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É preciso uma nova cura para a canonização dos videntes de Fátima
2007-10-11 09:44:29

É preciso uma nova cura milagrosa no processo de canonização dos videntes de Fátima, já que os médicos do Vaticano não ficaram satisfeitos com o alegado milagre que até agora sustentou o processo.

A informação foi ontem divulgada pela Lusa, que citava fonte do processo não identificada. De acordo com a agência, os problemas de validação do alegado milagre que até agora estava a ser investigado têm sido muitos. Por isso, os médicos e cientistas da Congregação para a Causa dos Santos (CCS), presidida pelo cardeal português José Saraiva Martins, preferiram esperar que apareça um novo caso.
O próprio cardeal Saraiva Martins está em Fátima, onde amanhã encerra o congresso internacional Fátima para o Século XXI, que decorre no santuário desde terça-feira. O cardeal fará uma intervenção sobre os videntes de Fátima, poucas horas antes da cerimónia de dedicação da nova Igreja da Santíssima Trindade.
Por várias vezes, os responsáveis do processo de beatificação manifestaram opiniões divergentes sobre o seu andamento: o ex-bispo de Leiria-Fátima Serafim Ferreira e Silva, e o padre Luís Kondor, vice-postulador da causa, declararam-se optimistas em relação a uma rápida conclusão do processo. Em Fevereiro de 2005, no entanto, quando morreu a irmã Lúcia, a última das videntes, o cardeal Saraiva Martins já garantia ao PÚBLICO que o processo de canonização nunca estaria concluído nesse ano, pois ainda faltavam pareceres médicos e teológicos. Com a eleição do actual Papa, que introduziu mais rigor e uma certa acalmia no ritmo de canonizações, percebeu-se que o processo iria demorar.
Agora, os médicos da CCS solicitaram aos médicos do Santuário de Fátima muitas informações sobre uma alegada cura miraculosa de diabetes. O caso que sustentava este processo era o de uma criança filha de emigrantes portugueses na Suíça que sofria de diabetes. Em Maio de 2000, ao assistir pela televisão às cerimónias de Fátima presididas pelo papa João Paulo II, a mãe da criança teria segurado o filho diante do ecrã, rezando pela sua cura. A diabetes terá desaparecido entretanto.
Só que, esclarece ainda a Lusa, a possibilidade de a diabetes em causa ser de um tipo curável levou os médicos do Vaticano a duvidarem da impossibilidade de explicação científica da cura. Como doença congénita e com casos de evolução favorável, mesmo sem intervenção de medicamentos, a avaliação desta alegada cura levantou muitas dúvidas.
D. António Marto, bispo de Leiria-Fátima, reconheceu ontem à Lusa que tem sido "difícil" concluir o processo por questões técnicas levantadas pelos médicos de Roma. "Enquanto não se provar a verdade cientificamente", o milagre não pode ser validado pela hierarquia católica, reconhece o bispo, que admite que a diocese tem de desistir deste caso. Mas, para o povo, "os pastorinhos já são santos".
Os dois videntes de Fátima - Jacinta e Francisco, irmãos e primos de Lúcia, que morreu em 2005 - foram beatificados em 2000, depois de uma alegada cura de uma mulher de Leiria. Maria voltou a andar após anos sem o fazer, mas o suposto milagre também levantou muitas dúvidas médicas. O bispo de Coimbra, Albino Cleto, afirmou que aguarda autorização do Vaticano para abrir o processo de beatificação da irmã Lúcia, tendo sido pedido a antecipação do prazo canónico de cinco anos após a morte.

António Marujo

Fonte Público

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