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Mais de 30 mil chegam a pé
2007-05-09 23:05:04

É a fé que os move, mas o esforço sai-lhes do corpo e os peregrinos chegam ao Santuário de Fátima marcados pela dureza da caminhada. Hoje em dia, a maioria faz-se à estrada em grupos organizados, sabe o que vestir e calçar, onde comer e dormir e, muito importante, onde há ajuda e apoio de milhares de voluntários colocados em locais estratégicos ao longo da jornada.

Para esta peregrinação de 12 e 13 de Maio estão a ser montados dezenas de postos de acolhimento nas estradas de acesso ao Santuário de Fátima. Os primeiros postos – os mais distantes da Cova da Iria – começaram a funcionar na sexta-feira passada e já assistiram centenas de peregrinos.

Segundo informação prestada pelo padre Manuel Antunes, capelão do Santuário de Fátima e assistente nacional do Movimento da Mensagem de Fátima, serão montados “pelo menos” 73 postos de acolhimento, onde os peregrinos a pé poderão encontrar mais de 1500 voluntários, entre os quais médicos, enfermeiros, socorristas, bombeiros e escuteiros.

Este número poderá ser aumentado, a exemplo do que aconteceu no ano passado, em que estava prevista a instalação de 59 postos de assistência mas, “devido à generosidade das entidades empenhadas na operação foram instalados 79 postos no total, envolvendo mais de 2700 pessoas”, disse, na altura, o padre Manuel Antunes.

Para além do Movimento da Mensagem de Fátima, o apoio é prestado por voluntários da Ordem de Malta e da Cruz Vermelha, além de escuteiros, bombeiros e ainda por militares.

Em média, de acordo com a estatística do Santuário de Fátima, são perto de 25 mil os peregrinos que todos os anos se deslocam a pé à Cova da Iria por altura da peregrinação internacional aniversária de 12 e 13 de Maio, mas no ano passado houve mais dez mil caminhantes.

O aumento de peregrinos a pé foi atribuído à presença do cardeal Stanislaw Dziwisz, que havia sido secretário pessoal do Papa João Paulo II. Para este ano, tudo indica que voltem a ser entre 30 a 35 mil os peregrinos a pé, tendo em conta que já desde o último fim-de-semana de Abril se vêem muitas pessoas ao longo das estradas.

O Santuário de Fátima recomenda que, antes da partida, os peregrinos participem em reuniões mensais e quinzenais de “formação humana e espiritual”, para que a caminhada seja feita em “genuíno espírito de penitência” e não degenerar em “passeios turísticos e convívios”.

“Peregrinar é um convite de Deus, uma expressão de fé, um acto de louvor e intercessão, um momento de conversão e uma manifestação de alegria”, lembra o Santuário de Fátima na sua página na internet, em que apela aos peregrinos para “rezarem por aqueles que os insultem, como faziam os Pastorinhos”.

CAMINHO INDICADO POR UMA LINHA AZUL

Os peregrinos provenientes de Norte devem seguir, à passagem pela cidade de Coimbra, uma linha horizontal de cor azul que acompanha um itinerário alternativo à circulação pedonal ao longo do IC-2. Trata-se de uma iniciativa da Protecção Civil e da PSP, que visa a “segurança na circulação pedonal dos peregrinos” e que começou a ser pintada na segunda-feira. Já na zona de Pombal, a BT da GNR aconselha os condutores a abrandar a marcha no IC-2, uma vez que aquele troço está por sinalizar, devido a obras. Por seu lado, os peregrinos a pé devem estar atentos ao trânsito e circular apenas pela berma e em fila. Este ano, em Fátima, o dispositivo de segurança estará a cargo da GNR – que desde há um mês substituiu a PSP –, o qual só será divulgado hoje.

CADA FAMÍLIA TINHA UM REBANHO

“A serra era coalhada de pastores e rebanhos, parecia uma nuvem que a cobria”. A descrição feita por Lúcia, referindo-se à Serra de Aires no período das aparições, não podia ser mais perfeita. De facto, até 1930 a pastorícia apresentava-se como a actividade complementar da agricultura, sendo raro o agregado familiar que não tivesse o seu rebanho, apascentado por crianças ou idosos.

Predominavam os rebanhos de ovelhas – davam mais rendimento que as cabras e poupavam mais os pastos. Tinham um número reduzido de cabeças – 6, 10, 12 – e com eles saíam as crianças de madrugada, com o saquito da merenda, para os baldios.

