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Cardeal Saraiva Martins, prefeito da Congregação para a Causa dos Santos ‘‘Existe quase uma dúzia de supostos milagres’’
2007-04-03 22:12:07

O responsável pelo ministério da Santa Sé que avalia os processos de candidatos a beatos, tem pendentes na sua Congregação mais de 2200 causas de beatificação. Na segunda-feira recebe o dossiê de João Paulo II.

P O processo de João Paulo II vai agora para as suas mãos. Tem conhecimento de quantos milagres lhe são atribuídos?

R Não falamos de milagres mas de «presunti» milagres. Temos conhecimento de talvez uma dúzia de curas consideradas milagrosas. Em concreto, é preciso verificar. A palavra final é muito complicada. As informações de «presunti» milagre que estiverem no processo serão analisados pelos nossos médicos. Temos 70 médicos que trabalham na Congregação, especializados nos vários sectores da medicina. São catedráticos universitários ou exercem em hospitais. Os nossos médicos são todos grandes especialistas e analisam tudo através de métodos científicos. Ou é ou não é milagre.

P E quantos milagres são necessários para uma pessoa se tornar beata?

R Basta um. Mas para a canonização é necessário um segundo, que tem de ocorrer depois da beatificação. Há uma excepção. Para os mártires não é exigido milagre. Eles já deram a vida pela fé.

P Como nasceu o processo de Karol Wojtyla?

R Por vontade dos fiéis, logo após a sua morte.

P Por que razão houve um processo em Roma e outro em Cracóvia?

R Por princípio o processo diocesano (que agora termina) é aberto no local onde o candidato morre. No caso de João Paulo II, como viveu muito tempo nos dois sítios, Roma e Cracóvia, houve necessidade de abrir uma excepção. No processo de beatificação de João Paulo II foi necessário ouvir vários testemunhos, mesmo daqueles que com ele conviveram antes de ser Papa.

P É possível João Paulo II ser proclamado santo sem processo de canonização?

R O Papa pode fazer uma autorização especial, mas desde que existe a minha Congregação (1975) isso nunca aconteceu. Neste caso, penso que não haverá excepção.

P Quantas causas de beatificação tem pendentes na sua secretária?

R Temos na Congregação mais de 2200. As que têm a documentação pronta para ser discutida são mais de 400.

P E quem participa nessa discussão?

R Tenho 72 conselheiros, entre teólogos, juristas e historiadores, além dos médicos. O passo seguinte na Congregação, que tem um ‘parlamento’ de 30 pessoas (cardeais e bispos), é discutir os relatórios elaborados por todos esses especialistas. A última palavra pertence ao ‘parlamento’ que reúne comigo. Depois o veredicto é dado pelo Santo Padre.

P Mas até chegar aí há muito trabalho.

R Os médicos da Congregação têm de analisar o processo que foi enviado pelo promotor da causa (pessoa responsável por colocar o processo diocesano em Roma), e no qual tem de constar toda a documentação médica ou hospitalar - relatórios, exames, informação detalhada da evolução da doença da pessoa miraculada. E caso exista alguma dúvida, a comissão de médicos pode exigir novos documentos comprovativos ou mesmo a intervenção de médicos peritos na doença em causa. E isso já aconteceu. E se aos médicos cabe a discussão científica, à comissão de teólogos é exigida uma investigação do modelo de vida do candidato, avaliando os testemunhos de vida e os documentos que tenha produzido, caso existam.

P Quanto tempo pode demorar a análise da causa de João Paulo II?

R Não se pode prever. A causa de um Papa é sempre muito mais complexa que a causa de, por exemplo, uma freira de clausura. O Papa tem uma acção muito vasta, produz muito pensamento, tem de intervir a diversos níveis. Uma freira de clausura vive a sua vida no interior do convento entre um número restrito de pessoas.

P O que é um milagre?

R É uma espécie de selo que Deus põe e com o qual garante a santidade de determinada pessoa. Mas é sempre Deus quem faz o milagre.

M.R./M.C.

Fonte Público

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