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O padre que gosta de frequentar leilões
2008-05-12 21:54:41

Sempre atento a um bom negócio, Ernesto Faria, pároco de uma minúscula aldeia do concelho de Barcelos, é frequentador assíduo dos leilões de perdidos e achados da PSP. Há dias arrematou perto de uma centena de objectos em que a maioria tem como destino a população mais carenciada da sua freguesia.

Mais caricato é o facto de, por 20 cêntimos, ter levado para casa um conjunto de quatro guarda-chuvas, mesmo sabendo que só um é que funcionava: "O que interessa é comprar em quantidade, o que estiver menos estragado acaba sempre por compensar", confessou ao DN gente, durante o leilão, o padre de Aldreu.

Agora com 70 anos, Ernesto Faria foi o principal cliente de um leilão de perdidos e achados realizado no Comando da Viana do Castelo da PSP, ao "investir" 157 euros em guarda-chuvas, roupa, calçado, telemóveis e objectos de ouro. Ao fim de cinco horas de licitação, nem um grande saco de viagem deixou escapar, ao arrematá-lo por meia dúzia de euros. "Utilidade tem sempre e depois como é que ia levar este material todo para casa?", brinca.

Quanto às dezenas de guarda-chuvas que adquiriu, depois de uma "revisão geral", são para colocar à disposição do pessoal que presta serviço no Núcleo da Cruz Vermelha Portuguesa de Aldreu, corporação a que preside e onde todas as noites passam algumas horas a conviver com os voluntários. Na bagagem - constituída por três grandes sacos adquiridos no leilão -, Ernesto Faria levou também dezenas de peças de roupa e de calçado, mesmo um par de botas de caça que comprou por 15 euros. "Nunca se sabe quando isto pode dar jeito", diz.

Garante que o grosso destas peças é para distribuir pelas pessoas mais necessitadas de Aldreu, mas também de Tregosa, outra das paróquias a seu cargo, num sacerdócio que já dura desde os seus 27 anos. Para guardar, pelo menos para já, serão as peças de ouro, entre as quais uma pulseira, pela qual desembolsou 51 euros. "O ouro é dinheiro em caixa, tem sempre utilidade", disse lembrando que num leilão anterior chegou a arrematar ali uma motorizada, por quase 300 euros. Desta vez, e apesar de não ser adepto das novas tecnologias, o padre Ernesto decidiu meter- -se a licitar, também, dois telemóveis. "Na Cruz Vermelha já me deram um, mas eu não o uso porque não sei trabalhar com eles. Mas vou ver se estes funcionam e depois logo se vê o destino dar-lhes", ia explicando, sempre de olho no leilão, à procura de alguma surpresa.

No final do leilão, e feitas as contas, o padre acabou por fechar negócio acima das suas possibilidades. "Trouxe comigo 120 euros, mas há não problema, que eles fiam--me o resto, porque já sou cliente da casa", afirmou o sacerdote. Neste leilão, a Polícia de Segurança Pública conseguiu desfazer--se de múltiplos objectos perdidos que ali são entregues. Para despachar havia mais de um milhar de peças, na sua esmagadora maioria "esquecidas" nas grandes superfícies comerciais da cidade. E até uma motorizada, avariada, foi colocada à venda e adquirida por um particular. Por módicos 15 euros.

Fonte DN

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