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Vaticano e judeus pedem mais cuidados paliativos para doentes com sida
2006-11-13 22:43:30

Responsáveis do Vaticano e de várias organizações judaicas lançaram um apelo aos governos a favor de "cuidados paliativos sem restrições" para doentes de HIV/sida. A iniciativa surgiu no final de uma reunião do Comité Internacional de Ligação Católico-Judaico, que decorreu na Cidade do Cabo.

Pela primeira vez, o encontro deste organismo aconteceu em África, epicentro da epidemia de sida. "Juntos, apelamos sem reservas a que sejam prestados cuidados paliativos sem restrições e atenção apropriada a todos os que sofrem, estão ameaçados ou são vítimas desta trágica pandemia", dizia a declaração final, citada pela agência Zenit.
A escolha da África do Sul deveu-se ao facto de o país ter uma das mais altas taxas de infectados do Mundo. No final do ano passado, 500 mil pessoas viviam com o HIV e quase mil pessoas morriam por dia, de acordo com dados nas Nações Unidas. Mas no país há também diversas respostas da Igreja Católica e das comunidades judaicas à pandemia - várias instituições foram visitadas pelos participantes na reunião.
No encontro, os responsáveis prestaram atenção às razões que levam à estigmatização dos afectados. Vincaram também a necessidade de o ensino religioso sublinhar que "toda a pessoa possui uma dignidade inviolável, pois foi criada à imagem e semelhança de Deus". Essa dignidade, acrescentam, "nunca pode perder-se ou ser arrebatada, independentemente das circunstâncias ou da situação das pessoas".
Em declarações à AFP, o vice-presidente do Congresso Mundial Judaico, Israël Singer, sublinhou a importância do apelo conjunto: "Trata-se de um acordo importante, que mostra que podemos trabalhar juntos, além de ser um grande desenvolvimento no diálogo entre judeus e católicos", até aqui centrado em questões teológicas.

"Objectivo comum"
"Este é um diálogo dos que querem agir para salvar vidas", afirmou Singer. "Judeus e católicos têm um objectivo comum, que é salvar da fome e das doenças a humanidade criada à imagem de Deus." De acordo com Singer, há vontade de incluir também muçulmanos, não deixando que a religião fique refém de quem quer atingir "objectivos violentos".
Na reunião, os responsáveis tiveram em conta "a realidade de milhões de órfãos, em especial na África subsariana, [que] foi vista como um apelo urgente a uma maior atenção por parte da comunidade internacional para promover o desenvolvimento económico e social dos países implicados". "Este apelo é dirigido especialmente aos governos e a todos os que têm poder, meios e influência para o executar", diz ainda o texto do comunicado, citado pela Reuters.
O comité é co-presidido pelo cardeal alemão Walter Kasper, responsável do Conselho Pontifício para a Unidade dos Cristãos, e por David Rosen, responsável das relações inter-religiosas no Comité Judaico Americano. Já na reunião anterior, há dois anos, em Buenos Aires, o comité decidira apoiar o financiamento do fabrico de produtos agro-alimentares, tendo em vista a crise económica que atingiu a Argentina.

António Marujo

Fonte Público

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