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Cardeal amigo de Lula à frente do Clero no Vaticano
2006-11-07 23:39:55 Um cardeal que se opôs à ditadura militar brasileira, que apoiou a criação de sindicatos, que esteve do lado dos teólogos da libertação brasileiros, amigo do Presidente, Lula da Silva, e que se opõe ao uso de preservativos na prevenção da sida. Este é o retrato em alguns traços do novo prefeito da Congregação para a Doutrina do Clero, o cardeal brasileiro Cláudio Hummes, ontem nomeado pelo Papa Bento XVI para aquele cargo.
Hummes, cujo lema episcopal é Todos somos irmãos, substitui no cargo Darío Castrillón Hoyos, um colombiano, de 77 anos, que se destacava pelas suas posições ultra-rigorosas em matéria de moral sexual e familiar e esteve nove anos à frente da Congregação do Clero. Nesse lugar, aliás, contribuiu para dificultar a vida aos sectores da teologia da libertação latino-americana.
Pelo contrário, Hummes é um defensor dos camponeses sem-terra e ajudou também o actual Presidente a atravessar o período da ditadura militar. Franciscano, filho de emigrantes alemães no Brasil, Cláudio Hummes nasceu em Agosto de 1934. Torna-se agora o único cardeal brasileiro com responsabilidades directas na Cúria Romana - a Igreja Católica tem, no Brasil, a sua maior comunidade de fiéis, com 144 milhões de pessoas.
Hummes estudou filosofia em Roma e ecumenismo na Suíça, antes de regressar ao Brasil. Bispo e arcebispo, tornou-se arcebispo de São Paulo em 1998 e foi feito cardeal em 2001, por João Paulo II. Terá, agora, a seu cargo, os cerca de 400 mil padres do mundo inteiro. O que inclui lidar com questões como a formação dos padres, a sua distribuição geográfica, a sustentação económica do clero ou a pedofilia de alguns membros desse clero.
A nomeação do brasileiro Hummes, nota John Allen Junior, correspondente do National Catholic Reporter em Roma, pode significar que Bento XVI prefere governar com moderados nos lugares-chave do que com cardeais muito alinhados ideologicamente.
António Marujo
Fonte Público
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