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Capelão Português em Joanesburgo Pede Substituição do Embaixador e do Cônsul
2001-07-18 13:44:25

O padre Carlos Gabriel, capelão da comunidade portuguesa em Joanesburgo, continua descontente com a actuação do Governo e das autoridades diplomáticas em relação ao problema da violência na África do Sul.

A substituição do embaixador e do cônsul-geral de Portugal naquele país são medidas que Carlos Gabriel considera necessárias: "As pessoas não se identificam com eles, têm pouco interesse pela comunidade no que diz respeito ao problema número um, que é o crime", diz o padre, em declarações ao PÚBLICO.

Carlos Gabriel está em Lisboa a participar no encontro dos secretariados católicos das migrações e no 1º Fórum dos Cristãos sobre a Imigração (ver texto em baixo). E, na sua opinião, os representantes diplomáticos de Portugal em Joanesburgo "estão comprometidos com as autoridades sul-africanas: o embaixador, Manuel Fernandes Pereira, porque tem receio, e o cônsul-geral, João Laranjeiro de Abreu, porque tem a ideia de que a culpa da situação é dos portugueses que morrem, e não de quem os ataca".

Esta argumentação dos representantes diplomáticos para explicar a violência sobre os portugueses é contestada pelo capelão de Joanesburgo: "Os assaltos acontecem a todas as horas, as lojas de portugueses estão em bairros negros e em bairros brancos, e já houve assaltos em todas as zonas." Sinal de que ninguém se sente seguro, diz, é o facto de o próprio cônsul ter "seis guarda-costas para se proteger".

O descontentamento do capelão - um dos dez padres portugueses a apoiar a comunidade portuguesa na África do Sul - alarga-se também à forma como o Governo português tem tratado do assunto, com "paninhos quentes" em relação ao homólogo sul-africano. Em Fevereiro, quando um ministro sul-africano acusou a comunidade portuguesa de estar comprometida com o "apartheid", "o Governo não quis confrontar-se" com o Executivo de Pretória, acusa.

De resto, a situação no país continua tensa. Os 400 mortos portugueses que a violência já fez nos últimos dez anos (além dos 20 mil mortos sul-africanos) "são 400 razões para continuar a campanha de pressão" sobre as autoridades políticas da África do Sul. Uma pressão, explica, que aponta em duas direcções: junto do Executivo de Pretória, no sentido de recrutar e formar mais polícias para garantir mais segurança nas ruas; e junto de Portugal, para levar a União Europeia a ajudar a África do Sul no sentido de resolver o problema da criminalidade. "A comunidade internacional ajudou a destruir o 'apartheid', deveria agora interessar-se pelo crime", diz Carlos Gabriel.

O apoio do Governo português - que "nunca contactou" oficialmente com Carlos Gabriel - deveria passar ainda pela constituição de "um fundo para apoiar os emigrantes portugueses que ficam em situação de maior carência". Mas o fundo deveria ser "administrado pela Igreja". Se for gerido pelos consulados, Carlos Gabriel não duvida de que se gastará mais dinheiro com a burocracia da sua administração do que com o apoio aos destinatários. "A Igreja conhece melhor a situação das pessoas."

Fonte Público

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