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Homilias contra a lei do divórcio automático
2008-04-03 22:34:45 Está definida a primeira batalha dos bispos portugueses após a eleição dos novos órgãos da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP): o divórcio fácil.
A proposta que o Partido Socialista vai apresentar no próximo dia 16 na Assembleia da República, de integrar o divórcio no programa Simplex, fazendo com que seja mais rápido e fácil o fim do casamento, mesmo quando as partes estejam em litígio, está a provocar uma enorme revolta no seio da Igreja.
O assunto vai ser o tema central do debate, hoje, na Assembleia Plenária da CEP, que decorre em Fátima, e será um dos temas fundamentais da comunicação final, marcada para o início da tarde de amanhã.
Já esta semana, os bispos titulares devem determinar nas respectivas dioceses que os padres, nas homilias das missas de domingo, defendam os valores da vida e da família.
'Não se trata de campanha contra ninguém, mas de marcação clara de uma posição, em que a Igreja deve ser intransigente, ou seja, na defesa da família e na total e absoluta oposição ao divórcio, seja ele amigável ou não', disse ao CM um dos prelados.
D. António Carrilho, bispo do Funchal e presidente reeleito da Comissão Episcopal do Laicado e Família, confirmou ao Correio da Manhã que 'o tema vai ser devidamente debatido e analisado', mas preferiu não fazer, para já, qualquer comentário, referindo que 'primeiro é necessário escutar e ponderar a opinião de todos os bispos'.
Também D. Jorge Ortiga, o presidente da CEP, prefere reservar os comentários para amanhã. Mas não deixa de assegurar que 'a Igreja há-de sempre combater o divórcio e opor-se frontalmente a tudo o que possa facilitar a dissolução do matrimónio'.
Para o arcebispo de Braga, 'a defesa e valorização da família, que é a célula fundamental da sociedade, é o fundamental da luta de todos os católicos. A Igreja é sempre contra o divórcio e a favor da família'.
De resto, os bispos consideram que tem havido, nos últimos tempos, por parte de alguns governantes, a intenção de fazer com que o Estado substitua a família, algo que, dizem, 'é insubstituível'.
Outro assunto no debate de hoje, na Assembleia Plenária da CEP, é a regulamentação da Concordata. O CM sabe que o Governo tem previstas para breve as primeiras reuniões de trabalho, com o objectivo de dar forma de lei ao acordo feito entre o Estado Português e a Santa Sé.
DISCURSO DIRECTO: 'ESTOU SEMPRE PRONTO A SERVIR':D. Jorge Ortiga, presidente da CEP
Correio da Manhã – É verdade que desejava sair?
D. Jorge Ortiga – Não. Eu sempre disse que estava, como estou, pronto para servir. Disse também que estava à disposição dos meus pares, para sair ou para continuar.
– Mas ficou satisfeito pela reeleição?
– Olho sempre para a Cruz.
– A sua grande preocupação passa pela conquista de novos fiéis?
– Nós não podemos valorizar em demasia as estatísticas e os estudos de opinião. É que a realidade pode (e está quase sempre) para além dos números. Mas temos consciência das mudanças culturais que temos vivido e da necessidade de as enfrentar.
– Acha que o Estado não deve ser militantemente ateu?
– Um estado democrático, não.Não pode deixar de reconhecer, respeitar e criar condições para que oscidadãos possam viver a sua religião.
COMISSÕES EPISCOPAIS JÁ TÊM RESPONSÁVEIS
Estão eleitos os presidentes das nove comissões episcopais: D. Tomaz Nunes foi reconduzido na Educação Cristã, tal como D. António Francisco Santos nas Vocações e Ministérios, D. António Carrilho no Laicado e Família, D. Manuel Clemente na Cultura, Bens Culturais e Comunicação Social e D. António Vitalino na Mobilidade Humana. D. Carlos Azevedo foi eleito para a Pastoral Social, D. Anacleto Oliveira para a Liturgia, D. António Couto para as Missões e D. Manuel Felício para a Doutrina da Fé e Ecumenismo.