De Inverno ficavam por lá todo o dia. No Verão voltavam a casa ao fim da manhã, já que as ovelhas não aguentavam o calor, saindo de novo a meio da tarde. Aos domingos e dias santos abriam-se os rebanhos de madrugada e recolhiam-se pelas dez da manhã, para se poder assistir à missa.

A partir de 1930, sensivelmente, a situação alterou-se. Com a entrega dos baldios ao povo, multiplicaram-se os terrenos de cultivo nos vales e cabeços, reduzindo as pastagens. Esta situação, a par da escolaridade obrigatória, fizeram com que a pastorícia, pelo menos a ligada a crianças, quase desaparecesse. Os poucos rebanhos que restavam pertenciam a agricultores abastados, que tinham ao seu serviço um ou outro pastor a quem pagavam uma pequena mesada, para além do alojamento e alimentação.

LAURINDA VAI A CAMINHO DA 27.ª PEREGRINAÇÃO

Laurinda Tropa, 72 anos, natural de Darque, Viana do Castelo, conclui amanhã a sua 27.ª peregrinação a Fátima, após cumprir, em seis etapas, um percurso de 280 quilómetros. Fez-se à estrada no

sábado – “pelas quatro da madrugada” – juntamente com mais de meia centena de peregrinos da região minhota. Fazendo jus ao seu apelido, Laurinda assume-se como a verdadeira chefe das “tropas”, já que é ela quem, com o seu apito, oferecido por um GNR, dá o “toque de alvorada” para o início de nova etapa, normalmente pela uma da madrugada. “Há sempre quem tenha um mau acordar, mas eu, para evitar reclamações, pego logo no gravador e ponho a tocar uma cassete com o terço rezado pelo pároco de Darque, e assim ninguém tem hipóteses de refilar comigo”, brinca. Os peregrinos pernoitam em salões paroquiais, colégios de crianças, escolas e, até, barracões de câmaras. Amanhã, “montam tenda” em Fátima e por lá ficam, até ao “grande” dia 13. “Não vou a Fátima por promessa. Vou, isso sim, para rezar a Nossa Senhora pelos nossos jovens, para que os abençoe e os ajude a vingar na vida”.

UMA VIDA DEDICADA A FÁTIMA

Tem dedicado toda a sua vida na difusão da mensagem de Fátima e na causa de canonização dos Pastorinhos. Nascido em 1928, na Húngria, foi enviado pela Congregação do Verbo Divino para Portugal em 1954. Dois anos depois encontra-se com Lúcia, iniciando um trabalho ímpar na promoção do catolicismo nos países do Centro e Leste Europeu, para onde canalizou, durante décadas, literatura e imagens de Nossa Senhora de Fátima.

“Impacto da Mãe é sempre intenso” (Entrevista ao Cónego Eduardo Melo, Presidente da Turel)

CM – Se a Virgem aparecesse hoje teria o mesmo impacto?

E.M – Pode haver momentos em que haja maior ou menor disposição para receber uma revelação da dimensão de Fátima. Mas o impacto da Mãe é sempre intenso nos seus filhos.

– O terceiro segredo ficou aquém das expectativas.

– O que foi anunciado é coincidente com o que se passou, na tentativa de assassinato do Papa. O seu impacto apenas terá sido menor por a revelação ter sido feita muito tempo depois do acontecimento.

– Fátima desperta-lhe algum sentimento especial?

– Há um ambiente de grande fé e devoção. A mensagem marca o Homem. E quando se trata da Mãe, os seus filhos têm tendência para a acolher com grande emoção, seja qual for o lugar.

SIZA VIEIRA

No interior da nova Igreja da Santíssima Trindade, o arquitecto Siza Vieira irá colocar dois grandes painéis alusivos aos apóstulos Pedro e Paulo.

TRASLADAÇÃO

A possibilidade de trasladação dos túmulos dos pastorinhos da basílica para a nova igreja chegou a ser equacionada, mas já foi posta de parte.

ALTAR

No altar da nave principal da nova igreja será colocada uma imagem da Virgem com três metros de altura e uma figura de Jesus crucificado, com sete metros.

SEGURANÇA

A nova igreja só será utilizada de forma permanente quando for possível uma ligação segura para peões entre o Santuário e o Centro Paulo VI.

CALÇADA

No exterior da Igreja da Santíssima Trindade, do lado do recinto, serão pavimentados com calçada portuguesa cerca de 22 mil metros quadrados.

Isabel Jordão, Leiria

Fonte CM

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