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“O ecumenismo é, em primeiro lugar, uma questão de oração e de caridade”
2008-01-29 22:34:37

Jutta Burggraf é professora de Teologia Sistemática e de Ecumenismo na Faculdade de Teologia da Universidade de Navarra e é autora de «Conocerse y comprenderse. Una introducción al ecumenismo», Madrid 2003, 2ª ed. 2003 e do folheto: «Ecumenismo: ¿Qué es? ¿Cómo se vive?», Madrid 2006.

Porque é necessária a semana de oração pela a unidade?
Durante o oitavário, os cristãos católicos, ortodoxos e protestantes de todas as denominações – espalhados pelo mundo inteiro – estão convidados a rezar juntos pela sua unidade. Expressa-o claramente o lema deste ano: «Não cesseis de orar».

A Semana celebra-se de 18 a 25 de Janeiro, dia em que a Igreja comemora a conversão de São Paulo. A data é significativa, recorda-nos que não podemos aproximar-nos uns dos outros sem uma profunda conversão interior, sem que cada um procure viver em intimidade com Cristo. É n’ Ele que nos uniremos algum dia.

A esperada unidade não será um produto das nossas forças, mas «um dom que vem do alto». O seu verdadeiro protagonista é o Espírito Santo, que nos conduz, pelos caminhos que quer, para a maturidade cristã.

Na oração encontramos sobretudo Deus, mas de uma maneira especial também os outros. Quando rezo por alguém, vejo-o através de outros olhos, já não com eles cheios de suspeições ou de vontade de controlo, mas com os olhos de Deus. Desta maneira, posso descobrir o bom em cada pessoa, em cada proposta. Deixo de lado os meus preconceitos e começo a sentir simpatia pelo outro.
Rezar significa, purificar o próprio coração, para que o outro possa verdadeiramente ter lugar dentro dele. Se tenho preconceitos ou receios, qualquer um que entre nesse área receberá um rude golpe. Temos que criar um lugar para os outros no nosso interior. Temos que lhes oferecer o nosso coração como um lugar hospitaleiro, onde possam encontrar muito respeito e compreensão.

Se conseguimos isto, será mais autêntico o diálogo. Por vezes, pensamos poder dissimular facilmente os nossos sentimentos e pensamentos negativos. Tentamos salvar as aparências e depois admiramo-nos que os outros desconfiem de nós. A razão é muito simples, os outros costumam perceber com grande nitidez o que se passa no nosso interior. Notam se os aceitamos ou os recusamos e actuam em consequência. Assim vemos a importância de começar por nós próprios na busca da unidade.

Insiste-se muito no chamado «ecumenismo espiritual»...

E com razão, porque o ecumenismo não é, em primeiro lugar, uma questão de doutrina teológica nem de colaboração pastoral, mas de oração e de caridade. Assim como a falta de amor gera desuniões, a «santidade de vida» pode considerar-se a «alma» ou motor de todo o movimento ecuménico.

É significativo que João Paulo II tenha convidado repetidas vezes a uma purificação da memória todas as pessoas e associações. Sabemos bem que a memória não é só uma faculdade relativa ao passado; pelo contrário, influi profundamente no presente. O que recordamos afecta, com frequência, as nossas relações com os outros. Se uma ferida do passado fica na memória, esta ferida pode levar uma pessoa a encerrar-se em si mesma; pode traduzir-se numa certa resistência a encontrar-se de uma maneira serena entre os outros e pode dificultar ou mesmo impedir uma amizade.

Tendo isto em conta, Bento XVI deu exemplos eloquentes: quando, por exemplo, por causa da sua famosa conferência de Ratisbona tinha sido vítima de uma campanha organizada por alguns adversários da Igreja, não culpou ninguém; mais, ultrapassou as regras da mera justiça e pediu desculpa aos muçulmanos pelas palavras que os poderiam ter ferido.

Podemos estar seguros de que uma pessoa contribui mais para a unidade da Igreja quando procura transmitir o amor de Deus aos outros, do que quando se dedica aos diálogos teológicos mais eruditos com um coração frio.
O Papa está a demonstrar continuamente o seu compromisso ecuménico. Nota-se um zelo análogo, entre os católicos em geral?

Bento XVI assinalou, desde o começo do seu pontificado, que está disposto a «trabalhar sem poupar energias na reconstituição da unidade plena e visível de todos os seguidores de Cristo».

Está a realizar um grande trabalho ecuménico, feito não só de palavras, mas, sobretudo, de gestos fraternos. Assim, por exemplo, doou um montante considerável ao patriarcado de Moscovo para a reconstrução da catedral da Trindade em São Petersburgo.

E, apesar das dificuldades que se experimentam actualmente entre anglicanos e católicos por questões de carácter teológico e ético, assinou, há um pouco mais de um ano, uma animadora declaração conjunta com o primado da Comunhão anglicana.

Os católicos estão cada vez mais familiarizados com o repto que supõe a unidade de todos os cristãos. Compreendem melhor do que antes o que afirma o Cardeal Walter Kasper: “O ecumenismo não é uma eleição opcional, mas um dever sagrado”. Assim, muitos participaram na “Assembleia ecuménica europeia”, que teve lugar em Setembro do ano passado em Sibiu-Hermannstadt (Roménia), e juntamente com os diálogos oficiais, tiveram lugar grandes encontros dos novos movimentos que se dedicam ao trabalho ecuménico, por exemplo em Stuttgart em 2004 e em 2007.

Ao mesmo tempo, dão-se conta – e o Papa insiste também nisto – de que o diálogo tem diferentes níveis ou «círculos». Tem que começar primeiro, na «própria casa», entre os próprios católicos, que têm que se conhecer para se entenderem bem. Não devemos excluir do nosso interesse e carinho as pessoas de outras comunidades católicas. Há muita variedade na nossa Igreja.

Do mesmo modo, os católicos têm uma viva consciência de que o diálogo vai para além do ecumenismo. Dirige-se também aos seguidores de outras religiões e ao mundo secularizado. Aí nos espera uma tarefa imensa, que só podemos enfrentar si estamos unidos a Deus, entre nós os católicos e com todos os cristãos.

http://www.opusdei.pt

Fonte Opus Dei

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