NOVO REITOR DO SANTUÁRIO REMETE-SE AO SILÊNCIO TOTAL
Silêncio total. O padre que irá suceder a monsenhor Luciano Guerra na Reitoria do Santuário de Fátima, Virgílio Antunes, não quis ontem comentar a sua nomeação, tendo cumprido um dia de trabalho 'normal'.
'Tudo tem o seu tempo', foram as únicas palavras do padre Virgílio Antunes no final da missa das 15h00, garantindo que não fará qualquer declaração enquanto o seu nome não for anunciado oficialmente pelos bispos, o que deverá acontecer hoje ou amanhã.
Aliás, ontem de manhã era notório algum desconforto no Santuário de Fátima por ter sido desvendado o mistério sobre o sucessor de Luciano Guerra antes de o seu nome ter sido ratificado pela assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP). 'Nós já contávamos com esta escolha, não nos surpreendeu, mas pensávamos que o segredo estava bem guardado e só seria revelado no momento certo', contou um funcionário.
Desde a sua nomeação para capelão do Santuário, há dois anos, que o padre Virgílio Antunes passou a assumir o cargo de ‘número dois’ da Reitoria, participando nas decisões importantes. Ainda em Fevereiro, no encontro de hoteleiros e responsáveis de casas religiosas que acolhem peregrinos, foi ele que fez o discurso de abertura.
O novo reitor foi escolhido pelo bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, depois de consultado o Conselho Nacional, mas o nome tem ainda de ser ratificado pela assembleia plenária da CEP, que está reunida até amanhã, na Casa de Nossa Senhora das Dores, em Fátima. Cada mandato tem a duração decinco anos.
PERFIL
Virgílio do Nascimento Antunes tem 46 anos e foi ordenado padre em Setembro de 1985. É capelão do Santuário de Fátima, onde também ocupa o cargo de director dos serviços de Peregrinos e de Alojamento. É docente no Instituto Superior de Estudos Teológicos de Coimbra e no Centro de Formação e Cultura da diocese de Leiria--Fátima e coordenador do Serviço para o Diaconado Permanente da diocese.
LUCIANO GUERRA SAI COM OBRA SIMBÓLICA
Monsenhor Luciano Guerra terminou o seu mandato de reitor em 13 de Fevereiro, após 35 anos à frente da instituição, mas irá manter-se no cargo até ao final do ano pastoral (em Setembro), quando o seu sucessor tomar posse. Ontem esteve de folga e não quis comentar a escolha do novo reitor, o mesmo acontecendo com o bispo de Leiria--Fátima, D. António Marto. Em declarações recentes, D. António Marto elogiou o trabalho de monsenhor Luciano Guerra, afirmando que 'foi ele quem pegou no Santuário e lhe deu todas as estruturas e infra--estruturas para ser um grande Santuário, a nível nacional e internacional. Deu-lhe toda esta projecção, que culminou com essa obra simbólica que é a Igreja da Santíssima Trindade'.
NOTAS
BEATIFICAÇÃO
O padre italiano Ildefonso Moriones é o postulador escolhido pelo bispo de Coimbra, D. Albino Cleto, para conduzir o processo de beatificação da Irmã Lúcia. Será apoiado por um vice-postulador.
TRANSPLANTE
O bispo de Vila Real, D. Joaquim Gonçalves, volta a participar na assembleia plenária, após uma ausência prolongada em que se sujeitou a um transplante de coração. 'Não dói, não me sinto doente', disse.
REFLEXÃO
A agenda para esta assembleia plenária dos bispos integra reflexões sobre ‘Os caminhos pastorais a percorrer pelas dioceses’ e ‘A escola em Portugal - Educação integral da pessoa’.
REPÚBLICA
D. Jorge Ortiga disse que será recordada a Implantação da República. 'Não nos preparando para celebrar um centenário, queremos evocar para reconhecer que os acontecimentos adversos suscitaram coerência e fidelidade.'
Secundino Cunha / Isabel Jordão
Fonte CM
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