, contra o Boavista [no Torneio da Cidade de
Leiria], sobretudo na segunda parte, com dedicação, esforço, força de
vontade e espírito de grupo, ganhará todos os jogos. A União não ganhou
porque eu estava lá, mas porque jogou bem", frisou.
Mas a sua presença pelo menos teve efeitos na disposição dos sócios e
adeptos, que, no domingo, receberam o padre Barreirinhas com fortes
aplausos. "Senti-me emocionado e posso imaginar a influência que isto pode
ter sobre os jogadores, quando os adeptos gritam por eles e pedem vitórias."

Benfiquista assumido
O clube precisa do carinho da sociedade civil, sublinha o padre da União,
como já é conhecido, e que, na última época, acompanhou todos os jogos no
Municipal de Leiria. Em criança, jogava futebol, apesar de jogar mal,
reconhece. Começou a ver a União de Leiria com o seu pai, a partir dos oito
ou nove anos de idade. Ainda hoje, prestes a fazer 29 anos em Outubro
próximo, guarda "com estima" duas colecções de cromos, das épocas de 1980/81
e 1982/83, do tempo que o húngaro Lajos Baroti treinava o seu clube de
coração, o Benfica, de quem recorda alguns jogadores, como os irmãos Bastos
Lopes, Bento ou Laranjeira.
E é por gostar tanto de futebol que aceitou o convite da administração da
SAD da União de Leiria (que, inclusive, integra crentes de religiões
diferentes), da direcção técnica e também do capitão da equipa, tornando-se,
assim, o primeiro conselheiro espiritual no futebol português.
Há dias, num semanário local, o técnico José Mourinho revelou que
considerava o David Barreirinhas não como um padre, mas como um amigo. E é
assim que o eclesiástico entende as suas funções no clube, com
disponibilidade, atitude de serviço, procurando ser mais um amigo dos
jogadores, técnicos e dirigentes. "Uma equipa de futebol não é só um
conjunto de homens que entram para o campo e querem ganhar, pois cada
jogador tem uma dimensão humana, pessoal, familiar, social e espiritual, que
quer valorizar", disse. "E a SAD percebeu isso e é por isso que faz sentido
a minha presença", esclareceu o padre Barreirinhas, que pretende
aproximar-se dos jogadores como amigo, com espírito de abertura, tal como
faz em Marrazes, onde é vigário paroquial, e na Escola Afonso Lopes Vieira,
em Leiria, onde lecciona Educação Moral e Religiosa Católica. Aliás, é por
esta ordem que valoriza as suas funções: "Primeiro a paróquia, depois a
escola e só depois o futebol".
O padre nasceu em Paris, numa família de emigrantes, e tem duas irmãs.
Acompanhado pelos seus pais, regressou a Portugal e fez a escola primária na
Moita da Roda, freguesia do Souto da Carpalhosa (Leiria), a terra de origem
da família, ingressando depois no Seminário de Leiria, mas só para estudar.
Mais tarde, encontrou a vocação sacerdotal a meio do curso do Seminário
Maior, que encerrou, prosseguindo os estudos em Coimbra, onde tirou a
licenciatura em Teologia. Aos 24 anos, foi ordenado diácono, e estagiou em
Ourém, tendo sido nomeado vigário paroquial dos Marrazes em Setembro de
1998. E é desde então que tem cimentado a sua paixão por Leiria e as suas
gentes, e agora pelo futebol.
Paulo Duarte, um dos jogadores mais antigos do plantel, está convicto que,
apesar de eventuais diferentes religiões existente na equipa, "cada um
procurará o apoio na medida em que sentir essa necessidade".

Fonte Público

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